Evidências Covid 19

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Como a Vitamina D poderia contribuir para proteger a imunidade em casos de COVID-19 com fatores de risco?

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Explorando a ligação entre a vitamina D e os resultados clínicos em COVID-19

GIESTA, Monica Maria da Silva

LOHIA, P.; et al. Exploring the link between vitamin D and clinical outcomes in COVID-19. Am J Physiol Endocrinol Metab. v. 320, n. 3, p. E520-E526, Mar. 2021. [Epub 6 Jan. 2021] Doi: 10.1152/ajpendo.00517.2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33404354/

Publicações prévias mostraram o papel imunológico da vitamina D na resposta imunológica contra vírus e bactérias, além da sua ação em evitar exacerbações agudas nas doenças respiratórias. Baseados nesses estudos, os autores buscam a associação entre o papel imunomodulatório da vitamina D e o prognóstico clínico na COVID-19, realizando um estudo de coorte onde retrospectivamente foram medidos seus níveis de vitamina D no último ano. Os pacientes foram agrupados em 2 categorias: aqueles com níveis inferiores a 20 ng/ mL e aqueles acima de 20 mg/mL relacionando-os com desfechos mais críticos da doença como morte, necessidade de intubação, embolias e internações em UTI.

A vitamina D tem ação nas junções celulares, aumenta a imunidade inata, induz a produção de peptídeos antibacterianos, diminui a liberação de substâncias pró inflamatórias, modula a resposta imunológica adaptativa, tem papel antioxidante e regula o Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona. Como tais fatores estão presentes na gênese da tempestade imunológica dos casos graves de COVID-19, os autores investigam a correlação entre seus níveis e o desenvolvimento de casos mais graves.  O trabalho foi desenvolvido inicialmente em pacientes confirmados com COVID-19, no Detroit Medical Center e no Wayne State University Institutional Review Board, maiores centros acadêmicos do sudeste de Michigan. De março a junho de 2020 foram avaliados 2001 pacientes com PCR positivo, excluindo menores de 18 anos, grávidas e pacientes que não possuíam registro dos índices de vitamina D no ano anterior, resultando finalmente em 270 pacientes a serem investigados.

A análise estatística consequente evidenciou uma média de idade de 63,8 anos, 43% de indivíduos masculinos, 80% de negros, 70% dos participantes com mais de 3 condições de comorbidades, 50% dos pacientes obesos. Destes participantes, 35% apresentavam níveis baixos de vitamina D, e neste grupo apenas 27% haviam realizado a suplementação.

Dos 270 pacientes, 81% precisaram de internação, 26,7% evoluíram para óbito, 14% necessitaram de internação em UTI, 81% necessitaram de suplementação de oxigênio e 21% de ventilação mecânica.

Como conclusão, os autores colocam que não houve associação entre os níveis de vitamina D e os desfechos mais graves das patologias. Tal conclusão corrobora com os estudos contraditórios prévios sobre o benefício da suplementação.

Como pontos negativos, o estudo seleciona uma coorte de pacientes com muitos vieses: pacientes predominantemente negros, distribuição heterogênea entre homens e mulheres, seleção de participantes com comorbidades já bem definidas como fatores de mal prognóstico para COVID-19 e um grupo com 80% de indivíduos com baixos índices de vitamina D, dos quais poucos foram suplementados. O estudo, além disso, não aborda quando foi feita tal suplementação, por quanto tempo e se foi feita até mesmo durante o período de desenvolvimento da doença.

Como pontos positivos, o artigo traz uma leitura acessível para leigos e profissionais de saúde, relaciona compreensivelmente as hipóteses levantadas e aborda a necessidade de outros estudos que possam confirmar ou refutar o benefício da suplementação.

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Quais os fatores que predizem a mortalidade de pessoas com diabetes e COVID-19 ?

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Preditores de Mortalidade em uma Coorte Urbana Multirracial de Pessoas com Diabetes Tipo 2 e Novo Coronavírus 19

BISOL, Tiago

MYERS, A.K.; et al. Predictors of Mortality in a Multi-Racial Urban Cohort of Persons with Type 2 Diabetes and Novel Coronavirus 19. J Diabetes. Epub ahead of print. DOI 10.1111/1753-0407.13158. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33486896/

Os autores da pesquisa estudaram a correlação entre o estado do controle glicêmico recente e outras comorbidades à mortalidade em pacientes que necessitaram internação hospitalar pela COVID-19.

O Diabetes Mellitus (DM) tem sido associado a maior risco no desenvolvimento de Síndrome Respiratória Aguda em pacientes com COVID-19. Os mecanismos propostos são alterações da resposta imune e desregulação (downregulation) das enzimas conversoras de angiotensina (ECA) que levariam ao aumento dos níveis de angiotensina II. O próprio vírus pode também ter efeitos transitórios no pâncreas, levando à hiperglicemia e até à cetoacidose. Alguns estudos já associaram também o diagnóstico de DM à maior mortalidade em pacientes com COVID-19. O objetivo deste estudo foi avaliar se o mau controle glicêmico prévio à infecção, avaliado através da medida da hemoglobina glicosilada (HbA1c), está associado a uma pior evolução da COVID-19. A relação entre necessidade de intubação orotraqueal e presença de outras comorbidades também foi avaliada.

Foram estudados retrospectivamente pacientes com diagnóstico de DM e COVID-19, que foram admitidos para internação nos hospitais do Sistema de Saúde de Northwell, em Nova Iorque, EUA, entre janeiro e maio de 2020. A medida mais recente (dentro dos últimos 3 meses) de HbA1c do paciente foi utilizada para análise. Foram analisados 3.846 pacientes, 59% homens, média de idade de 68 anos, 33% eram brancos, 27% americano-africanos, e o restante de outras etnias ou raças.

A maioria (73%) dos pacientes admitidos tinham HbA1c menor que 9% e não foi observada diferença na mortalidade entre os que tinham níveis mais altos ou mais baixos. Porém, a glicemia medida quando da admissão ao hospital se correlacionou com maior mortalidade (glicemia média no grupo óbito de 195 mg/dl e não óbito 165mg/dl).

Maior mortalidade foi associada à idade mais avançada (idade média dos que foram a óbito, 72 anos, dos que não foram, 65 anos) e necessidade de intubação – dos 24,6% pacientes que precisaram de intubação orotraqueal, 64% foram à óbito. Não houve associação de mortalidade com etnia ou raça.

Óbito também se correlacionou com existência de comorbidades: DPOC (13,4% vs 8%, OR 1,63), Insuficiência cardíaca (18,2% vs 13,1%, OR 1,40), Doença arterial coronariana (32,7% vs 24,6%, OR 1,43), Insuficiência renal crônica (20,1% vs 13.1% OR 1,60), Hipertensão arterial (87% vs 82%, OR 1,23) e Infarto do miocárdio (11,7% vs 7,5%, OR 1,69). Em análise multivariada, permaneceram como fatores isolados de risco para mortalidade: idade, sexo masculino, necessidade de ventilação mecânica, DPOC e Infarto Agudo do Miocárdio.

O estudo não encontrou correlação entre o estado de controle prévio do DM, avaliado através da medida da HbA1c, e a mortalidade, porém evidenciou uma relação com a glicemia mais elevada quando da admissão, que pode ter relação com a própria manifestação do quadro infeccioso. Confirmou também a já descrita associação de idade, sexo masculino, comorbidades e necessidade de ventilação mecânica com uma mortalidade significativamente mais elevada.

 

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Quais os efeitos da Covid-19 na gravidez e no parto?

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Coronavírus na Gravidez e no Parto

ALMEIDA, Monica Gomes de

MULLINS E et al. Coronavirus in pregnancy and delivery: rapid review. Ultrasound Obstet Gynecol, v. 55, n. 5, p.586-592, 2020. DOI: 10.1002/uog.22014  Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32180292

O artigo apresenta uma revisão da literatura sobre os efeitos da infecção por coronavírus na gestação, causadores da COVID-19 (SARS-CoV2), da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV). Considerando as limitações das evidências disponíveis, apresenta diretrizes para a condução dos casos de COVID-19 na gestação. 

Há pouca informação na literatura sobre o impacto da infecção por coronavírus na gestação. No caso das infecções por MERS-CoV e SARS-CoV, a letalidade parece maior em gestantes, quando comparada à de mulheres não grávidas. A pesquisa buscou, através de uma revisão rápida da literatura, elementos para subsidiar o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists na elaboração de políticas de saúde e diretrizes clínicas para atendimento a gestantes com COVID-19.

A pesquisa foi realizada nas bases de dados PubMed e MedRxiv em 25 de fevereiro de 2020 e atualizada em 10 de março de 2020. Foram pesquisados relatos de casos, séries de casos e ensaios clínicos randomizados, descrevendo casos de coronavírus em mulheres durante a gestação e no pós-parto. Foram feitas comparações entre os resultados gestacionais com os três tipos de coronavírus. Nas áreas em que não havia informação disponível, foi estabelecido um consenso para a elaboração das diretrizes, baseado na opinião de especialistas do Royal College of Paediatrics and Child Health e do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists

Foram selecionados 21 relatos ou série de casos. Havia 32 mulheres afetadas por COVID-19, 20 por SARS e 11 por MERS. Das gestantes com COVID-19, 27 tiveram parto cesáreo e duas realizaram parto vaginal (três gestações permaneciam em curso). Duas gestantes necessitaram de ventilação mecânica. Não houve relato de óbitos na COVID-19, embora uma das gestantes permanecesse em oxigenação extracorpórea no momento do relato. A taxa de óbito materno foi de 15% na infecção por SARS e 27% na infecção por MERS. Em relação aos bebês, houve um caso de óbito intraútero e um outro em recém-nascido na COVID-19. Na SARS houve abortamento ou óbito fetal em 5 casos. Em relação a prematuridade, 47% das gestantes com COVID-19, 31% com SARS e 27% com MERS tiveram parto prematuro. As análises das placentas de gestantes com SARS mostraram alterações compatíveis com uma evolução levando a restrição do crescimento fetal. Não houve relato de transmissão vertical, de mãe para recém-nascido, nas infecções por SARS, MERS e COVID-19. No entanto, há notícias de um caso de transmissão vertical na COVID-19, que não havia sido publicado em revista científica no momento do estudo.

A infecção por COVID-19 parece exibir menor letalidade, quando comparada a casos de MERS ou SARS. O Royal College of Obstetricians and Gynaecologists recomenda o seguimento das gestações com ultrassonografia seriada, para avaliação de uma potencial restrição de crescimento fetal. Nas infecções por SARS e MERS, a indicação do parto frequentemente foi devida a uma redução da oxigenação materna. Na COVID-19, se a manifestação clínica for leve, o parto deve ser por indicação obstétrica. No momento não há dados para recomendar o parto cesáreo para redução de transmissão vertical. O recém-nascido não deve ser separado da mãe após o parto. O percentual de prematuridade observado na COVID-19 tem potencial para exercer uma grande pressão sobre o sistema de saúde. Os autores ressaltam as limitações do estudo, em função do pequeno número de casos, e em função de todos os trabalhos analisados serem relatos ou séries de casos como métodos de estudo. Concluem observando a necessidade de coleta sistemática e de publicação de dados sobre gestantes com COVID-19, para possibilitar a produção de evidências que subsidiem a prevenção, o diagnóstico e o tratamento, viabilizando a alocação adequada de recursos durante a pandemia.

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