SZMUDA, T.; et al. Readability of online patient education material for the novel coronavirus disease (COVID-19): a cross-sectional health literacy study. Public Health., v.185, p. 21-25, may 2020. DOI: 10.1016/j.puhe.2020.05.04. Disponível em : https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32516624/
A busca por informações sobre saúde na Internet é enorme, e agora, com a pandemia não é diferente. Nesse estudo, buscou-se avaliar a legibilidade das informações online sobre a COVID-19. É o primeiro estudo avaliando especificamente as informações sobre o novo coronavirus nos Estados Unidos.
Primeiramente procurou-se no Google alguns termos-chave. Foram avaliados os 30 primeiros resultados de cada termo. Um total de 150 resultados de pesquisa foram considerados para a análise de legibilidade. Artigos que não estavam em inglês, duplicados, artigos de jornais, artigos de jornais biomédicos, artigos de acesso não aberto (pagos) e sites de estatísticas foram excluídos. A análise foi realizada usando cinco fórmulas de legibilidade: Flesch Reading Ease (FRE), Flesch-Kincaid Grade Level (FKGL), Gunning-Fog Index (GFI), Simple Measure of Gobbledygook (SMOG) Index e Coleman-Liau Index (CLI) . Cada fórmula utiliza critérios diferentes para classificar a dificuldade dos textos.
Dos 150 artigos, 61 foram analisados por atenderem aos critérios de inclusão. A grande maioria dos artigos foi considerado de difícil leitura, com nível de compreensão equivalente a pessoas de 16 a 18 anos (alunos de ensino médio e calouros de faculdade) ou até mais. Considerando-se que nos Estados Unidos (onde a pesquisa foi realizada) a média de compreensão da população equivale à de crianças de 5ª série (11-12 anos), o nível de compreensão está muito elevado. Nenhum artigo atingiu o nível recomendado, e a grande maioria atingiu o nível de muito difícil compreensão.
A conclusão a que o artigo chega é que as informações sobre COVID-19 são de difícil compreensão para a maioria da população. Nenhum dos artigos atingiu o nível de leitura do 5º ao 6º ano (11 a 12 anos) recomendado. A maioria dos artigos (84%) foi designada como muito difícil de ler. Tudo isso torna difícil o acesso à informação sobre a nova doença para a maior parte da população. Essa falta de informação compreensível pode levar a um inchaço ainda maior dos sistemas de saúde, já prejudicados pela doença.
Alguns fatores que contribuem para a dificuldade são frases longas e o vocabulário médico; essa dificuldade desmotiva a leitura por pessoas comuns, além de ocasionar mal entendidos. Essas informações devem ser claras e compreensíveis. Os artigos de saúde destinados ao público geral na Internet são, em sua maioria, de difícil compreensão, e os sobre COVID-19 seguem essa regra. Porém, esse estudo sofre alguns problemas. Primeiramente, o material na Internet é constantemente produzido; assim, limita-se ao que estava naquele momento, que já pode ter mudado. Em segundo lugar, analisou-se apenas material em texto. Infográficos e Vídeos, que costumem ser de mais fácil compreensão, não foram analisados, mas merecem estudos futuros.
O acesso à informação de qualidade pode ser crucial no controle da epidemia. Pessoas bem informadas tendem a seguir as medidas de isolamento, proteção e higiene de forma mais constante e correta, tornando assim essas medidas mais eficazes. Uma população informada, seguindo essas medidas, reduz a carga em cima dos hospitais. Por isso, o artigo termina ressaltando a importância de uma divulgação científica da saúde de forma mais compreensível para a população e cobra medidas de órgãos de importância mundial.