LOPEZ BERNAL, J. et al. Effectiveness of Covid-19 Vaccines against the B.1.617.2 (Delta) Variant. N Engl J Med., v. 385, n. 7, p. 585-594, Aug. 2021 [Epub 2021 Jul 21]. Doi: 10.1056/NEJMoa2108891. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34289274/
Os autores estudaram a eficácia das vacinas BNT162b2 (Pfizer-Biontech) e ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) na prevenção da infecção sintomática pela variante Delta (B.1.617.2) do vírus SARS-CoV2, causador da Covid-19.
Para o estudo, foi utilizada a base de dados do Sistema de Gestão de Imunização Nacional (National Immunisation Management System) da Inglaterra e os dados dos exames de PCR realizados no período de outubro de 2020 a Maio de 2021 em pacientes sintomáticos que procuraram atendimento. A identificação das infecções pela variante Delta foi inicialmente realizada por sequenciamento genético, realizado em 10% das amostras em fevereiro de 2021 e chegando a 60% em maio de 2021. Também foi usada para identificação das variantes Alfa e Delta o teste TaqPath (Thermo Fisher Scientific) de três proteínas alvo: spike (S), nucleocapsideo (N) e OFR1ab. A observação de que a variante Alpha demonstra resultado negativo e a variante Delta resultado positivo na pesquisa da proteína S também foi utilizada para identificação da variante causadora da infecção.
Os pesquisadores observaram que a variante Delta teve sua incidência crescente mais ao final do período de estudo, tendo sido responsável por 72% das amostras positivas em abril de 2021 e por 93% em maio de 2021.
Para avaliar a eficácia das vacinas, os pesquisadores compararam os resultados de todos os testes de PCR registrados no sistema nacional com o estado vacinal do indivíduo no momento do exame. Foram identificados 19.109 testes PCR positivos, 14.837 da variante Alfa e 4.272 da variante Delta.
Para analisar a eficácia da vacina em reduzir a infecção, foi utilizada como referência a taxa de positividade dos testes PCR dos indivíduos não vacinados (96.371): relação entre casos (PCR positivo) e controles (PCR positivo). Esta relação foi de 0,076 (7,6 por cento de casos positivos em não vacinados).
Para a variante Alpha, após a 1ª dose da vacina BNT162b2 (Pfizer-Biontech), a redução da taxa de positividade foi de 47,5% e, após a 2ª dose, de 93,7%. Após a 1ª dose da vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) a redução foi de 48,7% e, após a 2ª foi de 74,5%.
Para a variante Delta, após a 1ª dose da vacina BNT162b2 (Pfizer-Biontech) a redução da taxa foi de 35,6% e após a 2ª dose de 88,0%. Após a 1ª dose da vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) a redução foi de 30,0% e após a 2ª de 67,0%.
Considerando-se pacientes imunizados somente com a 1ª dose de qualquer uma das duas vacinas, observou-se uma redução de 48,7% de casos positivos da variante Alpha e de 30,7% dos casos positivos da variante Delta.
Já na análise dos pacientes imunizados com as 2 doses de qualquer uma das duas vacinas, observou-se uma redução de 87,7% de casos positivos da variante Alpha e de 79,6% de casos positivos da variante Delta.
Os dados observados demonstram eficácia discretamente menor das vacinas testadas na prevenção da infecção sintomática contra a variante Delta em comparação com a Alpha, mas ainda assim uma eficácia bastante elevada. Vale destacar que, para a variante Delta, a adição da 2ª dose teve maior impacto no aumento da proteção comparativamente à variante Alpha (aumento de 48,7% para 87,7% para a Alpha e de 30,7% para 79,6% para a Delta).
O estudo tem limitações por ser retrospectivo, observacional e dispor somente de dados de pacientes que apresentaram algum sintoma e por isso os pesquisadores buscaram atendimento (e então realizaram o teste), porém traz informações relevantes acerca da eficácia destes imunizantes contra a variante Delta do SRAS-CoV2.