Evidências Covid 19

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Como se apresenta e evolui a redução do olfato nos pacientes com COVID-19 ?

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Avaliação olfativa objetiva de perda de olfato auto-relatada numa série de casos de 86 pacientes com COVID-19

FAULHABER, Maria Cristina Brito

LECHIEN, J.R.; et al. Objective olfactory evaluation of self-reported loss of smell in a case series of 86 COVID-19 patients. Head & Neck., v. 42, n. 7, p. 1583-1590, Jun. 2020 Doi: 10.1002/hed.26279 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32437033/

O objetivo do artigo é investigar disfunção olfatória (DO), através de testes psicofísicos e de questionários respondidos online, em indivíduos que tiveram COVID-19. Pessoas com DO diminuem sua ingestão alimentar, são mais propensas a acidentes pessoais e de trabalho (ex.: não percepção de vazamento de gás, demora na identificação de focos de incêndio, etc.).

Desde o início da pandemia mais de 66% dos pacientes na Europa e nos Estados Unidos relataram algum grau de alteração do olfato.

Foram incluídos neste estudo apenas aqueles que tiveram o teste RT-PCR positivo ou a sorologia IgG ou IgM positivos, sendo excluídos todos que apresentavam antecedente de doença e/ou cirurgia nasal, DO antes da pandemia, rinossinusite crônica e trauma craniano ou cervical.

As variáveis estudadas incluíram sexo, idade, etnia, comorbidades do paciente e uso de medicamentos.

Os sintomas foram coletados e graduados (de 0 = nenhum sintoma a 4 = sintoma grave): tosse, dor no peito, dispneia, dor de cabeça, febre, fadiga, perda de apetite, mialgia, artralgia, náusea, vômito, diarreia, expectoração produtiva, manifestações cutâneas (urticária), conjuntivite, obstrução nasal, gotejamento pós-nasal, rinorréia, dor de garganta, dor facial, dor de ouvido, disfagia, disfonia e disgeusia, esta última definida como diminuição do paladar para salgado, doce, amargo e azedo.

O impacto da COVID-19 nos sintomas nasossinusais foi avaliado através do SNOT-22 (22 item sinonasal outcome test), questionário usado na avaliação da qualidade de vida dos pacientes com rinossinusite.

Para avaliação psicofísica olfativa foi usado o teste Sniffin’ Sticks, teste objetivo validado de DO que permite a avaliação olfativa do paciente por meio de 3 subtestes: teste de limiar, teste de identificação e teste de discriminação de odores. De acordo com os resultados os pacientes foram classificados como normósmico (olfato normal, pontuação entre 12 e 16), hipósmico (olfato diminuído, pontuação entre 9 e 11) ou anósmico (sem olfato, pontuação 8 ou menos). 

Um total de 86 pacientes concluíram o estudo, 65,1% mulheres, idade média entre 42 ± 12 anos, sendo as patologias mais comuns refluxo, asma e rinite alérgica. Os sintomas gerais mais comuns apresentados durante o curso clínico foram: fadiga (72,9%), dor de cabeça (60%), tosse (48,6%) e mialgia (42,9%). Os sintomas otorrinolaringológicos mais comuns foram obstrução nasal (58,6%), gotejamento pós nasal (48,6%) e disgeusia (47,1%).

A pontuação média do teste Sniffin’ Sticks foi de 9 ± 4. Entre os 86 pacientes, 41 (48%) foram anósmicos e 12 (14%) hipósmicos. Curiosamente, estes 62% não apresentavam sintomas de inflamação nasal, reforçando a necessidade de futuros estudos para esclarecer os mecanismos fisiopatológicos subjacentes ao desenvolvimento de anosmia em COVID-19. Um total de 33 (38%) de pacientes que relataram perda do olfato foram objetivamente normósmicos. No grupo anósmico, 26 (78,8%) relataram perda total do olfato. As durações médias de DO no momento das avaliações foram 17 ± 11 para pacientes anósmicos e 18 ± 11 dias para hipósmicos. A duração média de DO de pacientes normósmicos foi de 17 ± 11 dias.

Um achado importante deste estudo é o fato da DO estar relacionada à inflamação da mucosa, levando à obstrução, rinorréia e gotejamento pós nasal. Em alguns casos a DO parece estar relacionada a outros mecanismos, como uma propagação neural do vírus para o neuroepitélio e o bulbo olfatório. Já foi demonstrado que o coronavírus pode ser detectado na secreção nasal de pacientes com DO.

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