BUBAR, K. M.; et al. Model-informed COVID-19 vaccine prioritization strategies by age and serostatus. Science. Feb. 2021. DOI: 10.1126/science.abe6959 Disponível em: https://science.sciencemag.org/content/sci/371/6532/916.full.pdf
A síndrome respiratória aguda grave pelo Coronavírus 2 (SARS-CoV-2) vem causando muitas mortes em todo o mundo, criando uma grave crise econômica e de saúde no mundo. Visando reduzir as mortes e a disseminação do vírus, medidas a curto prazo foram estabelecidas, como isolamento social. Entretanto, faz-se necessário implantar medidas para longo prazo, no qual as vacinas são alvos promissores.
O início da vacinação em todo o mundo precisou que decisões, como por quem começar a vacinar, fossem tomadas. Para auxiliar neste contexto, estudos foram desenhados utilizando modelos sobre o impacto da priorização da vacinação. Esses modelos levaram em conta a eficácia geral das vacinas, a diminuição hipotética em eficácia de acordo com a idade, e a capacidade em bloquear a transmissão do vírus. Embora em todo o mundo tenha ficado claro que as primeiras doses das vacinas deveriam ser administradas em profissionais da saúde nas linhas de frente, ainda faltava decidir quem seriam os próximos a receber as doses seguintes.
Estes estudos trabalharam com duas hipóteses, uma centrada em pessoas que tinham maior risco de evoluir clinicamente com gravidade e, possivelmente seguir a evolução para o óbito; e a outra focou em pessoas que representavam maior risco de transmissão para a população. No primeiro grupo ficaram os indivíduos acima de 60 anos, e no segundo grupo pessoas entre 20 anos e 49 anos. Quando os testes foram realizados, simulando regiões com alta transmissão do vírus, os resultados mostraram que, para minimizar as mortes, era indicado priorizar a vacinação de pessoas acima de 60 anos, independentemente da velocidade do processo de vacinação. Já em países com baixa circulação do vírus, para reduzir a transmissão, era indicado vacinar, prioritariamente, pessoas entre 20-49 anos.
Apesar de existirem modelos de estudo para a priorização de vacinas, é importante ressaltar que esse tema não é uma questão apenas para ciência, mas também para a ética. Mesmo os estudos indicando que em países com alta circulação viral é indicado fazer a priorização de pessoas acima de 60 anos, as pessoas com comorbidades também devem entrar como prioridade. Esses estudos têm suas limitações, e devem ser usados como uma orientação, e não como previsão ou estimativa. Por exemplo, foi testada a priorização levando em conta a soro conversão, porém fica claro que este parâmetro é muito complicado para ser usado na análise de priorização da vacinação. Por mais que os modelos tentem, sempre serão mais simplistas frente à realidade de cada país, sendo, portanto, um guia, e não uma determinação autossuficiente para se priorizar a vacinação.