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Impacto da infecção de COVID-19 nos desfechos da gravidez e o risco de transmissão intraparto maternal-a-neonatal da COVID-19 durante o nascimento natural.

DAMASCENO, Patricia Salles

KHAN, Suliman; et al. Impact of COVID-19 infection on pregnancy outcomes and the risk of maternal-to-neonatal intrapartum transmission of COVID-19 during natural birth. Infection Control & Hospital Epidemiology. Cambridge, v. 41, n.6, p. 748-750, jun, 2020. doi: 10.1017/ice.2020.84. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32279693/.

Desde seu surgimento em Wuhan, China, em dezembro de 2019, a pneumonia atípica causada pelo vírus SARS-CoV-2 é altamente infecciosa e se espalhou rapidamente pelo planeta com perdas em todo o mundo. Estudos têm focado nos efeitos da COVID-19 na população em geral, tornando escassos dados na gravidez de mulheres portadoras. Estudos anteriores relataram os resultados materno-neonatais e o potencial de transmissão vertical da pneumonia por COVID-19 apenas em mulheres com partos cirúrgicos. Também foram excluídos os profissionais de saúde.

O estudo em tela selecionou três gestantes  (n = 3) com SARS-CoV-2 confirmado em 2020 por teste de swab nasal, e com partos vaginais no Hospital Renmin no dia da internação. Todas relataram contato com portador de COVID-19. Os pesquisadores mantiveram inclusos os profissionais de saúde. O estudo considerou para diagnóstico da pneumonia por COVID-19 a 4ª edição do Programa de Controle e Prevenção de Pneumonia por Coronavírus, publicado pela Comissão Nacional de Saúde da China. Os testes maternos positivos usaram reação em cadeia da polimerase da transcriptase reversa quantitativa (qRT-PCR), com amostras coletadas na nasofaringe e amostras de sangue. Para determinar a infecção neonatal com COVID-19, amostras de swabs de sangue do cordão e garganta neonatal foram coletadas até doze horas após o parto vaginal. O protocolo do estudo foi aprovado pelo comitê de ética do hospital Renmin, em Wuhan.

O caso 1 descreve primípara de 28 anos, com 34 semanas e 6 dias de gestação. Admissão em 28 de janeiro, com queixa de febre e tosse. Temperatura corporal de 37,3°C. Swab positivo para SARS-CoV-2. O bebê nasceu prematuro por via vaginal, com escores de Apgar de 8 e 9 no primeiro e quinto minutos, respectivamente. Pesava 2.890 gramas e media 48 cm. Com testagem negativa para SARS-CoV-2, ficou em observação em unidade neonatal. Para prevenir e controlar a infecção, a puérpera recebeu azitromicina endovenosa, cápsulas orais de Lianhua Qingwen (medicina chinesa) e antivirais de andoseltamivir.

 O caso 2 é relativo a uma primípara de 33 anos com 39 semanas de gestação. Ela foi internada em 22 de fevereiro, apresentando febre e tosse. Sua temperatura corporal era de 37,6°C. O bebê tinha índice de Apgar de 9 a 10, peso de 3.500 g, media 50 cm e testou negativo para SARS-CoV-2. A puérpera recebeu antibióticos, medicamentos antivirais e inalação intermitente.

O caso 3 corresponde a uma primípara com 27 anos e 38 semanas de gestação. Internou no hospital em 1º de março, com tosse e aperto no peito. Os batimentos cardíacos fetais e a ultrassonografia foram satisfatórios. Nasceu um bebê a termo, Apgar 9 e 10, peso de 3.730 g e medindo 51 cm. Com swab negativo, foi transferido para a enfermaria pediátrica para observação. A paciente recebeu antibióticos, medicamentos antivirais, fármaco da medicina chinesa e oxigenoterapia intermitente.

Nesse estudo de caso clínico com três grávidas com pneumonia sintomática por COVID-19, submetidas a partos vaginais, apenas o caso 1 teve um bebê prematuro. Entretanto, esse concepto apresentou resultado negativo para SARS-CoV-2, o que sugere que o parto prematuro não foi causado pela transmissão vertical da SARS-CoV-2. A prematuridade pode ter relação com o estresse psicológico associado a COVID-19. Não observou-se óbitos ou natimortos. Os pesos de nascimento neonatal variaram de 2.890 Kg  a 3.730 Kg; os comprimentos de nascimento neonatal variaram de 48 cm a 51 cm. Os três neonatos tiveram escores normais de Apgar e resultado negativo para SARS-CoV-2. Considerando o tamanho da amostra, incentiva-se estudos com amostras quantitativas mais significativas para identificar a possibilidade de transmissão vertical de COVID-19 no segundo e terceiro trimestre de gravidez e possíveis desfechos adversos na gravidez. Não observou-se nesse estudo transmissão vertical entre os bebês nascidos por via vaginal. Também não foram encontradas evidências de transmissão intra-parto vaginal materno-neonatal de COVID-19.

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