REFERÊNCIA: SHI, Y. et al. An overview of COVID-19. Journal of Zhejiang University-SCIENCE B (Biomedicine & Biotechnology), v. 21, n. 5, p.343-360, DOI: 10.1631/jzus.B2000083 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7205601/pdf/JZUSB21-0343.pdf
Através dos conhecimentos acerca da estrutura viral é possível compreender a patogênese da infecção pelo Coronavírus 2019, bem como a clínica associada, investigação de técnicas diagnósticas, desenho de novos fármacos e desenvolvimento de vacinas.
Os Coronavírus são divididos nos subgrupos α, b, g e d, sendo que no tipo b estão a maioria dos Coronavírus patogênicos ao homem, incluindo o Coronavírus 2019. Existem algumas proteínas de superfície dos Coronavírus já conhecidas, sendo a proteína S a mais discutida, por ser a estrutura que o vírus utiliza para entrar nas células epiteliais humanas, principalmente nos pneumócitos do tipo II pela ligação dessa estrutura viral ao receptor ACE-2, presente nessas células do hospedeiro. Esses pneumócitos são responsáveis pela secreção de surfactante, e a partir de sua destruição pelos Coronavírus pode-se entender a doença e pensar sobre possíveis tratamentos.
A epidemiologia das infecções pelo Coronavírus 2019 discute que no início, o vírus utilizou como hospedeiro primário o morcego (de onde o vírus de originou) e como hospedeiro intermediário o pangolim (mamífero onde o vírus se adapta ao mudar de hospedeiro), para só então infectar o Homem. Atualmente a transmissão ocorre de pessoa para pessoa através de fluídos corporais (principalmente de origem respiratória, como saliva e expectoração) em contato com mucosas (como boca e nariz). A taxa de transmissão do Coronavírus 2019 é de 3 a 10 vezes maior do que de outros Coronavírus, devido a mutações na proteína S, o que confere maior potencial de penetração nas células humanas.
Toda a pandemia por Coronavírus2019 começou na China e, mesmo o com todas as medidas de contenção do governo chinês, em três meses já havia se espalhado pelos cinco continentes. Clinicamente a infecção pelo Coronavírus 2019 possui gravidade clínica variada, sendo dividida em doença: leve (sem comprometimento pulmonar), moderada (com sintomas respiratórios pulmonares), grave (maior comprometimento pulmonar, com uma inflamação sistêmica descontrolada), e crítica (necessidade de ventilação mecânica e sinais de choque séptico). A conduta envolve monitoramento e suporte ao paciente, porém sem fármacos específicos, os quais estão sendo estudados, tanto com ação direta no vírus, bem como moduladores da resposta imune do hospedeiro. Já com as vacinas, existem alguns estudos e ensaios clínicos acontecendo em vários países, com alguns muito promissores.