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Mantendo assistência obstétrica de qualidade em uma pandemia e além

DAMASCENO, Patrícia Salles

RENFREW, Mary J. et al. Sustaining quality midwifery care in a pandemic and beyond. Midwifery. Edimburgo, v. 88, May. 2020. DOI: 10.1016/j.midw.2020.102759.  Disponível em:   https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0266613820301315?via%3Dihub

Mudanças emergiram no ambiente da saúde com o avanço da COVID-19. Medidas protetivas restringiram direitos de mulheres, bebês e famílias em maternidades, em prol de usuários e profissionais. São propostos princípios-chave para medidas de segurança baseadas em evidência. Busca-se equilíbrio entre qualidade, necessidades de saúde pública e direitos humanos.

A pandemia da COVID-19 no mundo trouxe mudança na prioridade nos serviços de saúde, levando a restrição de direitos de mulheres, recém-natos e famílias visando à segurança. Em nome desta, muitos serviços foram desativados, comprometendo a qualidade da assistência. Todavia, equilibrar restrições, mantendo decisões embasadas em evidências, torna possível manter a qualidade e proteger usuários e equipes de saúde, e não comprometer resultados futuros. Com esse objetivo, aqui seguem propostas que entremeiam a qualidade, as necessidades de saúde pública e os direitos humanos em maternidades.

Apesar do breu inicial, informações têm sido geradas rapidamente pela comunidade científica, adaptando linhas de cuidado na perspectiva da COVID-19. Na gestão em saúde, gerentes e governos adaptam seus serviços e políticas. Essa resposta, porém, não pode gerar riscos aos sistemas e práticas fundamentais à sobrevivência, à saúde e ao bem estar.

Mesmo com muitas mulheres e bebês sadios, a prevenção à COVID-19 se sobrepõe nas  maternidades no Reino Unido e em outros países. Documentos internacionais evidenciam redução de direitos perinatais. Suspensão do alojamento conjunto, aumento da medicalização e de cesarianas, serviços perinatais de forma remota, fechamento de serviços de banco de leite são exemplos. Ainda, há redução nas equipes das maternidades por remanejamento, doença ou auto isolamento, limitando a assistência.

Dada a crise, não surpreende o retorno a velhos padrões de comando e controle, com tomadas de decisão intuitivas em detrimento da racionalidade, arriscando ganhos importantes em segurança, qualidade, pessoalidade do cuidado com mulheres, bebês e família. A base para a tomada de decisões deve ser pautada pelas evidências sobre a doença e pela qualidade no cuidado conjuntamente. A qualidade ainda importa, e as parteiras importam mais do que nunca.

A pandemia ameaça melhorias dos últimos 30 anos, no que tange a sobrevivência, a saúde e o bem-estar de mulheres e recém nascidos. Aspectos como: a continuidade do cuidado; parteiras no cuidado integral centrado nas mulheres; fortalecer processos de parto normal e evitar intervenções desnecessárias; promoção do contato e apego pele a pele; amamentação exclusiva; e apoio à saúde mental das mulheres. Nesses tempos, a saúde mental está potencialmente abalada por medo e ansiedade gerada pela pandemia.

Restrições são flexibilizadas à medida que práticas baseadas em evidência para segurança com COVID-19 são somadas às práticas de segurança e qualidade também baseadas em evidência já vigentes, e não em detrimento destas. O sistema de saúde deve manter o suporte aos profissionais da área. Assim, se evitarão óbitos de mulheres e recém nascidos por causas preveníveis.

A melhor perspectiva de ação deve alinhar os interesses de mulheres, famílias e profissionais de saúde com as restrições impostas pela pandemia, e assim mitigar os impactos da COVID-19 em minorias do Reino Unido (Grupo BAME).  Estudos publicados pelo Sistema de Vigilância em Obstetrícia já mostram que o grupo BAME está em maior risco.

Áreas onde não houve o pico podem aprender com as experiências de países onde a epidemia avançou e estabilizou.

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