Evidências Covid 19

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Como a COVID-19 se manifesta nas imagens radiográficas e na clínica em crianças com pneumonia?

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Características Radiográficas e Clínicas de Crianças com Pneumonia pela Doença por Coronavírus (COVID-19)

FAULHABER, Maria Cristina Brito

Li, Bo; et al. Radiographic and clinical features of children with coronavirus disease (COVID-19) Pneumonia. Indian Pediatr, v. 57, n. 5, p. 423-426, may. 2020. DOI: 10.1007/s13312-020-1816-8. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32255437

O objetivo deste estudo retrospectivo foi revisar dados clínicos e alterações encontradas na tomografia computadorizada de tórax (TCT) em crianças com pneumonia por COVID-19 entre janeiro e março de 2020, atendidas no Yichang Central People’s Hospital, na China.

História epidemiológica de viagem/contato com pacientes de Wuhan e resultado laboratorial com PCR positivo foram os critérios de inclusão. Ambos os valores de elevação de PCR como de VHS foram considerados leves.

TCT pode identificar lesões com maior acurácia, inclusive pneumonias virais. Há poucas publicações sobre alterações tomográficas em crianças com COVID-19.

Foram avaliados: sexo, idade, desconforto faríngeo, tosse, expectoração, congestão torácica, mialgia e dor abdominal ou diarreia, além dos sinais vitais: frequência cardíaca, temperatura corporal, frequência respiratória e pressão arterial.

Todas as crianças fizeram TCT sem contraste, as com mais de três anos deitadas de face para cima e as menores dormindo, sendo os resultados avaliados por dois radiologistas seniores. O exame foi feito em média três dias (intervalo de zero a onze) após o início dos sintomas.

As alterações mais importantes foram: áreas de opacidade em vidro fosco (14%), áreas com padrão de pavimentação em mosaico (9%), áreas de consolidação (32%) e áreas com lesão mista (36%).

Em relação aos segmentos pulmonares envolvidos 68% foram bilaterais, 45% subpleurais, 41% mistos, 23% unilaterais e 5% centrais. O lobo inferior direito foi comprometido em 41% dos casos e o lobo superior esquerdo em 27%. Quanto ao padrão de distribuição 68% foram multifocais (com aumento dos gânglios linfáticos), 14% focais e 9% difusos.

Todas as análises estatísticas foram feitas usando SPSS software versão 18.0.

Entre os 22 pacientes com COVID-19 confirmada, 12 eram meninos, com idade média de 8 anos, 64% apresentaram febre e 59% tosse; duas crianças não apresentaram nem sinais clínicos nem alterações tomográficas apesar do PCR positivo.

Não obstante a manifestação clínica poder ser apenas uma leve elevação da temperatura, anormalidades pulmonares puderam ser observadas na maioria dos pacientes e a TCT foi inicialmente negativa em 9% dos casos. Nos estágios iniciais a COVID-19 reflete danos pulmonares intersticiais, ou seja, do tecido de sustentação de um órgão, como espessamento dos septos interlobulares e presença de opacidades em vidro fosco. No edema alveolar, a saída de líquidos orgânicos através das paredes celulares e o sangramento podem se manifestar em diferentes graus de opacidade em vidro fosco na TCT, pois a inflamação envolve alvéolos. Em mais de um terço dos casos as alterações pulmonares anormais foram uma mistura de opacidade em vidro fosco e consolidações, implicando numa rápida progressão para pneumonia, talvez por uma menor resposta imunológica da criança em relação aos adultos. Após a alta, as imagens tomográficas mostraram permanência de espessamento do septo lobular, dilatação subpleural bronquiolar distal e faveolamento, que consiste na formação de cistos pulmonares criados pela destruição de espaços aéreos, representando o estágio final de fibrose. Ao contrário de adultos, 55% dos casos envolveram menos de três segmentos pulmonares.

Entre as limitações do estudo temos o baixo número de casos na amostra, evidenciando a necessidade de acompanhar as crianças longitudinalmente, realizando TCT. Assim aprenderemos mais sobre o curso da doença, melhorando futuros tratamentos e reabilitação. 

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Como a epidemia da Covid-19 atua em crianças e adolescentes?

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Epidemiologia da COVID-19 entre crianças na China

FAULHABER, Maria Cristina Brito

DONG, Y.; et al. Epidemiology of COVID-19 Among Children in China. Pediatrics, v.145, n.6, p. e20200702, Jun. 2020. DOI: 10.1542/peds.2020-0702. Disponível em: http://pediatrics.aappublications.org/content/145/6/e20200702

O artigo objetiva identificar características epidemiológicas e de transmissão de COVID-19 na China, em pacientes pediátricos, com idade inferior a 18 anos.

O Chinese Center for Disease Control and Prevention, em janeiro de 2020 identificou COVID-19 numa amostra broncoalveolar como causa da doença; em fevereiro a OMS a denominou COVID-19. Apesar da disseminação mundial, os padrões epidemiológicos e clínicos do COVID-19 permanecem obscuros, particularmente entre crianças.

Foram incluídos 2135 pacientes notificados de 16 de janeiro a 8 de fevereiro de 2020.

Os casos iniciais foram diagnosticados com base em manifestações clínicas e história de exposição de 2 semanas a COVID-19 ou residir em área epidêmica, viver em comunidade com caso detectado ou residir em área não epidêmica sem caso como tendo alto, médio ou baixo risco, respectivamente. Alto risco inclui pelo menos 2 critérios: 1) febre, sintomas digestivos e respiratórios ou fadiga; 2) leucometria normal ou diminuída ou aumento da PCR ou dos linfócitos; 3) alteração no Rx de tórax. Casos suspeitos tornaram-se confirmados por: 1) amostras nasais, faríngeas ou positivas; 2) sequenciamento genético de amostras sanguíneas ou respiratórias por homólogo ao COVID-19.

Critérios para severidade: 1) Infecção assintomática: Rx de tórax normal, com teste positivo para COVID-19; 2) Infecção leve: sintomas respiratórios superiores (febre, fadiga, mialgia, tosse, dor de garganta, coriza e espirros). Ausculta normal. Podem ocorrer sintomas digestivos; 3) Infecção moderada: febre frequente e tosse; alguns apresentam sibilos; 4) Infecção grave: sintomas respiratórios precoces, como febre e tosse com sintomas gastrointestinais. A doença progride geralmente em 1 semana com dispneia e cianose. Saturação de O2 < 92% com hipóxia; 5) Infecção crítica: pode progredir rapidamente para síndrome de angústia respiratória aguda, podendo também ter choque, encefalopatia, lesão miocárdica ou insuficiência cardíaca, coagulação intravascular disseminada e falência renal.

As variáveis foram idade, sexo, data do início da doença e do diagnóstico e local da notificação; análise estatística com testes א2 e Fischer.

Casos confirmados laboratorialmente corresponderam a 34,1% e 65,9% suspeitos; idade média de todos os pacientes de 7 anos, (2 a 13 anos), com 56,6% meninos. Na severidade, incluindo confirmados e suspeitos, 4,4%, 51% e 38,7% diagnosticados como assintomático, leve ou moderado, respectivamente, perfazendo 94,1% do total. Cerca de 46% da província de Hubei. As proporções de casos graves e críticos foram 10,6%, 7,3%, 4,2%, 4,1% e 3,0% para crianças <1, 1 a 5, 6 a 10, 11 a 15 e 16 anos, respectivamente. A mediana entre o início da doença e o diagnóstico foi 2 dias (0 a 42 dias).

Trata-se do primeiro estudo retrospectivo sobre características epidemiológicas e transmissão em crianças (criança-criança e criança-família). Ficou evidenciada a transmissão pessoa-pessoa, relatada em trabalhos com adultos. Apenas uma criança faleceu, a maior parte dos casos leve, sendo os graves e críticos (5,8%) bem inferiores aos de adultos (18,5%). As evidências sugerem que as manifestações clínicas são bem menos graves do que em adultos.

Especula-se que a gravidade ser bem menor em crianças possa estar relacionada com exposição e hospedeiro. Por permanecerem mais tempo em casa estariam menos expostas. No inverno, estão mais susceptíveis às infecções respiratórias, tendo mais anticorpos contra vírus. Casos graves e críticos ocorreram mais nos suspeitos que nos confirmados. Resta determinar se o agente etiológico seria 2019-nCoV ou outros.

Os pontos fortes deste estudo são: ser uma avaliação nacional, constatar severidade significativamente menor que em adultos, além da mortalidade muito inferior. Os pontos fracos, são não ter avaliado período de incubação e constatar que vários casos suspeitos podem ter sido causados por outras infecções respiratórias. A transmissão entre humanos ficou fortemente evidenciada, pois a maior parte das crianças não frequentou o Huanan Seafood Wholesale Market.

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