Evidências Covid 19

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A COVID-19 pode afetar diferentemente as pessoas conforme suas etnias?

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Questões únicas de saúde pública enfrentados pelas comunidades negras, asiáticas e de minorias étnicas

DUARTE, Rosália

ABUELGASIM, E. ; et al. COVID-19: Unique public health issues facing Black, Asian and minority ethnic communities. Curr Probl Cardiol., v. 45, n. 8, p. 100621, aug.  2020. Doi: 10.1016/j.cpcardiol.2020.100621. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32448759/

Utilizando dados governamentais de estudos recentes sobre a disseminação da COVID-19 e revisão de estudos anteriores, os pesquisadores analisam possível associação entre etnia e incidência e agravamento da doença.  

O Reino Unido foi o primeiro território com população etnicamente diversa a adotar na pandemia atendimento universal para tratamento da doença. Dados observacionais divulgados, em abril de 2020, pelo Centro Nacional de Auditoria e Pesquisa de Terapia Intensiva, do Reino Unido mostraram indicadores de internação em unidades de cuidados intensivos na Inglaterra proporcionalmente maiores entre asiáticos, negros e outros grupos étnicos minoritários em relação à população branca. Isso levantou alerta de possíveis associações entre etnias minoritárias e contágio e evolução da doença. Com base em dados governamentais e revisão de estudos anteriores, os autores exploram essa associação e inferem que a maior incidência da COVID-19 entre minorias étnicas pode estar associada a predisposição genética, diferenças fisiopatológicas na suscetibilidade ou resposta à infecção e, principalmente, a fatores socioeconômicos, culturais ou de estilo de vida.   

Os principais fatores destacados no artigo:

  1. possível associação entre função pulmonar reduzida e pessoas de ascendência étnica minoritária, em comparação com seus homólogos caucasianos;
  2. possível associação entre deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e COVID-19, e alta prevalência desta deficiência entre pessoas de ascendência africana, asiática e mediterrânea;
  3. associação entre incidência da doença e deficiência de vitamina D, comum entre grupos étnicos minoritários no Reino Unido; como se trata de estudos observacionais, os autores alertam que são necessários mais estudos clínicos para sustentar essa hipótese;
  4. comunidades de minorias étnicas no Reino Unido são propensas a taxas mais altas de doenças cardiovasculares, fatores de risco para o agravamento da doença;
  5. doenças renais crônicas também têm implicações nos quadros de COVID-19; numerosos estudos indicam relação entre etnia e doença renal (nos EUA, por exemplo, minorias étnicas correm 1,5 a 4 vezes mais risco de insuficiência renal em estágio final da doença do que as de suas contrapartes brancas).
  6. Os pesquisadores assinalam, no entanto, que os principais fatores associados à alta incidência da COVID-19 entre minorias étnicas são de natureza cultural e socioeconômica. Informam que estudos sobre pandemias anteriores evidenciaram que minorias étnicas são afetadas de forma desproporcional por eventos desse tipo e apresentam piores resultados de saúde em comparação com outros grupos, devido ao acesso limitado aos cuidados de saúde, más condições de vida e obstáculos educacionais e linguísticos na adoção de medidas preventivas. Dados demográficos do Reino Unido, por exemplo, evidenciam que a superlotação habitacional afeta principalmente famílias asiáticas e famílias negras de origem africana, o que dificulta medidas de distanciamento social e aplicação de outras medidas de prevenção de contágio.

Uma grande proporção de comunidades de minorias étnicas tem altos indicadores de pobreza, em razão de desigualdades estruturais e do racismo institucional, maior vulnerabilidade em relação à capacidade de estocar alimentos e baixo acesso a serviços públicos. Além disso, suas condições financeiras pioram se não conseguirem trabalhar enquanto cumprem medidas de isolamento. Assim, a falta de recursos financeiros destinados ao atendimento dessas minorias, a desconfiança desses grupos com relação aos profissionais de saúde, a falta de estudos científicos específicos e de oferta de educação culturalmente apropriada, no planejamento da pandemia, aumentaram a desvantagem dessas pessoas no que diz respeito à disseminação e tratamento da COVID-19.

  

 

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Como as tecnologias vestíveis podem auxiliar no acompanhamento dos pacientes?

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Monitoramento fisiológico contínuo usando tecnologia vestível para informar manejo individual de doenças infecciosas, saúde pública e respostas de surto

BARBOSA, Carlos Roberto Hall

MING, D. K.; et al. Continuous physiological monitoring using wearable technology to inform individual management of infectious diseases, public health and outbreak responses. International Journal of Infectious Diseases, v. 96, p. 648-654, Mai, 2020. DOI: 10.1016/j.ijid.2020.05.086. Disponível em: https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(20)30393-3/pdf

Este artigo descreve o uso de tecnologias vestíveis (wearable technologies) no monitoramento fisiológico contínuo de pacientes em ambientes hospitalares ou comunitários, com o objetivo de identificar aqueles com maior risco de agravamento da doença e deterioração clínica. O estudo é direcionado a infecções de importância global, incluindo pandemias como a COVID-19 e doenças endêmicas como a dengue.

Casos graves de doenças infecciosas como a COVID-19 podem levar a distúrbios fisiológicos como choque hemodinâmico ou hipóxia, e uma rápida identificação com intervenção médica são essenciais para reduzir eventos adversos e custos. O monitoramento fisiológico contínuo de pacientes envolve a medição de parâmetros como ECG, frequência cardíaca e respiratória, pressão sanguínea e oxigenação arterial, usando uma combinação de métodos invasivos e não-invasivos, que podem não estar disponíveis em países menos desenvolvidos. Simultaneamente, o avanço das tecnologias vestíveis, com custos relativamente baixos e potencial para conectividade, em conjunto com sistemas de diagnóstico rápido, pode ajudar a suprir tais necessidades.

Um dispositivo vestível na área da Saúde é uma tecnologia que pode ser adequadamente posicionada no corpo do paciente para monitorar aspectos fisiológicos relevantes, de forma não-invasiva ou minimamente invasiva. O artigo destaca as 3 principais modalidades cuja disponibilidade comercial tem crescido nos últimos anos: fotopletismografia, que utiliza a luz refletida na pele para caracterizar a circulação sanguínea, incluindo oxigenação, pressão, frequência respiratória e variação do pulso; detecção de atividade e impedância elétrica, que utiliza eletrodos para acompanhar a frequência respiratória e o eletrocardiograma; e biosensores, que utilizam diversos métodos enzimáticos, eletroquímicos e baseados em anticorpos para detectar substratos específicos no corpo.

O artigo apresenta então diversos exemplos concretos da aplicação de tecnologias vestíveis no setor da saúde, especialmente para a vigilância de doenças infecciosas como a COVID-19. As condições essenciais para tal aplicabilidade são um custo adequado e um desempenho com padrão clinicamente aceitável. Destaca também a importância da conectividade dos dispositivos, permitindo que múltiplos pacientes sejam acompanhados de um único ponto, melhorando a utilização de tempo e recursos e permitindo a identificação precoce das doenças. Tal conectividade também aumenta a eficiência de programas de vigilância epidemiológica e de modelos preditivos da disseminação de doenças infecciosas.

Em seguida, o artigo elenca os principais desafios à implementação das tecnologias vestíveis no setor da saúde. Inicia pela carência de estudos científicos que demonstrem seu uso em casos reais, enfatizando a necessidade de avaliar a aplicabilidade e o desempenho, em especial em países menos desenvolvidos. A maior disseminação do uso de tais dispositivos gerará grandes massas de dados, o que implicará em problemas de armazenamento, transparência e privacidade dos dados e dos pacientes. A OMS emitiu em 2018 diretrizes gerais sobre saúde digital, mas tal arcabouço regulatório precisa ser refinado. Quanto ao hardware, como o desenvolvimento dos dispositivos vestíveis está em suas primeiras fases, ainda há problemas relacionados ao consumo de energia, tempo de bateria e necessidade de recarga. Finalmente, o risco da geração de falsos positivos poderia comprometer a confiança da população na tecnologia.

O artigo conclui que a utilização de dispositivos vestíveis na área médica pode oferecer significativas vantagens, especialmente no gerenciamento de doenças infecciosas e na medicina de precisão. Uma vez que os principais desafios tenham sido superados, a disseminação de tais dispositivos no futuro próximo deverá melhorar a gestão dos pacientes, permitindo novas estratégias para o gerenciamento de infecções epidêmicas ou endêmicas.

Sua ideia central pode ser vista no vídeo

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Como detectar precocemente a pandemia?

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Detectando Sinais Precoces da Pandemia Global por COVID-19 pela Densidade de Rede na Saúde Pública

DIAS, Elaine Cristina

Chu AMY; Tiwari A; So MKP. Detecting Early Signals of COVID-19 Global Pandemic from Network Density [published online ahead of print, 2020 May 28]. J Travel Med, may. 2020. DOI: 10.1093/jtm/taaa084. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32463088/

O estudo apresenta uma nova utilização da análise de redes na saúde pública através de um método de avaliação quantitativa para o risco de pandemia da COVID-19. Os autores analisaram a densidade da rede entre países, para identificar sinais precoces de risco de pandemia e também para acompanhar a evolução do risco de pandemia por meio do grau de conexão.

Usando os dados dos relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), os autores examinaram a conexão entre dois países em um momento específico t”, calculando sua correlação de mudanças no número de casos confirmados de COVID-19 nos últimos 14 dias (ou seja, os dias selecionados incluem o dia de realização da análise e seus 13 dias anteriores). Se a correlação das mudanças no número de casos confirmados entre dois países fosse maior que 0,5, esses dois países eram considerados conectados, formando uma conexão em uma rede pandêmica.

O método utilizado no estudo se difere dos métodos que utilizam dados de mobilidade humana. O método de analisar densidade da rede avalia a conexão das alterações de casos confirmados entre diferentes países, para avaliar o risco de pandemia.

No estudo, os autores calcularam a proporção do número de conexões existente com relação ao máximo possível de conexões entre países. Em outras palavras, quanto maior a densidade da rede, maior a tendência do número de casos confirmados de COVID-19 dos países aumentarem juntos, indicando um risco pandêmico crescente.

Foram identificados dois picos acentuados no gráfico de séries temporais da densidade da rede, sendo o primeiro no final de fevereiro, duas semanas antes da OMS declarar a COVID-19 uma pandemia global.

O estudo demonstrou que a análise da densidade da rede pode prever riscos de pandemia. Nesta pesquisa, a análise da densidade de rede forneceu evidências necessárias para sinalizar um surto de COVID-19 no início de fevereiro 2020, antes de ter sido declarada como pandemia global. Os autores sugerem que o método apresentado no estudo pode ser aplicável para detectar sinais de alerta precoces em relação a outras pandemias.

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