Evidências Covid 19

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Quais as alterações mais frequentes após a COVID-19 e suas implicações?

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Perfil Metabólico Sérico em Pacientes com Síndrome de Pós-COVID (PASC): Implicações Clínicas

D’AVILA, Joana

PASINI, E. et al. Serum Metabolic Profile in Patients with Long-Covid (PASC) Syndrome: Clinical Implications.        Frontiers in Medicine, v. 8, n. 714426, Jul. 2021 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34368201/

A síndrome pós-COVID é uma condição clínica na qual alguns sintomas da infecção por coronavírus continuam a se manifestar mesmo após o vírus deixar o corpo, sendo as alterações mais comuns fadiga, fraqueza muscular e falta de ar. Os sintomas podem persistir por um período até seis meses após a recuperação total da fase aguda da infecção. No entanto, o conhecimento sobre a fisiopatologia e os biomarcadores desta síndrome que se desenvolve após a fase aguda da doença ainda é limitado, e o objetivo deste estudo foi investigar os marcadores no sangue de pacientes presentes na síndrome pós-COVID.

Os pesquisadores avaliaram setenta e cinco pacientes com idade média de 72 ± 7 anos, que foram hospitalizados com diagnóstico confirmado de COVID-19. Foram selecionados os pacientes que relataram os sintomas de fadiga, fraqueza muscular ou falta de ar, que se manifestavam após a COVID-19 e que estavam ausentes antes da infecção causada pelo vírus, e também que não estavam associados a outras doenças ou condições clínicas.

Os pacientes foram avaliados por um período de dois meses após receberem a alta hospitalar e os exames de sangue mostraram que todos apresentaram concentrações séricas muito altas de ferritina e D-dímero; a maioria dos pacientes tinha níveis baixos de hemoglobina e albumina, e também apresentavam elevações na velocidade de hemossedimentação e na PCR (proteína C reativa) – estes dois últimos constituindo marcadores da presença de inflamação. Os sintomas relatados coexistiam com os marcadores sanguíneos dos processos de coagulação e inflamação, que permaneceram elevados no período pós-COVID.

Os autores discutem sobre o fato de que a persistência de um estado inflamatório crônico altera o metabolismo dos pacientes e também está associado aos sintomas tardios da doença. Altos níveis de D-dímero no sangue aumentam o risco de doença tromboembólica a longo prazo. Portanto, os autores recomendam o monitoramento laboratorial precoce dos níveis sanguíneos desses marcadores para poder estabelecer a melhor conduta de profilaxia para cada paciente. A terapia pode envolver a utilização de anti-inflamatórios e / ou anticoagulantes, quando esses medicamentos forem indicados conforme cada caso clínico.

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Como está evoluindo a inovação tecnológica para diagnóstico rápido da COVID-19 ?

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Um diagnóstico rápido de SARS-CoV-2 usando formação de hidrogel de DNA em poros microfluídicos

MONTEIRO, Elisabeth Costa

KIM, Hwang-soo; ABBAS, Naseem; SHIN, Sehyun. A rapid diagnosis of SARS-CoV-2 using DNA hydrogel formation on microfluidic pores. Biosensors and Bioelectronics., v. 177, p. 113005, Apr. 2021, [Epub 18 Jan. 2021]. DOI: 10.1016/j.bios.2021.113005. Disponível em:  https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33486135/ 

Para atender às demandas relativas ao enfrentamento da COVID-19, o trabalho apresenta um biossensor microfluídico, portátil, rápido e ultrassensível. O sistema pode ser utilizado no local de atendimento e é capaz de detectar seletivamente SARS-CoV-2 em poucos minutos, com excelente limite de detecção (LOD).

Com a semelhança entre sintomas da COVID-19 e da gripe comum, o diagnóstico precoce requer análises laboratoriais rápidas, de alta precisão molecular e de baixo custo. Muitas estratégias que foram introduzidas, como a transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase quantitativa em tempo real (RT-qPCR) e a detecção baseada em anticorpos, apresentam limitações, tais como a baixa sensibilidade dos imunoensaios e sua dependência de anticorpo específico, além da complexidade laboratorial da RT-qPCR. Assim, o desenvolvimento de metodologia para detecção rápida, precisa, de baixo custo, para diagnóstico no local de atendimento, é uma demanda relevante para o manejo da COVID-19.

O desenvolvimento de várias técnicas de amplificação isotérmica, como a mediada por loop (LAMP), o processo de amplificação inteligente, a amplificação em círculo rolante (RCA), foi impulsionado devido ao desempenho, rapidez, sensibilidade, e quantificação confiável. Estudos recentes usando LAMP para detecção de COVID-19 indicaram duração e LOD inadequados. Apesar de progressos do RCA com o emprego de sonda cadeado, em forma de haltere, as investigações apresentaram limitações de tempo e de LOD. O presente trabalho descreve um sistema microfluídico inovador, para detecção rápida e ultrassensível de SARS-CoV-2 em tempo curto, utilizando muito baixas concentrações de DNA.

O estudo envolve várias etapas validadas. A imobilização de primers na superfície de uma rede de náilon permitiu sua combinação a uma sonda fluorescente, produzindo imagens brilhantes. O tubo ao qual a rede é afixada conecta-se à plataforma microfluídica e, via RCA, forma-se um hidrogel de DNA que bloqueia os microporos da malha fina e interrompe o fluxo de microflúidos hidrostáticos sensíveis. A viscosidade foi avaliada por reometria microfluídica. Para confirmar a especificidade da detecção do patógeno, dois modelos de vírus diferentes (SARS-CoV-2 e vírus da dengue) foram examinados com a sonda cadeado.

Um biossensor microfluídico portátil, rápido e ultrassensível foi projetado para detecção específica de COVID-19.  O sistema microfluídico equipado com um tubo contendo modelo de DNA de SARS-CoV-2, com incubação do patógeno COVID-19 por 30 min, gerou, por RCA, hidrogel de DNA suficiente para interromper o fluxo, que não se alterou para outros patógenos comparativamente mediante o mesmo tempo de incubação. Os resultados indicam que o sistema desenvolvido pode detectar seletivamente SARS-CoV-2, sem reação cruzada com DNA de outros patógenos, alcançando LOD de 3 attomols de DNA por litro após 15 min de análise, ou 30 attomols por litro após 5 min.

O desempenho da técnica RCA foi maximizada para detectar COVID-19 com o emprego de uma rede onde o gel de DNA é formado, bloqueando rápida e facilmente o fluxo no tubo conectado à malha. Com área de superfície mínima e homogeneização contínua, maior número de moléculas do patógeno são anexadas. A alta densidade da rede reduz drasticamente a quantidade de hidrogel de DNA necessária para bloquear o fluxo, possibilitando detectar SARS-CoV-2 com LOD excelente em poucos minutos. O sistema microfluídico portátil desenvolvido pode ser utilizado em aeroportos e outros locais de maior disseminação de doenças infecciosas.

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Como a análise das evidências de fatores populacionais pode contribuir para aprimorar as estratégias das intervenções sociais de saúde pública?

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Análise ajustada da população idade-sexo da gravidade da doença em epidemias como ferramenta para elaborar políticas de saúde pública para COVID-19

LETICHEVSKY, Sonia

CANNISTRACI, C. V.; VALSECCHI, M. G.; CAPUA, I. Age‑sex population adjusted analysis of disease severity in epidemics as a tool to devise public health policies for COVID‑19. Scientific Reports v. 11, n.1, p. 11787, Jun. 2021. DOI: 10.1038/s41598-021-89615-4 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34083555/

No início do surto de COVID-19, não existiam conhecimentos sobre a natureza do patógeno, taxa de disseminação e progressão clínica da doença. A estratégia de lockdown, caracterizada por restrições intensas da população em geral, era a solução disponível para evitar a disseminação do vírus. Este método foi aplicado por diversos países e se mostrou determinante, porém causou consequências que ainda nem são totalmente conhecidas, tornando difícil planejar uma estratégia de retorno e recuperação pós lockdown. A velocidade e a extensão da disseminação da COVID-19 que levou ao status de pandemia desafiou muitos sistemas de saúde; alguns países, ainda em 2021, estavam enfrentando uma crise sanitária.

Os autores investigaram o efeito sinergético de idade e sexo na severidade da COVID-19, usando dados da Itália, Espanha e Alemanha. Foi proposta uma categorização de risco para a propensão em desenvolver a forma severa de COVID-19 que requeira internação ou um indicativo de maior risco de morte. O estudo visou fornecer um guia sobre elementos que podem suportar uma estratégia baseada em evidências e identificar lacunas de conhecimentos que podem ser preenchidas através de uma coleta e uma análise de dados otimizadas e aceleradas. O método proposto tem a vantagem de usar variáveis disponíveis diariamente ou semanalmente, permitindo o monitoramento do efeito das decisões de saúde pública a curto prazo, com a possibilidade de repetir estas medidas ao longo do tempo para avaliar a dinâmica e o impacto epidêmicos e enfrentar as próximas fases da pandemia de COVID-19.

Os autores sugerem equilibrar a necessidade de manter as pessoas seguras e reduzir a restrição generalizada para evitar efeitos socioeconômicos negativos. Sendo assim, os autores propõem que as intervenções sociais devem ser adaptadas, isto é, categorias de idade com maior risco devem ser protegidas com intervenções sociais diferentes daquelas de outras categorias com menor risco. Os autores consideram que lockdown generalizado é inapropriado do ponto de vista de custo-benefício, porque restringem todos os indivíduos independentemente do risco de serem afetados por uma forma severa de COVID-19. Além disso, defendem que o design de novas estratégias de intervenções para a COVID-19 pode contribuir para salvar vidas humanas e reduzir os custos de saúde, além de facilitar um retorno mais rápido visando à sustentabilidade econômica.

Os autores concluíram que indivíduos de 0 a 40 anos e mulheres com menos de 60 anos estão menos propensos a desenvolver casos graves e morrer, enquanto homens de 60 anos ou mais têm maior risco de gravidade e morte. Além disso, as necessidades dos homens são significativamente maiores do que das mulheres, independentemente da idade. Isto se reflete nos maiores custos com saúde. Sendo assim, implementar protocolos mais específicos é uma ótima oportunidade para a saúde pública.

Os autores mencionam que, para aprimorar o estudo, mais países deveriam ser analisados, já que se trata de uma pandemia. O problema é que os dados usados nem sempre estão disponíveis e na forma adequada para este estudo. Os autores reforçam o uso de dados contendo idade e sexo, pois o microbioma humano é significativamente dependente destes fatores.

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Como evolui no tempo a capacidade dos anticorpos induzirem nos pacientes a destruição das células infectadas pelo virus?

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O desenvolvimento e a cinética da citotoxicidade mediada por células dependente de anticorpos funcionais (ADCC) para a proteína spike SARS-CoV-2

PALMEIRA, Vanila Faber

CHEN, X. et al. The development and kinetics of functional antibody-dependent cell-mediated cytotoxicity (ADCC) to SARS-CoV-2 spike protein. Virology., v. 559, p. 1-9, mar. 2021. DOI: 10.1016/j.virol.2021.03.009 Disponível: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7975276/pdf/main.pdf

A pandemia atual é causada por um Beta Coronavírus intitulado de Coronavírus 2019 (SARS-CoV-2), que é o responsável pela doença COVID-19. Esta infecção viral é capaz de induzir no hospedeiro uma resposta imunológica completa, com geração de memória através da produção de anticorpos, os quais são glicoproteínas específicas para estruturas microbianas, incluindo os vírus.

Os anticorpos representam uma forma de defesa importante contra todo tipo de infecção, incluindo as infecções virais, como a COVID-19. Dentre os papéis que os anticorpos podem desempenhar estão: neutralização, fagocitose dependente de anticorpo (tanto para células mononucleares, como os macrófagos, quanto para as células polimorfonucleares, como os neutrófilos), e também a citotoxicidade (capacidade de causar lise em células) mediada por anticorpos (tanto para célula do tipo Natural Killer {NK} quanto para linfócitos do tipo TCD8). Os autores tiveram como objetivo avaliar o desenvolvimento da citotoxicidade mediada por anticorpos contra SARS-CoV-2, através de experimentos utilizando células com super expressão da proteína S do vírus, soro de pacientes positivos para o Coronavírus 2019, e células NK de linhagens modificadas.

A citotoxicidade mediada por anticorpo (CMA) leva as células NK a liberarem substâncias, como as granzimas e as perforinas, que causam a destruição celular, a partir de seu reconhecimento de anticorpos aderidos à superfície celular. Nos experimentos conduzidos pelos autores do trabalho, as análises avaliaram, dentre outras coisas, a lise de células expressando a proteína S do SARS-CoV-2, a partir de anticorpos do soro de pacientes positivos para SARS-CoV-2. Do total de 61 pacientes positivos para SARS-CoV-2 com forma leve ou moderada de COVID-19, 56 tinham anticorpos com propriedades de CMA, e 5 deles não tinham essa propriedade, indicando que nem todo anticorpo neutralizante possui capacidade de CMA.

Os dados apresentados no trabalho mostram que a capacidade de CMA dos anticorpos contra SARS-CoV-2 começa a aumentar a partir do sétimo dia de início dos sintomas, continuando a subir até a fase de convalescência precoce (15–90 dias), e começando a diminuir após um período de 3 a 4 meses. Esses dados são consistentes com outros trabalhos que mostram essa mesma dinâmica de quantidade de anticorpo versus tempo. Esse conhecimento acerca da CMA ajuda a compreender a imunidade contra SARS-CoV-2, bem como sua proteção, podendo ser utilizado para o desenvolvimento de terapêutica e vacinas mais eficazes.

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Como a perda de olfato e paladar pode afetar emocionalmente as pessoas acometidas por COVID-19 ?

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Investigação sobre a perda do paladar e do olfato e os efeitos psicológicos consequentes: um estudo transversal em profissionais da saúde que contraíram a infecção COVID-19

DOLINSKY, Luciana

DUDINE, L. et al. Investigation on the Loss of Taste and Smell and Consequent Psychological Effects: A Cross-Sectional Study on Healthcare Workers Who Contracted the COVID-19 Infection. Front Public Health, v.9, article 666442, May 2021. DOI:10.3389/fpubh.2021.666442. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34123991

O artigo analisa a correlação entre o estresse e as alterações no olfato e paladar de trabalhadores da saúde, da região norte da Itália, que contraíram a COVID-19 no meio do surto da patologia em 2020.

A infecção pelo SARS-Cov-2 é caracterizada por diversos sintomas, com quadros clínicos variando de assintomáticos ou com sintomas leves até doença severa e óbito. Dentre as manifestações neurológicas mais comuns da patologia situam-se as alterações no olfato e no paladar relatadas por inúmeras publicações. Também é fator conhecido que pandemias estão associadas com consequências diversas para a saúde mental e existem estudos relatando aumento nos sintomas de ansiedade e depressão na pandemia da COVID-19. No entanto, raros são os estudos que têm como foco os sintomas da patologia como determinantes do estresse psicológico.

Como as disfunções de olfato e paladar podem impactar negativamente o bem-estar, com indivíduos relatando sensações de solidão, medo e depressão, além de dificuldades sociais devido a preocupações com a higiene pessoal, no caso da alteração no olfato, e impactos na nutrição e desenvolvimento de depressão, nos casos de alterações no paladar, pesquisadores consideraram a possibilidade destes sintomas amplificarem o estresse psicológico já determinado por outros fatores.

Para verificar esta hipótese, 104 trabalhadores da saúde, homens e mulheres, com idades entre 18 e 70 anos, que haviam contraído a COVID-19, foram avaliados por entrevistas semiestruturadas que envolviam questões sobre sintomatologia, incluindo alterações de olfato e paladar, termômetro de estresse (DT) e escala de ansiedade e depressão hospitalar (HADS). Os questionários referentes a estresse, ansiedade e depressão são validados em diversos países, culturas e populações patológicas. O questionário sobre estresse abordou percepção durante a infecção e no momento da entrevista e o HADS apenas no momento da entrevista. A análise de dados foi robusta com p 0.05.

Os sintomas mais frequentes foram fadiga, alterações no olfato e alterações no paladar. 68%, dos entrevistados declararam estresse moderado a alto, com ansiedade, irritabilidade, mau humor e solidão. Há correlação com os sintomas, com maior quantidade de sintomas estando relacionada a maior grau de estresse. Perda de olfato não mostrou relação com altos níveis de estresse, mas a perda de paladar sim.

A ansiedade é maior nos pacientes com perda de ambos os sentidos, olfativo e gustativo, enquanto a depressão é mais evidente na perda do paladar. A despeito deste resultado, 29% dos entrevistados precisam de intervenção psicológica clínica, segundo os dados obtidos.  

O estudo evidencia que alterações no olfato e no paladar em pessoas sintomáticas estão associadas com maiores níveis de estresse, comparando com aqueles sem alterações nesses sentidos da percepção. Ansiedade e depressão são respostas frequentes, que estão mais associadas a perda do paladar e tendem a persistir por mais tempo. No entanto, risco de reinfecção, excesso de trabalho, frustração, equipamentos de proteção inadequados, isolamento, exaustão, etc., também influenciam a situação emocional dos trabalhadores da saúde. A coexistência com sintomas da COVID-19 intensifica a reação. Mesmo as pessoas curadas continuam a experimentar estresse, devido ao medo de reinfecção. Essa condição aponta a necessidade de intervenção psicológica.

Há limitações metodológicas citadas pelos autores, incluindo análise retrospectiva não randomizada, tendência de aceite de participação por profissionais mais impactados, questionários não desenhados para reações emocionais em pandemias e ausência de dados sobre a duração das alterações de sentido. No entanto, a temática relevante merece continuar sendo alvo de pesquisas.

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Como a pandemia afetou a saúde mental dos profissionais de enfermagem?

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Preocupações, Preparação e Impacto Percebido da Pandemia de Covid-19 na Saúde Mental de Enfermeiros

CARVALHO, Milena Maciel de

GALLETTA, M. et al. Worries, Preparedness, and Perceived Impact of Covid-19 Pandemic on Nurses’ Mental Health. Front Public Health. vol. 9, 566700. 26 May. 2021, doi:10.3389/fpubh.2021.566700. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34123979/

Durante a pandemia de Covid-19, enfermeiros estão expostos a um risco maior de infecção. Além da exposição direta à contaminação pelo vírus, também sofrem os impactos psicossociais decorrentes desse contexto.

Estudos têm indicado que profissionais de saúde, de forma geral, estão mais expostos aos impactos de um cenário pandêmico, em função da maior demanda de trabalho, jornadas de trabalho mais longas, sofrimento psíquico, fadiga, estigmatização, violências, preocupações, estresse e outros fatores que afetam a saúde mental. No entanto, os profissionais da área de Enfermagem merecem destaque por representarem a maior parcela de profissionais de saúde na chamada linha de frente, atuando na assistência direta às vítimas.

O artigo teve como objetivo analisar a relação entre alguns fatores de risco para o adoecimento e sintomas psicológicos entre enfermeiros/as durante a pandemia de Covid-19. Como fatores de risco os autores elegeram: a preparação para a pandemia, o impacto percebido e preocupações. Já os sintomas – ou resultados de saúde mental,  como os autores chamam – foram o choro, o estresse e a ruminação. Este último resultado foi descrito como uma atividade cognitiva  automática em que o indivíduo mantém seu pensamento fixo nos problemas, sem agir contra eles.

Este estudo transversal foi realizado a partir do preenchimento de um questionário online de auto avaliação, de forma anônima e voluntária. A amostra final foi de 860 participantes, pois nem todos atendiam ao critério de inclusão: estarem atuando durante a pandemia de Covid-19 – na linha de frente ou não. Todos estavam registrados na Itália. Foram usados indicadores e variáveis de outros estudos internacionais sobre epidemias. São eles: Preparação organizacional; Preparação pessoal;  Medo de adoecer com a Covid-19; Preocupações não relacionadas ao trabalho; Demandas de trabalho aumentadas; Impacto na vida pessoal; Percepção de estresse no trabalho; Ruminação sobre a pandemia; e Frequência de choro no trabalho. Como método estatístico, foi utilizada a regressão logística binária múltipla.

Dentre os resultados, destaca-se que as maiores preocupações com a pandemia foram o medo de adoecer (73,3%) e de colocar em risco seus familiares (73,7%). Já em relação ao preparo para a pandemia, 79,9% relataram não se sentir preparados. Quanto ao impacto percebido na vida pessoal, 25% mencionaram estigma pela natureza do trabalho. Os resultados também apontam que 66% se sentiram mais estressados, 44% citam maior nível de ruminação em relação à pandemia e 19,9% dizem ter chorado no trabalho.

Atuar na linha de frente não foi avaliado como fator de risco significativo para a saúde, sugerindo que a saúde mental é afetada em todos os contextos clínicos. A exposição contínua a eventos estressantes aparece como fator que pode levar a sintomas de estresse pós-traumático, condição que diminui a capacidade de lidarem com o contexto. Os autores citam como consequência dessa exposição o risco de trauma vicário (fadiga da compaixão) e o estresse traumático secundário.

Quanto à associação das variáveis com os três resultados de saúde, o estudo indica que tiveram associação significativa no estresse percebido no trabalho: preocupações em se infectar, maior demanda de trabalho, impacto no cargo, preocupações não relacionadas ao trabalho, observar colegas chorando e pensamento ruminativo. Como estratégias de suporte, destaca-se a terapia cognitivo comportamental e exercícios de relaxamento, que atuariam no bem estar e na redução do pensamento ruminativo. Assegurar a quarentena dos que atuam com pessoas infectadas também aparece como recurso para o fortalecimento da segurança.

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Como as modalidades virtuais de consulta por telemedicina trouxe vantagens e dificuldades?

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Consulta virtual de nutrição: o que podemos aprender com a pandemia COVID-19?

COHEN, Larissa

KAUFMAN-SHRIQUI, V. et al. Virtual nutrition consultation: what can we learn from the COVID-19 pandemic? Public Health Nutrition, v.24, n.5, p.1166–1173, abr. 2021. DOI: 10.1017/S1368980021000148 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33436134/

A ameaça à saúde humana em função da pandemia causada pelo novo coronavírus SARS-COV-2 destaca o estado nutricional dos indivíduos como fator que influencia a evolução da COVID-19.  Alimentação inadequada, sedentarismo, distúrbios emocionais e de saúde mental geram preocupações durante a COVID-19 e nas consequências da mesma.          

Na tentativa de controlar a pandemia, estratégias de isolamento social foram cumpridas globalmente por um longo período de tempo. Os serviços ambulatoriais de saúde, por sua vez, foram reduzidos ou encerrados naquele momento. Nesse sentido, muitos profissionais de saúde, inclusive nutricionistas, iniciaram diversos formatos de consulta na modalidade virtual, levando a telemedicina a se expandir rapidamente.

O objetivo deste estudo foi avaliar como a pandemia afetou as práticas profissionais dos nutricionistas israelenses, e até que ponto as diversas plataformas de consultas virtuais foram utilizadas, bem como a qualidade geral e utilidade dessas modalidades.

A pandemia da COVID-19 desafiou a continuidade e o início de tratamentos de saúde no setor ambulatorial. As políticas de autoisolamento aplicadas durante este surto foram relacionadas ao aumento nos padrões de alimentação irregular, má qualidade da dieta, comportamentos sedentários, má qualidade do sono, ganho de peso, distúrbios emocionais e distúrbios de saúde mental. Ademais, as mudanças econômicas globais devido à COVID-19 introduzem ou agravam situações de insegurança alimentar. Assim, juntamente com a resposta de saúde imediata necessária, também é essencial considerar as consequências desta pandemia para a saúde em longo prazo.

Este foi um estudo transversal com uma amostra de conveniência de nutricionistas cadastradas na Associação Dietética Israelita (ADI). Os investigadores enviaram um questionário de 36 itens aos nutricionistas e o estudo foi conduzido online usando a plataforma Google Survey. A coleta de dados foi realizada de 31 de março a 5 de maio de 2020, período durante o qual a população israelense esteve sob autoisolamento em larga escala.

Trezentos nutricionistas (12% dos membros da ADI; 95% mulheres) responderam à pesquisa. A maioria relatou redução de 30% nas horas de trabalho na pandemia. A forma mais prevalente de aconselhamento nutricional alternativo (ANA) foi por telefone (72%) e 53,5% utilizaram plataformas online. Quase 45% não tinha experiência anterior com tais modalidades. Ambos os formatos de ANA foram avaliados como inferiores à consulta presencial, devido às dificuldades técnicas por telefone e nas plataformas online, à falta de medidas antropométricas e à falta da comunicação interpessoal. Idade avançada e experiência anterior de aconselhamento por telefone foram associadas a maiores escores de qualidade.

Durante a pandemia da COVID-19, o uso da telemedicina aumentou em vários campos clínicos.  Descobriu-se vantagens como a redução dos custos de saúde, melhora do acesso aos serviços de saúde e aumento da adesão ao tratamento.

Assim como em outros locais e profissões, metade dos nutricionistas de Israel implementou a telemedicina sem experiência prévia. Discute-se o uso de ferramentas para melhorar tais serviços por um nutricionista, como smartwatches e balanças eletrônicas.

A telemedicina possui potencial promissor para consulta nutricional durante um período de pandemia. Contudo, faz-se necessário estabelecer padrões adequados para ser usada tanto em situações de crise quanto nas condições de rotina.

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Qual a proteção das vacinas contra as variantes Alfa e Delta?

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Vacinas contra a variante B.1.617.2 (Delta)

BISOL, Tiago

LOPEZ BERNAL, J. et al. Effectiveness of Covid-19 Vaccines against the B.1.617.2 (Delta) Variant. N Engl J Med., v. 385, n. 7, p. 585-594, Aug. 2021 [Epub 2021 Jul 21]. Doi: 10.1056/NEJMoa2108891. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34289274/

Os autores estudaram a eficácia das vacinas BNT162b2 (Pfizer-Biontech) e ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) na prevenção da infecção sintomática pela variante Delta (B.1.617.2) do vírus SARS-CoV2, causador da Covid-19.

Para o estudo, foi utilizada a base de dados do Sistema de Gestão de Imunização Nacional (National Immunisation Management System) da Inglaterra e os dados dos exames de PCR realizados no período de outubro de 2020 a Maio de 2021 em pacientes sintomáticos que procuraram atendimento. A identificação das infecções pela variante Delta foi inicialmente realizada por sequenciamento genético, realizado em 10% das amostras em fevereiro de 2021 e chegando a 60% em maio de 2021. Também foi usada para identificação das variantes Alfa e Delta o teste TaqPath (Thermo Fisher Scientific) de três proteínas alvo: spike (S), nucleocapsideo (N) e OFR1ab. A observação de que a variante Alpha demonstra resultado negativo e a variante Delta resultado positivo na pesquisa da proteína S também foi utilizada para identificação da variante causadora da infecção.

Os pesquisadores observaram que a variante Delta teve sua incidência crescente mais ao final do período de estudo, tendo sido responsável por 72% das amostras positivas em abril de 2021 e por 93% em maio de 2021.

Para avaliar a eficácia das vacinas, os pesquisadores compararam os resultados de todos os testes de PCR registrados no sistema nacional com o estado vacinal do indivíduo no momento do exame. Foram identificados 19.109 testes PCR positivos, 14.837 da variante Alfa e 4.272 da variante Delta.

Para analisar a eficácia da vacina em reduzir a infecção, foi utilizada como referência a taxa de positividade dos testes PCR dos indivíduos não vacinados (96.371): relação entre casos (PCR positivo) e controles (PCR positivo). Esta relação foi de 0,076 (7,6 por cento de casos positivos em não vacinados).

Para a variante Alpha, após a 1ª dose da vacina BNT162b2 (Pfizer-Biontech), a redução da taxa de positividade foi de 47,5% e, após a 2ª dose, de 93,7%. Após a 1ª dose da vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) a redução foi de 48,7% e, após a 2ª foi de 74,5%.

Para a variante Delta, após a 1ª dose da vacina BNT162b2 (Pfizer-Biontech) a redução da taxa foi de 35,6% e após a 2ª dose de 88,0%. Após a 1ª dose da vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) a redução foi de 30,0% e após a 2ª de 67,0%.

Considerando-se pacientes imunizados somente com a 1ª dose de qualquer uma das duas vacinas, observou-se uma redução de 48,7% de casos positivos da variante Alpha e de 30,7% dos casos positivos da variante Delta.

Já na análise dos pacientes imunizados com as 2 doses de qualquer uma das duas vacinas, observou-se uma redução de 87,7% de casos positivos da variante Alpha e de 79,6% de casos positivos da variante Delta.

Os dados observados demonstram eficácia discretamente menor das vacinas testadas na prevenção da infecção sintomática contra a variante Delta em comparação com a Alpha, mas ainda assim uma eficácia bastante elevada. Vale destacar que, para a variante Delta, a adição da 2ª dose teve maior impacto no aumento da proteção comparativamente à variante Alpha (aumento de 48,7% para 87,7% para a Alpha e de 30,7% para 79,6% para a Delta).

O estudo tem limitações por ser retrospectivo, observacional e dispor somente de dados de pacientes que apresentaram algum sintoma e por isso os pesquisadores buscaram atendimento (e então realizaram o teste), porém traz informações relevantes acerca da eficácia destes imunizantes contra a variante Delta do SRAS-CoV2.

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Quais reações certos medicamentos podem causar a pacientes com Covid-19?

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Reações adversas a medicamentos em pacientes com COVID-19 no Brasil: análise das notificações espontâneas do sistema de farmacovigilância brasileiro

D’AVILA, Joana

MELO, J. R. R. et al. Adverse drug reactions in patients with COVID-19 in Brazil: analysis of spontaneous notifications of the Brazilian pharmacovigilance system. Cad Saude Publica v. 37, n. 1, p. e00245820, Jan. 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33503163/

As reações adversas a medicamentos são consideradas um grave problema de saúde pública e contribuem para o aumento da morbimortalidade e de gastos para o paciente e para os sistemas de saúde.

Até o momento ainda não foi identificado um tratamento eficaz específico para COVID-19 e vários fármacos são utilizados sem evidências de sua eficácia. Dados preliminares de estudos in vitro identificaram atividade antiviral dos fármacos cloroquina e hidroxicloroquina, associados a antibióticos como azitromicina, e estes foram recomendados em alguns países como terapia medicamentosa contra o SARS-CoV-2. Apesar desses fármacos serem indicados para outras doenças, o uso nesta pandemia é experimental, e mesmo o uso compassivo pode representar riscos à saúde devido ao potencial de causar reações adversas, principalmente o risco de cardiotoxicidade. As reações adversas a medicamentos podem prolongar o tempo da internação do paciente, agravando ainda mais a busca por leitos para novos pacientes infectados.

Este estudo teve como objetivo avaliar as reações adversas identificadas nos pacientes com COVID-19, segundo características de pessoas, medicamentos e reações, bem como identificar os fatores associados ao surgimento de reações graves nestas pessoas.

A metodologia consiste em um estudo transversal, com etapas descritiva-exploratória e analítica, utilizando como fonte de dados os relatórios de segurança de casos individuais encaminhados ao Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A população foi constituída pelos pacientes com COVID-19 que apresentaram reações adversas a medicamentos e foram notificados no Sistema Brasileiro de Farmacovigilância.

Foi considera reação adversa grave qualquer reação que resulte em morte, ameaça à vida, que cause internação hospitalar ou prolongue a internação, resulte em incapacidade, persistente ou significativa, ou que cause anomalia congênita.

A pesquisa descreveu 631 reações adversas a medicamentos em 402 pacientes no período de 01 de março de 2020 a 15 de agosto de 2020.

As reações se manifestaram prioritariamente no sistema cardíaco (38,8%), gastrointestinal (14,4%), tecido cutâneo (12,2%) e hepático (8,9%). As reações mais relatadas foram o prolongamento do intervalo QT no eletrocardiograma (33,6%), diarreia (7,4%), prurido (6,5%) e a elevação das transaminases do fígado (6%).

Os principais medicamentos suspeitos de causar as reações foram hidroxicloroquina (59,5%), azitromicina (9,8%) e cloroquina (5,2%). Homens e idosos acima de 65 anos tiveram maior chance de apresentar reações adversas graves. A cloroquina e a hidroxicloroquina foram os únicos medicamentos associados a reações adversas graves, como o aumento do intervalo de QT acima de 500ms, de forma dose-dependente.

Os autores discutem que as características dos participantes foram semelhantes a outros estudos com esta mesma temática, com a prevalência do sexo masculino, pacientes acima de 60 anos, com doenças concomitantes e em uso de múltiplos fármacos. Também são semelhantes os principais locais de manifestação das reações, que foram o sistema cardíaco, gastrointestinal, cutâneo e hepatobiliar. O prolongamento do intervalo QT informado neste estudo foi maior do que o encontrado em outros estudos. Uma explicação para este achado foi a maior exposição do Brasil à cloroquina e hidroxicloroquina, drogas que tiveram uso interrompido no início da pandemia em outros países.

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Como é a evolução clínica dos recém-nascidos infectados pelo SARS-CoV-2 ?

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Características e resultados da infecção neonatal por SARS-CoV-2 no Reino Unido: um estudo de coorte nacional prospectivo usando vigilância ativa

FAULHABER, Maria Cristina Brito

GALE, Chris et al. Characteristics and outcomes of neonatal SARS-CoV-2 infection in the UK: a prospective national cohort study using active surveillance The Lancet Child & Adolescent Health, v. 5, n. 2, p. 113-121, Fev. 2021. DOI: 10.1016/S2352-4642(20)30342-4. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanchi/article/PIIS2352-4642(20)30342-4/fulltext

Os bebês diferem das crianças mais velhas no que diz respeito à exposição à síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Os dados disponíveis que descrevem o efeito do SARS-CoV-2 neste grupo são escassos, e as diretrizes são variáveis.

O objetivo do artigo é descrever a incidência, as características, a transmissão e os desfechos de infecção por SARS-CoV-2 em bebês que estiveram internados em hospitais do Reino Unido nos primeiros 28 dias de vida, no período entre 1º de março e 30 de abril de 2020, buscando formular políticas de manejo e diretrizes para profissionais de saúde, gestantes e novos pais.  

Como critério de seleção foi considerada doença grave nos casos que apresentassem pelo menos 2 dos seguintes critérios: 1) hipertermia (>37.5ºC), apneia, tosse, taquipneia, dificuldade respiratória, necessidade de suplementação de oxigênio, pouca aceitação alimentar, vômitos ou diarreia; 2) leucopenia (< 5.000 leucócitos/µL), linfopenia (< 1.000/µL ou PCR elevada); e 3) Rx de tórax alterado.

Foram elegíveis 66 recém-nascidos (RN) com infecção por SARS-CoV-2 confirmada, sendo 42% com infecção neonatal grave; 24% eram prematuros; 26% nasceram de mães com infecção perinatal por SARS-CoV-2 conhecida, 3% foram considerados com possível infecção adquirida verticalmente (amostra positiva para SARS-CoV-2 dentro de 12 horas após o nascimento, quando a mãe também era positiva) e em 12% a suspeita foi de infecção adquirida nosocomialmente. A idade média do diagnóstico foi de 9,5 dias e 68% dos RN foram diagnosticados mais de 7 dias após o nascimento; entre estes últimos os sintomas mais comuns foram hipertermia, coriza e baixa aceitação alimentar. Nos 62 pacientes em que foi informado o sexo, 35 RN eram do sexo feminino; 22 RN receberam um ou mais tipos de suporte respiratório: três receberam ventilação invasiva, dez ventilação não invasiva e 22 receberam oxigênio suplementar. Rx foi realizado em 25 RN e 56% apresentaram alterações, entre estes 28% com lesões em vidro fosco. Laboratorialmente as alterações mais significativas foram o aumento de PCR (29% de 49 RN) e aumento de lactato (55% de 31 RN testados); dois dos 66 bebês foram tratados com agentes antivirais, outros dois foram tratados com corticosteroides, e um outro recebeu imunoglobulina combinada.

Usando dados de vigilância ativa em nível de população, o estudo demonstrou que o atendimento hospitalar para neonatos com confirmação SARS-CoV-2 é raro, com 5,6 casos por 10.000 nascidos vivos (um em 1.785) no pico do Reino Unido em março e abril de 2020. Infecção nos primeiros 7 dias após o nascimento de uma mãe com infecção perinatal por SARS-CoV-2 foi incomum e geralmente leve ou assintomático, apesar de uma política nacional que promovia manter a mãe e o recém-nascido juntos.

Este estudo foi realizado no Reino Unido, onde a orientação era, e continua sendo, para manter a mãe e bebê juntos quando a mãe confirmou no período perinatal infecção por SARS-CoV-2. Separação da mãe e filho tem múltiplas consequências prejudiciais para ambos e não é recomendada pela orientação da OMS. Durante o período de estudo, mais de 300 mães com infecção confirmada de SARS-CoV-2 deram à luz, e o baixo número de infecções neonatais iniciais por SARS-CoV-2 e o curso de doença leve que os autores documentaram apoiam a abordagem realizada no Reino Unido.

 

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