Evidências Covid 19

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Como evitar as perdas pessoais e sociais decorrentes do confinamento?

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Distanciamento Físico de Precisão para COVID-19: Uma Ferramenta Importante para Desconfinar o Confinamento

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

BAUSCH, Daniel G. Precision Physical Distancing for COVID-19: An Important Tool in Unlocking the Lockdown. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.103, n. 1, p. 22–24, Jul. 2020. DOI: 10.4269/ajtmh.20-0359. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32431273

Frente à pandemia de COVID-19, além das medidas mais rotineiras, muitos países implementaram bloqueios de fronteiras e movimentação individual e busca ativa de infectados. Embora estes bloqueios sejam importantes para limitar a transmissão, têm custo elevado e consequências na saúde mental e na mortalidade por outras doenças. Os autores propõem e discutem o “Distanciamento físico de precisão” como  ferramenta importante no controle da COVID-19, por ser de baixo custo e adaptável a ambientes socioculturais e econômicos por ação da comunidade local, sendo facilmente aplicado como solução sustentável de longo prazo que seja proporcional ao risco, mas que não tenha um impacto desproporcional na sociedade e na economia, permitindo um retorno parcial às atividades.

Relatam os autores que os bloqueios completos, incluindo fechamento de fronteiras e restrição de viagens internacionais, tiveram créditos na limitação da transmissão, mas em alguns locais estes procedimentos foram inviáveis, devido à estrutura necessária para cumpri-los. Em países de baixa e média renda não são sustentáveis, devido às dificuldades do trabalho remoto e da economia baseada no trabalho físico, além da aglomeração de famílias superlotadas. Pacotes de ajuda econômica foram instituídos por vários governos para aliviar encargos econômicos, embora sejam lentos para salvar proprietários de pequenas empresas e seus funcionários.

Para os autores existem muitas dúvidas sobre a implementação de bloqueios e por quanto tempo mantê-los, e a possibilidade de várias ondas de transmissão inviabiliza o bloqueio estrito a longo prazo, fazendo-se necessário um planejamento sobre como desbloquear. A melhor abordagem seria o distanciamento social ou “distanciamento físico” com interação e apoio social continuado, embora sem interação física, evitando encontros em massa e mantendo distância segura para limitar a capacidade do vírus de se espalhar.

Para os autores são necessárias orientações claras em cada ambiente. Uma delas seria implementar e monitorar medidas específicas para “distanciamento físico de precisão”, dentro de contextos físicos, sociais, culturais, políticos e econômicos, para grupos e ambientes específicos, em locais de trabalho, reuniões e eventos comunitários, como casamentos e funerais, locais de culto, ambientes educacionais, setores de transporte e eventos esportivos, com maior fiscalização. Apesar do custo, certamente serão menos prejudiciais economicamente do que um bloqueio prolongado.

Algumas diretrizes de distanciamento físico de precisão são citadas neste artigo, em relação a restaurantes, mercados, eventos esportivos, incluindo testes laboratoriais para segurança dos envolvidos, com a perspectiva de diminuir os contatos diários e reduzir transmissão, facilitando estudos de avaliação de eficácia. Uma vantagem deste distanciamento físico de precisão é o menor custo econômico e social comparado ao bloqueio total. Nessa abordagem a comunidade é parceira central na luta contra a COVID-19, identificando riscos de transmissão específicos e trabalhando com a saúde pública para desenvolver soluções práticas com base neste distanciamento. Devemos manter as recomendações de orientação baseadas nas evidências existentes. Além de alguma forma de distanciamento, as práticas higiênicas, testes extensivos, identificação de casos e tratamento, quarentena (ou “blindagem” de grupos vulneráveis) devem ser mantidos. O distanciamento físico de precisão representa uma ferramenta importante neste arsenal de recursos da saúde pública.

Concluindo, o artigo valoriza a participação da população nas resoluções e o distanciamento físico de precisão como componentes importantes de solução sustentável a longo prazo, que seja proporcional ao risco, mas que não tenha um impacto desproporcional na sociedade e na economia, permitindo um retorno parcial às atividades normais, com a comunidade como uma parceira essencial.

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Como as ordens de ficar em casa pela COVID-19 podem afetar a busca de informação sobre saúde mental?

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Achatando a curva de saúde mental: as ordens de ficar em casa pela COVID-19 estão associadas a alterações no comportamento de buscas sobre saúde mental nos Estados Unidos

BERMUDES, Priscilla Mara

JACOBSON, Nicholas C.; et al. Flattening the mental health curve: COVID-19 stay-at-home orders are associated with alterations in mental health search behavior in the United States. JMIR Mental Health, v. 7, n. 6, e19347, Jun. 2020. DOI: 10.2196/19347. Disponível em: https://mental.jmir.org/2020/6/e19347/

O presente artigo trata sobre o achatamento da curva de saúde mental nos Estados Unidos, tendo como objetivo examinar como as ordens de ficar em casa devido à COVID-19 produziram mudanças diferenciais nos sintomas de saúde mental, usando consultas de pesquisa na Internet em escala nacional.

A disseminação rápida e amplamente descontrolada da COVID-19 impactou todas as facetas da vida americana, exigindo mudanças dramáticas no comportamento social e profissional de quase 327 milhões de pessoas. Não obstante medidas de distanciamento social sejam necessárias para proteger a saúde física, menos se sabe sobre o impacto de tais medidas na saúde mental, em relação à qual uma revisão rápida do impacto psicológico da quarentena constatou que tais medidas estavam associadas a altos níveis de sofrimento psicológico, incluindo sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva, alta prevalência de mau humor e irritabilidade.

Dessa forma, o estudo procurou investigar as mudanças nas buscas sobre saúde mental no Google entre 16 e 23 de março de 2020, em cada estado dos Estados Unidos e em Washington, DC. Especificamente, averiguou as mudanças diferenciais nas consultas sobre saúde mental com base em padrões de atividade de pesquisa, após a emissão de ordens de permanência em casa nesses estados, em comparação com todos os outros estados, para impedir a transmissão da COVID-19.

Foram analisados mais de 10 milhões de consultas na Internet, usando modelos mistos aditivos generalizados, e os resultados sugeriram que a implementação de ordens de permanência em casa está associada a um achatamento significativo da curva para buscas por ideação suicida, ansiedade, pensamentos negativos e distúrbios do sono, com o achatamento mais proeminente associado à concepção suicida e à ansiedade.

Concluindo, esses resultados indicam que, apesar da diminuição do contato social, as consultas sobre saúde mental se ampliaram rapidamente antes da emissão das ordens de fique em casa, e que essas mudanças se dissiparam após o anúncio e a promulgação dessas ordens. Embora mais pesquisas sejam necessárias para verificar os efeitos sustentados, as respostas identificadas preconizam que os sintomas de saúde mental foram associados a um nivelamento imediatamente após a ordem de ficar em casa.

Por fim, ressalta-se que a falta de comunicação clara dos governos com seus cidadãos pode aumentar a incerteza, que pode ser um fator-chave para angústia, revelando que uma ação governamental aberta pode reduzir o sofrimento psicológico, segundo os autores. No entanto, nenhum dos estudos incluídos nesse trabalho avaliou o sofrimento psicológico imediatamente antes e após a realização de uma quarentena.

Apesar dos muitos pontos fortes da pesquisa, também existem questões sem resposta, como o achatamento desses surtos nas buscas de sintomas de saúde mental ser de curta duração ou se as ordens de permanecer em casa por um longo prazo resultaram em um amortecimento permanente desses sintomas. Assim, enfatiza-se nesse artigo que mais pesquisas são necessárias para estudar os impactos da COVID-19 sobre a saúde mental e sobre as decisões e ações governamentais relacionadas à COVID-19 durante este período.

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