BARACCHINI, Claudio; et al. Acute stroke management pathway during Coronavirus-19 pandemic. Neurological Sciences, v. 41, n. 5, p. 1003-1005, May 2020. Doi:10.1007/s10072-020-04375-9. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32270359/
Os autores, do hospital universitário de Pádua, Itália, apresentam um protocolo desenvolvido no início da pandemia da COVID-19, para pré-triagem e atendimento ao paciente com Acidente Vascular Cerebral (AVC) agudo.
O objetivo da implementação do protocolo é manter a proteção da Unidade de AVC e pessoal contra a Infecção por COVID-19 e também permitir um acesso aberto contínuo a todas as vítimas de Acidente Vascular Cerebral, incluindo as provenientes de hospitais de referência.
No protocolo prévio à pandemia da COVID-19, quando um paciente com suspeita de AVC chega ao pronto-socorro, a equipe de AVC avalia a necessidade de terapias hiperagudas e facilita o transito rápido à Unidade de AVC e ou a Unidade de Neuroradiologia onde o tratamento pode ser efetivado; neste caminho também se dá a transferência inter-hospitalar dos pacientes que estão além da fase hiperaguda.
Com o início da pandemia foi instalado um ponto de acesso com uma pré-triagem fora do Departamento de Emergência, que possui uma unidade móvel de tomografia computadorizada para ser usada por pacientes com diagnóstico prévio de COVID-19 ou com suspeita de estarem com a mesma.
Na pré-triagem, a equipe paramentada com EPI define a elegibilidade para terapia hiperaguda do AVC, e define três possibilidades: se o paciente não apresenta sinais de infecção por COVID-19; se é suspeito de infecção por COVID-19; ou se é previamente portador de COVID-19.
O paciente sem esta doença, sendo elegível para trombólise venosa ou trombectomia, segue o protocolo padrão sendo internado na Unidade de AVC.
No paciente com suspeita de COVID-19, são colhidos swabs nasofaríngeos, e enquanto se aguarda o resultado, são realizados os exames na unidade neuroradiológica externa. Se for elegível a trombólise intravenosa, segue o protocolo padrão e aguarda o resultado da COVID-19 em uma área separada com essa finalidade, ficando monitorizado pela equipe de AVC. Se esse paciente tiver oclusão de grandes vasos, com indicação de tratamento endovascular, os profissionais são alertados para a necessidade do uso de EPI adequado. Após o procedimento, se o resultado da COVID-19 for negativo, o paciente é transferido para a Unidade de AVC ou Unidade Neurointensiva, conforme a necessidade; se positivo, segue a transferência padrão para COVID-19.
O paciente com diagnóstico prévio de COVID-19 é encaminhado à unidade neuroradiológica fora da Emergência; se for elegível realiza a trombólise; nas oclusões de grandes vasos, a neuroradiologia é previamente alertada para a utilização de EPI, e no final do procedimento segue para a área de doenças infecciosas ou unidade intensiva dedicada a pacientes com COVID-19.
O protocolo é bastante simples e pode ser usado por hospitais de referência com Unidade de AVC. Também pode ser adaptado para outras patologias, como trauma por exemplo, porém, demanda recursos financeiros para a instalação de uma Unidade de Neuroradiologia externa ao hospital.