Evidências Covid 19

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Como o exercício físico influencia a evolução dos pacientes com COVID-19 ?

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

A Capacidade Máxima de Exercício é Inversamente Relacionada à Hospitalização pela Doença do Coronavírus 2019

SOUZA, Valdênia

BRAWNER, C. A.  et al.  Inverse Relationship of Maximal Exercise Capacity to Hospitalization Secondary to Coronavirus Disease 2019, Mayo Clinic Proceedings, v. 96, n. 1, p. 32-39, Jan. 2021. Doi: 10.1016/j.mayocp.2020.10.003. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0025619620311307

Neste estudo retrospectivo e observacional, os autores testaram a hipótese de que a capacidade máxima de exercício seria um item independente de risco e inversamente relacionado à hospitalização por COVID-19. Foram incluídos adultos maiores de 18 anos que, por uma indicação clínica, completaram um teste de esforço entre 1 de janeiro de 2016 a 29 de fevereiro de 2020 e tiveram um teste para SARS-CoV-2 entre 29 de fevereiro e 30 de maio de 2020, com hospitalização em no mínimo 30 dias após. A exclusão dos pacientes era se o teste de esforço era incompleto.

A detecção do SARS-CoV-2 foi realizada usando teste de reação em PCR.

O esforço físico foi ergométrico em esteira, eco de estresse e teste de exercício cardiopulmonar.  Antes do teste, o histórico médico, prontuário e entrevista eram realizados e o protocolo do exame de acordo com a escolha do medico, seguindo as diretrizes da Associação Americana do Coração (American Heart Association). A capacidade máxima do exercício foi quantificada em equivalentes metabólicos de tarefas (METs).

Dados complementares eram colhidos para análise de co-variáveis, tais como: hipertensão arterial, diabetes, insuficiência cardíaca, doença renal crônica, asma, acidente vascular cerebral, intervenção percutânea coronariana, cirurgia cardíaca, histórico de câncer, índice de massa corpórea, tabagismo, etc.

Foram analisados os dados de 1.181 pacientes. O tempo médio entre o exame do esforço e o SARS-CoV-2 foi de 2,1 anos. 246 pacientes (21%) com idade média de 59 + 12 anos testaram positivo para SARS-CoV-2. Entre esses pacientes, 89 (36%) foram hospitalizados; e estes pacientes eram mais velhos e mais doentes (hipertensos, diabéticos, renais crônicos, etc.) e com uso de medicamentos (hipolipemiantes, betabloqueadores, bloqueadores de canal de cálcio, diuréticos, insulina, etc.). Dentre os hospitalizados, 8 foram para a ventilação mecânica e 13 foram a óbito. O MET médio dos pacientes em terapia intensiva, ventilados ou não, ou óbito não teve diferença estatística.

A diferença estatística (p < 0,001) ocorreu entre o pico do MET entre os pacientes hospitalizados e não hospitalizados. Ao separar em quartis de aptidão fisica, a faixa mais baixa (< 5,4 METS) obteve um OR = 3,88 em comparação com o quartil mais alto (> 9,7 METS). Cada unidade de pico de METs foi associada independentemente a 13% menor chance de hospitalização (OR = 0,87; IC 95% = 0,76 – 0,99), porém o declínio foi observado a partir de 13 METs.

Estas descobertas são importantes por poderem colocar a capacidade do exercício como estratégia modificável para prevenção de infecção, especificadamente o exercício regular de intensidade moderada, pois influencia favoravelmente as vias biológicas que estão envolvidas na resposta à infecção, inclusive à COVID-19. Outra importante informação é a capacidade de predizer a hospitalização ou não do paciente positivo.

Em conclusão, a capacidade máxima de exercício, determinada a partir de um teste de esforço antes da infecção por SARS-CoV-2, está independente e inversamente associada com a probabilidade de hospitalização. Esses dados apoiam ainda mais a importante relação entre a aptidão cardiorrespiratória e a saúde. Os pacientes devem ser encorajados a praticar exercícios aeróbicos regularmente, para manter ou melhorar sua capacidade de exercício. Estudos futuros são necessários para determinar se a melhora da capacidade de exercício está associada a um menor risco de complicações devido a infecções virais, como COVID-19.

Esta resenha pertence ao grupo sobre:

A azitromicina pode trazer benefício na sobrevida de pacientes internados com COVID-19 ?

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Estudo de eficácia da azitromicina em pacientes hospitalizados

MARRA, Flavio Maciel

RECOVERY Collaborative Group. Azithromycin in patients admitted to hospital with COVID-19 (RECOVERY): a randomised, controlled, open-label, platform trial. Lancet, v. 397, p. 605-612, Fev. 2021. Doi: 10.1016/S0140-6736(21)00149-5. Disponível em https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S0140-6736%2821%2900149-5

Os efeitos benéficos dos corticosteroides em pacientes com síndrome respiratória aguda grave e COVID-19 sugerem que drogas que suprimem ou modulam o sistema imunológico podem fornecer melhorias adicionais na evolução clínica desses pacientes. Nesse contexto, os macrolídeos também são conhecidos por apresentarem essa atividade imunomoduladora, por reduzirem a produção de citocinas pró-inflamatórias.

O ensaio clínico está incluído no estudo RECOVERY (Randomized Evaluation of COVID-19 Therapy), que investiga se o tratamento com diversos medicamentos ou procedimentos clínicos evitam a morte em pacientes com COVID-19. Esse trabalho, em particular, teve como objetivo avaliar a eficácia e a segurança do uso de azitromicina ou outro macrolídeo, em pacientes internados no hospital com COVID-19.

Trata-se de um ensaio randomizado controlado, aberto e de plataforma adaptativa, realizado em 176 hospitais no Reino Unido. Os pacientes elegíveis foram alocados aleatoriamente em dois braços de estudo – para o padrão usual de cuidado isolado ou padrão usual de cuidado mais azitromicina (500 mg por via oral, sonda nasogástrica ou injeção intravenosa uma vez ao dia por 10 dias ou até a alta). O desfecho primário foi a mortalidade por todas as causas em 28 dias. Desfechos secundários foram também analisados.

Dos 16.442 pacientes inscritos no estudo RECOVERY, 7.763 foram incluídos na avaliação da azitromicina. A idade média dos participantes foi de 65,3 anos e 38% eram mulheres. Foram incluídos no braço da azitromicina 2.582 pacientes e 5.181 para tratamento usual isolado. 

Os resultados mostraram que 561 pacientes (22%) que receberam azitromicina e 1.162 (22%) pacientes alocados para tratamento usual isolado morreram dentro de 28 dias. Nenhuma diferença significativa foi observada na duração da internação hospitalar ou na proporção de pacientes que receberam alta hospitalar com vida, em 28 dias. Entre aqueles que não estavam em ventilação mecânica invasiva no início do estudo, nenhuma diferença significativa foi observada na proporção que atendeu ao desfecho composto de ventilação mecânica invasiva ou morte.

A conclusão é que em pacientes internados em hospital com COVID-19, a azitromicina não melhorou a sobrevida ou outros desfechos clínicos pré-especificados e que o seu uso em pacientes internados no hospital com COVID-19 deve ser restrito a pacientes nos quais há uma indicação antimicrobiana clara.

Embora essa pesquisa não tenha detectado nenhum dano a pacientes individuais que receberam azitromicina, os autores alertam para o risco do uso disseminado de agentes antimicrobianos, em especial a azitromicina, que é classificada pela Organização Mundial da Saúde como um dos antibióticos que têm maior potencial de resistência e devem ser priorizados como alvos principais dos programas de controle de antimicrobianos.

 

 

Esta resenha pertence ao grupo sobre:

Qual o benefício dos pacientes de COVID-19 proporcionado pela utilização de Azitromicina para o tratamento clínico?

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Azitromicina em pacientes internados no hospital com COVID-19: um ensaio de plataforma randomizado, controlado, aberto

SARMENTO, Rogerio

RECOVERY Collaborative Group. Azithromycin in patients admitted to hospital with COVID-19 (RECOVERY): a randomised, controlled, open-label, platform trial. Lancet v. 397, n. 10274, p. 605–612, Fev. 2021. Doi: 10.1016/ S0140-6736(21)00149-5. Disponível em: https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S0140-6736%2821%2900149-5

Este trabalho de pesquisa parte de um estudo clínico que está sendo realizado em 176 hospitais no Reino Unido, e que tem como objetivo fazer a avaliação da eficácia de diversas medicações relativas ao tratamento farmacológico de pacientes acometidos com COVID-19. Nessa parte do estudo que está sendo apresentada, a medicação avaliada é a Azitromicina. Outras terapias farmacológicas, como a dexametasona, a hidroxicloroquina, a composição lopinavir-ritanovir, o plasma convalescente e o tocilizumabe também foram estudadas neste largo estudo denominado RECOVERY (Randomised Evaluation of COVID-19 Therapy – Avaliação Randomizada da Terapia para COVID-19).

A Azitromicina faz parte de um grupo de antibióticos denominados macrolídeos, que além das propriedades antibacterianas apresentam propriedades imunomoduladoras e antiinflamatórias. O fato da dexametasona, um fármaco que também se caracteriza por possuir atividades antiinflamatórias, se mostrar benéfico em pacientes com lesão pulmonar por falta de oxigênio, como ocorre na COVID-19, estimula o uso da Azitromicina no tratamento dessa doença, com base nas mesmas propriedades farmacológicas. Um importante dado prévio, que tentou justificar o seu uso nesta doença, foi o fato de que estudos prévios evidenciaram benefícios da Azitromicina em pacientes afetados pela pneumonia por Influenza.

Na pesquisa foram estudados 7763 pacientes diagnosticados com COVID-19, os quais foram divididos aleatoriamente em 2 grupos, sendo que 2582 pacientes tomaram 500 miligramas de Azitromicina por dia e 5181 pacientes não tomaram a substância. Foram analisados os fatores referentes a mortalidade e ao tempo de internação.

Não houve diferença considerada estatisticamente significativa, tanto na mortalidade quanto no período de internação, entre os grupos estudados.

O estudo clínico, utilizando método comparativo entre os dois grupos populacionais, evidenciou que, em pacientes internados com COVID-19, o uso da Azitromicina não diminuiu a mortalidade nem o período de internação. Consequentemente, o seu uso clínico deve ficar restrito à presença de pneumonias bacterianas secundárias cujos microrganismos sejam sensíveis a este tipo de antibiótico.

Esta resenha pertence ao grupo sobre:

Quais fatores de risco podem indicar a evolução de pacientes com COVID-19 hospitalizados?

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Fatores de risco para progressão da doença em pacientes hospitalizados com COVID-19: um estudo de coorte retrospectivo

CARNEVALE, Renata

HOU, W., et al. Risk factors for disease progression in hospitalized patients with COVID-19: a retrospective cohort study. Infectious Diseases, v. 52, n. 7, p.: 498-505, Jul. 2020. Doi:10.1080/23744235.2020.1759817. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32370577/

Uma das maiores preocupações em relação aos pacientes com COVID-19 internados é conseguir prever aqueles que vão evoluir mal, para que possam receber uma maior vigilância. Esse artigo tenta identificar fatores relacionados a pior evolução dos pacientes internados.

O coronavirus é uma grande família de vírus podendo causar desde resfriado comum até doenças mais severas como a MERS e SARS. A identificação precoce de fatores de risco para a progressão da doença pode ajudar na indicação de intervenção e tratamento precoce dos pacientes acometidos. Nesta pesquisa foram investigados 101 pacientes confirmados com COVID-19 e internados entre 21 de Janeiro e 9 de Março de 2020.

É um estudo retrospectivo de características clínicas e fatores de risco para progressão de doença em pacientes confirmados com COVID-19. Os pacientes foram classificados em tipos clínicos. LEVE: manifestação clínica leve sem imagem não usual. COMUM: febre, sintomas respiratórios, radiografia ou tomografia típicas de pneumonia. SEVERO: presença de um desses: a) frequência respiratória maior do que 30 incursões respiratórias por minuto. b) saturação<93% em repouso. c) PO2/FiO2<300. d) Outras disfunções orgânicas.

Os pacientes foram divididos em dois grupos: 1) Progressão e 2) Melhora. Foram classificados no grupo PROGRESSÃO se houvesse progressão de piora do paciente entre os tipos clínicos descritos acima ou se evoluísse para óbito. O grupo MELHORA incluía pacientes que se mantiveram inalterados nos seus tipos clínicos ou que mudaram para um tipo mais brando.

O estudo incluiu 101 pacientes. Quatro pacientes foram classificados na categoria LEVE, 75 na COMUM e 13 pacientes foram categorizados como SEVERO. Os sintomas mais comuns foram febre e tosse seca. Os pacientes classificados no grupo PROGRESSÃO eram mais velhos, tinham mais comorbidades e mais hipertensão. Tinham a frequência respiratória mais alta e SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) mais alto. Apresentaram mais leucocitose e linfopenia, com albumina mais baixa. Em relação à bioquímica, esse grupo apresentava valores mais elevados de creatinina, mioglobina, troponina, Proteína C Reativa (PCR), procalcitonina e lactato.

O uso de corticoide e imunoglobulina foi mais comum no grupo que progrediu a doença. Esses pacientes precisaram mais de terapia intensiva, de ventilação mecânica, de terapia substitutiva renal e de circulação extracorpórea.

De uma maneira geral, a imagem pulmonar demorou 14,9 dias para melhorar e 12,5 dias para a PCR para COVID-19 negativar.  Considerando apenas os pacientes que progrediram a doença, o número de dias é maior.

A análise univariada mostrou que idade, comorbidades, contagem de neutrófilos e linfócitos, albumina, mioglobina e PCR estão relacionadas de forma significativa com a progressão da doença. A análise multivariada mostrou que idade, PCR e contagem de linfócitos estão relacionados com a progressão da doença.

Esse estudo identificou diversos fatores de risco para a progressão da doença, desde comorbidades até alterações laboratoriais que podem ajudar na intervenção precoce nesses pacientes.

Identificar fatores de risco para a progressão da COVID-19 é primordial no tratamento desses pacientes. Não é rara a apresentação de hipoxemia sem desconforto respiratório e esses dados podem ajudar na identificação desses pacientes. Por outro lado, a classificação dos pacientes em tipos clínicos (leve, comum, severo) pelos critérios adotados é bastante vaga. Faltou detalhes sobre a quantidade de oxigênio oferecida/utilizada, o que é essencial para essa classificação. Dentre os exames laboratoriais faltou o dímero d, ferritina, fibrinogênio, entre outros que se mostraram marcadores de gravidade em outras referências de estudos médicos.

Esta resenha pertence ao grupo sobre: