Evidências Covid 19

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Como a perda de olfato e paladar pode afetar emocionalmente as pessoas acometidas por COVID-19 ?

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Investigação sobre a perda do paladar e do olfato e os efeitos psicológicos consequentes: um estudo transversal em profissionais da saúde que contraíram a infecção COVID-19

DOLINSKY, Luciana

DUDINE, L. et al. Investigation on the Loss of Taste and Smell and Consequent Psychological Effects: A Cross-Sectional Study on Healthcare Workers Who Contracted the COVID-19 Infection. Front Public Health, v.9, article 666442, May 2021. DOI:10.3389/fpubh.2021.666442. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34123991

O artigo analisa a correlação entre o estresse e as alterações no olfato e paladar de trabalhadores da saúde, da região norte da Itália, que contraíram a COVID-19 no meio do surto da patologia em 2020.

A infecção pelo SARS-Cov-2 é caracterizada por diversos sintomas, com quadros clínicos variando de assintomáticos ou com sintomas leves até doença severa e óbito. Dentre as manifestações neurológicas mais comuns da patologia situam-se as alterações no olfato e no paladar relatadas por inúmeras publicações. Também é fator conhecido que pandemias estão associadas com consequências diversas para a saúde mental e existem estudos relatando aumento nos sintomas de ansiedade e depressão na pandemia da COVID-19. No entanto, raros são os estudos que têm como foco os sintomas da patologia como determinantes do estresse psicológico.

Como as disfunções de olfato e paladar podem impactar negativamente o bem-estar, com indivíduos relatando sensações de solidão, medo e depressão, além de dificuldades sociais devido a preocupações com a higiene pessoal, no caso da alteração no olfato, e impactos na nutrição e desenvolvimento de depressão, nos casos de alterações no paladar, pesquisadores consideraram a possibilidade destes sintomas amplificarem o estresse psicológico já determinado por outros fatores.

Para verificar esta hipótese, 104 trabalhadores da saúde, homens e mulheres, com idades entre 18 e 70 anos, que haviam contraído a COVID-19, foram avaliados por entrevistas semiestruturadas que envolviam questões sobre sintomatologia, incluindo alterações de olfato e paladar, termômetro de estresse (DT) e escala de ansiedade e depressão hospitalar (HADS). Os questionários referentes a estresse, ansiedade e depressão são validados em diversos países, culturas e populações patológicas. O questionário sobre estresse abordou percepção durante a infecção e no momento da entrevista e o HADS apenas no momento da entrevista. A análise de dados foi robusta com p 0.05.

Os sintomas mais frequentes foram fadiga, alterações no olfato e alterações no paladar. 68%, dos entrevistados declararam estresse moderado a alto, com ansiedade, irritabilidade, mau humor e solidão. Há correlação com os sintomas, com maior quantidade de sintomas estando relacionada a maior grau de estresse. Perda de olfato não mostrou relação com altos níveis de estresse, mas a perda de paladar sim.

A ansiedade é maior nos pacientes com perda de ambos os sentidos, olfativo e gustativo, enquanto a depressão é mais evidente na perda do paladar. A despeito deste resultado, 29% dos entrevistados precisam de intervenção psicológica clínica, segundo os dados obtidos.  

O estudo evidencia que alterações no olfato e no paladar em pessoas sintomáticas estão associadas com maiores níveis de estresse, comparando com aqueles sem alterações nesses sentidos da percepção. Ansiedade e depressão são respostas frequentes, que estão mais associadas a perda do paladar e tendem a persistir por mais tempo. No entanto, risco de reinfecção, excesso de trabalho, frustração, equipamentos de proteção inadequados, isolamento, exaustão, etc., também influenciam a situação emocional dos trabalhadores da saúde. A coexistência com sintomas da COVID-19 intensifica a reação. Mesmo as pessoas curadas continuam a experimentar estresse, devido ao medo de reinfecção. Essa condição aponta a necessidade de intervenção psicológica.

Há limitações metodológicas citadas pelos autores, incluindo análise retrospectiva não randomizada, tendência de aceite de participação por profissionais mais impactados, questionários não desenhados para reações emocionais em pandemias e ausência de dados sobre a duração das alterações de sentido. No entanto, a temática relevante merece continuar sendo alvo de pesquisas.

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A COVID-19 pode provocar uma paralisia do nervo da face?

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Paralisia facial como único sintoma de COVID-19: um estudo prospectivo

FAULHABER, Maria Cristina Brito

ISLAMOGLU, Y.; CELIK, B.; KIRIS, M. Facial paralysis as the only symptom of COVID-19: A prospective study. Am J Otolaryngol., v. 42, n. 4, p. 102956 Jul.–Aug., 2021 [Epub 10 fev. 2021].DOI: 10.1016/j.amjoto.2021.102956. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33592554/

Ao longo da pandemia por COVID-19 observou-se um aumento do número de casos de paralisia facial idiopática ou paralisia de Bell (PB). O objetivo do artigo é investigar possíveis correlações entre PB e COVID-19.

A PB é um quadro agudo, de início súbito, de paresia ou paralisia do nervo facial periférico, cuja etiopatogenia ainda não está esclarecida. Infecções como herpes simples (HSV), varicela zoster (VZV), doença de Lyme, HIV, inflamações, isquemias, neoplasias e doenças autoimunes estão entre suas possíveis causas. Paresia ou paralisia aguda do nervo facial que aparece em menos de 72 horas sem qualquer razão é chamada de PB.

SARS-CoV-2 é um vírus neurotrópico e a paralisia facial aguda é considerada um dos sintomas neurológicos de COVID-19. A SARS-CoV-2 IgM pode ser detectada a partir de amostras de sangue de pacientes com COVID-19 após 5 dias do início dos sintomas, dura 1 mês e depois diminui gradualmente. A duração média do anticorpo IgG SARS-CoV-2 para detecção é de 14 dias. É sugerido que SARS-CoV-2 IgM e IgG foram úteis para o diagnóstico de COVID-19 após a janela destes períodos. No presente estudo, o anticorpo SARS-CoV-2 IgG + IgM (total) foi investigado em pacientes diagnosticados com PB durante o período pandêmico, sendo a sorologia IgM e IgG para SARS-CoV-2 avaliada em 2 etapas: na primeira semana (10 pacientes [24,3%] mostraram resultado positivo) e 14 dias depois (10 pacientes [24,3%] mostraram resultado positivo). Foram excluídos os pacientes que tinham antecedente de infecção por COVID-19.

Os resultados foram computados ​​usando o programa de software SPSS versão 21.0 (Statistical Package for Social Sciences v.21, IBM, Chicago, IL) e usada estatística descritiva para análise.

Todos os 41 pacientes incluídos no estudo se apresentaram com queixa de paralisia facial aguda, sem febre, sem dor de garganta, sem tosse ou falta de ar. Anamnese detalhada, exames de ouvido, nariz e garganta, avaliação neurológica, exame de sangue completo incluindo bioquímica, sorologias virais (especialmente HSV, HIV, VZV), e ressonância magnética (RM) craniana e de ossos temporais foram realizados a fim de investigar a etiologia da paralisia facial. Como não tinham sintomas de COVID-19, não foi realizado RT-PCR. Os pacientes que completaram esses testes, mas nenhuma razão etiológica pôde ser encontrada, foram diagnosticados como PB; a idade média foi 41,7 anos, 58,6% do sexo masculino, 21 pacientes com paralisia do lado esquerdo e 20 do lado direito. O protocolo terapêutico usado foi o mesmo para todos: prednisona 1 mg / kg / dia, a dose sendo gradualmente reduzida e interrompida após duas semanas.

RT-PCR foi feito em pacientes com anticorpos positivos e todos os resultados foram negativos. Os pacientes foram então novamente questionados sobre os sintomas clássicos de COVID-19 e nenhum tinha qualquer sintoma, assim como não relataram contato prévio com indivíduos com COVID-19.

A RM mostrou intensificação (aumento) da imagem do nervo facial em 28 pacientes; nos que tinham anticorpos SARS-CoV-2 positivo, 70% apresentaram a mesma intensificação.

Estudos têm demonstrado a propensão neuroinvasiva do SARS-CoV-2, com manifestações neurológicas, como alteração do nível de consciência, cefaleia, vômitos e doenças cerebrovasculares agudas. Trabalhos mostram pacientes com COVID-19 que desenvolveram quadros como síndrome de Guillain-Barré, encefalopatia e AVC.  

Casos de paralisia facial levaram os autores a investigar os pacientes com paralisia de Bell durante a pandemia e uma forte relação foi encontrada entre a paralisia facial e COVID-19, podendo ser o único sintoma de infecção por COVID-19.

 

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Como a COVID-19 pode afetar o cérebro e o desenvolvimento das crianças?

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Neuroinflamação e Desenvolvimento Cerebral: Possíveis Fatores de Risco em Crianças Infectadas com COVID-19

GIESTA, Monica Maria da Silva

CHAGAS, L. S.  et al. Neuroinflammation and Brain Development: Possible Risk Factors in COVID-19-Infected Children. Neuroimmunomodulation, v. 28, n. 1, p. 22-28 [Epub 02 Fev. 2021]. Doi: 10.1159/000512815. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33530091/

A COVID-19 costuma afetar crianças de maneira mais suave do que em adultos. Entretanto, em alguns casos, mesmo após uma sintomatologia leve, os pacientes evoluem para síndrome de inflamação multissistêmica e síndrome neuro inflamatória com substâncias pró inflamatórias afetando a função microglial. Outras condições podem a esta se somar como a ingesta elevada de gorduras, o consumo materno de álcool durante a gravidez, assim como o acometimento tireoidiano da mãe durante este período, fato que muitas vezes passa despercebido  e facilita a possibilidade de passagem pela placenta de agentes inflamatórios maternos para o feto. Estudos demonstram que o vírus SARS-CoV-2 tem um tropismo pelas células neuronais, assim como suas células progenitoras. Esta atração se dá pelos receptores celulares da Enzima de Conversão da Angiotensina 2 (ACE2), por invasão nas células gliais após ligação com a Proteína S da membrana viral. Tal fato tem como consequências as manifestações de dor de cabeça, perda do olfato, alterações da consciência, encefalites e síndromes desmielinizantes.

Embora as crianças sejam menos suscetíveis às formas graves, o artigo levanta a questão do seu impacto a longo prazo, uma vez que a estrutura cerebral está em formação nesta faixa etária, e compara esta infecção a outras causadas por diversos vírus RNA, como ZIKA vírus e Citomegalovírus. Aventa a possibilidade de que a inflamação reacional a estes patógenos pode ser pior que a ação direta dos mesmos sobre as células neuronais, pois estimulam a fagocitose de células nervosas que combatem patógenos e auxiliam na eliminação de restos celulares, além de estimularem a neuroplasticidade necessária a saúde cerebral.

Os autores colocam ainda o papel importantíssimo da dieta no controle da resposta imune. O elevado consumo de gorduras, açúcares e alimentos processados pode levar a obesidade e Diabetes Tipo 2, cada vez mais comuns em crianças. Estes são fatores que, por sua vez, levam a uma inflamação tênue, mas persistente, à desregulação dos receptores e, portanto, ao maior risco para desenvolvimento de quadros mais graves pelo SARS-CoV-2. Também predispõem a um desenvolvimento anormal dos circuitos cerebrais, principalmente me crianças até os 7 anos. Outro ponto levantado pelo artigo é o consumo de álcool durante a gravidez, que pode ocasionar, além das diversas síndromes conhecidas, a queda da imunidade nos recém natos.

Como pontos negativos deste artigo alertamos para a metodologia, pois se trata de uma revisão não sistematizada da literatura. Como pontos virtuosos, este trabalho chama a atenção para possíveis consequências a longo prazo da infecção em crianças pelo SARS-CoV-2, mesmo que estas desenvolvam um quadro agudo inaparente ou suave, fato que deve ser relevado e motivo de pesquisas futuras em estudos adicionais.

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Como a COVID-19 pode afetar o sistema nervoso dos pacientes?

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COVID-19: Uma Ameaça Global ao Sistema Nervoso

D'AVILA, Joana

KORALNIK, I.J.;  TYLER, K.L. COVID-19: A Global Threat to the Nervous System. Annals of Neurology, v. 88, n. 1, p. 1–11, Jul. 2020. Doi:10.1002/ana.25807. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32506549/

Inicialmente considerada uma doença do sistema respiratório, atualmente está claro que a COVID-19 afeta múltiplos órgãos, incluindo o sistema nervoso. É crescente o número de manifestações neurológicas da infecção por SARS-CoV-2, que pode afetar tanto o sistema nervoso central (SNC), como encefalopatias e acidentes vasculares, quanto o sistema nervoso periférico, como disfunções do paladar e olfato, a síndrome de Guillain-Barre, e suas variantes. Diversos mecanismos podem explicar as manifestações neurológicas da COVID-19, incluindo o estado hiperinflamatório sistêmico e a hipercoagulação disseminada, a infecção direta do SNC (raro) e processos imunológicos pós-infecciosos.

Os estudos disponíveis até o momento mostram que a encefalopatia é a manifestação neurológica mais comum na COVID-19, mais presente em pacientes graves, com comorbidades e disfunções de múltiplos órgãos – hipoxemia, disfunção hepática e renal – e com elevação de marcadores de inflamação sistêmica. Entretanto, nestes pacientes o vírus SARS-CoV-2 não foi detectado no líquido cefalorraquidiano. A segunda manifestação neurológica mais comum da COVID-19 é o acidente vascular cerebral (AVC). Os primeiros casos de AVC eram pacientes mais velhos, que já tinham feito AVC isquêmico anteriormente, tinham comorbidades e marcadores inflamatórios elevados. Entretanto, relatos mais recentes descrevem episódios isquêmicos em pacientes mais jovens. Curiosamente, alguns desses pacientes não apresentavam fatores de risco clássicos para AVC, e alguns nem mesmo tinham desenvolvido os sintomas graves da COVID-19 antes do AVC. Porém, todos os pacientes apresentaram estado de hipercoagulabilidade e coagulação intravascular disseminada.

Há muitos casos de pacientes com características inflamatórias compatíveis com encefalite viral associada a COVID-19, como infiltrado de leucócitos e aumento de proteínas no líquido cefalorraquidiano, mas sem detecção da presença do vírus no SNC. Os estudos sugerem que a encefalite na COVID-19 pode ocorrer sem a infecção direta do SNC e apontam para mecanismos inflamatórios mediados pela resposta imune tardia. Complicações pós-infecciosas, mediadas pela resposta imunológica ao SARS-CoV-2, já foram reportadas, sendo a mais comum a síndrome de Guillain-Barre. Casos raros de encefalopatia necrosante aguda e encefalomielite disseminada aguda também já foram reportados na COVID-19.

Mas sem dúvida, o distúrbio neurológico mais comuns na COVID-19 é a perda de olfato e de paladar, que parece ser específico da infecção por SARS-CoV-2. Entretanto, o mecanismo deste distúrbio transitório ainda não está bem estabelecido.

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Quais os principais danos corporais do Coronavírus 2019 além dos transtornos respiratórios?

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Nova compreensão dos danos da infecção por SARS-CoV-2 fora do sistema respiratório

PALMEIRA, Vanila Faber

ZHANG, Y. ; et al. New understanding of the damage of SARS-CoV-2 infection outside the respiratory system. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 127, p. 10195, Jul. 2020. DOI: 10.1016/j.biopha.2020.110195. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7186209/pdf/main.pdf

O Coronavírus 2019 é denominado de novo Coronavírus devido às alterações genômicas identificadas em seu material genético quando comparado aos outros Coronavírus. A doença causada por esse novo Coronavírus é denominada de Covid-19, e alberga outras manifestações clínicas além de sintomas respiratórios, como pneumonia, o que dificulta o seu diagnóstico e tratamento corretos.

O Coronavírus 2019 é um beta Coronavírus similar a outros Coronavírus que infectam humanos como o vírus causador da Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARS-CoV) e o vírus causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Os Coronavírus utilizam um mesmo receptor nas células-alvo para tornarem-se intracelular, que é a enzima conversora da angiotensina 2 (ECA 2). Essa molécula está presente na membrana de vários tipos celulares, e por isso é amplamente disseminada no organismo humano (epitélio pulmonar, endotélio, músculo cardíaco e músculo liso, rins, intestinos, células da glia no sistema nervoso central). Desta forma, a infecção pelo Coronavírus 2019 pode apresentar-se de diferentes maneiras, a depender do tecido de replicação viral, além das alterações inflamatórias de cada paciente.

O receptor ECA2 utilizado pelo Coronavírus 2019 é tão amplamente disseminado no corpo humano, pois possui várias funções, tais como: proliferação celular, controle de pressão arterial, equilíbrio de fluidos corporais, resposta inflamatória, dentre outras. A molécula conhecida como proteína S (de “Spike” – espinho) é a que se liga a ECA2 e possibilita que o Coronavírus 2019 se torne intracelular e, possa então, replicar-se. A entrada no corpo humano do Coronavírus 2019 ocorre normalmente via respiratória, mas ele pode chegar a outros tecidos por via hematogênica (através do sangue). E desta forma, se replicar em outros tecidos causando sintomas diferentes dos respiratórios (cujos principais são tosse, falta de ar, dificuldade de respirar).

O Coronavírus 2019 pode replicar-se nos rins, intestinos, coração, vasos sanguíneos e sistema nervoso central, gerando desta forma sintomas variados. Por isto, pacientes com o Coronavírus 2019 devem ser monitorados quanto a função renal e hepática, além de serem controlados na pressão arterial sistêmica e na frequência cardíaca, dentre elas, possíveis disfunções do sistema nervoso central, tais como: dor de cabeça ou confusão mental. Conhecer as estruturas virais e suas funções é muito importante para a compreensão de como o Coronavírus 2019 afeta os sistemas, além de fornecer ferramentas para o desenvolvimento de vacinas e antivirais eficazes.

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Como a Covid-19 afeta neurologicamente?

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Manifestações neurológicas associadas a Covid-19

GIESTA, Monica Maria da Silva

 Leonardi M ; Padovani A ; McArthur J C. Neurological manifestations associated with COVID-19: a review and a call for action. J Neurol. v. 267, n. 6, p.1573-1576, jun. 2020 . Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7238392/

As manifestações neurológicas têm sido observadas desde o aparecimento da pandemia de COVID 19 e sua disseminação em nível mundial. O fato levou a descrições de acometimentos no Sistema Nervoso Central e Periférico, embora até o presente momento permaneçam interrogações sobre a severidade, frequência e gravidade do acometimento, assim como quais fatores possam predispor ao quadro neurológico.

Os autores realizaram uma revisão sistemática de publicações chinesas e italianas, após suas próprias observações de que um grande número de pacientes apresentava ausência ou diminuição do olfato, assim como outras alterações possíveis de acometimento do Sistema Nervoso, inclusive manifestações respiratórias de origem possivelmente neurológica.

A  metodologia usada foi a busca bibliográfica em língua inglesa através do Pubmed cruzando os termos COVID 19 ou correlatos ( novo COVID, n COV, COV2)  com termos relacionados a neurotropismo ou sintomas neurológicos. Dos 198 artigos resultantes da busca, apenas 29 foram avaliados na íntegra e os demais excluídos pelos seguintes motivos: dificuldade de acesso ao texto integral, análise dos resultados e assunto abordado no texto integral.

Os achados relacionados as manifestações neurológicas da COVID 19 foram divididos em três grandes categorias: Central, Periférica e Musculoesquelética. As ocorrências relativas ao Sistema Nervoso Central mais observadas foram perda da consciência, tonteira, Acidente Vascular Cerebral (AVC) por isquemia ou hemorragia, convulsões e movimentos desordenados como ataxia e inflamação cerebral. Em um dos sobreviventes de Wuhan citam ainda a ocorrência de hipoventilação de causa neurológica. Os autores destacam a presença de delírio em 22% dos pacientes chineses que evoluíram para óbito, enquanto a frequência foi apenas de 1% naqueles que se curaram nos pacientes chineses. Na Itália houve relato de Síndrome de Guillain-Barré.

 Os fenômenos relativos ao Sistema Nervoso Periférico foram alteração ou ausência de olfato em 5% dos pacientes, dormência e dor espontânea.

Os eventos relativos ao sistema musculoesquelético ocorreram em aproximadamente 10% dos pacientes chineses, constituindo-se de dor e lesões musculares.

Na discussão, o artigo chama a atenção para o acometimento do sistema nervoso em vários níveis, ressaltando a necessidade de melhor compreensão da frequência, severidade, mecanismo de ação e relação entre estes sintomas e a gravidade da evolução da doença. Fazem questionamentos em três linhas:
Estes achados são frequentes em outros países? A inflamação causada pelo vírus seria o fator desencadeante? O vírus teria afinidade por células do sistema nervoso?

A conclusão aponta para a necessidade de um estudo mais bem elaborado e estruturado para estas respostas e, entendendo a limitação de sua própria revisão, os autores clamam a comunidade científica para a contribuição e notificação das evidências.

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