Evidências Covid 19

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A COVID-19 pode afetar diferentemente as pessoas conforme suas etnias?

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Questões únicas de saúde pública enfrentados pelas comunidades negras, asiáticas e de minorias étnicas

DUARTE, Rosália

ABUELGASIM, E. ; et al. COVID-19: Unique public health issues facing Black, Asian and minority ethnic communities. Curr Probl Cardiol., v. 45, n. 8, p. 100621, aug.  2020. Doi: 10.1016/j.cpcardiol.2020.100621. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32448759/

Utilizando dados governamentais de estudos recentes sobre a disseminação da COVID-19 e revisão de estudos anteriores, os pesquisadores analisam possível associação entre etnia e incidência e agravamento da doença.  

O Reino Unido foi o primeiro território com população etnicamente diversa a adotar na pandemia atendimento universal para tratamento da doença. Dados observacionais divulgados, em abril de 2020, pelo Centro Nacional de Auditoria e Pesquisa de Terapia Intensiva, do Reino Unido mostraram indicadores de internação em unidades de cuidados intensivos na Inglaterra proporcionalmente maiores entre asiáticos, negros e outros grupos étnicos minoritários em relação à população branca. Isso levantou alerta de possíveis associações entre etnias minoritárias e contágio e evolução da doença. Com base em dados governamentais e revisão de estudos anteriores, os autores exploram essa associação e inferem que a maior incidência da COVID-19 entre minorias étnicas pode estar associada a predisposição genética, diferenças fisiopatológicas na suscetibilidade ou resposta à infecção e, principalmente, a fatores socioeconômicos, culturais ou de estilo de vida.   

Os principais fatores destacados no artigo:

  1. possível associação entre função pulmonar reduzida e pessoas de ascendência étnica minoritária, em comparação com seus homólogos caucasianos;
  2. possível associação entre deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e COVID-19, e alta prevalência desta deficiência entre pessoas de ascendência africana, asiática e mediterrânea;
  3. associação entre incidência da doença e deficiência de vitamina D, comum entre grupos étnicos minoritários no Reino Unido; como se trata de estudos observacionais, os autores alertam que são necessários mais estudos clínicos para sustentar essa hipótese;
  4. comunidades de minorias étnicas no Reino Unido são propensas a taxas mais altas de doenças cardiovasculares, fatores de risco para o agravamento da doença;
  5. doenças renais crônicas também têm implicações nos quadros de COVID-19; numerosos estudos indicam relação entre etnia e doença renal (nos EUA, por exemplo, minorias étnicas correm 1,5 a 4 vezes mais risco de insuficiência renal em estágio final da doença do que as de suas contrapartes brancas).
  6. Os pesquisadores assinalam, no entanto, que os principais fatores associados à alta incidência da COVID-19 entre minorias étnicas são de natureza cultural e socioeconômica. Informam que estudos sobre pandemias anteriores evidenciaram que minorias étnicas são afetadas de forma desproporcional por eventos desse tipo e apresentam piores resultados de saúde em comparação com outros grupos, devido ao acesso limitado aos cuidados de saúde, más condições de vida e obstáculos educacionais e linguísticos na adoção de medidas preventivas. Dados demográficos do Reino Unido, por exemplo, evidenciam que a superlotação habitacional afeta principalmente famílias asiáticas e famílias negras de origem africana, o que dificulta medidas de distanciamento social e aplicação de outras medidas de prevenção de contágio.

Uma grande proporção de comunidades de minorias étnicas tem altos indicadores de pobreza, em razão de desigualdades estruturais e do racismo institucional, maior vulnerabilidade em relação à capacidade de estocar alimentos e baixo acesso a serviços públicos. Além disso, suas condições financeiras pioram se não conseguirem trabalhar enquanto cumprem medidas de isolamento. Assim, a falta de recursos financeiros destinados ao atendimento dessas minorias, a desconfiança desses grupos com relação aos profissionais de saúde, a falta de estudos científicos específicos e de oferta de educação culturalmente apropriada, no planejamento da pandemia, aumentaram a desvantagem dessas pessoas no que diz respeito à disseminação e tratamento da COVID-19.

  

 

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Qual a facilidade ou dificuldade de compreensão das informações sobre COVID-19 divulgadas na Internet?

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Legibilidade do material online de educação do paciente para a nova doença do coronavírus (COVID-19): um estudo transversal de competência informacional em saúde

PESSANHA, Pedro Gonçalves

SZMUDA, T.; et al. Readability of online patient education material for the novel coronavirus disease (COVID-19): a cross-sectional health literacy study. Public Health., v.185, p. 21-25, may 2020. DOI: 10.1016/j.puhe.2020.05.04. Disponível em : https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32516624/

A busca por informações sobre saúde na Internet é enorme, e agora, com a pandemia não é diferente. Nesse estudo, buscou-se avaliar a legibilidade das informações online sobre a COVID-19. É o primeiro estudo avaliando especificamente as informações sobre o novo coronavirus nos Estados Unidos.

Primeiramente procurou-se no Google alguns termos-chave. Foram avaliados os 30 primeiros resultados de cada termo. Um total de 150 resultados de pesquisa foram considerados para a análise de legibilidade. Artigos que não estavam em inglês, duplicados, artigos de jornais, artigos de jornais biomédicos, artigos de acesso não aberto (pagos) e sites de estatísticas foram excluídos. A análise foi realizada usando cinco fórmulas de legibilidade: Flesch Reading Ease (FRE), Flesch-Kincaid Grade Level (FKGL), Gunning-Fog Index (GFI), Simple Measure of Gobbledygook (SMOG) Index e Coleman-Liau Index (CLI) . Cada fórmula utiliza critérios diferentes para classificar a dificuldade dos textos.

Dos 150 artigos, 61 foram analisados ​​por atenderem aos critérios de inclusão. A grande maioria dos artigos foi considerado de difícil leitura, com nível de compreensão equivalente a pessoas de 16 a 18 anos (alunos de ensino médio e calouros de faculdade) ou até mais. Considerando-se que nos Estados Unidos (onde a pesquisa foi realizada) a média de compreensão da população equivale à de crianças de 5ª série (11-12 anos), o nível de compreensão está muito elevado. Nenhum artigo atingiu o nível recomendado, e a grande maioria atingiu o nível de muito difícil compreensão.

A conclusão a que o artigo chega é que as informações sobre COVID-19 são de difícil compreensão para a maioria da população. Nenhum dos artigos atingiu o nível de leitura do 5º ao 6º ano (11 a 12 anos) recomendado. A maioria dos artigos (84%) foi designada como muito difícil de ler. Tudo isso torna difícil o acesso à informação sobre a nova doença para a maior parte da população. Essa falta de informação compreensível pode levar a um inchaço ainda maior dos sistemas de saúde, já prejudicados pela doença.

Alguns fatores que contribuem para a dificuldade são frases longas e o vocabulário médico; essa dificuldade desmotiva a leitura por pessoas comuns, além de ocasionar mal entendidos. Essas informações devem ser claras e compreensíveis. Os artigos de saúde destinados ao público geral na Internet são, em sua maioria, de difícil compreensão, e os sobre COVID-19 seguem essa regra. Porém, esse estudo sofre alguns problemas. Primeiramente, o material na Internet é constantemente produzido; assim, limita-se ao que estava naquele momento, que já pode ter mudado. Em segundo lugar, analisou-se apenas material em texto. Infográficos e Vídeos, que costumem ser de mais fácil compreensão, não foram analisados, mas merecem estudos futuros.

 O acesso à informação de qualidade pode ser crucial no controle da epidemia. Pessoas bem informadas tendem a seguir as medidas de isolamento, proteção e higiene de forma mais constante e correta, tornando assim essas medidas mais eficazes. Uma população informada, seguindo essas medidas, reduz a carga em cima dos hospitais. Por isso, o artigo termina ressaltando a importância de uma divulgação científica da saúde de forma mais compreensível para a população e cobra medidas de órgãos de importância mundial.

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Como manejar pacientes com transtornos da tireóide durante a pandemia?

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Endocrinologia na época da COVID-19: Manejo do hipertireoidismo e do hipotireoidismo

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

BOELAERT, K.; et al. Endocrinology in the time of COVID-19: Management of hyperthyroidism and hypothyroidism. Eur J Endocrinol., v. 183, n.1, p. G33-G39, Jul. 2020. DOI: 10.1530/EJE-20-0445. Disponível em : https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32438340/

Desde a declaração da pandemia de Covid-10 houve uma readaptação de serviços resultando em dificuldades para revisões clínicas, diagnósticos e procedimentos terapêuticos. As doenças funcionais da tireoide são situações crônicas dependentes de avaliação ambulatorial e principalmente exames bioquímicos, de imagem e de Medicina Nuclear. Este manuscrito tem como objetivo fornecer aconselhamento consensual para o manejo seguro destes pacientes neste momento de afastamento, não se baseia em uma revisão sistemática ou meta-análise, mas em um rápido consenso de especialistas, nos trazendo observações científicas e orientações sobre condutas.

Os autores abordam a autoimunidade tireoidiana como a possível relação com Covid-19. Algumas infecções virais foram citadas como gatilhos ambientais, porém não houve evidência desta associação com a Covid-19, ou com desenvolvimento de formas graves. Ressalta-se que pacientes com oftalmopatia em tratamento imunossupressor poderiam desenvolver a forma grave de doença. Naqueles em uso de antitireoidianos (DATs) não está confirmada a relação com desenvolvimento ou agravamento da Covid-19, entretanto, os sintomas desta doença são indistinguíveis daqueles da neutropenia induzida por DAT, recomendando-se a retirada e investigação. É possível que este raro efeito colateral possa favorecer a progressão da Covid-19, possivelmente por meio de uma imunossupressão generalizada e de aumento do risco de infecções bacterianas coexistentes.

O hipotireoidismo não é uma preocupação durante esta pandemia, a menos que haja instabilidade clínica ou ganho ponderal, quando devem ser realizados exames. A triagem neonatal não deve ser interrompida. As pacientes hipotireoideas tratadas, que engravidam, devem aumentar a dosagem do medicamento no primeiro trimestre, mesmo sem exames. Em relação ao hipertireoidismo seria importante a análise laboratorial para que a menor dosagem de DAT fosse mantida. Outro ponto abordado foi a relação com a síndrome do T3 baixo associada a infecções graves respiratórias, sendo necessário avaliar o comprometimento hipofisário do Sars-CoV-2 com possível evolução para hipotireoidismo central posterior.

Alterações no controle tireoidiano não parecem aumentar o risco de contrair doenças virais, mas pode ser um fator de agravamento dessas doenças como no caso da tireotoxicose. Os autores avaliaram ainda que pacientes com cirurgias tireoidianas anteriores ou tratamento com I-131 não apresentam maior risco para Covid-19. Sobre os pacientes com hipertireoidismo, concluíram que o diagnóstico deve ser baseado em suspeita clínica e resultados bioquímicos, mas os métodos de imagem foram adiados à exceção da suspeita de câncer de alto risco. Pacientes com hipertireoidismo já tratados devem continuar sendo reavaliados, especialmente se houver alterações clínicas ou oculares. As cirurgias eletivas devem ser suspensas, excetuando-se as urgências para os hipertireoidismos não compensados, os que apresentaram efeitos adversos com DATs ou os casos de câncer confirmado. À exceção para os portadores de doença de Graves e necessidade de I-131 com urgência, o I-131 fica suspenso.

Este manuscrito orienta que as consultas sejam realizadas por telefone e vídeo, sendo presencias somente nos casos de pacientes com doença ocular de início recente ou com agravamento, aqueles com aumento do bócio causando sintomas de obstrução, e pacientes que não estão respondendo às medidas de tratamento instituídas. Em conclusão, os pacientes com hipotireoidismo ou hipertireoidismo graves devem ser priorizados no atendimento. A investigação etiológica do hipertireoidismo fica adiada, assim como os tratamentos específicos para os nódulos tóxicos. Priorizar o atendimento remoto pode ser uma prática mantida inclusive pós pandemia. Informações adicionais em sites de conselhos ou sociedades podem ainda auxiliar neste momento.

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Quais as recomendações para descarte de resíduos de hospitais e de suas águas residuais?

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Tecnologia de desinfecção de resíduos hospitalares e águas residuais: Sugestões para estratégia de desinfecção durante a pandemia da Doença do coronavírus 2019 (COVID-19) na China

LETICHEVSKY, Sonia

WANG, Jiao; et al. Disinfection technology of hospital wastes and wastewater: Suggestions for disinfection strategy during coronavirus Disease 2019 (COVID-19) pandemic in China. Environmental Pollution, v. 262, p. 114665, Jul. 2020. Doi:10.1016/j.envpol.2020.114665. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0269749120310435

Os hospitais geram poluentes, como metabólitos, químicos, resíduos farmacêuticos, marcadores radioativos, etc. Este estudo aborda uma revisão da literatura apresentando diferentes tecnologias para tratar os resíduos hospitalares e sugere um protocolo, adotado na China, de desinfecção e descarte para materiais gerados durante a pandemia da COVID-19.

O uso de ozônio, radiação ultravioleta, cloro, dióxido de cloro e hipoclorito de sódio compreende o conjunto das tecnologias mais utilizadas para a desinfecção de águas residuais hospitalares. A escolha do tipo de tecnologia deve considerar aspectos econômicos e viabilidade, considerando a quantidade de resíduos, segurança, disponibilidade de desinfetantes, distância entre o sistema de tratamento de águas residuais e a enfermaria, assim como da área residencial, custos de investimento e operação, etc.

Diferentemente dos efluentes, os resíduos são classificados antes de sua desinfecção. A composição típica de um resíduo hospitalar é 85 % não infecciosos, 10 % infecciosos/perigosos e 5 % químicos/radioativos. Existem diversas tecnologias para tratar estes resíduos, como incineração, desinfecção química, microondas e uso de vapor a altas temperaturas. A quantidade de resíduos, os custos, a manutenção e os tipos de resíduos devem ser considerados para selecionar as tecnologias apropriadas para cada hospital. Por exemplo, a incineração deve ser adotada quando a quantidade de resíduos é grande e, portanto, justifica-se o investimento para desinfectar resíduos patológicos e farmacêuticos. Se o hospital é menor, a desinfecção química e por vapor a alta temperatura são as técnicas mais adequadas.

Os resíduos hospitalares devem ser adequadamente descartados, pois há evidências de que estão associados à transmissão de infecção ou doenças no hospital. Existem normas técnicas para desinfecção de resíduos de portadores de doenças infecciosas, incluindo objetos como toalhas, material descartável, entre outros.

O ácido ribonucleico (RNA) do coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) foi encontrado nas fezes de pacientes. O RNA deste vírus também foi encontrado nas águas residuais de um hospital na China. Baseado em estudos anteriores, acredita-se que, sob determinadas circunstâncias, o sistema de águas residuais tem o potencial de transmitir o SARS-CoV-2 pelo ar. Considera-se, também, que a transmissão possa ocorrer a partir de objetos no entorno da pessoa infectada.

A desinfecção de resíduos hospitalares é importante para evitar a propagação da doença, colocando em risco a equipe médica e pacientes. Existem poucos estudos sobre a inativação do SARS-Cov-2, porém, devido a sua similaridade com o SARS-CoV-1, considera-se que as tecnologias de desinfecção adotadas durante a epidemia de SARS são uma boa referência de como inativar o SARS-Cov-2 de resíduos e efluentes hospitalares.

Até o final de janeiro de 2020, existiam 1512 hospitais destinados ao tratamento de COVID-19 na China. Em Wuhan, foi adotada a desinfecção com o uso de cloro, irradiação UV e aquecimento, para a desinfecção de efluentes hospitalares incluindo os de hospitais de campanha. Os resíduos infecciosos, incluindo descartáveis, devem ser coletados sob condições de proteção e, posteriormente, ser desinfectados usando cloro. Os resíduos químicos e farmacêuticos devem se incinerados. Os resíduos radioativos contaminados com SARS-CoV-2 devem ser desinfetados como resíduos infecciosos, após estocagem por pelo menos 10 meias-vidas. O estudo sugere que o governo deve adotar medidas para aprimorar o gerenciamento de resíduos e efluentes hospitalares, principalmente durante a pandemia de COVID-19. São necessárias equipes especializadas e medidas restritivas para evitar perda de resíduos. A equipe envolvida no descarte de suprimentos descartáveis deve ser qualificada e adotar medidas rígidas de proteção.

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A alimentação pode influenciar positivamente na evolução da Doença do Coronavírus?

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Doença do Coronavírus (COVID-19–SARS-CoV-2) e Nutrição: A Infecção na Itália está sugerindo uma Conexão?

PALMEIRA, Vanila Faber

CENA, H.;  CHIEPPA, M. Coronavirus Disease (COVID-19–SARS-CoV-2) and Nutrition: Is Infection in Italy Suggesting a Connection? Frontiers in Immunology, v. 11, May 2020. DOI: 10.3389/fimmu.2020.00944 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7221157/pdf/fimmu-11-00944.pdf

A relação entre os alimentos e o sistema imunológico já vem sendo amplamente discutida, e vários estudos têm mostrado alimentos vegetais com potencial imunomodulador. Sabendo que a infecção pelo Coronavírus 2019 ocasiona uma tempestade de citocinas, a qual pode evoluir para as formas mais graves da doença, o presente estudo relaciona alimentos vegetais com efeito na redução da inflamação causada pelo Coronavírus 2019.

Tanto a obesidade como a diabetes são fatores de risco para as formas mais graves da infecção pelo Coronavírus 2019. Uma das explicações para isto está no fato de que ambas, obesidade e diabetes, causam uma desregulação no sistema imunológico, principalmente por aumentarem o perfil pró-inflamatório (aumento de citocinas que levam a inflamação). A tempestade de citocinas que ocorre, principalmente nos pacientes graves com Coronavírus 2019, tende a ser mais intensa em pessoas obesas e/ou com diabetes. Por outro lado, alimentos de origem vegetal possuem substâncias com potencial anti-inflamatório, podendo ser utilizados como adjuvantes durante a infecção pelo Coronavírus 2019.

Uma alimentação equilibrada, com alimentos variados, traz uma boa qualidade de vida, uma vez que, dentre outras coisas, melhora o sistema imune do indivíduo. Os alimentos de origem vegetal (frutas, verduras) são ricos em nutrientes muito importantes para o organismo humano, como diferentes vitaminas e minerais, além de polifenóis. Estes últimos são moléculas com potencial imunomodulador, principalmente, com ação anti-inflamatória (capazes de reduzir a inflamação), e ação antioxidante (reduzem a oxidação celular, que quando é produzida em excesso danifica vários tipos de células). Por tudo isso, e sabendo que a infecção pelo Coronavírus 2019 leva a uma tempestade de citocinas pró-inflamatórias, levando consequentemente a uma desregulação imune, a alimentação destaca-se como uma possível estratégia que possa auxiliar na prevenção e/ou no tratamento das formas leves da infecção pelo Coronavírus 2019.

Enquanto aguarda-se o desenvolvimento de vacinas que gerem proteção contra infeção pelo Coronavírus 2019, e/ou fármacos  antivirais eficazes (usados para neutralizar e eliminar o vírus do organismo humano), além de fármacos que possam controlar a tempestade de citocinas (com potencial imunomodulador), a alimentação desponta como um importante adjuvante na prevenção ou no combate a infeção pelo Coronavírus 2019. Os polifenóis dos alimentos vegetais apresentam efeitos imunomoduladores e ações anti-inflamatórias e antioxidantes, podendo por isso ajudar na prevenção da evolução negativa da doença, uma vez que melhora a resposta imune. No tratamento dos pacientes acometidos, podem colaborar como adjuvantes nas formas mais leves da infeção pelo Coronavírus 2019, uma vez que contribuem para reduzir a tempestade de citocinas.

A contribuição positiva do trabalho foi fazer a relação entre o potencial imunomodulador dos alimentos com a infecção pelo Coronavírus 2019. Já a limitação do mesmo foi trazer tópicos como disbiose intestinal, obesidade e diabetes mellitus tipo 2, na busca de relacioná-los como fatores de risco para a infecção pelo Coronavírus 2019, porém sem explicar os mecanismos, tornando o conteúdo mais superficial do que o proposto, podendo confundir quem lê o artigo.

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Como mudaram os comportamentos alimentares dos adolescentes durante o confinamento na pandemia?

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Confinamento da Covid-19 e Mudanças nas Tendências Dietéticas de Adolescentes na Itália, Espanha, no Chile, Colômbia e Brasil

FAULHABER, Maria Cristina Brito

RUIZ-ROSO, M. B. et al. Covid-19 Confinement and Changes of Adolescent’s Dietary Trends in Italy, Spain, Chile, Colombia and Brazil. Nutrients, v. 12, n. 6,  p. 1807, Jun. 2020. Doi:10.3390/nu12061807. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32560550/

A Organização Mundial da Saúde define adolescência como período da vida que se inicia aos dez anos e termina aos dezenove anos completos. É um período essencial para adquirir bons hábitos alimentares que irão influenciar o estado de saúde na vida adulta, objetivando a prevenção de doenças como obesidade, patologias cardiovasculares, diabetes, etc. Sabe-se que o confinamento influencia o estilo de vida, principalmente a dieta e a atividade física.

O artigo avalia os efeitos das políticas de confinamento induzidos pela COVID-19 sobre mudanças de hábitos alimentares em adolescentes de 5 países: Espanha, Itália, Brasil, Chile e Colômbia, além de buscar identificar potenciais variáveis que possam ter influenciado essa mudança.

Trata-se de um estudo transversal que utilizou um questionário anônimo com mais de 30 perguntas, distribuído em redes sociais como Twitter, WhatsApp, Facebook e outras. Baseado na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), o questionário avaliou aspectos sociodemográficos, características familiares e práticas alimentares antes e durante o confinamento, no período de 17 de abril a 25 de maio de 2020.  Os alimentos/grupos de alimentos analisados foram: legumes, verduras, frutas, doces, frituras, carne processada (hamburguer, salsicha, mortadela, salame, presunto, nuggets), bebidas adoçadas com açúcar (BAA) (do inglês SSB: sugar-sweetened beverages) e fast food.

A análise de dados foi realizada usando o teste estatístico t pareado e análise de variância (ANOVA), além do GraphPad Prism8 (versão 8.3.0) Software Inc., San Diego, CA, EUA, nas análises estatísticas.

O estudo está em acordo com os princípios éticos contidos nas resoluções de cada país.

 A idade média dos 820 adolescentes participantes foi 15 anos, 61,1% meninas; 43,3% das mães não tinha diploma universitário.

O consumo de legumes, verduras e frutas aumentou significativamente durante o confinamento; 43% consumiram verduras todos os dias versus 35,2% dos que o faziam antes. Apenas 25,5% dos adolescentes consumia pelo menos 1 fruta por dia em comparação com 33,2% durante. Houve uma drástica redução no consumo de fast food (44,6% antes e 64,0% após o confinamento). Por outro lado, houve um significativo aumento do consumo médio de frituras e alimentos doces (14% e 20,7% após).

Quanto ao gênero as meninas aumentaram um pouco o consumo de verduras (4,8% antes e 5,1% após) e frutas (4,0 e 4,4%). Os meninos também apresentaram aumento no consumo de verduras (4,0% antes e 4,4% após) e de carne processada (2,9% e 3%), mas não houve alteração no consumo de frutas. A diferença mais significativa na dieta entre meninos e meninas foi o aumento de BAA (42,9% e 57,2% respectivamente).

Os adolescentes brasileiros consumiram mais leguminosas do que os demais países; adolescentes colombianos tiveram menor consumo de frutas e verduras, apesar de terem aumentado significativamente o consumo de frutas durante o confinamento. O maior consumo de frutas ocorreu na Espanha e na Itália.

Adolescentes cujas mães tinham níveis superiores ao ensino médio mostraram aumento no consumo de frutas e verduras; e o consumo de BAA entre aqueles com mães com nível universitário foi menor.

Assistir TV durante as refeições foi relacionado com menor consumo de frutas e verduras, maior consumo de alimentos fritos, alimentos doces e BAA, demonstrando piora da qualidade da dieta entre os adolescentes.

O confinamento pode levar a padrões alimentares irregulares e lanches frequentes, por parte dos adolescentes, devido ao tédio e ao estresse.

A pandemia pela COVID-19 tornou visível e ampliou as desigualdades sociais, sendo as famílias mais pobres as mais afetadas.

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Estratégias mais adequadas e efetivas para conscientizar a população sobre COVID-19 são necessárias?

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Estratégias mais efetivas são requeridas para fortalecer a consciência pública da COVID-19: Evidência das Tendências do Google

DIAS, Elaine

HU, D. ; et al. More effective strategies are required to strengthen public awareness of COVID-19: Evidence from Google Trends. J. Glob. Health., v. 10, n. 1, p. 011003,  Jun. 2020. Doi:10.7189/jogh.10.011003. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32373339/

Nas últimas duas décadas, com o aumento da disponibilidade e do uso da Internet, as pessoas obtêm informações principalmente por meio desse novo método alternativo. O Google é o mecanismo de pesquisa mais popular e possui o Google Trends, um site que analisa a popularidade de termos de pesquisa em todo mundo. Desde que o Google Trends se tornou disponível ao público, ele foi implementado para examinar vários padrões de classificação temporal de algumas questões relacionadas à saúde e para investigar a conscientização do público sobre essas doenças.

Com o interesse do público sobre medidas preventivas para a Covid-19, os autores examinaram a busca global por COVID-19 usando o Google Trends. Na pesquisa os investigadores recuperaram dados de consulta pública para os termos de “2019-nCoV + SARS-CoV-2 + novel coronavirus + new coronavirus + COVID-19 + Corona Virus Disease 2019”, entre 31 de dezembro de 2019 e 24 de fevereiro de 2020, em seis principais países de língua inglesa, incluindo os EUA, Reino Unido, Canadá, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia.

O surto de COVID-19 começou no final de dezembro, no inverno, que também é a estação em que os vírus da gripe atingem o pico. Semelhantemente aos sintomas da gripe, os pacientes confirmados com COVID-19 apresentam febre, tosse e mialgia ou fadiga, alguns têm dor de cabeça e diarreia. Portanto, a maioria das pessoas pesquisou o termo “sintomas do coronavírus” no Google, com medo de ser infectada pelo SARS-CoV-2.

A análise da série dinâmica demonstra a tendência geral de mudança do volume relativo de pesquisa para o tópico COVID-19. Foram realizadas comparações entre os países e também a correlação entre os volumes de pesquisa diários sobre o tópico relacionado a COVID-19 e o número diário de pessoas infectadas.

O estudo demonstrou um aumento da tendência geral de pesquisa em relação a COVID-19 no período inicial do tempo de observação, alcançando o ápice por volta de 31 de janeiro de 2020 na maioria dos países. A duração da atenção do público sobre a doença nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá foi maior do que na Irlanda e na Nova Zelândia. Os resultados também sugerem que o resultado de busca para o tópico COVID-19 na maioria dos países foi ligeiramente correlacionado positivamente com o número de pacientes infectados com a COVID-19 na China e com casos confirmados em outros países.

Além disso, dados recuperados dos EUA, Reino Unido, Canadá e Austrália pelo Google Trends mostram que pessoas de diferentes países também tinham um interesse comum nos “sintomas do coronavírus”.

Os termos mais pesquisados ​​nos EUA, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia foram “coronavirus nova york”, “coronavirus uk”, “coronavirus canada” e “coronavirus new zealand”, respectivamente, demonstrando que as pessoas se preocuparam mais com a epidemia da COVID-19 nos seus próprios países.

A correlação entre os volumes de pesquisa diários relacionados a COVID-19 com o número diário de casos confirmados na China e o número total diário de pessoas infectadas com SARS-CoV-2 em outros países (além da China) foi ligeiramente correlacionada positivamente. Isso sugere que a consciência pública sobre a COVID-19 não foi forte o suficiente. Assim, os autores destacam que medidas mais eficazes devem ser tomadas para fortalecer a divulgação adequada de informações sobre a doença a fim de aumentar a consciência pública e, dessa forma, tentar controlar a disseminação da COVID-19 em todo o mundo.

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Como os educadores em saúde podem contribuir para aumentar a segurança dos trabalhadores e de suas famílias durante a epidemia de COVID-19 ?

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Movendo rio acima a educação e o comportamento em saúde: lições da COVID-19 para lidar com os fatores estruturais das desigualdades em saúde

MONT'ALVÃO, Cláudia

PANUGANTI, B. A. et al. Moving Health Education and Behavior Upstream: Lessons From COVID-19 for Addressing Structural Drivers of Health Inequities. Health Education & Behavior, v. 47, n. 4 p. 519–524, Aug. 2020. DOI: 10.1177/1090198120929985. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32408770/

Dentro de uma perspectiva de justiça social e tradições emancipatórias, assim como o comprometimento no campo do conhecimento e de promoção da equidade em saúde, os autores dissertaram no artigo sobre as lições e oportunidades para a educação em saúde a partir da pandemia de COVID-19.

O estudo examinou os padrões de morbidade e mortalidade que emergiram durante a pandemia na região metropolitana de Detroit, com impactos desproporcionais nas comunidades afro-americanas e de baixa renda. Os autores consideraram condições de vulnerabilidade em três áreas – ambiente, ocupação, e moradia – que moldou a exposição e o acesso a críticos recursos de proteção à saúde. Os pesquisadores usaram uma estrutura de curso de vida para examinar os impactos duradouros da pandemia para os indivíduos, famílias e comunidades, e sugerir estratégias e ações de promoção da equidade em saúde a longo prazo.

A apresentação da pesquisa é iniciada com a descrição de padrões da infecção da COVID-19 e a mortalidade na região metropolitana de Detroit, e com o exame de determinantes estruturais da exposição e da vulnerabilidade como fatores contribuintes para riscos desproporcionais para afro-americanos e comunidades de baixa renda. Os autores argumentam que a pandemia de COVID-19 revela iniquidades duradouras e persistentes, que geram níveis desproporcionalmente altos de exposição e impactos adversos à saúde. E examinaram como a pandemia contribuiu para o aumento das disparidades de saúde, intensificando os riscos sociais e econômicos ao longo da vida.

Quando a pandemia de COVID-19 chegou ao estado de Michigan, as áreas de Detroit City, Wayne County, e Oakland County totalizavam quase metade dos casos do estado (58,8%), com alto índice de mortalidade, o que não foi surpresa aos pesquisadores. Em abril de 2020, os números da COVID-19 em Michigan indicavam que a população de afro-americanos, que representam 11% da população, somava 32% dos casos e 41% dos óbitos.

Já em relação às famílias de baixa renda, menores recursos para a armazenagem de alimentos resultaram em idas mais frequentes aos mercados e bancos de alimentos, o que aumentou a exposição dessas pessoas. Além desse cenário, também se verificou a incidência da doença em imigrantes ilegais vulneráveis.

Ainda que o governador do Michigan tenha atuado de forma ágil para restaurar o fornecimento de água ocorrido em função de contas não pagas, muitas famílias ficaram sem água, o que as impossibilitava de tomar uma precaução simples e efetiva – lave as mãos – aumentando o risco de contágio.

Esses fatores enfatizam fortemente a necessidade e a responsabilidade dos educadores em saúde de “nadarem contra a corrente”, ao reconhecer e abordar a pobreza e o racismo como fatores estruturais das iniquidades da COVID-19.

A partir das informações obtidas, os autores apontaram que os educadores em saúde devem apoiar outras ações estratégicas, para garantir a segurança dos trabalhadores e de suas famílias. E ainda, que os educadores em saúde podem trazer dados que demonstrem a natureza crítica de tais ações para famílias com crianças pequenas, para quem os impactos colaterais adversos da instabilidade habitacional (perdas de redes sociais e interrupções nas oportunidades educacionais) são susceptíveis de se agravar ao longo do curso de vida.

Os autores concluíram com uma discussão sobre as oportunidades estratégicas para educadores em saúde, trabalhando em parceria com entidades comunitárias e pesquisadores; usando, por exemplo, uma abordagem de pesquisa participativa de base comunitária (Community Based Participatory Research – CBPR), para enfocar mudanças estruturais que, no curto prazo, reduzem os efeitos adversos da pandemia e, a longo prazo, podem reduzir as persistentes desigualdades raciais, étnicas e socioeconômicas em saúde.

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Que desafios e oportunidades a pandemia tem provocado para o desenvolvimento da telessaúde no Brasil?

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Desafios e oportunidades para telessaúde durante a pandemia de COVID-19: ideias sobre espaços e iniciativas no contexto brasileiro

DIAS, Elaine

CAETANO, R. ; et al. Challenges and opportunities for telehealth during the COVID-19 pandemic: ideas on spaces and initiatives in the Brazilian context. Desafios e oportunidades para telessaúde em tempos da pandemia pela COVID-19: uma reflexão sobre os espaços e iniciativas no contexto brasileiro. Cad Saude Publica, v. 36, n. 5, p. e00088920, Jun. 2020. DOI:10.1590/0102-311×00088920 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32490913/

A COVID-19 criou enormes desafios para os sistemas de saúde em todo o mundo, com o rápido crescimento do número de mortes e pacientes críticos necessitando de suporte ventilatório. Métodos alternativos para controlar a propagação da doença, como isolamento social, medidas extremas de quarentena e rastreamento de contato, têm sido usados ​​em todo o mundo. No entanto, essas medidas podem não ser totalmente eficazes no combate à COVID-19, em sintonia com os preparativos nacionais necessários para atender às novas demandas de atendimento ao paciente. Uma ampla gama de tecnologias digitais pode ser usada para aprimorar essas estratégias de saúde pública, e a pandemia gerou um uso cada vez maior da telessaúde.

Esse campo cresceu consideravelmente no Brasil nos últimos anos. Ainda assim, apesar da intensa proliferação de recomendações e regras, até a atual pandemia o país ainda carecia de um marco regulatório totalmente consolidado. O surgimento da COVID-19 marca um momento chave na expansão dos aplicativos e no uso da telessaúde para melhorar a resposta do sistema de saúde à crise atual.

Este estudo tem como objetivo discutir a contribuição da telessaúde no combate à COVID-19 e as recentes iniciativas desencadeadas no Brasil como oportunidades para a consolidação da telemedicina e o aprimoramento do Sistema Único de Saúde Brasileiro (SUS).

Historicamente, a telemedicina concentrava-se na aplicação das interações tradicionais médico-paciente (e médico-médico), aprimoradas por vídeo bidirecional e comunicações de áudio. Posteriormente, o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) foi ampliado para serviços de apoio, capacitação e atividades de informação em saúde para profissionais de saúde multidisciplinares e pacientes, configurando um campo ampliado denominado “telessaúde”.

O estudo relata algumas dificuldades para a implementação rápida e extensa da telemedicina, particularmente relevante na pandemia da COVID-19, tais como: requisitos de licenciamento de ativação e pagamento para prestadores; seguro contra erros médicos, aplicados à telemedicina; conformidade com os regulamentos sobre sigilo e segurança de dados; e o estabelecimento de protocolos de gestão de exames laboratoriais, prescrições e agendamento. No que se refere especificamente à epidemia de COVID-19, a literatura sinaliza desafios particulares que também se aplicam ao uso da telemedicina no Brasil na perspectiva do SUS.

A utilização das diversas possibilidades da telessaúde exploradas neste artigo envolve investimentos em infraestrutura, incluindo informações e padrões de TIC em saúde capazes de garantir interoperabilidade, sistemas, serviços, recursos humanos e modelos organizacionais. Esses investimentos não se limitam a – ou são resolvidos apenas com – recursos financeiros, mas demandam tempo, principalmente em contextos tão diversos como os existentes no Brasil, o que pode ser uma limitação para o aproveitamento de todo o seu potencial.

A telessaúde é um componente crítico para aumentar a capacidade de combate ao coronavírus e, ao mesmo tempo, manter os serviços de saúde funcionando e mais seguros. O uso imediato e a aplicação bem-sucedida da telessaúde para lidar com um desafio global provavelmente aumentará a aceitação pública e governamental de tais tecnologias para outras áreas da saúde no futuro, incluindo doenças crônicas não transmissíveis, tanto no Brasil quanto em outros lugares do mundo.

Os autores concluem que, embora ainda haja muito a ser construído e operacionalizado no Brasil para a telessaúde, é possível imaginar que esse campo fortalecerá ainda mais o Sistema Único e Universal de Saúde do Brasil.

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Qual a tendência infodemiológica na Internet sobre perda de olfato durante a epidemia de COVID-19 ?

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Prevendo a Incidência da COVID-19 Usando Anosmia e outros Sintomas

MONT'ALVÃO, Cláudia

PANUGANTI, B. A. et al. Predicting COVID-19 Incidence Using Anosmia and Other COVID-19 Symptomatology: Preliminary Analysis Using Google and Twitter. Otolaryngology–Head and Neck Surgery., v. 16 , n. 3,  p. 491-497, Sep. 2020. DOI: 10.1177/0194599820932128. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32484425

O objetivo do artigo, a partir de um estudo observacional retrospectivo, é determinar as correlações entre as tendências dos usuários (user trends) do Twitter e do Google Search sobre a perda de olfato durante a incidência da COVID-19 nos Estados Unidos, em comparação com outras doenças em vias respiratórias agudas graves.

De forma introdutória, os autores apontam o papel da mídia durante a difusão da informação sobre a perda de olfato e sua associação com o coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Citam um estudo realizado com 237 pacientes, onde os médicos foram entrevistados sobre a sintomatologia do coronavírus 2019 (COVID-19) a partir da Ferramenta de Relatório de Anosmia (Anosmia Reporting Tool), desenvolvida pela Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (American Academy of Otolaryngology–Head and Neck Surgery). Como resultado, 73% dos pacientes reportaram anosmia antes do diagnóstico de COVID-19, e 26,6% reportaram a perda do olfato como um sintoma indicativo da doença.

A partir da necessidade de informações epidemiológicas em tempo real, as mídias sociais e o comportamento do usuário na Internet mostraram-se adequadas para a alocação de recursos relacionados à COVID-19 e a estratégias de mitigação.

Nesse estudo, os autores apresentam seus achados sobre uma análise preliminar de exploração infodemiológica, sobre a incidência de COVID-19 e sua relação com a múltiplas tendências de usuários em fórum online. Especificamente, os pesquisadores buscaram: 1) investigar os ‘tweets’ do Twitter, como uma alternativa ou de forma conjunta com o Google Trends (Tendências do Google), para entender padrões de incidência; 2) elucidar o valor infodemiológico das buscas no Google e no Twitter, comparando a perda ou não de olfato como sintoma de COVID-19; e 3) compreender a influência da mídia, como uma tendência infodemiológica relativa à perda do olfato.

Como resultado, os pesquisadores verificaram as buscas no Google e a frequência de tweets relacionadas aos sintomas de perda ou não do olfato, no período de 1 de janeiro a 8 de abril de 2020, utilizando o Google Trends e Crimson Hexagon, respectivamente.

Os coeficientes de Spearman relacionaram cada uma dessas tendências para comparação. As correlações obtidas após a exclusão de um curto período (22 a 24 de março) correspondem a uma ampla divulgação da mídia sobre anosmia como sintoma de infeção.

As buscas no Google e nos tweets sobre os sintomas não relacionados a perda de olfato (0.744 e 0.761, respectivamente) e COVID-19 (0.899 e 0.848) estão mais relacionadas com a incidência da doença do que a perda de olfato (0.564 e 0.539).

Os usuários de Twitter tuitaram sobre a perda de olfato durante o período de estudo, sendo a maioria mulheres (52%), enquanto que usuários tuitaram sobre a COVID-19 (49%). As frequências de Twitter e Google Search sobre a perda de olfato aumentou significativamente (desvio padrão de 2,5) a partir da ampla publicação na mídia sobre a relação desse sintoma com a infecção por SARS-CoV-2

As frequências no Google Search e no Twitter sobre ‘febre’ e ‘respiração curta’ são indicadores mais robustos da incidência de COVID-19 do que anosmia. Os meios de comunicação de massa representam fatores importantes para a confusão de informações e devem ser considerados em an

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