Evidências Covid 19

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Como componentes alimentares menos monitorados por agências nutricionais e descartados pela indústria alimentícia podem contribuir para prevenção na COVID-19 ?

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Como componentes alimentares menos monitorados por agências nutricionais e descartados pela indústria alimentícia podem contribuir para prevenção na COVID-19 ?

LETICHEVSKY, Sonia

LAPONOGOV, I.; et al. Network machine learning maps phytochemically rich “Hyperfoods” to fight COVID-19 Human Genomics, v. 15, n. 1, Jan. 2021. Doi 10.1186/s40246-020-00297-x. Disponível em: https://humgenomics.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40246-020-00297-x

Neste artigo os autores propõem combinar tratamentos médicos convencionais com intervenções nutricionais para o tratamento da síndrome respiratória aguda 2 (SARS-CoV-2). Uma opção é o reposicionamento de medicamentos – usar medicamentos já existentes: testados e validados para outras doenças. É uma forma de evitar o desenvolvimento de um novo medicamento e a aprovação regulatória que são processos lentos e custosos. Diversos medicamentos têm sido testados para a COVID-19. Testes com corticosteroide dexametasona comprovaram sua capacidade de reduzir a mortalidade em um terço para pacientes infectados que precisavam de auxílio respiratório. Porém, não há medicamentos clinicamente aprovados ou terapias antivirais para a prevenção de COVID-19 ou tratamento de pacientes sintomáticos não hospitalizados. Estes pacientes vão para casa com orientações básicas, mas permanecem em risco de piora do quadro, principalmente aqueles que apresentam comorbidades, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, que são muitas vezes consequências de hábitos e dietas pouco nutritivas e que são responsáveis por diversas adversidades relacionadas à COVID-19.

A dieta humana é rica em moléculas que possuem um papel tanto na prevenção como no tratamento de doenças virais, ao interagirem com medicamentos e potencializá-los ou ainda agirem como os próprios “medicamentos”. Os autores utilizaram a tecnologia de aprendizagem de máquina (Machine Learning) para identificar potenciais moléculas bioativas em alimentos com ação anti-COVID-19. Os modelos de aprendizagem de máquina foram calibrados, demonstrando que o método conseguiu predizer candidatos anti-COVID-19 dentre medicamentos (5.658 no total) com precisão de 80-85 %. Foram identificados os fármacos candidatos a serem adaptados para o combate da COVID-19, incluindo sinvastatina, atorvastatina e metformina. Finalmente, uma base de dados de 7.694 moléculas bioativas de alimentos foi rodada no algoritmo de aprendizagem de máquina calibrado, e identificou 52 moléculas de diversas classes químicas, incluindo flavonoides, terpenoides, cumarinas e indoles como potenciais agentes para combater a SARS-CoV-2.

A presença e quantidade destas moléculas não é comumente monitorada por agências nutricionais, que geralmente focam em minerais, vitaminas e macronutrientes. Estes compostos possuem gosto amargo e são rotineiramente removidos pela indústria alimentícia para melhorar o sabor. A identificação de constituintes e a consequente definição de “hiperalimentos” ricos fitoquimicamente, com propriedades curativas, pode ser um método seguro e de baixo custo para desenvolver estratégias terapêuticas nutricionais contra muitas doenças, incluindo a COVID-19. A lista de hiperalimentos revelada neste trabalho serve para desenvolver uma nutrição de prevenção. Os alimentos mais promissores encontrados são as frutas pequenas comestíveis (berries – groselha, framboesa, mirtilo, etc.), vegetais crucíferos (repolho, brócolis, etc.), maçãs, frutas cítricas, cebola, alho e feijão, pois são os mais ricos em termos de diversidade e quantidade de moléculas bioativas contra o SARS-CoV-2. Os métodos atuais de prevenção, tratamento e contenção de COVID-19 podem não ser efetivos em conter a taxa de transmissão. Além disso, pacientes não hospitalizados continuam em risco de piora clínica, especialmente os que apresentam comorbidades. Para estes pacientes, há uma necessidade crítica de tratamentos inovadores e com baixo custo. O uso da estratégia de nutrição de precisão é seguro e muito promissor neste contexto. Finalmente, os autores informam que validações clínicas adicionais são necessárias.

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Como desenvolver um modelo para prever o risco de mortalidade por COVID-19 ?

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Previsão precoce do risco de mortalidade entre pacientes com COVID-19 grave, usando aprendizado de máquina

MONT’ALVÃO, Claudia

HU, C. et al. Early prediction of mortality risk among patients with severe COVID-19, using machine learning. International Journal of Epidemiology, v. 49, n. 6, 2020, p. 1918–1929, Jan. 2021. DOI: 10.1093/ije/dyaa171. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32997743/

A doença do coronavírus 2019 (COVID-19), causada por infecção por coronavírus 2, que evolui com síndrome respiratória aguda grave, está se espalhando globalmente. O objetivo dos autores foi desenvolver um modelo clínico para prever precocemente o resultado de pacientes com infecção grave por COVID-19 baseado em dados demográficos, clínicos e dos primeiros exames laboratoriais após a admissão.

As características demográficas, clínicas e laboratoriais são significativamente diferentes entre sobreviventes e não sobreviventes. Por exemplo, os não sobreviventes são pessoas mais velhas do que os sobreviventes. Dispneia, aperto no peito e distúrbio de consciência são mais comuns em pacientes que morrem do que naqueles que se recuperam. As concentrações de alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase, creatinina, creatina quinase, lactato desidrogenase, troponina I cardíaca, peptídeo natriurético N-terminal pró-cérebro e dímero-d são marcadamente maiores em não sobreviventes do que em sobreviventes.

O desenvolvimento do modelo preditivo consistiu em três principais estágios: (i) processamento de dados, (ii) seleção de variáveis e modelo de avaliação, (iii) validação externa. Neste estudo de modelagem de predição clínica, os autores aproveitaram ao máximo os dados multifacetados de pacientes com COVID-19 na admissão para prever seus resultados. Quatro variáveis (correspondendo a idade, hsCRP, dímero-d e contagem de linfócitos) foram selecionadas e usadas para ajustar um modelo de regressão logística. O desempenho preditivo do modelo foi aceitável, tanto no conjunto de derivação quanto no conjunto de validação externa. Os autores também desenvolveram uma ferramenta web para implementar o modelo preditivo. Com isso, os médicos podem usar esta ferramenta web para prever precocemente o risco de mortalidade de pacientes com COVID-19.

O estudo tem vários pontos fortes. Primeiro, para garantir a robustez do modelo preditivo, foram impostos critérios rigorosos de inclusão e exclusão dos participantes incluídos e dos dados do estudo. Em segundo lugar, os resultados são comparáveis a outros e esse modelo preditivo é competitivo quando comparado com modelos relatados anteriormente. Terceiro, foram usadas estratégias de modelagem avançada para selecionar recursos e construir os modelos preditivos. O modelo final é simples (incluindo apenas quatro variáveis) e altamente interpretável (o modelo é de natureza linear e os efeitos dos preditores são refletidos pelos coeficientes de regressão). Além disso, o modelo preditivo final foi avaliado externamente. Quarto, foi desenvolvida uma ferramenta web de acompanhamento, para facilitar a aplicação do modelo preditivo por médicos.

 

Os autores apresentam também as limitações do estudo. Primeiro, os modelos preditivos foram baseados em uma amostra relativamente pequena; a interpretação dos achados pode ser limitada. Em segundo lugar, devido ao desenho do estudo retrospectivo, nem todos os testes laboratoriais foram realizados em todos os pacientes. Alguns deles podem ser excluídos no procedimento de pré-processamento de dados e seus papéis podem ser subestimados na previsão dos resultados dos pacientes. Terceiro, às vezes os pacientes eram transferidos de outros hospitais para as duas filiais dos hospitais de Tongji, tendo sido excluídos os pacientes que não atendiam aos critérios de inclusão. Os valores dos testes laboratoriais podem ter sido influenciados pelo tratamento antiviral anterior nesses pacientes. Finalmente, os pacientes no conjunto de derivação e no conjunto de validação eram do Hospital Tongji, um dos hospitais com alto nível de atendimento médico na China.

Em resumo, usando os dados clínicos disponíveis, foi desenvolvido um modelo robusto de aprendizado de máquina para prever precocemente o resultado de pacientes com COVID-19. O modelo e o aplicativo web que o acompanha são importantes recursos de informação para os médicos identificarem os pacientes com alto risco de morte e, portanto, são essenciais para a prevenção e o controle da COVID-19.

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Como os dados dos pacientes registrados em prontuário eletrônico podem ajudar no manejo da COVID-19 e quais os principais desafios?

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Informática em saúde e Prontuário Eletrônico de Saúde para suporte à pesquisa clínica na pandemia COVID-19: uma visão geral

MONT’ALVÃO, Claudia

DAGLIATI, A.; et al. Health informatics and EHR to support clinical research in the COVID-19 pandemic: an overview.  Brief Bioinform. , v. 22, n. 2, p. 812-822, Mar. 2021. DOI: 10.1093/bib/bbaa418. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33454728/

A pandemia do coronavírus 2019 (COVID-19) mostrou claramente que os principais desafios e ameaças para a humanidade precisam ser enfrentados com respostas globais e decisões compartilhadas. Os dados e suas análises são componentes cruciais para as atividades de tomada de decisão. Com essa finalidade, várias iniciativas começaram a permitir as partilhas nacional e internacional de diferentes tipos de dados sobre a COVID-19, incluindo dados moleculares (a partir das sequências aos alvos de medicamentos), epidemiológicos e dados de políticas e estratégias de intervenção.

Curiosamente, um dos aspectos mais difíceis é a reutilização e o compartilhamento de dados clínicos precisos e detalhados coletados por Prontuários Eletrônicos de Saúde (Electronic Health Records -EHR), mesmo que esses dados tenham uma importância primordial. Os dados de EHR não são apenas essenciais para apoiar as atividades do dia a dia, mas também podem alavancar as pesquisas e apoiar as decisões críticas sobre a eficácia de medicamentos e as estratégias terapêuticas.

Neste artigo, os autores concentram a atenção em infraestruturas de dados colaborativos para apoiar a pesquisa da COVID-19 e nas questões abertas que surgiram sobre o compartilhamento e a governança de dados com a COVID-19.

Os autores apresentam ferramentas colaborativas disponíveis, tais como infraestruturas colaborativas, redes de institutos de pesquisa, bancos de dados compartilhados e tecnologias digitais. Destacam ainda que a pandemia de COVID-19 deixou claro que a comunidade da informática em saúde concorda e exige estruturas unificadas para compartilhar e trocar dados epidemiológicos digitais, de acordo com os regulamentos de proteção de dados. Isso facilitará o fluxo de informações entre os profissionais de saúde, as partes interessadas, decisores políticos e o público. No entanto, ressaltam que as iniciativas de compartilhamento de dados podem ser drasticamente limitadas pela heterogeneidade de formatos e padrões de dados. Isso ocorre porque os dados requerem uma longa fase de pré-processamento, que consiste no mapeamento de variáveis entre os padrões de codificação e versões, antes de serem compartilhados com outros grupos para contribuir com estudos multicêntricos.

Os estudos sobre a pandemia COVID-19 são mais afetados do que outros pela heterogeneidade, em termos de padronização de dados, decorrente da rápida disseminação e evolução da epidemia e do tempo limitado que os institutos de pesquisa tiveram para organizar a coleta de dados de forma homogênea. Na perspectiva dos pesquisadores, a possibilidade de integrar as informações derivadas dos EHR sobre a condição da doença dos pacientes, tratamentos, intervenções e exames clínicos com outras fontes de dados é de suma importância para uma compreensão mais profunda do mecanismo e da manifestação de gravidade da COVID-19. Os autores concluem apontando que as lições aprendidas com a pandemia COVID-19 podem ser um elemento para melhorar a pesquisa internacional e a capacidade futura de lidar com emergências e necessidades de rápido desenvolvimento, que provavelmente serão mais frequentes no futuro em nosso mundo conectado e interligado.

Como analisar as águas residuais pode auxiliar no monitoramento de surtos e epidemias e trazer quais benefícios?

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Análise computacional da vigilância da SARS-CoV-2 / COVID-19 por epidemiologia baseada em análise de águas residuais local e globalmente: viabilidade, economia, oportunidades e desafios

DUARTE, Rosalia Maria

HART, O.E.; HALDEN, R. U. Computational analysis of SARS-CoV-2/COVID-19 surveillance by waste water-based epidemiology locally and globally: Feasibility, economy, opportunities and challenges. Sci Total Environ., v.730, Aug. 2020. Doi: 10.1016/j.scitotenv.2020.138875. Epub 2020 Apr 22. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32371231/

O artigo discute as vantagens e desvantagens de se efetuar vigilância sanitária da evolução da contaminação por SARS-CoV-2 através da epidemiologia baseada na análise de águas residuais (water-based epidemiology/WBE).

Uma das mais complexas atividades da política de vigilância sanitária em caso de pandemias é o monitoramento e a detecção de novos casos de contaminação, para criar barreiras que evitem a propagação da doença. No caso da SARS-CoV-2, as altas taxas de subnotificação, fruto da dificuldade de produzir testagem em massa e do significativo número de indivíduos contaminados que permanecem assintomáticos, tornam ainda mais complexa a tarefa de monitorar a disseminação do vírus e reduzir os índices de contaminação. Face a isso, os autores argumentam que a epidemiologia baseada na análise de águas residuais (WBE), que vem se tornando uma ferramenta importante de vigilância de doenças infecciosas, com histórico comprovado na detecção de poliomielite e hepatite A, poderia auxiliar a vigilância populacional na pandemia da COVID-19.  Referenciam no artigo evidências preliminares de detecção bem-sucedida de SARS-CoV-2 em águas residuais municipais da Holanda, dos Estados Unidos e da Austrália, que confirmariam essa possibilidade. Alertam, no entanto, que ainda há incertezas quanto a se um ensaio baseado em WBE seria suficiente para orientar políticas sanitárias (como a aplicação de testes em massa ou a aplicação de medidas de contenção de mobilidade ou de isolamento social somente em áreas onde tenham sido detectados indivíduos contaminados) e indicam a necessidade de combinar WBE com aplicação posterior de testes clínicos.

Para avaliar a possibilidade da WBE ser utilizada em larga escala na detecção da SARS-CoV-2, o estudo relatado no artigo toma como base a realização de uma análise computadorizada que combina um grande volume de dados e cálculos estatísticos referentes a: 1) estimativa das cargas iniciais de SARS-CoV-2 em águas residuais; 2) estimativa de persistência de COVID-19 em águas residuais; 3) dados da área de estudo de caso (densidade populacional e condições espaciais da cidade de Tempe, no Arizona, EUA); modelo hidráulico (dados relacionados ao layout físico do sistema de coleta de esgoto); cálculos do tempo de deslocamento de águas residuais no sistema de coleta, taxas de fluxo volumétricas de águas residuais e velocidades); análise de custo para WBE e triagem médica de indivíduos. A partir dessa modelagem computacional, os autores concluíram que, dependendo das condições locais (modelagem hidráulica, temperatura e tempo de deslocamento das águas residuais, por exemplo) a epidemiologia baseada em águas residuais pode detectar um indivíduo infectado (sintomático ou assintomático) entre cada 100 a 2 milhões de pessoas. Argumentam que essa ferramenta permitiria monitorar 2,1 bilhões de pessoas globalmente, através de 105.600 estações de tratamento de esgoto e que, combinada com a realização de testes clínicos, poderia gerar uma economia de bilhões de dólares na detecção e no acompanhamento de surtos epidemiológicos.

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Como a Inteligência Artificial pode ajudar a identificar pacientes com pneumonia causada pela COVID-19 ?

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Modelo de fusão de multi-vistas baseado em deep learning para rastreamento da pneumonia pelo novo coranavírus 2019: Um estudo multicêntrico

NACCACHE, Mônica

WU, X; et al. Deep learning-based multi-view fusion model for screening 2019 novel coronavirus pneumonia: A multicentre study. European Journal of Radiology, v. 128, p. 109041, Jul. 2020. DOI: 109041 Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0720048X20302308?via%3Dihub

O artigo apresenta um método baseado em aprendizagem-profunda (deep-learning) para identificação de pacientes com pneumonia causada por COVID-19, usando imagens de tomografia computadorizada (TC).

Resultados mostram que as imagens de TC têm grande potencial para a detecção de pneumonia causada por COVID-19. Porém, o processo é ainda lento devido à necessidade de análise manual de finas camadas de imagens (~ 300 por paciente). Dessa forma, métodos de inteligência artificial (IA) podem ser utilizados no sentido de minimizar o tempo de análise. Em especial, deep-learning tem se mostrado de grande aplicação na área médica, e seus resultados podem chegar a níveis equivalentes aos obtidos por um ser humano.

O trabalho visa testar um modelo de diagnóstico com métodos baseados em redes de deep-learning, usando imagens de TC do tórax de pacientes com pneumonia causada pela COVID-19. O estudo foi feito na China e usou dados de 495 pacientes de três hospitais diferentes. As imagens foram obtidas nas regiões pulmonares em vistas axial, coronal e sagital, e foi feito um pós-processamento para o teste e validação da rede.

Observou-se que as imagens de vistas múltiplas podem fornecer mais informações sem redundância. Assim, foi utilizado um modelo de fusão de multi-vistas, e usadas as três vistas (axial, coronal e sagital) para desenvolver o modelo para diagnóstico. O modelo foi implementado utilizando a linguagem de programação Python e baseado na estrutura Keras. O treinamento e teste da rede foram feitos usando o modelo de servidor TITAN XP, e a performance calculada na linguagem de programação R (desenvolvida para manipulação, análise e visualização de dados).

Os autores mostram que o modelo multi-vista apresenta melhor performance em relação ao de vista simples. Em geral, leva-se cerca de 10 minutos para examinar imagens de TC e identificar casos de COVID-19. Em contraste, menos de 5 segundos são necessários na comparação de um teste usando o modelo multi-vista. Observou-se também que o desempenho do modelo é melhor para o grupo de pessoas com mais de 60 anos, e do sexo feminino.

Os resultados obtidos vão de acordo com a literatura, mostrando que ferramentas de IA podem ser utilizadas de forma efetiva para melhoria da eficiência de diagnósticos, e redução da carga de trabalho dos profissionais envolvidos. No caso analisado, apesar do grau de sensibilidade e especificidade se mostraram baixos, as ferramentas de IA mostraram que podem ajudar a identificação de sinais típicos de pneumonia de COVID-19 em imagens de TC, inclusive alguns difíceis de serem identificados pelos radiologistas. Porém, observa-se a necessidade de aprimoramento do uso da ferramenta.

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Como a inteligência artificial tem sido usada para propor a reutilização de medicamentos que possam vir a ser úteis para tratar e prevenir a COVID-19 ?

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Inteligência Artificial na reproposição de drogas para COVID-19

FISZMAN, Marcelo

ZHOU, Y.; et al. Artificial intelligence in COVID-19 drug repurposing. Lancet Digit Health. 2020 Sep 18. Doi: 10.1016/S2589-7500(20)30192-8. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32984792/

A reproposição de medicamentos é uma técnica em que se explora drogas existentes para direcioná-las ao tratamento de uma nova doença. É uma abordagem interessante, pois reduz os prazos no desenvolvimento de novos medicamentos, que costumam ser longos. Nesse estudo, descreve-se como a inteligência artificial está sendo usada na reproposição de medicamentos durante a pandemia por COVID-19.

Os pioneiros da inteligência artificial previram a construção de computadores que poderiam raciocinar e pensar como pessoas. O crescimento da computação, do armazenamento, da riqueza de dados, e dos algoritmos levaram a avanços substanciais nesse campo de pesquisa. Nesse estudo os autores se concentram no papel da inteligência artificial na pandemia global da COVID-19. Algoritmos de inteligência artificial podem ser usados ​​para reproposição de medicamentos, que é uma maneira rápida e econômica de descobrir novas opções de terapia para doenças emergentes. A pandemia, apesar de trágica, tem sido uma excelente oportunidade para comprovar essa hipótese.

Uma das metodologias de reproposição usando inteligencia artificial é por meio da construção de gráficos complexos de conhecimento médico contendo relações entre entidades médicas. Os algoritmos usam esses gráficos do conhecimento médico para prever novas ligações entre medicamentos e doenças existentes, para o tratamento de outras doenças, como a COVID-19. Um desafio para o método de incorporação de gráficos é a escalabilidade. Esses gráficos do mundo real são muito grandes e consomem muito tempo computacional.

O estudo aponta que um grupo de pesquisa construiu um gráfico de conhecimento para COVID-19 que incluiu 15 milhões de bordas em 39 categorias de relações conectando doenças, medicamentos, proteínas, enzimas, hormônios, e genes, a partir de um corpo científico de 24 milhões de revistas científicas em medicina. Usando os recursos de computação e técnicas de aprendizado de representação gráfica da inteligência artificial, a equipe identificou 41 candidatos a medicamentos a serem propostos no tratamento da COVID-19 (incluindo dexametasona e melatonina). A dexametasona, por enquanto, talvez seja o medicamento mais poderoso para impedir o agravamento da COVID-19. O estudo aponta que muitos dos medicamentos propostos por inteligência artificial (eficazes ou não) têm sido muito usados na pandemia, como, por exemplo, remdesevir, dexametasona, cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, toremifeno, ivermectina, ribavirina, heparina, melatonina, entre outros.

Até o momento, a inteligência artificial se demonstrou capaz de identificar terapias candidatas que puderam ser disponibilizadas rapidamente para testes clínicos e eventualmente incorporadas à assistência médica. Por isso, é um método promissor para acelerar na reproposição de medicamentos para doenças humanas, especialmente doenças emergentes, como a COVID-19.

Farmacêuticos, cientistas da computação, bioestatísticos, e médicos estão cada vez mais envolvidos no desenvolvimento e na adoção de tecnologias baseadas em inteligência artificial, para o rápido desenvolvimento terapêutico baseado em evidências do mundo real, para várias doenças humanas complexas, como está acontecendo na COVID-19  Esperamos que essa experiência possa influenciar os futuros modelos de inteligência artificial para reproposição de drogas (ou outras intervenções) na medicina.

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Como a Inteligência Artificial pode ajudar a detectar e diagnosticar o novo Coronavírus?

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Papel das técnicas da mineração de dados biológicos e da aprendizagem de máquina para detectar e diagnosticar o novo Coronavírus: uma revisão sistemática

BARBOSA, Carlos Roberto Hall

Albahri, A. S.; et al. Role of biological data mining and machine learning techniques in detecting and diagnosing the novel Coronavirus (COVID-19): a systematic review. Journal of Medical Systems, v. 44, n. 7, p. 122-135, May, 2020. DOI: 10.1007/s10916-020-01582-x Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10916-020-01582-x

Este artigo apresenta uma revisão sistemática de Inteligência Artificial (IA) aplicada à detecção e diagnóstico da COVID-19, com base em algoritmos de Mineração de Dados (MD) e Aprendizado de Máquina (AM). A motivação é o crescente interesse no desenvolvimento de aplicações de IA para a área da Saúde e o potencial de tais técnicas na prevenção a pandemias.

A revisão sistemática foi baseada no modelo PRISMA, utilizando cinco bases de dados digitais que cobrem todos os aspectos acadêmicos relacionados à COVID-19: ScienceDirect, IEEE Xplore, Web of Science, PubMed e Scopus. Buscaram-se artigos em inglês, em periódicos ou congressos, de 2010 a 2020, utilizando diversas combinações de palavras-chave relacionadas a qualquer tipo de coronavírus e à detecção, diagnóstico e classificação de CoV por IA e AM. Inicialmente, identificaram-se 1239 artigos que atendiam aos critérios de inclusão, mas a revisão de títulos e resumos reduziu este número para 249 artigos, que foram lidos em sua totalidade. Após a aplicação dos critérios de exclusão (não descritos neste artigo de revisão), somente 8 artigos foram mantidos na análise.

Considerando os 8 artigos analisados na íntegra, identificaram-se 12 métodos de IA aplicados ao processamento de dados de CoV, sendo a árvore de decisão o mais frequente (5 vezes), seguido dos algoritmos Naive Bayes e SVM (4 vezes cada) e KNN (2 vezes). Todos os artigos foram publicados no período de 2016 a 2019 e dedicaram-se à pandemia MERS-CoV (tendo um artigo também considerado a SARS-CoV). Apresentam-se tabelas com os principais resultados dos artigos, principalmente em termos de exatidão de classificação, e com as bases de dados médicos usadas por cada artigo, incluindo os links de acesso quando disponíveis.

Em seguida, o artigo descreve brevemente cada um dos 8 artigos incluídos na revisão, indicando as principais conclusões e resultados. Independentemente da técnica de IA empregada, há uma clara prevalência da idade como fator de risco nas pandemias estudadas. O pequeno número de artigos identificados (todos dedicados à MERS-CoV) e a ausência de estudos e bases de dados relacionados à atual pandemia da COVID-19 indicam a necessidade e a oportunidade de aplicar IA à previsão de tais eventos. Outros métodos conhecidos de classificação, como Redes Neurais Artificiais, Aprendizado por Reforço e Clustering, bem como técnicas integradas de otimização, como Algoritmos Genéticos e Enxame de Partículas, ainda não foram aplicados à detecção e diagnóstico de CoV.

Analisando as características dos artigos revisados, a motivação principal reside no fato de que MD para diagnóstico médico é eficiente e pode ser utilizada para controlar a disseminação de pandemias, além de estimar e prever as taxas de infecção e recuperação, identificando os fatores dominantes. Alguns desafios já identificados são: complexidade dos mecanismos das pandemias; ausência de bases de dados médicos sobre as pandemias; necessidade de novos métodos de monitoramento, devido às diferentes reações de governos e populações; e grande variabilidade dos sintomas. Recomenda-se especificamente um método de pré-processamento para preenchimento de valores faltantes, o uso da linguagem R e o desenvolvimento de sistemas baseados em IoT.

O artigo conclui com a preocupação com a carência de estudos científicos de IA aplicada à COVID-19, que traz sérias implicações à detecção e minimização da disseminação de tais pandemias. O objetivo deve ser realizar novos estudos que possam guiar os governos e populações no controle precoce de tais eventos pandêmicos. Indica também a necessidade do desenvolvimento de tecnologias integradas de sensores para emprego em espaços abertos.

Esta resenha pertence ao grupo sobre: