Evidências Covid 19

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Como a condição nutricional pode influir na evolução clínica de pacientes com COVID-19 ?

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Doença por coronavírus 2019 (COVID-19) e estado nutricional: o elo perdido?

FAULHABER, Maria Cristina Brito

SILVERIO, R. et al. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) and Nutritional Status: The Missing Link? Adv Nutr., v. 12, n. 3, p. 682-692, Jun.  2021. DOI: 10.1093/advances/nmaa125. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32975565/

COVID-19 é uma doença emergente que alcançou níveis pandêmicos. Indivíduos idosos e pacientes com comorbidades, como obesidade, diabetes e hipertensão, mostram maior risco de hospitalização, maior severidade da doença e maior mortalidade pela infecção por SARS-CoV-2. O objetivo do artigo é discutir o papel do estado nutricional em pacientes com COVID-19, além de ressaltar a importância da nutrição adequada.

Durante a doença, frequentemente ocorre aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias, associada a uma reação exagerada do sistema imunológico, a chamada tempestade de citocinas. O espectro clínico é amplo, variando de assintomático ao desenvolvimento de pneumonia grave, síndrome de angústia respiratória aguda e morte. Febre, tosse, fadiga, dores musculares, diarreia e pneumonia são as manifestações mais comuns, podendo progredir, desde síndrome de dificuldade respiratória aguda até falência de órgãos.

O estado nutricional desempenha importante papel no resultado de uma variedade de doenças infecciosas. O sistema imunológico é afetado pela desnutrição, com diminuição das respostas imunes, aumentando risco de infecção e gravidade da doença. A composição corporal, especialmente baixa massa magra e alta adiposidade, é associada à piora do prognóstico.

A alta prevalência de obesidade é descrita entre pacientes hospitalizados. Estatísticas mostram que em unidades de terapia intensiva (UTI) da Espanha 48% dos primeiros pacientes admitidos com COVID-19 eram obesos; entre 1482 dos pacientes hospitalizados nos EUA com COVID-19 48,3% foram obesos; e um estudo da China mostrou que 43% dos pacientes hospitalizados com COVID-19 eram obesos ou tinham sobrepeso. A obesidade também foi associada a maior mortalidade e aumento de gravidade de doenças. IMC de pacientes com doenças cardiovasculares e infecção por SARS-CoV-2 na UTI é maior do que a de pacientes sem necessidade de cuidados intensivos. Esse mesmo estudo também demonstrou prevalência maior de sobrepeso e obesidade entre não sobreviventes.

Mesmo que os jovens estejam em menor risco de COVID-19 grave, se a obesidade for uma condição concomitante, os pacientes têm cerca de 2,0 vezes mais probabilidade de precisar de cuidados intensivos na internação. A associação entre pacientes mais jovens com um IMC ≥25 kg/m2 e pneumonia na admissão também foi descrita. A obesidade acomete também os pulmões: a ventilação mecânica invasiva em pacientes com COVID-19 foi positivamente correlacionada com obesidade, independentemente da idade. Células adiposas viscerais aumentadas em obesos podem atuar como reservatório para vírus, aumentando assim a carga total de vírus. Ainda não se conhece a razão pela qual os indivíduos com obesidade com comorbidades estão em maior risco de COVID-19 grave.

Desnutrição proteico-energética está relacionada ao aumento do risco de ocorrência principalmente de doenças infecciosas e, assim como na obesidade, ela impacta também na replicação viral e na patogenicidade. Anorexia, diarreia, vômitos, náuseas e dor abdominal leve são frequentes em pacientes com COVID-19, podendo agravar o quadro.

O envelhecimento está associado a alterações no sistema imune inato e resposta adaptativa, processo conhecido como imunossenescência, evento associado a um aumento da suscetibilidade às infecções virais. Idosos com frequência apresentam sarcopenia, que consiste na perda de força muscular; sua patogênese está associada à presença de citocinas pró inflamatórias. Obesidade sarcopênica consiste em indivíduos com maior massa gorda associada a baixa massa muscular. O fenótipo sarcopênico está associado com a diminuição da atividade física.

Hábitos saudáveis são importantes não apenas para garantir uma resposta imunológica ideal, mas também para prevenir e / ou tratar a desnutrição, a obesidade e comorbidades relacionadas à obesidade em pacientes com COVID-19.

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Como o estilo de vida saudável e as doenças pré-existentes podem influenciar na evolução clínica da COVID-19 ?

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Exercício, sistema imunológico, nutrição, doenças respiratórias e cardiovasculares durante COVID-19: uma combinação complexa

MARTINHO, Alfredo

SCUDIERO, O. et al. Exercise, Immune System, Nutrition, Respiratory and Cardiovascular Diseases during COVID-19: A Complex Combination. Int. J. Environ. Res. Public Health, v. 18, n. 3, p. 904, Jan. 2021. Doi: 10.3390/ijerph18030904 . Disponível em: https://doi.org/10.3390/ijerph18030904

O artigo apresenta uma revisão da literatura que busca esclarecer a influência dos exercícios intensos, da nutrição, das doenças respiratórias e cardiovasculares pré-existentes durante as infecções pelo Sars CoV-2, causador da COVID-19, um patógeno de animal (RNA vírus), capaz também de infectar humanos.

A família dos coronavírus infectam diferentes espécies de seres vivos, sendo uma ameaça global que apresenta os sintomas mais comuns da infecção pelo Sars CoV-2: febre, dor de cabeça, tosse, dificuldades respiratórias e diarreia. Em alguns casos, esses sintomas podem permanecer silenciosos; em outros, a manifestação é violenta, a ponto de causar pneumonias graves, dispneia, insuficiência renal e até óbito. Os pacientes mais vulneráveis ​​a infecções têm doenças pré-existentes, imuno-comprometimento por efeitos de nutrição, exercícios físicos, e predisponentes genéticos.

O estado nutricional do hospedeiro, o estilo de vida, as práticas de exercícios físicos não foram consideradas, até recentemente, como fator contribuinte para o surgimento de doenças infecciosas virais, por terem influência no sistema de defesas do organismo. 

O sistema imunológico, que apresenta imunidade inata e adquirida, é um complexo de células, tecidos e órgãos com funções específicas de defesa.

A imunidade inata está presente desde o nascimento, incluindo tanto as barreiras do corpo quanto proteínas, que atuam como reguladores e mediadores da resposta inflamatória do corpo; a imunidade adquirida se desenvolve durante o primeiro ano de vida, com respostas que o organismo customiza de acordo com o agente estranho.

Revisando observações relacionadas aos exercícios de intensidade moderada, os resultados foram “imuno-intensificadores”, responsáveis ​​por uma redução na inflamação e aumento da imunovigilância.

Por outro lado, observaram-se mudanças negativas nos níveis e na função de muitos componentes do sistema imunológico em resposta a exercícios intensos e prolongados. 

Durante esta fase, chamada de “janela aberta”, o hospedeiro ficou mais sensível a microorganismos como vírus e bactérias com maior risco de contrair infecções.

Esse modelo acima não pode ser aplicado a atletas de elite, na verdade, pois uma alta carga de treinamento nesses atletas está associada a um menor risco de infecções.

Quanto à nutrição, que desempenha um papel essencial no desenvolvimento e manutenção do sistema imunológico, observou-se que deficiências nutricionais aumentam a suscetibilidade a infecções e que um bom estado nutricional pode prevenir infecções.

Nas observações sobre o envolvimento cardíaco na infecção por COVID-19 verificaram-se 2 expressões: (1) lesão direta ao coração e (2) efeitos das comorbidades cardíacas no prognóstico da infecção, com uma elevada taxa de mortalidade. 

Uma análise criteriosa (meta-análise) de pacientes com COVID-19 relatou uma prevalência de hipertensão, doença cardiovascular e cerebrovascular e diabetes (comorbidades) nos pacientes que necessitaram de internação em terapia intensiva.

Observou-se também, uma primeira evidência de que um fundo genético predisponente pode contribuir para a suscetibilidade e/ou gravidade de doenças entre os indivíduos; essas variantes podem ser responsáveis ​​por diferentes respostas do hospedeiro à infecção por COVID-19. 

Uma nutrição adequada e um estilo de vida saudável, acompanhados de exercícios moderados, são os pontos-chave na saúde.

Outros pontos importantes analisados na revisão foram sobre reabilitação, terapia preventiva e controle.

A intensidade e a duração da reabilitação dependem, em geral, do tempo de internação, objetivando melhorar a dinâmica respiratória, neutralizar problemas musculoesqueléticos e neuropsicológicos.

Não há terapia comprovada para a prevenção ou tratamento de COVID-19; a imunoterapia (ou seja, imunoglobulinas e terapia de plasma) tem o potencial de representar uma opção terapêutica eficiente.

Para o controle, além dos exames comumente realizados, testes rápidos são importantes para identificar microrganismos patogênicos agressivos, como o da COVID-19, garantindo o monitoramento de atletas e cidadãos comuns, a fim de salvaguardar sua saúde e a daqueles que os rodeiam.

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Como praticar meditação e/ou Yoga pode trazer benefícios à saúde física e mental, colaborando na proteção psicocorporal relativa à pandemia da COVID-19 ?

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Práticas de meditação e Yoga como potencial tratamento adjuvante da infecção por SARS-CoV-2 e COVID-19: uma breve visão geral de assuntos chave

FERREIRA, Andre Luis do Nascimento

BUSHELL, W.; et al. Meditation and Yoga Practices as Potential Adjunctive Treatment of SARS-CoV-2 Infection and COVID-19: A Brief Overview of Key Subjects. The Journal of Alternative and Complementary Medicine, v. 26, n. 7, p. 547-556, Jul. 2020. DOI: 10.1089/acm.2020.0177. Disponível em: https://www.liebertpub.com/doi/full/10.1089/acm.2020.0177.

Este artigo traz uma revisão narrativa da literatura objetivando discutir aspectos imunológicos sobre meditação e yoga que podem ser aplicados de forma adjuvante ao tratamento e à prevenção da infecção por Covid-19. Foram analisados 145 artigos abordando diferentes aspectos da evidência disponível.

Yoga, meditação e práticas correlatas apresentam propriedades antiestresse e anti-inflamatórias documentadas em literatura científica. A importância deste trabalho está em demonstrar as interseções de pesquisas relacionadas aos efeitos dessas práticas na regulação sistêmica de citocinas.

Entre os efeitos observados, pode-se destacar uma redução das atividades de células NK (Natural Killer) e da produção de citocinas por células NK e T do sistema imune. Nesse aspecto, há observações de inibição da transcrição de um compósito de 19 genes pró-inflamatórios e de uma redução significativa da atividade do fator de transcrição NF-kB. Há também um incremento na atividade de receptores de glicocorticoides anti-inflamatórios e do fator de transcrição IFN-I, que vem sendo associado ao tratamento de Covid-19. Estudos relatam ainda decréscimo nos níveis circulatórios de IL-12 e acréscimo nos níveis de IL-10 (interleucinas). Alguns desses efeitos são associados à redução na ativação do sistema nervoso simpático, observada através da redução nos níveis séricos de adrenalina e noradrenalina.

Além disso, há evidência de que a prática de yoga por 90 minutos é capaz de elevar a expressão de β-defensinas nas células do epitélio respiratório. Yoga é capaz ainda de inibir os receptores de citocinas TNF-RII e IL-1RA, bem como PCR. Em associação com meditação, a prática de yoga também regula os níveis da citocina TNF-α e o metabolismo da proteína amiloide-β.

Não obstante, também é documentada a influência de yoga e meditação no nível de atividade da melatonina. Este hormônio realiza ações diversas no organismo, inclusive com impacto anti-inflamatório, antioxidante e fortalecedor do sistema imunológico. Estudos demonstram, por um lado, a possibilidade de redução do nível de melatonina durante a execução de práticas meditativas e de respiração, mas, por outro, um incremento nos níveis séricos do hormônio em praticantes frequentes.

Outro ponto relevante à epidemia de Covid-19 é a influência de práticas integrativas na mitigação de componentes estressores psicossociais, tais como o isolamento social e o estresse pós-traumático. Tais estressores são capazes não apenas de enfraquecer a defesa imune contra patógenos como também de potencializar a resposta inflamatória do organismo até o ponto em que se gera dano tecidual e complicações que podem levar à morte. Literatura acadêmica associando meditação a benefícios à saúde mental é ampla. No que tange à yoga, também há descobertas relevantes, ainda que de forma menos consistente.

A revisão apresenta evidência de que práticas meditativas e yoga possuem impacto na modulação do estresse e da inflamação, bem como no sistema imune humano, podendo contribuir para contrabalançar o impacto de agentes infecciosos. Tais práticas podem gerar benefícios de curto e/ou longo prazo no combate a condições associadas à pandemia, tais como fatores inflamatórios ou estressores psicossociais.

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Como os nutrientes podem fortalecer a imunidade durante a COVID-19 ?

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Fortalecendo o sistema imune e reduzindo inflamação e estresse oxidativo através de dieta e nutrição: considerações durante a crise de COVID-19

COHEN, Larissa

IDDIR, M. ; et al. Strengthening the immune system and reducing inflammation and oxidative stress through diet and nutrition: considerations during the COVID-19 crisis. Nutrients, v.12, n.6, p.E1562, mai.2020. DOI:10.3390/nu12061562 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32471251/

As manifestações da COVID-19 podem ser assintomáticas, moderadas ou severas com complicações, como síndrome respiratória aguda, que se relacionam à tempestade de citocinas associada à hiper inflamação. Nesse contexto, conhecer nutrientes anti-inflamatórios e antioxidantes que promovam ótimo estado nutricional é relevante para fortalecer o sistema imunológico durante a crise de COVID-19.

O estado nutricional carente de macro e micronutrientes associa-se com maior inflamação e estresse oxidativo e torna o indivíduo suscetível às questões relacionadas ao sistema imunológico. Vitaminas A, C, D, E, carotenóides, polifenóis, fitoquímicos em geral, zinco, ferro, proteínas, ácidos graxos ômega-3, fibras dietéticas presentes na dieta baseada em plantas e que modulam a microbiota propiciam resposta imune adequada. Por exemplo, um baixo consumo proteico leva à reduzida produção de anticorpos. Assim, esta revisão destaca a importância de um status ideal de nutrientes para reduzir inflamação e estresse oxidativo, a fim de fortalecer o sistema imunológico no cenário da COVID-19.

O surto desta doença infecciosa emergente evoluiu rapidamente e foram implementadas políticas públicas para controlar a doença, sendo o auto-confinamento uma delas. Diante do estresse do isolamento social, os indivíduos modificaram seus padrões alimentares, e podem consumir menos alimentos naturais. Sabe-se que o consumo de nutrientes anti-inflamatórios provenientes de uma dieta baseada em vegetais é significativo na homeostase da inflamação e estresse oxidativo, antes e/ou durante a infecção. Dessa forma, a resposta imunológica ótima depende de uma dieta balanceada.

Foi realizada uma revisão da literatura sobre os papéis de vários constituintes alimentares na infecção, inflamação e estresse oxidativo. Os nutrientes estudados foram: proteínas, lipídios, fibras, vitaminas A, D, E, C, complexo B, zinco, ferro, selênio, polifenóis e carotenoides. Os autores selecionaram estudos em animais e estudos clínicos randomizados e metanálises feitos com humanos, que associaram a falta dos nutrientes mencionados a riscos e sintomas de infecções virais.

Os autores identificaram que, em humanos, baixos níveis séricos de albumina, pré-albumina, ferro e vitamina E levam a menores respostas à vacinação da influenza em idosos, apontando a interrelação entre vários nutrientes e a resposta imune.

A suplementação de ômega 3 pode ser interessante durante a tempestade de citocinas, assim como a suplementação de vitamina D demonstra efeitos de proteção contra infecções do trato respiratório por reduzir a entrada de partículas virais de SARS-CoV-2 nas células. No entanto, a suplementação dos demais micronutrientes analisados necessita de mais estudos sobre seu papel em infecções em humanos.

Observou-se também que refeições com alto índice glicêmico associaram-se a aumento imediato de citocinas inflamatórias. Em contrapartida, o consumo de carboidratos complexos, fontes de fibras prebióticas, é inversamente relacionado às doenças infecciosas por favorecer a adequada composição da microbiota intestinal (probióticos), que influencia na prevenção de infecções virais. Logo, modular o microbioma intestinal no contexto da COVID-19 através da dieta é um aspecto importante.

As evidências indicam que uma dieta com equilíbrio de nutrientes afeta positivamente a função imunológica, com destaque para a ação do microbioma intestinal modulado a partir de uma dieta baseada em vegetais.

Embora os constituintes alimentares anti-inflamatórios possam ser benéficos durante a hiper inflamação, como a tempestade de citocinas da COVID-19, os pesquisadores frisam que se deve ter atenção com altas doses de anti-inflamatórios isolados e/ou antioxidantes durante condições mais saudáveis, a fim de não suprimir excessivamente a inflamação e o sistema imunológico.

O artigo contextualiza as evidências disponíveis sobre nutrientes em relação à COVID-19 e ao sistema imunológico. Ademais, os autores elucidam que todos os aspectos abordados são interessantes também no manejo das inflamações crônicas de baixo grau relacionadas à obesidade, diabetes, doenças autoimunes e cardiovasculares.

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