Evidências Covid 19

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Como a pandemia afetou a saúde mental dos profissionais de enfermagem?

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Preocupações, Preparação e Impacto Percebido da Pandemia de Covid-19 na Saúde Mental de Enfermeiros

CARVALHO, Milena Maciel de

GALLETTA, M. et al. Worries, Preparedness, and Perceived Impact of Covid-19 Pandemic on Nurses’ Mental Health. Front Public Health. vol. 9, 566700. 26 May. 2021, doi:10.3389/fpubh.2021.566700. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34123979/

Durante a pandemia de Covid-19, enfermeiros estão expostos a um risco maior de infecção. Além da exposição direta à contaminação pelo vírus, também sofrem os impactos psicossociais decorrentes desse contexto.

Estudos têm indicado que profissionais de saúde, de forma geral, estão mais expostos aos impactos de um cenário pandêmico, em função da maior demanda de trabalho, jornadas de trabalho mais longas, sofrimento psíquico, fadiga, estigmatização, violências, preocupações, estresse e outros fatores que afetam a saúde mental. No entanto, os profissionais da área de Enfermagem merecem destaque por representarem a maior parcela de profissionais de saúde na chamada linha de frente, atuando na assistência direta às vítimas.

O artigo teve como objetivo analisar a relação entre alguns fatores de risco para o adoecimento e sintomas psicológicos entre enfermeiros/as durante a pandemia de Covid-19. Como fatores de risco os autores elegeram: a preparação para a pandemia, o impacto percebido e preocupações. Já os sintomas – ou resultados de saúde mental,  como os autores chamam – foram o choro, o estresse e a ruminação. Este último resultado foi descrito como uma atividade cognitiva  automática em que o indivíduo mantém seu pensamento fixo nos problemas, sem agir contra eles.

Este estudo transversal foi realizado a partir do preenchimento de um questionário online de auto avaliação, de forma anônima e voluntária. A amostra final foi de 860 participantes, pois nem todos atendiam ao critério de inclusão: estarem atuando durante a pandemia de Covid-19 – na linha de frente ou não. Todos estavam registrados na Itália. Foram usados indicadores e variáveis de outros estudos internacionais sobre epidemias. São eles: Preparação organizacional; Preparação pessoal;  Medo de adoecer com a Covid-19; Preocupações não relacionadas ao trabalho; Demandas de trabalho aumentadas; Impacto na vida pessoal; Percepção de estresse no trabalho; Ruminação sobre a pandemia; e Frequência de choro no trabalho. Como método estatístico, foi utilizada a regressão logística binária múltipla.

Dentre os resultados, destaca-se que as maiores preocupações com a pandemia foram o medo de adoecer (73,3%) e de colocar em risco seus familiares (73,7%). Já em relação ao preparo para a pandemia, 79,9% relataram não se sentir preparados. Quanto ao impacto percebido na vida pessoal, 25% mencionaram estigma pela natureza do trabalho. Os resultados também apontam que 66% se sentiram mais estressados, 44% citam maior nível de ruminação em relação à pandemia e 19,9% dizem ter chorado no trabalho.

Atuar na linha de frente não foi avaliado como fator de risco significativo para a saúde, sugerindo que a saúde mental é afetada em todos os contextos clínicos. A exposição contínua a eventos estressantes aparece como fator que pode levar a sintomas de estresse pós-traumático, condição que diminui a capacidade de lidarem com o contexto. Os autores citam como consequência dessa exposição o risco de trauma vicário (fadiga da compaixão) e o estresse traumático secundário.

Quanto à associação das variáveis com os três resultados de saúde, o estudo indica que tiveram associação significativa no estresse percebido no trabalho: preocupações em se infectar, maior demanda de trabalho, impacto no cargo, preocupações não relacionadas ao trabalho, observar colegas chorando e pensamento ruminativo. Como estratégias de suporte, destaca-se a terapia cognitivo comportamental e exercícios de relaxamento, que atuariam no bem estar e na redução do pensamento ruminativo. Assegurar a quarentena dos que atuam com pessoas infectadas também aparece como recurso para o fortalecimento da segurança.

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Como melhorar a proteção de motoristas comerciais em relação à COVID-19 frente aos múltiplos fatores negativos para a saúde?

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Estruturas sindêmicas para compreender os efeitos da COVID-19 no estresse, saúde e segurança do motorista comercial

PORTO, Ana Maria

LEMKE, M. K.; APOSTOLOPOULOS, Y.; SÖNMEZ, S. Syndemic frameworks to understand the effects of COVID-19 on commercial driver stress, health, and safety. J Transp Health. v. 18, p. 100877, Sep. 2020. Doi: 10.1016/j.jth.2020.100877. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7245330/

Nos EUA existem cerca de 2 milhões de motoristas comerciais expostos cronicamente a fatores estressores que interferem nas respostas comportamentais e psicossociais, determinando profundas disparidades de saúde e segurança. Ao longo da pandemia da COVID-19, evidências demonstram que novos fatores estressores foram introduzidos e fatores pré-existentes foram agravados, ampliando o impacto sobre a saúde e as condições de trabalho. Os autores destacam a inadequação dos modelos de pesquisa atuais para o estudo das consequências da pandemia neste grupamento, por desconsiderar o sinergismo entre os diferentes fatores envolvidos. Como consequência, os resultados podem indicar ações de pouco impacto no processo de saúde-doença dos motoristas comerciais americanos. A utilização dos modelos sindêmicos é apontada como adequada para esta análise.

Nos últimos 40 anos, mudanças na política federal norte-americana alteraram fundamentalmente a estrutura, a organização do trabalho e dos locais de trabalho desses profissionais, tornando o setor de transporte de cargas mais competitivo. Contudo, o impacto para a categoria foi negativo, com redução de salários, e remuneração “por quilômetro” resultando em longas jornadas de trabalho. Assim, o trabalhador experimenta isolamento social crônico, e tem maior dependência dos serviços existentes ao longo das estradas e localidades muitas vezes de pouca qualidade. Alimentação não equilibrada, falta de atividade física, difícil acesso a serviços de saúde, exposição a estresse crônico, pressão por maior produção e uso de álcool e drogas interferem diretamente na saúde do trabalhador e podem induzir a comportamentos inseguros ao dirigir, resultando em acidentes rodoviários.   

A evolução da pandemia da COVID-19 levou à piora dos serviços nas estradas e nas localidades, maior demanda e pressão para manutenção das cadeias de suprimento de consumo e saúde, e restrições de viagens, agravando condições endêmicas pré-existentes.

Todavia, novos fatores estressores foram introduzidos, como a preocupação com a doença, a ausência de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e o maior risco de adoecer, o difícil acesso a serviços de saúde ou a falta de condição para permanecer em quarentena, que somaram-se aos estressores crônicos.

Em consequência, os autores destacam a possível escassez de mão de obra, por adoecimento, absenteísmo ou abandono, e o aumento de demanda para os motoristas restantes, agravando o ciclo vicioso de estresse crônico. Favorecem o adoecimento, o agravamento de condições pré-existentes e a pior evolução dos casos da COVID-19 entre motoristas comerciais.

Frente à complexidade da interação entre fatores sociais, econômicos, políticos e biológicos, e sua relação com o processo de saúde-doença de motoristas comerciais, os autores defendem o uso de estruturas sindêmicas em pesquisas que analisam os impactos da pandemia da COVID-19 sobre o estresse, saúde e segurança desse grupo de trabalhadores. A compreensão dessas relações dinamicamente complexas e de como elas podem induzir diferentes resultados de saúde e segurança, inter-relacionados, favorece o desenvolvimento de políticas públicas e ações de prevenção de alto nível, capazes de interferir positivamente na qualidade de vida e do trabalho dos motoristas comerciais de forma holística.

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Quais os efeitos psicológicos da pandemia nos estudantes e nos trabalhadores de Universidade?

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Efeitos psicológicos do surto e do bloqueio da COVID-19 entre estudantes e trabalhadores de uma universidade espanhola

TEIXEIRA, Flávia

ODRIOZOLA-GONZÁLEZ, P.; et. Al. Psychological effects of the COVID-19 outbreak and lockdown among students and workers of a Spanish university. Psychiatry Res. May. 2020 [publicado on-line antes da impressão]. Doi:10.1016/j.psychres.2020.113108. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32450409

O objetivo deste estudo foi analisar os sintomas psicológicos dos membros da Universidade de Valladolid, na Espanha, durante o surto da COVID-19.

O total de participantes foi de 3707, sendo que 2530 pertenciam à Universidade de Valladolid, a qual foi considerada a amostra do estudo. A maioria dos participantes era do sexo feminino, com faixa etária variando entre 18 e 70 anos. Os participantes eram estudantes em sua maioria (76,8%), e o restante funcionários e professores da universidade.

A pesquisa foi composta por 66 perguntas de múltipla escolha, ficou disponível na WEB por oito dias, a partir do dia 28 de março de 2020.  O tempo aproximado para as respostas era de 10 minutos. Aspectos e dados incluídos na pesquisa:  demografia; situação pessoal durante o confinamento; tratamento psicológico / psiquiátrico atual e / ou passado; ingestão atual de medicamentos psicoativos; impacto percebido do confinamento nas relações pessoais e sociais; preocupação sobre a situação social e econômica causada pela crise; e seu impacto sobre a saúde de si mesmo, parceiro, pais, filhos e outros familiares e amigos.

O impacto emocional e os sintomas psicológicos associados ao confinamento devido à crise da COVID-19 foram avaliados usando duas escalas: Escala de Estresse de Ansiedade por Depressão (DASS-21) e Escala de Impacto de Eventos (IES).

Na escala IES é feita a avaliação do estresse subjetivo relacionado a eventos da vida. Os mecanismos de intrusão e evitação são medidos como forma de verificar sua intensidade, e assim serem considerados ou não sintomas de estresse pós-traumático.

Os resultados mostraram que, em relação às respostas psicológicas iniciais dos membros da Universidade de Valladolid, duas semanas após o bloqueio da população espanhola devido à pandemia da COVID-19, 34,19% dos participantes relataram sintomas de depressão moderados a extremamente graves; 21,34% dos participantes relataram sintomas de ansiedade moderados a extremamente graves; e 28,14% relataram sintomas de estresse moderado a extremamente grave. Além disso, 50,43% dos participantes obtiveram pontuação relacionada ao impacto psicológico do surto e bloqueio como moderado ou grave (IES ≥ 26).

Os pontos fortes da pesquisa são: 1) Grande tamanho da amostra (2530 respondentes); 2) Estudo inicial que oferece uma oportunidade única de investigar o impacto emocional da pandemia da COVID-19 em um ambiente universitário; 3) Fornece informações valiosas sobre a situação atual, úteis para obter informações sobre a situação em outras universidades.

As limitações do estudo são: 1) Estudo transversal realizado em uma universidade espanhola em uma situação sem precedentes. 2) Foi adotada uma pesquisa on-line conveniente em apenas uma universidade da Espanha; 3) Os resultados indicam a necessidade de incorporar aspectos adicionais em estudos futuros.

As principais conclusões da pesquisa são: Estudantes universitários foram especialmente afetados pelo confinamento devido à COVID-19. Algumas áreas acadêmicas se mostraram mais sensíveis a alguns aspectos do que outras. Estudantes de Ciências Sociais e Direito, Artes e Humanas, pareceram mais afetados do que alunos da área de Engenharia e Arquitetura. O período acadêmico também pareceu ser um diferencial. Funcionários e corpo docente também apresentaram resultados diferentes quando comparados aos alunos. O estudo sugere que a saúde mental de estudantes e funcionários da universidade deve ser cuidadosamente monitorada, durante esta crise, e que as universidades devem fornecer serviços psicológicos orientados, e adaptados a essas circunstâncias, para mitigar o impacto emocional sobre os membros da universidade.

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