Evidências Covid 19

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Quais os motivos de preocupação decorrentes das manifestações do Coronavírus 2019 no sistema cardiovascular?

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Complicações Cardiovasculares da COVID-19 e Preocupações Associadas: Uma Revisão

PALMEIRA, Vanila Faber

YU, W. L.; et al. Cardiovascular Complications of COVID-19 and Associated Concerns: A Review. Acta Cardiol Sin. v. 37. n. 1. p. 9-17. Jan. 2021. DOI: 10.6515/ACS.202101_37(1).20200913A Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7814323/pdf/acs-37-009.pdf

A infecção causada pelo Coronavírus 2019, que origina clinicamente a COVID-19, pode apresentar manifestações cardiovasculares, como dor torácica e arritmias, além de outros sintomas. Pacientes com morbidades cardiovasculares prévias são grupo de risco para manifestações graves da COVID-19. Além disso, vários pacientes passaram a apresentar alterações cardiovasculares após recuperação da infecção pelo Coronavírus 2019, mesmo não tendo manifestado nada previamente.

O Coronavírus 2019 liga sua proteína de superfície, chamada de proteína S, à ECA2 (Enzima Conversora de Angiotensina 2), que está presente na superfície de células humanas, para desta forma se tornar intracelular e, assim poder se replicar, gerando novos vírus. A ECA2 está presente em uma grande variedade de tecidos, como pulmonar, cardíaco e endotelial (vasos sanguíneos). Muitos dados acerca de manifestações cardiovasculares em pacientes com COVID-19 têm sido publicados, envolvendo pessoas com morbidades cardiovasculares subjacentes, que apresentam formas mais graves da doença, bem como pessoas que previamente não possuíam nenhuma alteração cardiovascular e ficaram com sequelas após COVID-19. Portanto, o objetivo dos autores foi tentar resumir esses dados sobre alterações cardiovasculares decorrentes da virose, incluindo mecanismos de lesão miocárdica e tratamentos.

Muitos dados publicados desde o início da pandemia de COVID-19 têm demonstrado o envolvimento do sistema cardiovascular (coração e vasos sanguíneos), seja como fator de risco para as formas mais graves de COVID-19 naqueles pacientes com doenças cardiovasculares prévias, seja como uma consequência de sequela em pessoas sem nenhuma morbidade anterior à COVID-19. O que se sabe é que o Coronavírus 2019 consegue se replicar no interior dos miócitos e das células endoteliais, causando lesão direta nessas células. Além disso, a tempestade de citocinas causada pelo Coronavírus 2019 também leva a uma disfunção cardiovascular, que pode inclusive deixar sequelas posteriores.

A capacidade de lesionar células do coração e dos vasos sanguíneos precisa ser mais bem analisada e compreendida pela comunidade científica, pois os dados ainda estão muito controversos em determinados pontos. A compreensão acerca das alterações cardiovasculares faz-se necessária, não somente pela fisiopatologia do Coronavírus 2019, mas também no que tange aos tratamentos propostos para COVID-19, todos ainda em estudo. Já foi discutido em vários trabalhos que muitos tratamentos, seja com antivirais ou imunomoduladores, podem ter efeitos adversos no sistema cardiovascular, podendo potencializar os danos causados pela COVID-19.

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Como ocorrem as alterações nos tecidos orgânicos provocadas pela infecção da COVID-19 ?

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O panorama imunopatológico e histológico da lesão pulmonar mediada por COVID-19

PALMEIRA, Vanila Faber

ZARRILLI, G; et al. The Immunopathological and Histological Landscape of COVID-19-Mediated Lung Injury. Int. J. Mol. Sci., v. 22, n. 2. p. 974. Jan. 2021. DOI: 10.3390/ijms22020974 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7835817/pdf/ijms-22-00974.pdf

O SARS-CoV- 2 é o novo Coronavírus que surgiu em 2019 e é o responsável, dentre outras manifestações clínicas, pela síndrome respiratória aguda grave (SARS), que é um conjunto de sinais e sintomas respiratórios. A atual pandemia por SARS-CoV- 2 é a terceira epidemia em grande escala relacionada a Coronavírus, tendo sido a primeira em 2002 por SARS-CoV, e a segunda em 2012 por MERS.

A compreensão acerca da estrutura e da patogenicidade do Coronavírus 2019 é crucial para que medidas de prevenção e controle da infecção possam ser adotadas. Sabe-se que o SARS-CoV- 2 utiliza a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) para penetrar nas células hospedeiras, e a partir daí poder se replicar. Essa ECA2 é amplamente disseminada nos tecidos humanos (fígado, intestinos, rins e sistema nervoso central), sendo muito expressa no epitélio  respiratório e endotélio  vascular. Por isso, os autores buscaram analisar amostras de tecidos de pessoas que faleceram de COVID-19 para identificar as alterações histológicas causadas por SARS-CoV- 2.

O Coronavírus 2019 pode causar danos ao hospedeiro principalmente através de quatro mecanismos, que incluem: lesão direta a células hospedeira; desregulação das vias ativadas por ECA2 (o que potencializa ativação inflamatória); danos às células endoteliais (com consequente obstrução de vasos sanguíneos e/ou perda de sua estrutura, levando a hipóxia tecidual e/ou extravasamento de líquido para os tecidos); e desregulação do sistema imune (o que leva à tempestade de citocinas e a inflamações descontroladas). Está claro para os autores que os pulmões e os vasos sanguíneos foram as estruturas de tecidos que mais apresentaram alterações histopatológicas.

Os achados histopatológicos das amostras analisadas mostram dano alveolar difuso com várias alterações teciduais, porém nenhuma delas sendo patognomônica (sinal próprio e característico de uma doença) para COVID-19. As observações feitas em outros tecidos também foram inespecíficas. Todas as alterações teciduais mostradas são, provavelmente, pela infiltração inflamatória, estando ou não a tempestade de citocinas presente. O que fica claro é que na COVID-19 ocorre lesão direta nas células dos tecidos, e também nos vasos sanguíneos, mudanças que se somam para originar as apresentações clínicas, como tromboses, edemas teciduais, indução de apoptose  celular.

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Como o bloqueio da interleucina-6 pode contribuir no tratamento da COVID-19 ?

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Podemos usar o bloqueio da interleucina-6 (IL-6) para a síndrome do coronavírus 2019 (COVID-19) induzida pela liberação de citocinas (RSC)?

FARHA, Jorge

LIU, B. et al. Can we use interleukin-6 (IL-6) blockade for coronavírus disease 2019 (COVID-19)-induced cytokine release syndrome (CRS)? Journal of Autoimmunity, v 111, Apr 2020, DOI: 10.1016/j.jaut.2020.102452. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32291137

A doença associada ao coronavírus – 2019 (COVID-19), varreu 202 países com uma mortalidade impressionante e o Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave  (SARS-CoV-2) foi identificado como causador da COVID-19. O vírus atinge o pulmão e outros órgãos, ligando-se ao receptor da enzima conversora da Angiotensina-2 (ECA-2) existente na superfície celular e que ocorre em grande número nas células do pulmão, do coração e dos rins.

Observa-se quase sempre elevação das citocinas inflamatórias, fazendo supor que a tempestade de citocinas desempenha um papel central na manifestação da doença. Acredita-se que uma resposta retardada do Interferon-1 desempenha papel central na rápida replicação viral que ocorre nos pulmões. Esse retardo é seguido por uma acentuada resposta imune com liberação de várias citocinas inflamatórias. Dentre as citocinas a que merece maior destaque é a Interleucina-6

Em razão disso, propõe-se o uso de imunomoduladores, em adição ao tratamento antiviral, como estratégia para atenuar a resposta imune exacerbada

Dados de Wuhan, na China, mostraram que até 32% dos pacientes necessitam de uma unidade de tratamento intensivo e que dos pacientes com evolução grave a mortalidade pode alcançar mais de 61%. Citocinas inflamatórias e Quimiocinas, como a Interleucina-6 (IL-6), a Interleucina 1β (IL-1β), a Proteina-10 Induzida (IP-10) e a Proteina-1 Quimiotática de Monócitos (MCP-1) estão implicadas na resposta imune e estão mais elevadas precisamente nos pacientes mais graves.

Tocilizumab é um anticorpo monoclonal recombinante anti-Interleucina-6 aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, para tratamento de alguns casos de Síndrome da Tempestade de Citocinas. Sua ação se dá ligando-se à IL-6, inibindo sua atividade inflamatória. A Interleucina-6 é o mais importante mediador da resposta inflamatória da Síndrome da Tempestade de Citocinas e seus níveis se correlacionam com os casos mais graves da síndrome. Outros mediadores desempenham também um papel relevante nesta síndrome, como o Interferon γ (INF-γ) e o Fator de Necrose Tumoral α (TNF-α).

Em diversas doenças que frequentemente cursam com a Síndrome da Tempestade de Citocinas, Tocilizumab se mostrou eficaz e seguro, inclusive para uso em pacientes pediátricos. A despeito de alguns efeitos colaterais, o mecanismo de ação do imunobiológico, inibindo o principal mediador da resposta imune dramática associada à Covid-19, justificam a proposta de utilização do medicamento nos casos graves dessa doença, como medicamento sem indicação em bula.

Os autores chamam a atenção para alguns fatores que devem ser levados em conta na decisão de utilizar o Tocilizumab na COVID-19, com base em experiência prévia em outras patologias que cursam com a Síndrome da Tempestade de Citocinas. Por fim, algumas considerações são feitas sobre o uso concomitante de anti-inflamatórios, imunossupressores, imunomoduladores e agentes antivirais que podem resultar em efeito aditivo ou negativo.

Terapias potenciais para a Síndrome da Tempestade de Citocinas são listadas, sugerindo futuros ensaios que possam ampliar o arsenal terapêutico para esta e outras patologias de natureza semelhante.

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A alimentação pode influenciar positivamente na evolução da Doença do Coronavírus?

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Doença do Coronavírus (COVID-19–SARS-CoV-2) e Nutrição: A Infecção na Itália está sugerindo uma Conexão?

PALMEIRA, Vanila Faber

CENA, H.;  CHIEPPA, M. Coronavirus Disease (COVID-19–SARS-CoV-2) and Nutrition: Is Infection in Italy Suggesting a Connection? Frontiers in Immunology, v. 11, May 2020. DOI: 10.3389/fimmu.2020.00944 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7221157/pdf/fimmu-11-00944.pdf

A relação entre os alimentos e o sistema imunológico já vem sendo amplamente discutida, e vários estudos têm mostrado alimentos vegetais com potencial imunomodulador. Sabendo que a infecção pelo Coronavírus 2019 ocasiona uma tempestade de citocinas, a qual pode evoluir para as formas mais graves da doença, o presente estudo relaciona alimentos vegetais com efeito na redução da inflamação causada pelo Coronavírus 2019.

Tanto a obesidade como a diabetes são fatores de risco para as formas mais graves da infecção pelo Coronavírus 2019. Uma das explicações para isto está no fato de que ambas, obesidade e diabetes, causam uma desregulação no sistema imunológico, principalmente por aumentarem o perfil pró-inflamatório (aumento de citocinas que levam a inflamação). A tempestade de citocinas que ocorre, principalmente nos pacientes graves com Coronavírus 2019, tende a ser mais intensa em pessoas obesas e/ou com diabetes. Por outro lado, alimentos de origem vegetal possuem substâncias com potencial anti-inflamatório, podendo ser utilizados como adjuvantes durante a infecção pelo Coronavírus 2019.

Uma alimentação equilibrada, com alimentos variados, traz uma boa qualidade de vida, uma vez que, dentre outras coisas, melhora o sistema imune do indivíduo. Os alimentos de origem vegetal (frutas, verduras) são ricos em nutrientes muito importantes para o organismo humano, como diferentes vitaminas e minerais, além de polifenóis. Estes últimos são moléculas com potencial imunomodulador, principalmente, com ação anti-inflamatória (capazes de reduzir a inflamação), e ação antioxidante (reduzem a oxidação celular, que quando é produzida em excesso danifica vários tipos de células). Por tudo isso, e sabendo que a infecção pelo Coronavírus 2019 leva a uma tempestade de citocinas pró-inflamatórias, levando consequentemente a uma desregulação imune, a alimentação destaca-se como uma possível estratégia que possa auxiliar na prevenção e/ou no tratamento das formas leves da infecção pelo Coronavírus 2019.

Enquanto aguarda-se o desenvolvimento de vacinas que gerem proteção contra infeção pelo Coronavírus 2019, e/ou fármacos  antivirais eficazes (usados para neutralizar e eliminar o vírus do organismo humano), além de fármacos que possam controlar a tempestade de citocinas (com potencial imunomodulador), a alimentação desponta como um importante adjuvante na prevenção ou no combate a infeção pelo Coronavírus 2019. Os polifenóis dos alimentos vegetais apresentam efeitos imunomoduladores e ações anti-inflamatórias e antioxidantes, podendo por isso ajudar na prevenção da evolução negativa da doença, uma vez que melhora a resposta imune. No tratamento dos pacientes acometidos, podem colaborar como adjuvantes nas formas mais leves da infeção pelo Coronavírus 2019, uma vez que contribuem para reduzir a tempestade de citocinas.

A contribuição positiva do trabalho foi fazer a relação entre o potencial imunomodulador dos alimentos com a infecção pelo Coronavírus 2019. Já a limitação do mesmo foi trazer tópicos como disbiose intestinal, obesidade e diabetes mellitus tipo 2, na busca de relacioná-los como fatores de risco para a infecção pelo Coronavírus 2019, porém sem explicar os mecanismos, tornando o conteúdo mais superficial do que o proposto, podendo confundir quem lê o artigo.

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