Evidências Covid 19

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Como a COVID-19 afeta crianças com doenças reumáticas?

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Implicações da COVID-19 na reumatologia pediátrica

FAULHABER, Maria Cristina Brito

BATU, E.D.; ÖZEN, S. Implications of COVID-19 in pediatric rheumatology. Rheumatol Int. v. 40, n. 8, p. 1193-1213, ago. 2020. Doi: 10.1007/s00296-020-04612-6. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32500409/

O artigo tem como objetivo fornecer uma visão geral da pandemia por COVID-19 sob a perspectiva do reumatologista pediátrico. A revisão sistemática da literatura avaliou 231 pacientes com doenças reumáticas que apresentaram COVID-19, entre as quais apenas uma era criança, com seis meses, com doença de Kawasaki. A taxa de mortalidade foi de 3,9% em decorrência da COVID-19. Embora a infecção por SARS-CoV-2 seja leve na maioria dos pacientes afetados, em alguns casos pode causar sintomas clínicos graves, como síndrome do desconforto respiratório agudo ou tempestade de citocinas, levando à morte. A tempestade de citocinas resulta da ativação imunológica descontrolada que leva à hiper-inflamação e doença de múltiplos órgãos. Até o momento, os dados atuais não comprovaram que imunossupressão seja um fator de risco específico para doença grave como SARS. Muitos dos medicamentos que estão sendo testados no tratamento de COVID-19 são os mesmos usados pelos pacientes com doenças reumáticas.

A doença reumática subjacente mais comum foi lupus eritematoso sistêmico (LES) (n=117) seguido por artrite reumatoide (n=45).

A razão exata pela qual as crianças são menos afetadas ainda não foi esclarecida. Fatores que podem explicar este fato: 1) Crianças viajam menos que os adultos, o que pode ser uma proteção; 2) Crianças não fumam e o trato respiratório é menos exposto à poluição do ar; 3) Comorbidades como hipertensão e diabetes mellitus tipo 2 não são frequentes entre elas; 4) As vias respiratórias superiores das crianças são geralmente colonizadas com uma variedade de micro-organismos que podem competir com SARS-CoV-2; 5) A resposta imune inata é mais robusta enquanto o sistema imunológico adquirido (ou adaptativo) é mais imaturo em comparação com adultos – esta última requer exposições anteriores aos antígenos e portanto leva tempo para se desenvolver após o primeiro contato com um novo invasor; 6) O padrão de expressão de ACE2 (proteína presente no organismo que participa do sistema renina-angiotensina promovendo vasodilatação e diminuição da pressão arterial) pode ser diferente em crianças e 7) Algumas vacinas infantis podem fornecer um efeito protetor contra COVID-19.

São citadas duas vacinas capazes de reduzir os danos causados por COVID-19: BCG e MMR. Análises epidemiológicas mostraram que a incidência de COVID-19 e a taxa de mortalidade foram significativamente menores em países com programas de vacinação BCG. Após vacinação com MMR constatou-se em alguns casos que os títulos de IgG contra a rubéola aumentaram na infecção por SARS-CoV-2, sugerindo uma homologia estrutural entre rubéola e SARS-CoV-2. Surgindo uma vacina contra COVID-19 é importante analisar a resistência cruzada com outras vacinas, além de levar em conta não ser possível prever a rapidez com que o sistema imunológico desenvolverá uma resposta que irá proteger contra a COVID-19 (se houver).

É abordado ainda o tratamento de COVID-19 em pacientes com doenças reumáticas: a) drogas antivirais não foram eficazes; b) anti-inflamatórios não esteróides: apenas um estudo demonstrou que ibuprofeno poderia aumentar a expressão de ACE2; c) glicocorticóides: metilprednisolona parece diminuir o risco de morte em pacientes com síndrome de dificuldade respiratória aguda; d) hidroxicloroquina: usada no tratamento de LES, tem diversos efeitos colaterais; e) inibidores da janus quinase: enzimas pouco usadas em pediatria no tratamento de artrite idiopática juvenil; f) drogas dirigidas a citocinas; g) plasma convalescente: imunização passiva, necessita de estudos pareados.

Embora a doença geralmente tenha um curso leve em crianças, elas não são imunes à COVID-19 e diferentes manifestações clínicas como a síndrome de Kawasaki têm sido relacionadas à infecção por SARS-CoV-2.

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