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COVID-19 e câncer de pulmão: riscos, mecanismos, e interações de tratamento

PALMEIRA, Vanila Faber

ADDEO, Alfredo; OBEID, Michel; FRIEDLAENDER, Alex. COVID-19 and lung cancer: risks, mechanisms, and treatment interactions. J. Immunother Cancer, v. 8, n. 1, p. 1-7, May 2020. DOI: 10.1136/jitc-2020-000892 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7246105/pdf/jitc-2020-000892.pdf

A infecção pelo Coronavírus 2019 não possui um tratamento específico até o momento, apesar de existirem potenciais alvos terapêuticos. Neste contexto, se destacam substâncias que agem na replicação viral ou na resposta imune do hospedeiro. O intuito é reduzir a morbimortalidade (índice de pessoas mortas) da doença, principalmente, nos grupos de risco, como idosos e pacientes com câncer.

Enquanto várias vacinas promissoras estão sendo pesquisadas pelo mundo, faz-se necessário um tratamento eficaz no combate ao Coronavírus 2019. As pesquisas acerca de um tratamento focam, principalmente, na modulação da resposta imune do hospedeiro, através de substâncias que possam inibir a tempestade de citocinas que o Coronavírus 2019 é capaz de induzir. Em pessoas idosas ou com câncer ocorre uma desregulação imunológica, levando a um maior potencial inflamatório desequilibrado. Com isso esses indivíduos, quando infectados pelo Coronavírus 2019, passam a apresentar um quadro inflamatório pulmonar muito intenso, causando desta forma lesão pulmonar. Todo este quadro é ainda pior se o paciente tiver câncer de pulmão.

A inflamação causada pelo Coronavírus 2019 gera lesão das células epiteliais pulmonares (pneumócitos tipo II, que são células produtoras de surfactante, que impede que os pulmões se “colem”). Nos pacientes que evoluem para as formas graves da doença, essa inflamação é responsável, entre outras coisas, pelo preenchimento dos alvéolos com fluidos inflamatórios, o que reduz o potencial de troca gasosa pulmonar. Além disso, ocorre uma tempestade de citocinas (proteínas de comunicação das células imunes) que levam a uma ativação intensa dos macrófagos pulmonares (principal célula da resposta imune imediata tecidual).

Os pacientes com câncer pulmonar possuem uma maior reatividade deste tecido. Quando estes pacientes estão sob tratamento anticâncer pode ser induzida uma pneumonite por drogas, que se assemelha à clínica da infecção pelo Coronavírus 2019. Por isso, foram desenvolvidas algumas estratégias que visam reduzir a exposição desnecessária desses indivíduos, além de reduzir o risco de transmissão. Os pesquisadores buscam biomarcadores, no sangue, que possam sinalizar precocemente a inflamação intensa causada pelo Coronavírus 2019, antes mesmo do paciente apresentar quadro clínico grave. Somado a isto, os alvos imunoterapêuticos são preferidos aos antivirais como opção para o tratamento, pois estes últimos possuem uma janela terapêutica estreita (ou seja, concentração de ação próxima à concentração tóxica para o hospedeiro), bem como mecanismos de resistência viral precoce.

A principal contribuição do trabalho foi fazer a relação entre a tempestade de citocinas com a patogênese e a clínica na infecção pelo Coronavírus 2019. A limitação do artigo foi não trazer as principais alterações causadas pelo câncer pulmonar neste tecido. Isto teria dado maior potencial de integração entre a infecção pelo Coronavírus 2019 e o câncer de pulmão ao leitor.

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