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Caçadores de mitos: suplementos dietéticos e COVID-19

COHEN, Larissa

Adams, K.K.; Baker, W. L.; Sobieraj, D. M. Myth Busters: dietary supplements and COVID-19. Annals of Pharmacotherapy, v. 54, n. 8, 2020. Doi:10.1177/1060028020928052. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32396382/

Recentemente, divulgou-se nas redes sociais informações sobre o uso de suplementos nutricionais no tratamento e na prevenção dos sintomas causados pelo novo coronavírus. Nesse contexto, percebe-se a importância em esclarecer, com base em referências científicas, verdades e contradições do uso de certos micronutrientes e fitoterápicos sugeridos para tais funções.

Durante a pandemia do novo coronavirus (COVID-19), os sistemas de saúde ficaram sobrecarregados e a população buscou informações médicas de tratamento e prevenção em fontes on-line. Realizou-se uma revisão sobre evidências relacionadas à eficácia e à segurança de suplementos selecionados no cenário de COVID-19, incluindo vitamina C, vitamina D, zinco, sabugueiro e prata coloidal.

Nas redes sociais, o anúncio de suplementos para evitar a contaminação com o vírus da COVID-19 e para auxiliar no tratamento agudo fez as vendas de alguns produtos dispararem. Por exemplo, suplementos à base de zinco e de sabugueiro aumentaram 415% e 255%, respectivamente, no período de 1 semana, no início de Março de 2020.

Foi realizada uma revisão da literatura sobre os suplementos usados para combater a COVID-19 mais anunciados nas redes sociais e nas agências de notícias. Utilizou-se recursos baseados em evidências para COVID-19 e suplementos alimentares provenientes de fontes como Centers for Disease Control and Prevention, ClinicalTrials.gov, Infectious Diseases Society of America e National Institutes of Health.

Há ensaios clínicos registrados em andamento, que examinam as doses de 250 a 500 mg por dia via oral até 24 g via intravenosa por dia de Vitamina C para prevenção e como coadjuvante de tratamento da COVID-19. Porém, ainda não há evidências para tais fins. É importante lembrar que altas doses de Vitamina C administradas via oral causam efeitos adversos em trato gastrointestinal e formação de cálculos renais.

Dados observacionais associaram baixos níveis séricos de vitamina D (<25ng/ml) com infecções agudas do trato respiratório. A ingestão de vitamina D entre 400 a 4000 UI/dia ou dosagens semanais reduzem esse risco. Há embasamento científico para a manutenção de níveis adequados de vitamina D, através de exposição solar segura, alimentos ou suplementação de vitamina D. A suplementação acima de 4000 UI por dia em longo prazo não é considerada segura e pode causar hipercalcemia.

O mineral zinco, o fitoterápico Sabugueiro (Sambucus nigra) e a prata coloidal, não apresentaram estudos com metodologias adequadas nem evidências conclusivas para tratamento e prevenção da COVID-19.

Apesar de fácil acesso, os suplementos nutricionais não devem ser opções de tratamento para COVID-19. Ademais, é importante frisar para a população que a forma correta de prevenção da transmissão é lavar as mãos com água e sabão por 20 segundos ou utilizar sanitizante de mãos com 60% de álcool, evitar tocar no rosto antes de lavar as mãos, evitar exposição a ambientes e pessoas com vírus, respeitar o distanciamento social, utilizar máscaras em público, cobrir boca e nariz com cotovelo quando espirrar ou tossir, e desinfetar diariamente superfícies que sejam muito tocadas. Os farmacêuticos são os profissionais responsáveis por garantir que os pacientes tenham informações precisas sobre a eficácia desses suplementos em relação à COVID-19.

Em momentos de pandemia, profissionais da área da saúde como nutricionistas e médicos também estão aptos a buscar bases científicas para auxiliar a desmistificar assuntos polêmicos pertinentes à doença em questão e uso de suplementos que aparecem nas redes sociais e que podem induzir a população a erros de uso e riscos à saúde.

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