English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Paralisia facial como único sintoma de COVID-19: um estudo prospectivo

FAULHABER, Maria Cristina Brito

ISLAMOGLU, Y.; CELIK, B.; KIRIS, M. Facial paralysis as the only symptom of COVID-19: A prospective study. Am J Otolaryngol., v. 42, n. 4, p. 102956 Jul.–Aug., 2021 [Epub 10 fev. 2021].DOI: 10.1016/j.amjoto.2021.102956. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33592554/

Ao longo da pandemia por COVID-19 observou-se um aumento do número de casos de paralisia facial idiopática ou paralisia de Bell (PB). O objetivo do artigo é investigar possíveis correlações entre PB e COVID-19.

A PB é um quadro agudo, de início súbito, de paresia ou paralisia do nervo facial periférico, cuja etiopatogenia ainda não está esclarecida. Infecções como herpes simples (HSV), varicela zoster (VZV), doença de Lyme, HIV, inflamações, isquemias, neoplasias e doenças autoimunes estão entre suas possíveis causas. Paresia ou paralisia aguda do nervo facial que aparece em menos de 72 horas sem qualquer razão é chamada de PB.

SARS-CoV-2 é um vírus neurotrópico e a paralisia facial aguda é considerada um dos sintomas neurológicos de COVID-19. A SARS-CoV-2 IgM pode ser detectada a partir de amostras de sangue de pacientes com COVID-19 após 5 dias do início dos sintomas, dura 1 mês e depois diminui gradualmente. A duração média do anticorpo IgG SARS-CoV-2 para detecção é de 14 dias. É sugerido que SARS-CoV-2 IgM e IgG foram úteis para o diagnóstico de COVID-19 após a janela destes períodos. No presente estudo, o anticorpo SARS-CoV-2 IgG + IgM (total) foi investigado em pacientes diagnosticados com PB durante o período pandêmico, sendo a sorologia IgM e IgG para SARS-CoV-2 avaliada em 2 etapas: na primeira semana (10 pacientes [24,3%] mostraram resultado positivo) e 14 dias depois (10 pacientes [24,3%] mostraram resultado positivo). Foram excluídos os pacientes que tinham antecedente de infecção por COVID-19.

Os resultados foram computados ​​usando o programa de software SPSS versão 21.0 (Statistical Package for Social Sciences v.21, IBM, Chicago, IL) e usada estatística descritiva para análise.

Todos os 41 pacientes incluídos no estudo se apresentaram com queixa de paralisia facial aguda, sem febre, sem dor de garganta, sem tosse ou falta de ar. Anamnese detalhada, exames de ouvido, nariz e garganta, avaliação neurológica, exame de sangue completo incluindo bioquímica, sorologias virais (especialmente HSV, HIV, VZV), e ressonância magnética (RM) craniana e de ossos temporais foram realizados a fim de investigar a etiologia da paralisia facial. Como não tinham sintomas de COVID-19, não foi realizado RT-PCR. Os pacientes que completaram esses testes, mas nenhuma razão etiológica pôde ser encontrada, foram diagnosticados como PB; a idade média foi 41,7 anos, 58,6% do sexo masculino, 21 pacientes com paralisia do lado esquerdo e 20 do lado direito. O protocolo terapêutico usado foi o mesmo para todos: prednisona 1 mg / kg / dia, a dose sendo gradualmente reduzida e interrompida após duas semanas.

RT-PCR foi feito em pacientes com anticorpos positivos e todos os resultados foram negativos. Os pacientes foram então novamente questionados sobre os sintomas clássicos de COVID-19 e nenhum tinha qualquer sintoma, assim como não relataram contato prévio com indivíduos com COVID-19.

A RM mostrou intensificação (aumento) da imagem do nervo facial em 28 pacientes; nos que tinham anticorpos SARS-CoV-2 positivo, 70% apresentaram a mesma intensificação.

Estudos têm demonstrado a propensão neuroinvasiva do SARS-CoV-2, com manifestações neurológicas, como alteração do nível de consciência, cefaleia, vômitos e doenças cerebrovasculares agudas. Trabalhos mostram pacientes com COVID-19 que desenvolveram quadros como síndrome de Guillain-Barré, encefalopatia e AVC.  

Casos de paralisia facial levaram os autores a investigar os pacientes com paralisia de Bell durante a pandemia e uma forte relação foi encontrada entre a paralisia facial e COVID-19, podendo ser o único sintoma de infecção por COVID-19.

 

Esta resenha pertence ao grupo sobre: