Evidências Covid 19

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Como componentes alimentares menos monitorados por agências nutricionais e descartados pela indústria alimentícia podem contribuir para prevenção na COVID-19 ?

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Como componentes alimentares menos monitorados por agências nutricionais e descartados pela indústria alimentícia podem contribuir para prevenção na COVID-19 ?

LETICHEVSKY, Sonia

LAPONOGOV, I.; et al. Network machine learning maps phytochemically rich “Hyperfoods” to fight COVID-19 Human Genomics, v. 15, n. 1, Jan. 2021. Doi 10.1186/s40246-020-00297-x. Disponível em: https://humgenomics.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40246-020-00297-x

Neste artigo os autores propõem combinar tratamentos médicos convencionais com intervenções nutricionais para o tratamento da síndrome respiratória aguda 2 (SARS-CoV-2). Uma opção é o reposicionamento de medicamentos – usar medicamentos já existentes: testados e validados para outras doenças. É uma forma de evitar o desenvolvimento de um novo medicamento e a aprovação regulatória que são processos lentos e custosos. Diversos medicamentos têm sido testados para a COVID-19. Testes com corticosteroide dexametasona comprovaram sua capacidade de reduzir a mortalidade em um terço para pacientes infectados que precisavam de auxílio respiratório. Porém, não há medicamentos clinicamente aprovados ou terapias antivirais para a prevenção de COVID-19 ou tratamento de pacientes sintomáticos não hospitalizados. Estes pacientes vão para casa com orientações básicas, mas permanecem em risco de piora do quadro, principalmente aqueles que apresentam comorbidades, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, que são muitas vezes consequências de hábitos e dietas pouco nutritivas e que são responsáveis por diversas adversidades relacionadas à COVID-19.

A dieta humana é rica em moléculas que possuem um papel tanto na prevenção como no tratamento de doenças virais, ao interagirem com medicamentos e potencializá-los ou ainda agirem como os próprios “medicamentos”. Os autores utilizaram a tecnologia de aprendizagem de máquina (Machine Learning) para identificar potenciais moléculas bioativas em alimentos com ação anti-COVID-19. Os modelos de aprendizagem de máquina foram calibrados, demonstrando que o método conseguiu predizer candidatos anti-COVID-19 dentre medicamentos (5.658 no total) com precisão de 80-85 %. Foram identificados os fármacos candidatos a serem adaptados para o combate da COVID-19, incluindo sinvastatina, atorvastatina e metformina. Finalmente, uma base de dados de 7.694 moléculas bioativas de alimentos foi rodada no algoritmo de aprendizagem de máquina calibrado, e identificou 52 moléculas de diversas classes químicas, incluindo flavonoides, terpenoides, cumarinas e indoles como potenciais agentes para combater a SARS-CoV-2.

A presença e quantidade destas moléculas não é comumente monitorada por agências nutricionais, que geralmente focam em minerais, vitaminas e macronutrientes. Estes compostos possuem gosto amargo e são rotineiramente removidos pela indústria alimentícia para melhorar o sabor. A identificação de constituintes e a consequente definição de “hiperalimentos” ricos fitoquimicamente, com propriedades curativas, pode ser um método seguro e de baixo custo para desenvolver estratégias terapêuticas nutricionais contra muitas doenças, incluindo a COVID-19. A lista de hiperalimentos revelada neste trabalho serve para desenvolver uma nutrição de prevenção. Os alimentos mais promissores encontrados são as frutas pequenas comestíveis (berries – groselha, framboesa, mirtilo, etc.), vegetais crucíferos (repolho, brócolis, etc.), maçãs, frutas cítricas, cebola, alho e feijão, pois são os mais ricos em termos de diversidade e quantidade de moléculas bioativas contra o SARS-CoV-2. Os métodos atuais de prevenção, tratamento e contenção de COVID-19 podem não ser efetivos em conter a taxa de transmissão. Além disso, pacientes não hospitalizados continuam em risco de piora clínica, especialmente os que apresentam comorbidades. Para estes pacientes, há uma necessidade crítica de tratamentos inovadores e com baixo custo. O uso da estratégia de nutrição de precisão é seguro e muito promissor neste contexto. Finalmente, os autores informam que validações clínicas adicionais são necessárias.

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Como desenvolver um modelo para prever o risco de mortalidade por COVID-19 ?

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Previsão precoce do risco de mortalidade entre pacientes com COVID-19 grave, usando aprendizado de máquina

MONT’ALVÃO, Claudia

HU, C. et al. Early prediction of mortality risk among patients with severe COVID-19, using machine learning. International Journal of Epidemiology, v. 49, n. 6, 2020, p. 1918–1929, Jan. 2021. DOI: 10.1093/ije/dyaa171. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32997743/

A doença do coronavírus 2019 (COVID-19), causada por infecção por coronavírus 2, que evolui com síndrome respiratória aguda grave, está se espalhando globalmente. O objetivo dos autores foi desenvolver um modelo clínico para prever precocemente o resultado de pacientes com infecção grave por COVID-19 baseado em dados demográficos, clínicos e dos primeiros exames laboratoriais após a admissão.

As características demográficas, clínicas e laboratoriais são significativamente diferentes entre sobreviventes e não sobreviventes. Por exemplo, os não sobreviventes são pessoas mais velhas do que os sobreviventes. Dispneia, aperto no peito e distúrbio de consciência são mais comuns em pacientes que morrem do que naqueles que se recuperam. As concentrações de alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase, creatinina, creatina quinase, lactato desidrogenase, troponina I cardíaca, peptídeo natriurético N-terminal pró-cérebro e dímero-d são marcadamente maiores em não sobreviventes do que em sobreviventes.

O desenvolvimento do modelo preditivo consistiu em três principais estágios: (i) processamento de dados, (ii) seleção de variáveis e modelo de avaliação, (iii) validação externa. Neste estudo de modelagem de predição clínica, os autores aproveitaram ao máximo os dados multifacetados de pacientes com COVID-19 na admissão para prever seus resultados. Quatro variáveis (correspondendo a idade, hsCRP, dímero-d e contagem de linfócitos) foram selecionadas e usadas para ajustar um modelo de regressão logística. O desempenho preditivo do modelo foi aceitável, tanto no conjunto de derivação quanto no conjunto de validação externa. Os autores também desenvolveram uma ferramenta web para implementar o modelo preditivo. Com isso, os médicos podem usar esta ferramenta web para prever precocemente o risco de mortalidade de pacientes com COVID-19.

O estudo tem vários pontos fortes. Primeiro, para garantir a robustez do modelo preditivo, foram impostos critérios rigorosos de inclusão e exclusão dos participantes incluídos e dos dados do estudo. Em segundo lugar, os resultados são comparáveis a outros e esse modelo preditivo é competitivo quando comparado com modelos relatados anteriormente. Terceiro, foram usadas estratégias de modelagem avançada para selecionar recursos e construir os modelos preditivos. O modelo final é simples (incluindo apenas quatro variáveis) e altamente interpretável (o modelo é de natureza linear e os efeitos dos preditores são refletidos pelos coeficientes de regressão). Além disso, o modelo preditivo final foi avaliado externamente. Quarto, foi desenvolvida uma ferramenta web de acompanhamento, para facilitar a aplicação do modelo preditivo por médicos.

 

Os autores apresentam também as limitações do estudo. Primeiro, os modelos preditivos foram baseados em uma amostra relativamente pequena; a interpretação dos achados pode ser limitada. Em segundo lugar, devido ao desenho do estudo retrospectivo, nem todos os testes laboratoriais foram realizados em todos os pacientes. Alguns deles podem ser excluídos no procedimento de pré-processamento de dados e seus papéis podem ser subestimados na previsão dos resultados dos pacientes. Terceiro, às vezes os pacientes eram transferidos de outros hospitais para as duas filiais dos hospitais de Tongji, tendo sido excluídos os pacientes que não atendiam aos critérios de inclusão. Os valores dos testes laboratoriais podem ter sido influenciados pelo tratamento antiviral anterior nesses pacientes. Finalmente, os pacientes no conjunto de derivação e no conjunto de validação eram do Hospital Tongji, um dos hospitais com alto nível de atendimento médico na China.

Em resumo, usando os dados clínicos disponíveis, foi desenvolvido um modelo robusto de aprendizado de máquina para prever precocemente o resultado de pacientes com COVID-19. O modelo e o aplicativo web que o acompanha são importantes recursos de informação para os médicos identificarem os pacientes com alto risco de morte e, portanto, são essenciais para a prevenção e o controle da COVID-19.

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Como a Inteligência Artificial pode ajudar a detectar e diagnosticar o novo Coronavírus?

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Papel das técnicas da mineração de dados biológicos e da aprendizagem de máquina para detectar e diagnosticar o novo Coronavírus: uma revisão sistemática

BARBOSA, Carlos Roberto Hall

Albahri, A. S.; et al. Role of biological data mining and machine learning techniques in detecting and diagnosing the novel Coronavirus (COVID-19): a systematic review. Journal of Medical Systems, v. 44, n. 7, p. 122-135, May, 2020. DOI: 10.1007/s10916-020-01582-x Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10916-020-01582-x

Este artigo apresenta uma revisão sistemática de Inteligência Artificial (IA) aplicada à detecção e diagnóstico da COVID-19, com base em algoritmos de Mineração de Dados (MD) e Aprendizado de Máquina (AM). A motivação é o crescente interesse no desenvolvimento de aplicações de IA para a área da Saúde e o potencial de tais técnicas na prevenção a pandemias.

A revisão sistemática foi baseada no modelo PRISMA, utilizando cinco bases de dados digitais que cobrem todos os aspectos acadêmicos relacionados à COVID-19: ScienceDirect, IEEE Xplore, Web of Science, PubMed e Scopus. Buscaram-se artigos em inglês, em periódicos ou congressos, de 2010 a 2020, utilizando diversas combinações de palavras-chave relacionadas a qualquer tipo de coronavírus e à detecção, diagnóstico e classificação de CoV por IA e AM. Inicialmente, identificaram-se 1239 artigos que atendiam aos critérios de inclusão, mas a revisão de títulos e resumos reduziu este número para 249 artigos, que foram lidos em sua totalidade. Após a aplicação dos critérios de exclusão (não descritos neste artigo de revisão), somente 8 artigos foram mantidos na análise.

Considerando os 8 artigos analisados na íntegra, identificaram-se 12 métodos de IA aplicados ao processamento de dados de CoV, sendo a árvore de decisão o mais frequente (5 vezes), seguido dos algoritmos Naive Bayes e SVM (4 vezes cada) e KNN (2 vezes). Todos os artigos foram publicados no período de 2016 a 2019 e dedicaram-se à pandemia MERS-CoV (tendo um artigo também considerado a SARS-CoV). Apresentam-se tabelas com os principais resultados dos artigos, principalmente em termos de exatidão de classificação, e com as bases de dados médicos usadas por cada artigo, incluindo os links de acesso quando disponíveis.

Em seguida, o artigo descreve brevemente cada um dos 8 artigos incluídos na revisão, indicando as principais conclusões e resultados. Independentemente da técnica de IA empregada, há uma clara prevalência da idade como fator de risco nas pandemias estudadas. O pequeno número de artigos identificados (todos dedicados à MERS-CoV) e a ausência de estudos e bases de dados relacionados à atual pandemia da COVID-19 indicam a necessidade e a oportunidade de aplicar IA à previsão de tais eventos. Outros métodos conhecidos de classificação, como Redes Neurais Artificiais, Aprendizado por Reforço e Clustering, bem como técnicas integradas de otimização, como Algoritmos Genéticos e Enxame de Partículas, ainda não foram aplicados à detecção e diagnóstico de CoV.

Analisando as características dos artigos revisados, a motivação principal reside no fato de que MD para diagnóstico médico é eficiente e pode ser utilizada para controlar a disseminação de pandemias, além de estimar e prever as taxas de infecção e recuperação, identificando os fatores dominantes. Alguns desafios já identificados são: complexidade dos mecanismos das pandemias; ausência de bases de dados médicos sobre as pandemias; necessidade de novos métodos de monitoramento, devido às diferentes reações de governos e populações; e grande variabilidade dos sintomas. Recomenda-se especificamente um método de pré-processamento para preenchimento de valores faltantes, o uso da linguagem R e o desenvolvimento de sistemas baseados em IoT.

O artigo conclui com a preocupação com a carência de estudos científicos de IA aplicada à COVID-19, que traz sérias implicações à detecção e minimização da disseminação de tais pandemias. O objetivo deve ser realizar novos estudos que possam guiar os governos e populações no controle precoce de tais eventos pandêmicos. Indica também a necessidade do desenvolvimento de tecnologias integradas de sensores para emprego em espaços abertos.

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