Evidências Covid 19

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Quais as diferenças de evolução da COVID-19 entre os pacientes assintomáticos e os sintomáticos?

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Avaliação clínica e imunológica de infecções assintomáticas por SARS-CoV-2

LOUREIRO, Sylvia

LONG, Quan-Xin; et al. Clinical and immunological assessment of asymtomatic SARS-CoV-2 infections. Nature Medicine, v. 26, p. 1200–1204, Jun. 2020. Doi: 10.1038/s41591-020-0965-6 Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41591-020-0965-6

A infecção pelo coronavírus 2 (SARS-CoV-2) em indivíduos assintomáticos ainda é motivo de estudos. Devido ao baixo número de testagem através do RT-PCR ou qualquer outro método capaz de detectar diretamente a presença do vírus na população em geral, esta situação torna-se motivo de fundamental atenção para o não relaxamento das medidas de prevenção individuais e coletivas no sentido de evitar a sua transmissibilidade.

Alguns pacientes, que são diagnosticados por um teste RT-PCR, são assintomáticos ou minimamente sintomáticos. Um aumento de evidência tem mostrado que indivíduos assintomáticos podem disseminar o vírus eficientemente e o surgimento desses disseminadores silenciosos do vírus tem causado dificuldades no controle da epidemia. Neste estudo foram descritas as características clínicas e epidemiológicas, níveis de vírus e respostas imunes em 37 indivíduos assintomáticos.

Foram recrutados 37 indivíduos com infecções assintomáticas, ou seja, sem quaisquer sintomas nos 14 dias após exposição e durante hospitalização no Distrito de Wanzhou. Trinta e sete indivíduos sintomáticos, com as mesmas características em relação a sexo, idade e comorbidades, foram selecionados para comparação com os assintomáticos. A característica numérica em relação a sexo e idade foi comparada com 37 indivíduos controle com resultados de RT-PCR negativo para SARS-CoV-2. Indivíduos controle portadores de doenças pulmonares, cardiovasculares , hepáticas, renais, metabólicas ou portadores de imunodeficiência foram excluídos. As infecções assintomáticas foram identificadas entre os que se apresentavam com alto risco de infecção (incluindo contato próximo e com história de viagem para Wuhan) em um único distrito, não em uma amostra randomizada representativa da população em geral. A partir disso foram realizadas comparações clínicas, radiológicas e laboratoriais entre os grupos.

A duração média de transmissão viral nos grupos de assintomáticos foi de 19 dias. O grupo assintomático teve duração prolongada de transmissão em relação ao grupo de sintomáticos. Os níveis específicos de IgG viral no grupo de assintomáticos foram significativamente mais baixos em relação aos do grupo de sintomáticos na sua fase aguda. Entre os portadores assintomáticos, 93,3% (28/30) e 81,1% (30/37) tiveram  redução da IgG e níveis de anticorpos neutralizantes respectivamente, durante o início da fase de convalescência, em comparação com 96,8% (30/31) e 62,2% (23/37) dos pacientes sintomáticos. Quarenta por cento dos indivíduos assintomáticos tornaram-se soronegativos para IgG no início da fase de convalescência, assim como 12,9% do grupo dos sintomáticos. Indivíduos assintomáticos tiveram resposta imune mais fraca, demonstrada através de níveis mais baixos de 18 citocinas pró e antinflamatórias.

Um hemograma completo, bioquímica sanguínea, coagulograma, funções hepática e renal e biomarcadores de infecção foram medidos na admissão, para monitorar o potencial de progressão da doença. Dos 37 indivíduos assintomáticos, 3 apresentavam linfopenia e 1 apresentava trombocitopenia. Seis indivíduos possuíam níveis elevados de alanina aminotransferase e 11 tinham níveis elevados de Proteína C Reativa.
À admissão, tomografias computadorizadas de tórax mostraram opacidade em vidro fosco focais em 29,7% das pessoas assintomáticos (11/37) e faixas de sombra e/ou consolidação difusa em 27% dos indivíduos (10/37), enquanto que 43,2% das pessoas (16/37) não apresentaram anormalidades. Cinco indivíduos desenvolveram opacidades focais em vidro fosco e sombras em faixa na tomografia computadorizada de tórax, no intervalo de 5 dias após admissão hospitalar. Achados radiológicos anormais confinados a um pulmão foram identificados em 66,7% (12/21) dos indivíduos assintomáticos, enquanto que 33,3% (7/21) tinham anormalidades em ambos os pulmões.

 Este artigo sugere que indivíduos assintomáticos tem uma resposta imune mais fraca à infecção pelo SARS-CoV-2. A redução nos níveis de IgG e dos anticorpos neutralizantes na fase precoce de convalescência podem ter implicações estratégicas nas pesquisas para avaliação da imunidade.

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A pessoa sem sintomas ou antes de que apareçam pode transmitir a infecção da COVID-19 ?

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Evidência que apoia a transmissão da síndrome respiratória aguda grave Coronavírus 2 enquanto pré-sintomático ou assintomático

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

Furukawa, Nathan W.; Brooks, John T.; Sobel, Jeremy. Evidence Supporting Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 While Presymptomatic or Asymptomatic. Emerging Infectious Diseases, v. 26, n.7. DOI: 10.3201/eid2607.201595 . Disponível em : http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32364890

Com o desenvolvimento da pandemia da Covid-19  foi observado que algumas pessoas infectadas podem não apresentar sinais e sintomas da doença, sendo identificadas como pré-sintomáticas (RNA do SARS-CoV-2 detectado antes do início dos sintomas) e assintomáticas (RNA do SARS-CoV-2 detectado, mas nunca desenvolvem sintomas). Esta revisão tem por objetivo apontar evidências da transmissão do SARS-CoV-2  pré-sintomática  e assintomática. Relatórios epidemiológicos, virológicos e de modelagem recentes apoiam esta transmissão, e sua evidência seria de grande importância na prevenção do contágio. Porém, existem ainda incertezas sobre esta afirmação e o desenvolvimento de imunidade protetora. 

Foram analisados, no PubMed, artigos publicados de 1 de janeiro a 2 de abril de 2020 relacionados a transmissão SARS-CoV-2 pré-sintomática e assintomática antes da obrigatoriedade do uso de máscaras. Foram incluídos artigos originais, relatórios breves e correspondências, com objetivo de relatar evidências epidemiológicas, virológicas ou de modelagem para transmissão pré-sintomática ou assintomática de SARS-CoV-2.

Este estudo considerou três pontos principais: evidência epidemiológica, evidência virológica e evidência de modelagem. As evidências epidemiológicas foram inicialmente identificadas na China, mas também na Alemanha e em Cingapura, onde pacientes primários pré-sintomáticos ou assintomáticos foram submetidos a contato durante viagem, encontros familiares ou visitas a parentes doentes. Esta transmissão ocorreu  em famílias ou domicílios, com período de incubação nos casos pré-sintomáticos de 2 a 11 dias.

A infecção por SARS-CoV-2 é diagnosticada principalmente pela presença de RNA viral de transição reversa (RTP-PCR) ou por cultura viral. O RTP-PCR  identifica a presença do RNA viral, mas não a presença do vírus infeccioso, porém os autores mostram que se o número de ciclos de PCR necessários para detectar o RNA SARS-CoV-2 (RT-PCRct) tiver valores mais baixos indicaria maior carga viral e maior poder de infecção. Embora os relatórios avaliados não identificassem a transmissão real do vírus enquanto pré-sintomático ou assintomático, os baixos valores de RT-PCRct (ou seja, alta carga viral) e a capacidade de isolar o SARS-CoV-2 infeccioso forneceram evidências virológicas para pensarmos em sua transmissão nestes grupos sem sintomas.

Demonstraram que relatos de casos primários (contato com contaminados sabidamente) e secundários (sem contato) sugerem que 13% das infecções podem ser transmitidas durante período pré-sintomático, a partir da identificação de que o intervalo para aparecimento de Covid-19 foi de 4 dias (menor que o período médio estimado de incubação de 5 dias). Outros estudos analisados mostraram que até metade das infecções foram transmitidas por pré-sintomáticos e 4/5 por assintomáticos ou com leves sintomas, sugerindo que muitos destes infectados não foram detectados contribuindo para o desenvolvimento da pandemia.

 Os autores concluíram, a partir destas constatações, que provavelmente o número de infectados é maior do que o registrado, o que reforça a importância do distanciamento físico, uso de máscaras para diminuir a transmissão, e ainda testar e mapear os contatos interrompendo as cadeias de contágio. Precisamos estar atentos à incidência de infecção assintomática em relação aos sintomáticos, sendo cada vez mais necessários o rastreamento dos contatos, teste em massa e isolamento de contatos assintomáticos. Importante também identificar se estes assintomáticos ou com infecção leve podem ser capazes de desenvolver imunidade protetora, qual seu tempo de duração e se serão imunes a reinfecção, mas ainda assim capazes de transmitir. Estas respostas serão necessárias para orientação da retomada às funções normais da sociedade.

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Qual a possibilidade do paciente com COVID-19 assintomático transmitir a doença?

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Um estudo de infectividade de portadores assintomáticos de SARS-Cov-2

ZAMBONI, Mauro Musa

GAO M.; et al. A study on infectivity of asymptomatic SARS-CoV-2 carriers. Respiratory Medicine, v. 169,  p. 106026, Aug. 2020. Doi: 10.1016/j.rmed.2020.106026 Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.rmed.2020.106026.

A epidemia da COVID-19, em curso no mundo todo, teve início em dezembro de 2019.   O estudo em questão objetiva avaliar a capacidade de portadores assintomáticos da doença infectarem seus contatos e relata o caso de paciente assintomática com PCR-RT positiva, internada devido a descompensação de cardiopatia congênita.

O agente patogênico da COVID-19 é o coronavírus 2, responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS-CoV-2) e homólogo ao SARS-CoV.  Sua transmissão se faz de pessoa a pessoa, através das gotículas respiratórias produzidas pela tosse e pelo espirro, e se dá na fase sintomática da doença. Cada pessoa infectada é capaz de contaminar outras 2 ou 3.  Estudos recentes demonstraram que a transmissão da COVID-19 pode ocorrer a partir de indivíduos contaminados e assintomáticos. Mas, até o momento, esta possibilidade permanece controversa.

Os 455 contatos expostos foram os sujeitos da pesquisa, sendo divididos em 3 grupos: 35 pacientes, 196 familiares e 224 profissionais da saúde. 

A mediana de contato foi de 4 dias para os pacientes e 5 para os familiares. 25% dos pacientes eram portadores de doença cardiovascular. Excluindo os funcionários do hospital, os pacientes e familiares cumpriram a quarentena.  Durante este período, 7 pacientes e 1 familiar apresentaram leves sintomas respiratórios e febre. A Tomografia Computadorizada (TC) de tórax de todos os 455 contatos não demonstrou nenhum sinal compatível com COVID-19. A SARS-CoV-2 não foi diagnosticada em nenhum deles.

Dos 231 indivíduos em quarentena (196 membros da família e 35 pacientes), 229 a ultrapassaram sem problemas e 2 deles morreram devido a insuficiência cardíaca grave. Todos os 455 contatos testaram negativo para o SARS-CoV-2. Isto ilustra que não houve contaminação entre os contatos em um espaço relativamente denso (hospital).  Todos os contatos cumpriram rigorosamente as normas de proteção. Embora se saiba que existe risco de transmissão da COVID-19, mesmo com todas as medidas protetoras  rigorosamente cumpridas, sabe-se que a transmissão da doença é feita pessoa a pessoa através das gotículas expelidas pela tosse ou pelo espirro. Trabalhos anteriores demonstraram que a carga viral em amostras do trato respiratório em pacientes assintomáticos foi semelhante à carga viral dos pacientes com sintomas. Outros autores, dessa e de outras publicações, sugerem que a carga viral em portadores assintomáticos possa ser mais baixa. Além do mais, embora o ácido nucleico patogênico possa ser identificado em amostras do trato respiratório de portadores assintomáticos, a oportunidade de transmissão é menor já que estes pacientes tossem e espirram menos.

A infectividade dos portadores assintomáticos do SARS-CoV-2 é fraca.  O resultado desse estudo pode mitigar nossas preocupações a respeito dos infectados assintomáticos. Mas, no momento, a prevenção e as medidas de controle devem ser mantidas.

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