Evidências Covid 19

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Como é a evolução clínica dos recém-nascidos infectados pelo SARS-CoV-2 ?

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Características e resultados da infecção neonatal por SARS-CoV-2 no Reino Unido: um estudo de coorte nacional prospectivo usando vigilância ativa

FAULHABER, Maria Cristina Brito

GALE, Chris et al. Characteristics and outcomes of neonatal SARS-CoV-2 infection in the UK: a prospective national cohort study using active surveillance The Lancet Child & Adolescent Health, v. 5, n. 2, p. 113-121, Fev. 2021. DOI: 10.1016/S2352-4642(20)30342-4. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanchi/article/PIIS2352-4642(20)30342-4/fulltext

Os bebês diferem das crianças mais velhas no que diz respeito à exposição à síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Os dados disponíveis que descrevem o efeito do SARS-CoV-2 neste grupo são escassos, e as diretrizes são variáveis.

O objetivo do artigo é descrever a incidência, as características, a transmissão e os desfechos de infecção por SARS-CoV-2 em bebês que estiveram internados em hospitais do Reino Unido nos primeiros 28 dias de vida, no período entre 1º de março e 30 de abril de 2020, buscando formular políticas de manejo e diretrizes para profissionais de saúde, gestantes e novos pais.  

Como critério de seleção foi considerada doença grave nos casos que apresentassem pelo menos 2 dos seguintes critérios: 1) hipertermia (>37.5ºC), apneia, tosse, taquipneia, dificuldade respiratória, necessidade de suplementação de oxigênio, pouca aceitação alimentar, vômitos ou diarreia; 2) leucopenia (< 5.000 leucócitos/µL), linfopenia (< 1.000/µL ou PCR elevada); e 3) Rx de tórax alterado.

Foram elegíveis 66 recém-nascidos (RN) com infecção por SARS-CoV-2 confirmada, sendo 42% com infecção neonatal grave; 24% eram prematuros; 26% nasceram de mães com infecção perinatal por SARS-CoV-2 conhecida, 3% foram considerados com possível infecção adquirida verticalmente (amostra positiva para SARS-CoV-2 dentro de 12 horas após o nascimento, quando a mãe também era positiva) e em 12% a suspeita foi de infecção adquirida nosocomialmente. A idade média do diagnóstico foi de 9,5 dias e 68% dos RN foram diagnosticados mais de 7 dias após o nascimento; entre estes últimos os sintomas mais comuns foram hipertermia, coriza e baixa aceitação alimentar. Nos 62 pacientes em que foi informado o sexo, 35 RN eram do sexo feminino; 22 RN receberam um ou mais tipos de suporte respiratório: três receberam ventilação invasiva, dez ventilação não invasiva e 22 receberam oxigênio suplementar. Rx foi realizado em 25 RN e 56% apresentaram alterações, entre estes 28% com lesões em vidro fosco. Laboratorialmente as alterações mais significativas foram o aumento de PCR (29% de 49 RN) e aumento de lactato (55% de 31 RN testados); dois dos 66 bebês foram tratados com agentes antivirais, outros dois foram tratados com corticosteroides, e um outro recebeu imunoglobulina combinada.

Usando dados de vigilância ativa em nível de população, o estudo demonstrou que o atendimento hospitalar para neonatos com confirmação SARS-CoV-2 é raro, com 5,6 casos por 10.000 nascidos vivos (um em 1.785) no pico do Reino Unido em março e abril de 2020. Infecção nos primeiros 7 dias após o nascimento de uma mãe com infecção perinatal por SARS-CoV-2 foi incomum e geralmente leve ou assintomático, apesar de uma política nacional que promovia manter a mãe e o recém-nascido juntos.

Este estudo foi realizado no Reino Unido, onde a orientação era, e continua sendo, para manter a mãe e bebê juntos quando a mãe confirmou no período perinatal infecção por SARS-CoV-2. Separação da mãe e filho tem múltiplas consequências prejudiciais para ambos e não é recomendada pela orientação da OMS. Durante o período de estudo, mais de 300 mães com infecção confirmada de SARS-CoV-2 deram à luz, e o baixo número de infecções neonatais iniciais por SARS-CoV-2 e o curso de doença leve que os autores documentaram apoiam a abordagem realizada no Reino Unido.

 

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A pessoa sem sintomas ou antes de que apareçam pode transmitir a infecção da COVID-19 ?

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Evidência que apoia a transmissão da síndrome respiratória aguda grave Coronavírus 2 enquanto pré-sintomático ou assintomático

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

Furukawa, Nathan W.; Brooks, John T.; Sobel, Jeremy. Evidence Supporting Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 While Presymptomatic or Asymptomatic. Emerging Infectious Diseases, v. 26, n.7. DOI: 10.3201/eid2607.201595 . Disponível em : http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32364890

Com o desenvolvimento da pandemia da Covid-19  foi observado que algumas pessoas infectadas podem não apresentar sinais e sintomas da doença, sendo identificadas como pré-sintomáticas (RNA do SARS-CoV-2 detectado antes do início dos sintomas) e assintomáticas (RNA do SARS-CoV-2 detectado, mas nunca desenvolvem sintomas). Esta revisão tem por objetivo apontar evidências da transmissão do SARS-CoV-2  pré-sintomática  e assintomática. Relatórios epidemiológicos, virológicos e de modelagem recentes apoiam esta transmissão, e sua evidência seria de grande importância na prevenção do contágio. Porém, existem ainda incertezas sobre esta afirmação e o desenvolvimento de imunidade protetora. 

Foram analisados, no PubMed, artigos publicados de 1 de janeiro a 2 de abril de 2020 relacionados a transmissão SARS-CoV-2 pré-sintomática e assintomática antes da obrigatoriedade do uso de máscaras. Foram incluídos artigos originais, relatórios breves e correspondências, com objetivo de relatar evidências epidemiológicas, virológicas ou de modelagem para transmissão pré-sintomática ou assintomática de SARS-CoV-2.

Este estudo considerou três pontos principais: evidência epidemiológica, evidência virológica e evidência de modelagem. As evidências epidemiológicas foram inicialmente identificadas na China, mas também na Alemanha e em Cingapura, onde pacientes primários pré-sintomáticos ou assintomáticos foram submetidos a contato durante viagem, encontros familiares ou visitas a parentes doentes. Esta transmissão ocorreu  em famílias ou domicílios, com período de incubação nos casos pré-sintomáticos de 2 a 11 dias.

A infecção por SARS-CoV-2 é diagnosticada principalmente pela presença de RNA viral de transição reversa (RTP-PCR) ou por cultura viral. O RTP-PCR  identifica a presença do RNA viral, mas não a presença do vírus infeccioso, porém os autores mostram que se o número de ciclos de PCR necessários para detectar o RNA SARS-CoV-2 (RT-PCRct) tiver valores mais baixos indicaria maior carga viral e maior poder de infecção. Embora os relatórios avaliados não identificassem a transmissão real do vírus enquanto pré-sintomático ou assintomático, os baixos valores de RT-PCRct (ou seja, alta carga viral) e a capacidade de isolar o SARS-CoV-2 infeccioso forneceram evidências virológicas para pensarmos em sua transmissão nestes grupos sem sintomas.

Demonstraram que relatos de casos primários (contato com contaminados sabidamente) e secundários (sem contato) sugerem que 13% das infecções podem ser transmitidas durante período pré-sintomático, a partir da identificação de que o intervalo para aparecimento de Covid-19 foi de 4 dias (menor que o período médio estimado de incubação de 5 dias). Outros estudos analisados mostraram que até metade das infecções foram transmitidas por pré-sintomáticos e 4/5 por assintomáticos ou com leves sintomas, sugerindo que muitos destes infectados não foram detectados contribuindo para o desenvolvimento da pandemia.

 Os autores concluíram, a partir destas constatações, que provavelmente o número de infectados é maior do que o registrado, o que reforça a importância do distanciamento físico, uso de máscaras para diminuir a transmissão, e ainda testar e mapear os contatos interrompendo as cadeias de contágio. Precisamos estar atentos à incidência de infecção assintomática em relação aos sintomáticos, sendo cada vez mais necessários o rastreamento dos contatos, teste em massa e isolamento de contatos assintomáticos. Importante também identificar se estes assintomáticos ou com infecção leve podem ser capazes de desenvolver imunidade protetora, qual seu tempo de duração e se serão imunes a reinfecção, mas ainda assim capazes de transmitir. Estas respostas serão necessárias para orientação da retomada às funções normais da sociedade.

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Como a temperatura ambiental afeta a transmissão da COVID-19?

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Temperatura muda significativamente a transmissão de COVID-19 em cidades subtropicais do Brasil

NACCACHE, Monica Feijó

PRATA, David N. ;  RODRIGUES, Waldecy;  BERMEJO, Paulo R. Temperature significantly changes COVID-19 transmission in (sub) tropical cities of Brazil. Science of Total Environment, v. 729, Aug. 2020. DOI: 10.1016/j.scitotenv.2020.138862. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048969720323792?via%3Dihub

O trabalho tem como objetivo determinar a relação entre a temperatura ambiente e a taxa de infecção da COVID-19 em capitais do Brasil.

Os autores usam 586 dados coletados entre 27 de fevereiro e 1 de abril de 2020.

Alguns artigos na literatura mostram que a permanência do vírus nas superfícies depende da temperatura. Assim, a temperatura média ambiente deve afetar a transmissão do vírus. Foi também observado que altas temperaturas são prejudiciais ao vírus. Alguns estudos para analisar o efeito da temperatura na propagação do vírus foram realizados em países não tropicais, com variações de temperatura entre -20 e +20 0C.

O trabalho apresenta um estudo que inclui todas as 27 capitais do Brasil. Exceto pela região sul (7%), todo o restante do território brasileiro fica na zona tropical.

Um modelo genérico aditivo (GAM) foi usado para calcular as relações entre os dados de temperatura e do número de casos de COVID-19 confirmados. O modelo tenta representar o comportamento polinomial da curva de crescimento dos casos confirmados cumulativos das cidades. Para validar a sensitividade do modelo foram utilizados dados de São Paulo, que possuía o maior número de casos. Além disso, um modelo linear generalizado foi usado para entender melhor o comportamento da curva de crescimento da COVID-19 no Brasil.

Os resultados mostram um decréscimo no índice de contágio com o aumento da temperatura média anual até o valor de 25,8 0C. A partir deste valor a curva de contágio tende a um patamar constante, porém poucos dados estavam disponíveis para uma conclusão confiável nesta faixa.

Sua ideia central pode ser vista no vídeo

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