VINER, Russell M.; et al. School closure and management practices during coronavirus outbreaks including COVID-19: a rapid systematic review. The Lancet. Child & Adolescent Health., v. 4, n. 5, p. 397-404, 2020. DOI. 10.1016/S2352-4642(20)30095-X. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32272089
O estudo corresponde a uma revisão da eficácia do fechamento das escolas e práticas de isolamento social escolar durante surtos de coronavírus. Foram analisados 16 artigos e as conclusões não foram unânimes. O estudo indica que a diminuição dos casos é irrelevante se feito isoladamente e que outras medidas devem ser ponderadas em conjunto ao fechamento.
Uma semana após o decreto de pandemia, segundo a ONU, 107 países já haviam implementado o fechamento de escolas. A prática veio das experiências de epidemias de influenza. Mostra-se eficiente, porém perde eficiência se os alunos entram em contato com outras pessoas. O que parece preocupar são as consequências econômicas desse fechamento, já que os pais precisam trabalhar. Por isso, a preferência por suspensões de atividades, e não fechamento.
A pesquisa foi projetada para incluir quaisquer estudos que forneçam dados sobre escolas, porém, ao não encontrar registros no PUBMED com o termo “escola”, buscaram termos como “criança”, “infância”, “lactente”, “bebê” e “pediátrico”. No servidor medRxiv, a pesquisa foi executada pelos termos SARS ou MERS ou coronavírus ou COVID-19. Não foi procurado o termo “escola” pois os autores não consideraram que seria útil. Os artigos foram submetidos a uma triagem tripla e retiraram artigos de opinião, revisões sistemáticas, estudos abordando outros vírus, ambientes de universidades, estudos epidemiológicos que não examinavam os efeitos da intervenção e estudos sem tradução para o inglês.
No PubMed identificou-se 119 artigos; desses, 22 foram avaliados e oito incluídos na revisão. No medRxiv foram 480 artigos, dos quais 36 artigos pré-impressos (preprints) foram avaliados e 6 incluídos. Além disso um estudo de modelagem foi adicionado. No total foram 16 estudos analisados na revisão. Todos os artigos publicados referiam-se ao surto de SARS em 2003; cinco preprints e um relatório diziam respeito à pandemia de COVID-19.
Na China o fechamento das escolas foi implementado junto de um pacote de rigoroso distanciamento social, que se mostrou eficaz, mas não há como saber a eficácia do fechamento escolar separadamente. Em surtos anteriores de SARS na Ásia o fechamento das escolas sem as outras medidas rigorosas, não mostrou grande eficácia, sendo preferível medidas de distanciamento e prevenções dentro das escolas. Os estudos de modelagem disponíveis chegaram à conclusão de que o fechamento das escolas é insuficiente para deter a pandemia COVID-19 isoladamente. Uma questão preocupante é o conflito de cuidado profissional e familiar de profissionais de saúde. Esses profissionais vivem dilemas, principalmente pela necessidade de creche.
Apenas um estudo incluído na revisão foi feito especificamente para avaliar a eficácia das medidas de distanciamento escolar, pois há escassez de dados sobre o tema. As informações dos resultados das medidas nos surtos anteriores de SARS são também escassas. Alguns estudos de preprints indicaram que o fechamento das escolas no início de 2020 teria sido efetivo na China, porém não têm nenhuma comprovação dessa eficácia. Pela escassez de dados analisou-se os efeitos do fechamento de escolas em pandemias de influenza. Apesar de o fechamento das escolas ser considerado efetivo, sua efetividade é reduzida pelo contato das crianças com outras pessoas quando não estão na escola. Os resultados das descobertas apresentam um dilema, pois apesar de ser de bom senso manter as escolas fechadas, existe grande preocupação com as consequências econômicas. Essas crianças ficam em casa, o que impossibilita os pais de trabalharem. A longa duração desse fechamento das escolas é um desafio e precisa-se de mais estudos sobre o tema para auxiliar essa retomada.