Combatendo a COVID-19 e Construindo Resiliência Imune: Um Papel Potencial para a Nutrição de Magnésio?
QUINTELLA, Patricia
TAYLOR C Wallace. Combating COVID-19 and Building Immune Resilience: A Potential Role for Magnesium Nutrition? J Am Coll Nutr, v.39, n.8, p. 685-693, nov.-Dec.2020. DOI:10.1080/07315724.2020.1785971 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32649272/
Nesta revisão, é demonstrado o papel bioquímico que o magnésio desempenha na patogênese da COVID-19, e sua relação com interleucina-6, importante alvo para o tratamento da doença. Monitorar positivamente o status do íon magnésio se mostra uma estratégia eficaz para influenciar a contração e a progressão da doença.
É fundamental que a terapia nutricional seja implantada rápida e adequadamente, evitando o impacto negativo da desnutrição em pacientes com infecção. Múltiplos micronutrientes (vitaminas C e E, cobre, zinco e outras substâncias) têm sido recomendados para a mitigação e o tratamento adjuvante da resposta inflamatória induzida pela COVID-19. Porém, duas características são relevantes para o aspecto nutricional, em relação ao magnésio: a tempestade de citocinas, manifestada pela elevação da interleucina-6 e da proteína C reativa, e a hipocalemia. Nesta perspectiva, justifica-se que o monitoramento do status do magnésio, e sua reposição, possam influenciar a resiliência imunológica, bem como a morbimortalidade do paciente.
O coronavírus tem sido responsável por complicações clínicas generalizadas e alterações metabólicas profundas, devido às ações de citocinas pró-inflamatórias. A deficiência subclínica de magnésio está associada ao aumento na inflamação crônica de baixo grau, através de marcadores de disfunção endotelial (interleucina-6, fator de necrose tumoral-α, proteína c reativa, entre outros). Ao mesmo tempo, as defesas antioxidantes do corpo se esgotam em resposta às citocinas elevadas, resultando em aumento do processo inflamatório e do dano tecidual. A resposta imunológica exerce alto custo metabólico e nutricional para um indivíduo com COVID-19, que depende principalmente de vitaminas e minerais essenciais para atender às necessidades bioquímicas.
A presente revisão demonstra a prevalência de alterações nutricionais entre pacientes com COVID-19, que apresentam deficiências subclínicas de magnésio, hipocalemia secundária a hipomagnesemia e deficiência leve de vitamina D. Por ser o magnésio raramente monitorado no ambiente clínico, a hipomagnesemia dificilmente é detectada, mas tem sido demonstrada sua contribuição para o desenvolvimento e para a gravidade da hipocalemia. Dados clínicos são sugestivos do impacto negativo para o sistema imunológico causado pela cascata de citocinas inflamatórias, influenciada pelo déficit desses nutrientes, de forma isolada ou simultânea.
O autor do estudo recomenda a inclusão de alimentos que sejam fonte de magnésio e pequena suplementação, na prevenção e no tratamento durante os estágios iniciais da COVID-19 (quando os sintomas são leves) com potencial benéfico para o paciente. Quando possível, preferir a medição de magnésio iônico total no sangue, por ser um indicador mais sensível do que magnésio sérico. A vitamina D demonstrou reduzir o risco de infecções através de vários mecanismos, sendo sugestiva a suplementação de uma quantidade mínima diária, ou conforme prescrição médica.
Consumir alimentos ricos em nutrientes seguindo as diretrizes dietéticas é fundamental para apoiar a resiliência do sistema imunológico.