VALIZADEH-HAGHI, S.; KHAZAAL, Y.; RAHMATIZADEH S. Health websites on COVID-19: are they readable and credible enough to help public self-care?. J Med Libr Assoc., v. 109, n. 1, p. 75-83, Jan. 2021 DOI: 10.5195/jmla.2021 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33424467/
O estudo tem como objetivo analisar as informações sobre Covid-19 de sites na Internet. As informações são analisadas quanto a credibilidade e legibilidade. A questão é bem importante, pois há muita informação cientificamente imprecisa ou incompreensível para a população, já que a capacidade de compreensão dessa é variável.
Muitas pessoas consideram a Internet uma boa fonte de informações sobre saúde, podendo estimular estratégias preventivas. Contudo, estudos demonstram que os sites de saúde podem não ser confiáveis, o que aumenta incertezas e ansiedade, tendo efeito contrário na saúde das pessoas. A questão é agravada pela incapacidade da população de distinguir informações verdadeiras ou falsas. Essa dificuldade pode vir também da legibilidade dos sites, que devem ser compreensíveis à pessoas com idade de onze anos para serem consideradas boas. Assim, o objetivo do estudo é avaliar a qualidade e legibilidade das informações sobre Covid-19 na Internet.
Os autores pesquisaram por “coronavírus”, “COVID” e “COVID-19” no Google, tendo removido os cookies do navegador previamente. Os primeiros 30 sites para cada uma das 3 palavras-chave foram examinados, resultando em um total de 90 sites. Excluíram sites em outros idiomas, sites irrelevantes, artigos científicos, duplicados, inacessíveis, sites não baseados em texto e links patrocinados. Assim, 43 sites foram excluídos e 47 avaliados. Foram então divididos em cinco categorias: comercial, noticioso, educacional, governamental e organizacional. Foram utilizadas 4 escalas de legibilidade comummente utilizadas em estudos com esses objetivos. Para verificar a credibilidade das informações dos sites utilizaram a barra de ferramentas HONcode, para identificar sites certificados.
Os sites recuperados que aparecem na primeira página da pesquisa incluíram mais sites certificados pela HONcode do que aqueles na segunda e na terceira páginas. Mesmo assim a maioria dos sites, mesmo na primeira página, não foram oficialmente aprovados. Dentre os 47 sites, apenas 6 eram certificados pelo HONcode, e todos esses comerciais ou organizacionais. A categoria do site, ou sua colocação na página de pesquisa, não mostraram efeito significativo quanto a legibilidade. Não foram identificadas diferenças significativas nas pontuações de legibilidade entre sites certificados ou não pelo HONcode. Entre as organizações internacionais e nacionais, o conteúdo foi considerado de difícil leitura.
O baixo nível de instrução é uma barreira para o acesso a conhecimento. Uma solução imediata seria a utilização de linguagem mais simples, para facilitar a comunicação com uma parcela maior da população para que entenda informações sobre o que pesquisou. Os materiais de educação devem ser facilmente entendidos por uma média de 11 anos de idade ou alunos da sexta série; os resultados do estudo mostram que a legibilidade das informações da COVID-19 em sites é mais avançada do que o recomendado, no nível de alunos do ensino médio ou universitários. Esse resultado é equiparável ao de informações sobre outras doenças.
A partir da análise dos sites por categoria, percebeu-se que todos estavam muito acima do nível de legibilidade recomendável, mesmo os governamentais, que deveriam ser referência. A mesma coisa com órgãos internacionais, com legibilidade dificultada. Em sites comerciais a legibilidade foi melhor, contudo, a qualidade da informação pior. A maioria das pessoas se limita à primeira página dos sites pesquisados, logo esperava-se que a legibilidade fosse maior, o que não aconteceu. Conclui-se que as organizações mundiais e os governos deveriam preocupar-se mais com a qualidade e a legibilidade das informações disponíveis , para que essas possam ser compreendidas e, assim, úteis.