Evidências Covid 19

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Como a análise das evidências de fatores populacionais pode contribuir para aprimorar as estratégias das intervenções sociais de saúde pública?

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Análise ajustada da população idade-sexo da gravidade da doença em epidemias como ferramenta para elaborar políticas de saúde pública para COVID-19

LETICHEVSKY, Sonia

CANNISTRACI, C. V.; VALSECCHI, M. G.; CAPUA, I. Age‑sex population adjusted analysis of disease severity in epidemics as a tool to devise public health policies for COVID‑19. Scientific Reports v. 11, n.1, p. 11787, Jun. 2021. DOI: 10.1038/s41598-021-89615-4 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34083555/

No início do surto de COVID-19, não existiam conhecimentos sobre a natureza do patógeno, taxa de disseminação e progressão clínica da doença. A estratégia de lockdown, caracterizada por restrições intensas da população em geral, era a solução disponível para evitar a disseminação do vírus. Este método foi aplicado por diversos países e se mostrou determinante, porém causou consequências que ainda nem são totalmente conhecidas, tornando difícil planejar uma estratégia de retorno e recuperação pós lockdown. A velocidade e a extensão da disseminação da COVID-19 que levou ao status de pandemia desafiou muitos sistemas de saúde; alguns países, ainda em 2021, estavam enfrentando uma crise sanitária.

Os autores investigaram o efeito sinergético de idade e sexo na severidade da COVID-19, usando dados da Itália, Espanha e Alemanha. Foi proposta uma categorização de risco para a propensão em desenvolver a forma severa de COVID-19 que requeira internação ou um indicativo de maior risco de morte. O estudo visou fornecer um guia sobre elementos que podem suportar uma estratégia baseada em evidências e identificar lacunas de conhecimentos que podem ser preenchidas através de uma coleta e uma análise de dados otimizadas e aceleradas. O método proposto tem a vantagem de usar variáveis disponíveis diariamente ou semanalmente, permitindo o monitoramento do efeito das decisões de saúde pública a curto prazo, com a possibilidade de repetir estas medidas ao longo do tempo para avaliar a dinâmica e o impacto epidêmicos e enfrentar as próximas fases da pandemia de COVID-19.

Os autores sugerem equilibrar a necessidade de manter as pessoas seguras e reduzir a restrição generalizada para evitar efeitos socioeconômicos negativos. Sendo assim, os autores propõem que as intervenções sociais devem ser adaptadas, isto é, categorias de idade com maior risco devem ser protegidas com intervenções sociais diferentes daquelas de outras categorias com menor risco. Os autores consideram que lockdown generalizado é inapropriado do ponto de vista de custo-benefício, porque restringem todos os indivíduos independentemente do risco de serem afetados por uma forma severa de COVID-19. Além disso, defendem que o design de novas estratégias de intervenções para a COVID-19 pode contribuir para salvar vidas humanas e reduzir os custos de saúde, além de facilitar um retorno mais rápido visando à sustentabilidade econômica.

Os autores concluíram que indivíduos de 0 a 40 anos e mulheres com menos de 60 anos estão menos propensos a desenvolver casos graves e morrer, enquanto homens de 60 anos ou mais têm maior risco de gravidade e morte. Além disso, as necessidades dos homens são significativamente maiores do que das mulheres, independentemente da idade. Isto se reflete nos maiores custos com saúde. Sendo assim, implementar protocolos mais específicos é uma ótima oportunidade para a saúde pública.

Os autores mencionam que, para aprimorar o estudo, mais países deveriam ser analisados, já que se trata de uma pandemia. O problema é que os dados usados nem sempre estão disponíveis e na forma adequada para este estudo. Os autores reforçam o uso de dados contendo idade e sexo, pois o microbioma humano é significativamente dependente destes fatores.

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Como têm sido cuidados os pacientes com doenças intestinais inflamatórias?

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O impacto diário da COVID-19 na gastroenterologia

PALMEIRA, Vanila Faber

MAGRO, Fernando; ABREU, Candida;  RAHIER, Jean-François. The daily impact of COVID-19 in gastroenterology. United European Gastroenterology Journal, v. 8, n. 5, p. 520–527, Mar 2020. DOI: 10.1177/2050640620920157 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7268943/pdf/10.1177_2050640620920157.pdf

Pessoas com doenças inflamatórias intestinais (Inflammatory Bowel Diseases – IBD) muitas vezes necessitam utilizar fármacos que são imunossupressores para controlar as manifestações clínicas da sua enfermidade. Com isso, esses pacientes foram cogitados como sendo um possível grupo de risco para infecções pelo Coronavírus 2019.

O novo Coronavírus, intitulado SARS-CoV-2, possui a maior taxa de transmissão entre os Coronavírus, sendo sua via principal de contaminação o contato com gotículas respiratórias diretas (pessoa-pessoa), ou depositadas em objetos e/ou superfícies. Neste contexto, os procedimentos médicos, como as endoscopias, precisaram ter seus protocolos de realização, e de desinfecção, reavaliados. Passou-se a indicar as endoscopias para pacientes com IBD somente em casos extremamente necessários, com a finalidade de reduzir o risco de contaminação, não só para os pacientes, mas também para os profissionais envolvidos no procedimento endoscópico. Para isso, foi criada uma estratégia de perguntas e respostas, que por fim define o nível biológico de biossegurança a ser utilizado nos procedimentos endoscópicos.

Apesar de muitos pacientes com IBD utilizarem tratamento com fármacos imunossupressores, estes não se mostraram mais propensos a infecções graves pelo Coronavírus 2019. Entretanto, foi desenhada uma recomendação aos pacientes com IBD em uso de imunomoduladores, visando reduzir sua exposição à pandemia. Os atendimentos remotos (online) foram indicados a todos os pacientes, para que fosse feita uma triagem, bem como o acompanhamento desses pacientes por via remota, ficando indicada sua ida presencial ao médico somente se realmente necessário. Já as endoscopias foram indicadas somente quando estritamente necessárias, e ainda sim sob o cuidado da classificação de risco do paciente para o Coronavírus 2019.

Mesmo com todos os protocolos de recomendações feitas aos pacientes com IBD, principalmente para aqueles em uso de imunossupressores, fica claro que, do ponto de vista da saúde pública, a prioridade é reduzir a mortalidade da infecção pelo SARS-CoV-2. Para isto, faz-se necessário o desenvolvimento de diferentes abordagens de intervenção médica. Estas compreendem as terapias antivirais, as quais incluem fármacos com ação antiviral direta para o Coronavírus 2019, e também soro de pacientes que já tiveram a infecção pelo Coronavírus 2019 e se recuperaram, funcionando desta forma como uma imunidade passiva ao vírus. E compreendem também o desenvolvimento de vacinas capazes de evitar o aumento dos casos positivos e novas epidemias, protegendo desta maneira a população de forma geral contra o aumento e a incidência de novas infecções pelo Coronavírus 2019.

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Qual a tendência infodemiológica na Internet sobre perda de olfato durante a epidemia de COVID-19 ?

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Prevendo a Incidência da COVID-19 Usando Anosmia e outros Sintomas

MONT'ALVÃO, Cláudia

PANUGANTI, B. A. et al. Predicting COVID-19 Incidence Using Anosmia and Other COVID-19 Symptomatology: Preliminary Analysis Using Google and Twitter. Otolaryngology–Head and Neck Surgery., v. 16 , n. 3,  p. 491-497, Sep. 2020. DOI: 10.1177/0194599820932128. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32484425

O objetivo do artigo, a partir de um estudo observacional retrospectivo, é determinar as correlações entre as tendências dos usuários (user trends) do Twitter e do Google Search sobre a perda de olfato durante a incidência da COVID-19 nos Estados Unidos, em comparação com outras doenças em vias respiratórias agudas graves.

De forma introdutória, os autores apontam o papel da mídia durante a difusão da informação sobre a perda de olfato e sua associação com o coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Citam um estudo realizado com 237 pacientes, onde os médicos foram entrevistados sobre a sintomatologia do coronavírus 2019 (COVID-19) a partir da Ferramenta de Relatório de Anosmia (Anosmia Reporting Tool), desenvolvida pela Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (American Academy of Otolaryngology–Head and Neck Surgery). Como resultado, 73% dos pacientes reportaram anosmia antes do diagnóstico de COVID-19, e 26,6% reportaram a perda do olfato como um sintoma indicativo da doença.

A partir da necessidade de informações epidemiológicas em tempo real, as mídias sociais e o comportamento do usuário na Internet mostraram-se adequadas para a alocação de recursos relacionados à COVID-19 e a estratégias de mitigação.

Nesse estudo, os autores apresentam seus achados sobre uma análise preliminar de exploração infodemiológica, sobre a incidência de COVID-19 e sua relação com a múltiplas tendências de usuários em fórum online. Especificamente, os pesquisadores buscaram: 1) investigar os ‘tweets’ do Twitter, como uma alternativa ou de forma conjunta com o Google Trends (Tendências do Google), para entender padrões de incidência; 2) elucidar o valor infodemiológico das buscas no Google e no Twitter, comparando a perda ou não de olfato como sintoma de COVID-19; e 3) compreender a influência da mídia, como uma tendência infodemiológica relativa à perda do olfato.

Como resultado, os pesquisadores verificaram as buscas no Google e a frequência de tweets relacionadas aos sintomas de perda ou não do olfato, no período de 1 de janeiro a 8 de abril de 2020, utilizando o Google Trends e Crimson Hexagon, respectivamente.

Os coeficientes de Spearman relacionaram cada uma dessas tendências para comparação. As correlações obtidas após a exclusão de um curto período (22 a 24 de março) correspondem a uma ampla divulgação da mídia sobre anosmia como sintoma de infeção.

As buscas no Google e nos tweets sobre os sintomas não relacionados a perda de olfato (0.744 e 0.761, respectivamente) e COVID-19 (0.899 e 0.848) estão mais relacionadas com a incidência da doença do que a perda de olfato (0.564 e 0.539).

Os usuários de Twitter tuitaram sobre a perda de olfato durante o período de estudo, sendo a maioria mulheres (52%), enquanto que usuários tuitaram sobre a COVID-19 (49%). As frequências de Twitter e Google Search sobre a perda de olfato aumentou significativamente (desvio padrão de 2,5) a partir da ampla publicação na mídia sobre a relação desse sintoma com a infecção por SARS-CoV-2

As frequências no Google Search e no Twitter sobre ‘febre’ e ‘respiração curta’ são indicadores mais robustos da incidência de COVID-19 do que anosmia. Os meios de comunicação de massa representam fatores importantes para a confusão de informações e devem ser considerados em an

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Como se caracteriza o quadro clínico em crianças e com quais infecções associadas?

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Coinfecção e outras características clínicas da COVID-19 em crianças

FAULHABER, Maria Cristina Brito

Wu,Q.; et al. Coinfection and Other Clinical Characteristics of COVID-19 in Children. Pediatrics, v. 146, n. 1, Jul. 2020. DOI: 10.1542/peds.2020-0961. Disponível em: https://pediatrics.aappublications.org/content/early/2020/06/08/peds.2020-0961

Trata-se de um estudo retrospectivo com 74 crianças realizado entre 20 de janeiro e 27 de fevereiro em dois hospitais chineses objetivando determinar características clínicas e epidemiológicas de pacientes pediátricos com COVID-19 além de eventuais comorbidades associadas. Foram coletados dados epidemiológicos detalhados, avaliando se tinha havido contato domiciliar com casos confirmados de adultos (95,6%), sequência de contaminação dentro da família (27,7% foi o 2º caso, 35,4% o terceiro, 21,5% o quarto, 13,9% o quinto e 1,5%  o sexto caso) e se a criança infectada havia transmitido o vírus para outras pessoas. A confirmação laboratorial foi feita pela positividade da RT-PCR para SARS-CoV-2 em swab nasofaríngeo.

O diagnóstico foi feito de acordo com os critérios definidos pela Sociedade de Pediatria Chinesa (SPC) em: 1) infecção assintomática (RT-PCR positivo para SARS-CoV-2, sem sinais clínicos, sem alterações radiológicas) [27,0%]; 2) infecção aguda do trato respiratório superior (febre, tosse, dor de garganta, congestão nasal, fadiga, cefaleia e/ou mialgia, sem pneumonia ao Rx, sem septicemia) [34,4%]; 3) pneumonia leve (sem sintomas clínicos ou com poucos sintomas, como febre e tosse, imagem radiológica sugestiva de pneumonia sem severidade) [39,2%]; 4) pneumonia severa (frequência respiratória ≥70 incursões respiratórias por minuto {irpm} em crianças < 1 ano ou  ≥ a 50 irpm em crianças ≥ 1 ano, saturação O2 <92%, hipóxia, cianose, alterações de consciência, recusa alimentar e sinais de desidratação) [1,4%] e 5) casos críticos (aqueles que indicaram necessidade de CTI: falência respiratória, choque séptico ou combinação com falência de órgãos) [0%].

A idade média foi 6 anos (1 mês a 15 anos), 59,5% meninos, 32,4% apresentaram tosse e 27,0% febre, os sintomas mais comuns no início da doença; 21,6% apresentaram roncos e crepitações na ausculta pulmonar. Entre os achados laboratoriais 31,1% apresentou alteração da leucometria, 13,5% da contagem de linfócitos, 17,6% aumento da PCR (máximo de 39,0 mg/L) e 35,7% da VHS; 46% das crianças foram triadas para outros patógenos que podem causar infecção respiratória e destas 51,4% apresentaram coinfecção (84,2% por Mycoplasma pneumoniae (MP), 15,8% por vírus sincicial respiratório, 15,8% pelo vírus de Epstein Bar, 15,8% por citomegalovírus e 1% por influenza). A análise de SARS-CoV-2 em amostras fecais foi positiva em 13,5% das crianças e mesmo após a negativação do vírus nas amostras respiratórias o exame permaneceu positivo nos exames fecais até mesmo 4 semanas após o início do quadro. Sabe-se que o RNA do SARS-CoV-2 pode ser detectado nas fezes de pacientes assintomáticos ou com história de diarreia prévia.

As análises estatísticas foram feitas usando SAS software (SAS 9.4; SAS Institute, Inc, Cary, NC).

Quando da admissão, 5,4% realizaram tomografia computadorizada de tórax (TCT) sem anormalidades. Alterações radiológicas foram vistas em 50%, sendo 21,6% no pulmão esquerdo, 35,1% no direito e em 43,2% bilaterais.  Nas crianças com alterações na TCT, 81,1% tinham sintomas clínicos. Apenas 12,2% mostraram alterações típicas de COVID-19 na TCT, incluindo imagens em vidro fosco.

Os pacientes foram tratados de acordo com o protocolo da SPC com interferon, inalação, drogas antivirais e medicina tradicional chinesa. As crianças com MP usaram azitromicina oral ou intravenosa.

Cerca de 27,0% eram portadoras assintomáticas de SARS-CoV-2 e 71,6% dos casos considerados leves a moderados apresentaram manifestações diversas.        

A mortalidade em adultos é cerca de dez vezes maior. O motivo da doença ser menos grave em crianças permanece a esclarecer, sendo talvez devido ao fato de a imunidade inata responder melhor que a imunidade adquirida.

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O que é o Coronavírus e como ele produz a COVID-19 no ser humano?

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Uma visão geral da COVID-19

PALMEIRA, Vanila Faber

REFERÊNCIA: SHI, Y. et al. An overview of COVID-19. Journal of Zhejiang University-SCIENCE B (Biomedicine & Biotechnology), v. 21, n. 5, p.343-360, DOI: 10.1631/jzus.B2000083 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7205601/pdf/JZUSB21-0343.pdf

Através dos conhecimentos acerca da estrutura viral é possível compreender a patogênese da infecção pelo Coronavírus 2019, bem como a clínica associada, investigação de técnicas diagnósticas, desenho de novos fármacos e desenvolvimento de vacinas.

Os Coronavírus são divididos nos subgrupos α, b, g e d, sendo que no tipo b estão a maioria dos Coronavírus patogênicos ao homem, incluindo o Coronavírus 2019. Existem algumas proteínas de superfície dos Coronavírus já conhecidas, sendo a proteína S a mais discutida, por ser a estrutura que o vírus utiliza para entrar nas células epiteliais humanas, principalmente nos pneumócitos do tipo II  pela ligação dessa estrutura viral ao receptor ACE-2, presente nessas células do hospedeiro. Esses pneumócitos são responsáveis pela secreção de surfactante, e a partir de sua destruição pelos Coronavírus pode-se entender a doença e pensar sobre possíveis tratamentos.

A epidemiologia das infecções pelo Coronavírus 2019 discute que no início, o vírus utilizou como hospedeiro primário o morcego (de onde o vírus de originou) e como hospedeiro intermediário o pangolim (mamífero onde o vírus se adapta ao mudar de hospedeiro), para só então infectar o Homem. Atualmente a transmissão ocorre de pessoa para pessoa através de fluídos corporais (principalmente de origem respiratória, como saliva e expectoração) em contato com mucosas (como boca e nariz). A taxa de transmissão do Coronavírus 2019 é de 3 a 10 vezes maior do que de outros Coronavírus, devido a mutações na proteína S, o que confere maior potencial de penetração nas células humanas.

Toda a pandemia por Coronavírus2019 começou na China e, mesmo o com todas as medidas de contenção do governo chinês, em três meses já havia se espalhado pelos cinco continentes. Clinicamente a infecção pelo Coronavírus 2019 possui gravidade clínica variada, sendo dividida em doença: leve (sem comprometimento pulmonar), moderada (com sintomas respiratórios pulmonares), grave (maior comprometimento pulmonar, com uma inflamação sistêmica descontrolada), e crítica (necessidade de ventilação mecânica e sinais de choque séptico). A conduta envolve monitoramento e suporte ao paciente, porém sem fármacos específicos, os quais estão sendo estudados, tanto com ação direta no vírus, bem como moduladores da resposta imune do hospedeiro. Já com as vacinas, existem alguns estudos e ensaios clínicos acontecendo em vários países, com alguns muito promissores.

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Quais as características da COVID-19?

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Doença do Coronavírus 2019 (COVID-19): uma revisão de literatura

LASSANCE, André

Harapan, Harapan et al. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): a literature review. Journal of infection and public health. vol. 13,n.5, p. 667-673, mai. 2020. Doi:10.1016/j.jiph.2020.03.019 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7142680/

Os autores realizaram uma revisão na literatura sobre o novo Coronavírus, com objetivo de resumir as informações até então disponíveis.

Em 31 de dezembro de 2019 a China alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre uma nova epidemia de pneumonia de origem desconhecida em pessoas que tinham frequentado um mercado de frutos do mar (Huanan Seafood Wholesale Market) na cidade de Wuhan, China.

O vírus foi nomeado como SARS-CoV-2 e possui grande semelhança genética com dois patógenos: SARS-CoV e MERS-CoV, responsáveis por duas epidemias importantes. O nome da doença é COVID 19. As análises genéticas do vírus demonstraram que os morcegos provavelmente foram os primeiros hospedeiros. Apesar dessa evidência, há muitas razões para não se acreditar que os morcegos transmitam diretamente aos humanos.

Inicialmente os casos foram atribuídos aos que tiveram contato direto com o mercado de frutos do mar. Após alguns dias, a transmissão  entre pessoas ficou bem estabelecida, ocorrendo através da fala e espirros, bem como utensílios de uso pessoal. Os coronavirus podem sobreviver em superfícies por até 9 dias. O período médio de incubação é de 5 dias.

A incidência da infecção por SARS-CoV-2 é observada com mais frequência em pacientes adultos do sexo masculino com idade média entre 34 e 59 anos. A SARS-CoV-2 também tem maior probabilidade de infectar com gravidade pessoas com comorbidades crônicas, como doenças cardiovasculares e cerebrovasculares e diabetes. Poucos casos de COVID-19 foram relatados em crianças com menos de 15 anos. 

A progressão para Síndrome da angústia respiratória do adulto na COVID-19 é  indicação de que a enzima conversora de angiotensina (ECA 2) pode ser uma via de entrada para o SARS-CoV-2, pois ela é  abundantemente presente nas células ciliadas do epitélio das vias aéreas e dos pneumócitos tipo II  em humanos. É relatado que pacientes infectados com SARS-CoV-2 apresentam níveis plasmáticos mais elevados de citocinas pró-inflamatórias do que adultos saudáveis. É importante ressaltar que os pacientes na unidade de terapia intensiva (UTI) têm um nível significativamente mais alto dessas citocinas do que aqueles não pertencentes à UTI.

Os sintomas mais comuns incluem febre, tosse seca, dispneia, dor no peito, fadiga e mialgia. Os casos suspeitos de SARS-CoV-2, segundo a OMS, são basicamente aqueles que apresentam sintomas respiratórios/gripais e tiveram contato com outras pessoas com COVID 19. Um caso confirmado como positivo é aquele com confirmação laboratorial da infecção por SARS-CoV-2, independentemente de sinais e sintomas clínicos. As alterações laboratoriais incluem danos renais e  hepáticos, coagulopatias e inflamação. Os níveis de pró-calcitonina têm se mostrado normais. Dados de estudos indicam que os achados típicos da tomografia computadorizada de tórax são infiltrado em vidro fosco pulmonar bilateral e opacidades pulmonares com consolidação.

Ainda não há tratamento específico validado. Recomenda-se isolamento e cuidados de suporte, incluindo oxigenoterapia, hidratação oral e tratamento com antibióticos para infecções bacterianas secundárias. O uso de imunoglobulina intravenosa pode ajudar em pacientes graves.

A COVID-19 é claramente uma doença séria de preocupação internacional. Semelhante ao SARS-CoV e MERS-CoV, interromper a cadeia de transmissão é considerado essencial para interromper a propagação da doença. Diferentes estratégias devem ser implementadas nos contextos de assistência à saúde e nos níveis local e global.

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