Evidências Covid 19

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Como melhorar a proteção de motoristas comerciais em relação à COVID-19 frente aos múltiplos fatores negativos para a saúde?

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Estruturas sindêmicas para compreender os efeitos da COVID-19 no estresse, saúde e segurança do motorista comercial

PORTO, Ana Maria

LEMKE, M. K.; APOSTOLOPOULOS, Y.; SÖNMEZ, S. Syndemic frameworks to understand the effects of COVID-19 on commercial driver stress, health, and safety. J Transp Health. v. 18, p. 100877, Sep. 2020. Doi: 10.1016/j.jth.2020.100877. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7245330/

Nos EUA existem cerca de 2 milhões de motoristas comerciais expostos cronicamente a fatores estressores que interferem nas respostas comportamentais e psicossociais, determinando profundas disparidades de saúde e segurança. Ao longo da pandemia da COVID-19, evidências demonstram que novos fatores estressores foram introduzidos e fatores pré-existentes foram agravados, ampliando o impacto sobre a saúde e as condições de trabalho. Os autores destacam a inadequação dos modelos de pesquisa atuais para o estudo das consequências da pandemia neste grupamento, por desconsiderar o sinergismo entre os diferentes fatores envolvidos. Como consequência, os resultados podem indicar ações de pouco impacto no processo de saúde-doença dos motoristas comerciais americanos. A utilização dos modelos sindêmicos é apontada como adequada para esta análise.

Nos últimos 40 anos, mudanças na política federal norte-americana alteraram fundamentalmente a estrutura, a organização do trabalho e dos locais de trabalho desses profissionais, tornando o setor de transporte de cargas mais competitivo. Contudo, o impacto para a categoria foi negativo, com redução de salários, e remuneração “por quilômetro” resultando em longas jornadas de trabalho. Assim, o trabalhador experimenta isolamento social crônico, e tem maior dependência dos serviços existentes ao longo das estradas e localidades muitas vezes de pouca qualidade. Alimentação não equilibrada, falta de atividade física, difícil acesso a serviços de saúde, exposição a estresse crônico, pressão por maior produção e uso de álcool e drogas interferem diretamente na saúde do trabalhador e podem induzir a comportamentos inseguros ao dirigir, resultando em acidentes rodoviários.   

A evolução da pandemia da COVID-19 levou à piora dos serviços nas estradas e nas localidades, maior demanda e pressão para manutenção das cadeias de suprimento de consumo e saúde, e restrições de viagens, agravando condições endêmicas pré-existentes.

Todavia, novos fatores estressores foram introduzidos, como a preocupação com a doença, a ausência de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e o maior risco de adoecer, o difícil acesso a serviços de saúde ou a falta de condição para permanecer em quarentena, que somaram-se aos estressores crônicos.

Em consequência, os autores destacam a possível escassez de mão de obra, por adoecimento, absenteísmo ou abandono, e o aumento de demanda para os motoristas restantes, agravando o ciclo vicioso de estresse crônico. Favorecem o adoecimento, o agravamento de condições pré-existentes e a pior evolução dos casos da COVID-19 entre motoristas comerciais.

Frente à complexidade da interação entre fatores sociais, econômicos, políticos e biológicos, e sua relação com o processo de saúde-doença de motoristas comerciais, os autores defendem o uso de estruturas sindêmicas em pesquisas que analisam os impactos da pandemia da COVID-19 sobre o estresse, saúde e segurança desse grupo de trabalhadores. A compreensão dessas relações dinamicamente complexas e de como elas podem induzir diferentes resultados de saúde e segurança, inter-relacionados, favorece o desenvolvimento de políticas públicas e ações de prevenção de alto nível, capazes de interferir positivamente na qualidade de vida e do trabalho dos motoristas comerciais de forma holística.

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