Evidências Covid 19

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Qual o impacto de doença cardiovascular na evolução da COVID-19 ?

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Doença Cardiovascular e COVID-19

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

BANSAL, Manish. Cardiovascular disease and COVID-19. Diabetes & Metabolic Syndrome, v.14, n.3, p. 247-250. Jun. 2020.  Doi: 10.1016/j.dsx.2020.03.013. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32247212

A COVID -19 é uma doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), responsável por um quadro respiratório que pode evoluir de sintomas gripais leves até a síndrome do desconforto respiratório agudo, potencialmente letal. Ocorre lesão cardíaca aguda em 12% dos infectados, associando-se a piores resultados evolutivos, especialmente nos pacientes com doença cardiovascular (DCV) subjacente. Este artigo  pretende discutir as manifestações cardiovasculares na COVID -19, assim como o impacto de DCV pré existentes nesta evolução e nas prováveis complicações.

O método utilizado foi uma pesquisa bibliográfica, usando os mecanismos de pesquisa do PubMed e do Google para artigos originais e de revisão, conselhos de sociedades profissionais e comentários de especialistas publicados desde o início da atual pandemia.

Embora não seja o principal alvo do SARS-Cov-2, o Sistema cardiovascular (SCV) pode ser  afetado de diversas maneiras: pela lesão miocárdica direta com alteração na regulação neuro-humoral; pela inflamação sistêmica crônica associada a tempestade de citocinas, podendo resultar em lesão e falência do coração; pela maior demanda cardiovascular associada à hipóxia instalada, podendo evoluir para lesão miocárdica aguda; pelas placas coronarianas desestabilizadas devido à inflamação sistêmica e pelo efeito pró-trombótico, sendo capazes de causar  infarto agudo do miocárdio (IAM); a partir de alguns medicamentos utilizados, potencialmente danosos ao SCV; por distúrbios hidroeletrolíticos associados, levando a piores desfechos cardiovasculares, como por exemplo arritmias.

Os autores demonstraram que  pacientes com COVID-19 e DCV prévia apresentam mais gravidade e piores resultados clínicos comparados a diabetes, doença cerebrovascular e hipertensão. Encontraram ainda dados que relacionam a prevalência de comorbidades cardiovasculares e seu impacto clínico com diferentes regiões geográficas, por exemplo, China, Estados Unidos e Europa. Concluíram que a lesão miocárdica aguda, por miocardite infamatória viral, é a complicação cardiovascular mais descrita na COVID-19, sendo a elevação da troponina I o marcador negativo mais relevante. Os artigos revisados não demonstraram contudo incidência expressiva de IAM ou choque cardiogênico, porém, foram relatados casos de insuficiência cardíaca congestiva em pacientes que receberam alta hospitalar. Descreveram a presença de arritmias, especialmente em pacientes que necessitaram de  UTI, sem descrição de seu tipo. Sugeriram que as complicações a longo prazo devam ser avaliadas com base em outros coronavírus que demonstraram alterações cardíacas, no metabolismo glicídico e no sistema respiratório, uma vez que seja possível que o Sars-CoV-2 tenha o mesmo comportamento.

Além disto, os autores enfatizaram a necessidade de proteção adequada para as equipes de saúde, além de protocolos rápidos de triagem, diagnóstico, isolamento e tratamento,  o que impactaria em melhor desfecho para o paciente e para cuidadores, minimizando o risco de contaminação e acelerando as medidas de suporte. Também relataram a preocupação inicial com uso de inibidores da ECA e bloqueadores dos receptores da angiotensina, por enquanto não confirmada. Ressaltaram ainda a necessidade  de conhecermos melhor as drogas utilizadas e suas interações ou efeitos colaterais, no intuito de evitar danos ao SCV, como aconteceu com alguns medicamentos usados nesta pandemia.

O  estudo concluiu que, embora a COVID-19 seja uma doença que afeta principalmente o sistema respiratório, existe associação com DCV pré existentes ou desenvolvidas após o início dos sintomas, havendo necessidade de futuras abordagens científicas que descrevam sua evolução e suas interações com outras comorbidades. Além disto, precisam ser melhor avaliados o diagnóstico e as interações medicamentosas no tratamento que se sobrepõe.

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Qual a frequência e o risco de problemas cardíacos nos pacientes com COVID-19 internados?

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Covid-19 e Arritmias Cardíacas

CAMANHO, Luiz Eduardo

BHATLA, A. et al. Covid-19 and Cardiac Arrhytmias. Heart Rhythm., Jun. 2020. DOI: 10.1016/j.hrthm.2020.06.016. [publicado online antes da impressão].Disponível em: https://www.heartrhythmjournal.com/article/S1547-5271(20)30594-4/fulltext

A doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19) já infectou mais de 1 milhão de indivíduos apenas nos Estados Unidos. Relatos preliminares vindos da China apontam uma incidência total de 17% de arritmias cardíacas em pacientes hospitalizados, sendo maior (até 44%) nos indivíduos internados em unidade de terapia intensiva. No entanto, detalhes do tipo e da carga arrítmica desta população não estão bem elucidados. Relatos vindos da Itália e da cidade de Nova York descreveram um aumento concomitante da ocorrência de parada cardíaca extra-hospitalar, eventos que foram associados a uma incidência cumulativa de COVID-19.

Foram revisadas sistematicamente as características de 700 pacientes internados no Hospital da Universidade da Pennsylvania entre 6 março e 19 de maio de 2020.

O risco de parada cardíaca e arritmias cardíacas, incluindo fibrilação atrial, bradiarritmias e taquicardia ventricular não sustentada, foi analisado, além da correlação com a mortalidade aguda (intra-hospitalar). Foi utilizada regressão logística para avaliar a idade, sexo, raça, índice de massa corporal, doença cardiovascular, diabetes, hipertensão arterial, doença renal ou internação em terapia intensiva, como potenciais fatores de risco para cada uma das arritmias citadas. Os exames laboratoriais de admissão incluíam hemograma completo, eletrólitos, troponina, BNP, D-dímero, procalcitonina e proteína C reativa.

A idade média foi de 51 anos, sendo 45% do sexo masculino e 71% afro-descendentes. 11% apenas foram internados em unidade de terapia intensiva. Quando comparados aos que não internaram em unidade intensiva, este grupo era mais idoso, com uma maior prevalência de doença cardiovascular e menor taxa de saturação de oxigênio. A utilização de hidroxicloroquina e ramdesivir foi maior no grupo internado em terapia intensiva. Nenhum dos pacientes recebeu azitromicina durante a internação. Não foram observados surtos de taquicardia/fibrilação ventricular em nenhum dos casos, conforme relatos precoces da experiência de Wuhan. Apenas 1 caso de torsade de pointes (taquicardia ventricular polimórfica) foi observado. 

A mortalidade em 74 dias foi de 4% (30 pacientes) e 88% (613 pacientes) receberam alta hospitalar. O grupo de pacientes internados em terapia intensiva apresentou uma maior mortalidade intra-hospitalar (23%), quando comparado ao grupo internado fora da unidade de terapia intensiva (2%) – p<0,001.

Apesar das limitações, e principalmente por tratar-se de um estudo de um único centro, os autores concluíram que o risco de desenvolver arritmia cardíaca foi 10 vezes maior nos pacientes internados em unidade de terapia intensiva, estando diretamente relacionado com a severidade da doença e não como consequência direta da infecção viral. A parada cardíaca se associou a um aumento da mortalidade intra-hospitalar.

As causas não cardíacas, tais como infecção sistêmica, inflamação e severidade da doença, são mais relevantes que a afecção miocárdica direta pelo vírus, como agentes etiológicos dos desfechos duros.

A importância do estudo é trazer esclarecimentos sobre a prevalência das arritmias cardíacas e o adequado manejo nos pacientes com COVID-19.

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