CENA, H.; CHIEPPA, M. Coronavirus Disease (COVID-19–SARS-CoV-2) and Nutrition: Is Infection in Italy Suggesting a Connection? Frontiers in Immunology, v. 11, May 2020. DOI: 10.3389/fimmu.2020.00944 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7221157/pdf/fimmu-11-00944.pdf
A relação entre os alimentos e o sistema imunológico já vem sendo amplamente discutida, e vários estudos têm mostrado alimentos vegetais com potencial imunomodulador. Sabendo que a infecção pelo Coronavírus 2019 ocasiona uma tempestade de citocinas, a qual pode evoluir para as formas mais graves da doença, o presente estudo relaciona alimentos vegetais com efeito na redução da inflamação causada pelo Coronavírus 2019.
Tanto a obesidade como a diabetes são fatores de risco para as formas mais graves da infecção pelo Coronavírus 2019. Uma das explicações para isto está no fato de que ambas, obesidade e diabetes, causam uma desregulação no sistema imunológico, principalmente por aumentarem o perfil pró-inflamatório (aumento de citocinas que levam a inflamação). A tempestade de citocinas que ocorre, principalmente nos pacientes graves com Coronavírus 2019, tende a ser mais intensa em pessoas obesas e/ou com diabetes. Por outro lado, alimentos de origem vegetal possuem substâncias com potencial anti-inflamatório, podendo ser utilizados como adjuvantes durante a infecção pelo Coronavírus 2019.
Uma alimentação equilibrada, com alimentos variados, traz uma boa qualidade de vida, uma vez que, dentre outras coisas, melhora o sistema imune do indivíduo. Os alimentos de origem vegetal (frutas, verduras) são ricos em nutrientes muito importantes para o organismo humano, como diferentes vitaminas e minerais, além de polifenóis. Estes últimos são moléculas com potencial imunomodulador, principalmente, com ação anti-inflamatória (capazes de reduzir a inflamação), e ação antioxidante (reduzem a oxidação celular, que quando é produzida em excesso danifica vários tipos de células). Por tudo isso, e sabendo que a infecção pelo Coronavírus 2019 leva a uma tempestade de citocinas pró-inflamatórias, levando consequentemente a uma desregulação imune, a alimentação destaca-se como uma possível estratégia que possa auxiliar na prevenção e/ou no tratamento das formas leves da infecção pelo Coronavírus 2019.
Enquanto aguarda-se o desenvolvimento de vacinas que gerem proteção contra infeção pelo Coronavírus 2019, e/ou fármacos antivirais eficazes (usados para neutralizar e eliminar o vírus do organismo humano), além de fármacos que possam controlar a tempestade de citocinas (com potencial imunomodulador), a alimentação desponta como um importante adjuvante na prevenção ou no combate a infeção pelo Coronavírus 2019. Os polifenóis dos alimentos vegetais apresentam efeitos imunomoduladores e ações anti-inflamatórias e antioxidantes, podendo por isso ajudar na prevenção da evolução negativa da doença, uma vez que melhora a resposta imune. No tratamento dos pacientes acometidos, podem colaborar como adjuvantes nas formas mais leves da infeção pelo Coronavírus 2019, uma vez que contribuem para reduzir a tempestade de citocinas.
A contribuição positiva do trabalho foi fazer a relação entre o potencial imunomodulador dos alimentos com a infecção pelo Coronavírus 2019. Já a limitação do mesmo foi trazer tópicos como disbiose intestinal, obesidade e diabetes mellitus tipo 2, na busca de relacioná-los como fatores de risco para a infecção pelo Coronavírus 2019, porém sem explicar os mecanismos, tornando o conteúdo mais superficial do que o proposto, podendo confundir quem lê o artigo.