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Adaptação dinâmica à COVID-19 num departamento de emergência pediátrica de Singapura

FAULHABER, Maria Cristina Brito

TAN, R. M. R. ; et al. Dynamic adaptation to COVID-19 in a Singapore paediatric emergency department. Emerg Med J., v. 37, n. 5, p. 252-254, May 2020. DOI: 10.1136/emermed-2020-209634. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32321705

Singapura foi um dos primeiros países afetados pela COVID-19, tendo tido no início de fevereiro de 2020 um número de casos confirmados laboratorialmente maior que qualquer outro país fora da China. Isso levou à necessidade de criação de procedimentos logísticos para gerenciar o atendimento em emergências, entre eles uma emergência pediátrica terciária. O artigo aborda os diversos aspectos que devem ser considerados para executar essa adaptação, visto que o KK Women’s and Children’s Hospital tem 830 leitos pediátricos e atende cerca de 180.000 pacientes anualmente.

Foi realizada uma estratificação de alto (paciente colocado no isolamento), médio (colocado em tenda projetada para isso) e baixo (colocado na área principal) risco por uma pré-triagem, assim que o paciente chegava à emergência. A distinção entre baixo e médio risco foi importante também para diferenciar o tipo de equipamento de proteção individual (EPI) a ser usado pelos profissionais de saúde. A área de isolamento contou com sistema de ventilação com pressão negativa (ou exaustão – o ar é forçado a sair de dentro para fora) e consultórios privativos, sendo os pacientes e acompanhantes recém chegados da China encaminhados para ela, após receberem máscaras. Aqueles com história de febre ou sintomas respiratórios agudos receberam máscaras cirúrgicas e foram para a área de médio risco. Para a área de baixo risco foram os pacientes sem antecedentes de viagens, com contato suspeito, febre ou sintomas respiratórios. Divisórias foram construídas isolando parte da emergência para permitir o uso em comum de Rx e sedação de crianças quando necessário.  Intervenções outras foram cronologicamente sendo executadas a partir das constatações de novas evidências sobre a doença. No início o EPI padrão foi máscara cirúrgica e higiene das mãos com álcool, adicionando máscara N95, capote e luvas para os profissionais lotados no isolamento. Em meados de fevereiro, a partir da evidência da possível transmissão ocular, foi introduzido no EPI da triagem o uso de óculos de proteção. No início de março iniciou-se a realização da coleta de swab nasofaríngeo em crianças assintomáticas contactantes de casos confirmados, após a descoberta que crianças assintomáticas podem ter alta carga viral de COVID-19.

Por fim ficou estabelecido um consenso de que a triagem deveria usar máscara N95 e óculos de proteção; na área de alto risco deveriam ser usados máscara N95, óculos, capote e luvas; na área intermediária máscara N95 e óculos; na área de baixo risco máscara cirúrgica; nos procedimentos geradores de aerossóis como intubação, aspiração e coleta de swab nasofaríngeo usar o chamado PAPR (Powered Air-Purifying Respirator), ilustrado abaixo. Foi contra indicada a realização de medicações através de nebulizações pelo maior risco de dispersão dos aerossóis.

Quanto à mão de obra dos profissionais envolvidos, para prevenir exposição cruzada, a equipe foi dividida em médicos seniores e júniores, em quatro módulos de profissionais, com rodízio dos plantões a cada 12 horas.

Na prática foi importante instituir uma área exclusiva de isolamento pois permitiu que lá fossem atendidos casos de outras doenças infecciosas, como coqueluche ou sarampo, além de construir um local exclusivo para troca de EPI, uma sala de ressuscitação cardiorrespiratória, outra com blindagem de chumbo para realização de exames radiológicos, sanitários exclusivos para pacientes, separando áreas limpas de áreas contaminadas e uma farmácia para dispensação de medicações. Finalmente foi importante o treinamento no uso de PAPR, desconhecido para a maior parte dos profissionais.

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