Evidências Covid 19

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Como nutrir adequadamente os pacientes graves com COVID-19?

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Terapia Nutricional em Pacientes Criticamente Enfermos com Doença do Coronavirus

FREITAS, Márcia

MARTINDALE, R et al. Nutrition Therapy in Critically Ill Patients with Coronavirus Disease (COVID-19). JPEN. Journal of parenteral and enteral nutrition, May, 2020 [publicado antes da impressão]. Doi: 10.1002/jpen.1930. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32462719/

O artigo traz uma revisão prática do conhecimento consolidado sobre o fornecimento de suporte nutricional ao paciente grave e a partir daí extrapola algumas recomendações no cenário da COVID-19, reforçando também a utilização de medidas simples que minimizem a exposição dos profissionais de saúde ao risco de contaminação.

Não há evidências científicas sólidas para embasar cuidados nutricionais específicos para pacientes com COVID-19 na sua forma grave. Podem ser realizadas algumas sugestões para o manejo destes pacientes, a partir das recomendações das diretrizes americana (2106) e europeia (2018) bem como da síntese de evidências derivadas de estudos realizados em pacientes com sepse e síndrome do desconforto respiratório agudo. Paralelamente é fato que há necessidade da adoção de medidas simples, para minimizar a exposição dos profissionais de saúde ao risco de contaminação e otimizar a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI) e recursos materiais em ambiente de possível escassez.

Nos pacientes graves, com COVID-19, a administração de nutrientes é feita preferencialmente através de cateter introduzido no tubo digestivo, denominada nutrição enteral (NE). O fornecimento de calorias e proteínas através deste método deve ser planejado no que tange ao tempo de início, volume, tipo de fórmula, posicionamento do cateter, cálculo das necessidades energéticas, monitorização de complicações e da tolerância gastrointestinal a dieta e avaliação do estado nutricional pela equipe multidisciplinar. Estes cuidados devem ser guiados por princípios, tais como agrupar tarefas, utilizar EPI e higienizar as mãos adequadamente, minimizando a exposição dos profissionais.

Na ausência de evidências científicas para recomendação específica  com relação ao suporte nutricional aos pacientes graves com COVID-19, os autores realizaram uma revisão narrativa das evidências disponíveis para sepse e síndrome do desconforto respiratório agudo, bem como das diretrizes internacionais vigentes, formulando algumas recomendações adaptadas para a prática no cenário de inflamação e grave distúrbio na oxigenação induzidos pelo SARS-CoV-2, risco elevado de intolerância gastrointestinal a nutrição enteral e de desnutrição. Houve também uma descrição de métodos para minimizar a exposição de profissionais de saúde aos aerossóis contaminados com o vírus, baseados na experiência de campo.

As principais recomendações emitidas pelos autores são: 1) considerar o uso da telemedicina para realizar a avaliação nutricional e envolver não especialistas; 2) iniciar a NE em 24-36h da admissão ou dentro de 12h da intubação, com cateter de 10-12Fr, em posição gástrica, de modo contínuo; 3) monitorar a tolerância a dieta e considerar administração de nutrientes por via intravenosa precocemente (nutrição parenteral), caso não seja possível progredir a NE; 4) iniciar a NE com baixo volume, em geral com objetivo de alcançar 20-25kcal/kg de peso atual na primeira semana, em pacientes com IMC<30; 5) oferecer 1,2 a 2 g/kg de peso atual por dia.

A terapia nutricional no paciente crítico com Covid-19 deve acompanhar as diretrizes americana e europeia vigentes. A recomendação específica para estes pacientes se refere a promoção de estratégias que minimizem o risco de exposição dos profissionais de saúde, durante o cuidado com o paciente ou na manipulação do cateter enteral. O início do suporte nutricional deve ser precoce, a progressão lenta, a monitorização para sinais de intolerância digestiva frequente e o limiar para utilizar a nutrição parenteral deve ser reduzido caso a progressão da nutrição enteral não seja possível.

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A saúde intestinal pode afetar a evolução da Covid-19?

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Microbiota intestinal e Covid-19: possíveis vínculos e implicações

PALMEIRA, Vanila Faber

DHAR, Debojyoti;  MOHANTY, Abhishek. Gut microbiota and Covid-19- possible link and implications. Virus Research, v. 285, p. 198018, Mai. 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7217790/pdf/main.pdf

Existe uma relação entre a composição da microbiota intestinal  e o perfil imunológico dos indivíduos. O presente estudo fez uma correlação entre a infecção pelo Coronavírus 2019 com a alteração da microbiota intestinal e sobre o possível uso da alimentação como profilaxia e/ou complemento do tratamento em paciente com Coronavírus.

A composição da microbiota intestinal modula o perfil imunológico do organismo humano, entre os perfis pró-inflamatórios  e os anti-inflamatórios . O tipo de micro-organismo presente no intestino pode jogar esse balanço para um polo ou para o outro polo. Sabendo que os pulmões também possuem microbiota, o artigo procurou fazer uma relação do eixo intestino-pulmão, sugerindo o potencial da alimentação como uso profilático e/ou complementar ao tratamento dos pacientes com infecção pelo novo Coronavírus. Ou seja, que a alimentação poderia contribuir para se evitar ou para se recuperar de uma infecção pelo Coronavírus.

A Disbiose intestinal, desequilíbrio da flora bacteriana intestinal, ocorre quando existe um predomínio de micro-organismos das famílias Enterobacteriaceae e Clostridiaceae (bactérias do “mal”) e uma redução dos micro-organismos das famílias Bifidobacteriaceae e Lactobacillaceae (bactérias do “bem”). As bactérias ditas do “bem” são assim chamadas porque conseguem converter os carboidratos não digeríveis (como as fibras vegetais) em ácidos graxos de cadeia curta (como o butirato), os quais reduzem o perfil inflamatório do ser humano hospedeiro. Os alimentos podem auxiliar na manutenção e/ou na substituição de um tipo de microbiota intestinal, podendo interferir no equilíbrio entre os perfis pró e anti-inflamatórios.

Devido à existência do eixo intestino-pulmão, a inflamação em um desses órgãos interfere diretamente no perfil inflamatório no outro. Por exemplo, a infecção pelo novo Coronavírus teria potencial de alterar a microbiota intestinal, sendo perceptível através dos quadros de diarreia que alguns pacientes apresentam. Além disso, pacientes que possuam algum grau de disbiose intestinal, como idosos, e pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 são considerados grupo de risco para a infecção pelo novo Corornavírus. O tipo de microbiota intestinal pode ser alterada através do consumo de pró-bióticos  e pré-bióticos. Por isso, o artigo defende que através de alimentos funcionais possa ser feita uma profilaxia, e até um complemento do tratamento em pessoas com o novo Coronavírus.

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