JOUFFROY, Romain; JOST, Daniel; PRUNET, Bertrand. Prehospital pulse oximetry: a red flag for early detection of silent hypoxemia in COVID-19 patients. Critical Care, v.24, n.1, p.313, Jun. 2020. DOI: 10.1186/s13054-020-03036-9. Disponível em: https://ccforum.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13054-020-03036-9
Este artigo curto avalia a relação entre a frequência respiratória e a saturação arterial de oxigênio em pacientes com insuficiência respiratória aguda, comparando casos diagnosticados de COVID-19 com casos relacionados a outras patologias.
A hipótese testada é que a razão entre a saturação de oxigênio (SpO2i) e a frequência respiratória (RRi), ambas medidas antes de qualquer suplementação de oxigênio, pode indicar uma discrepância relacionada à COVID-19. Tipicamente, em pacientes com insuficiência respiratória aguda, a saturação de oxigênio se reduz e a frequência respiratória aumenta, ambos os fatores reduzindo a razão calculada. Contudo, em casos de COVID-19, especialmente os relacionados à hipóxia silenciosa, pode haver discrepâncias nesses marcadores.
O estudo avaliou 1201 pacientes com COVID-19 em março de 2020, comparando-os com pacientes com insuficiência respiratória aguda atendidos nos meses de março de 2019 (780 pacientes), 2018 (823 pacientes) e 2017 (796 pacientes). Todos os pacientes foram atendidos pela Brigada de Incêndio de Paris em ambiente pré-hospitalar.
Para todos os pacientes, foi calculada a razão SpO2i/RRi. Para cada ano considerado no estudo, foi calculada a mediana e o intervalo interquartil das idades dos pacientes, dos valores de SpO2i e RRi e da própria razão SpO2i/RRi. As medianas desta razão para os diversos anos foram comparadas pelo teste estatístico de Kruskal-Wallis.
Observou-se uma mediana da razão SpO2i/RRi = 5 (com intervalo interquartil [4,5]) para os pacientes de COVID-19 em 2020, significativamente superior (p < 0,001) que os valores para os pacientes para os anos anteriores: 3,4 [2,4–4,5] em 2019; 3,3[2,2–4,4] em 2018; 3,5[2,5–4,6] em 2017.
Esta discrepância indica que uma frequência respiratória normal em pacientes com COVID-19 pode mascarar um estado de hipóxia (a chamada “hipóxia silenciosa”), com o artigo concluindo que a oximetria de pulso pré-hospitalar pode ser usada como “bandeira vermelha” para detectar tais situações.