Evidências Covid 19

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Como a pandemia afetou a saúde mental dos profissionais de enfermagem?

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Preocupações, Preparação e Impacto Percebido da Pandemia de Covid-19 na Saúde Mental de Enfermeiros

CARVALHO, Milena Maciel de

GALLETTA, M. et al. Worries, Preparedness, and Perceived Impact of Covid-19 Pandemic on Nurses’ Mental Health. Front Public Health. vol. 9, 566700. 26 May. 2021, doi:10.3389/fpubh.2021.566700. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34123979/

Durante a pandemia de Covid-19, enfermeiros estão expostos a um risco maior de infecção. Além da exposição direta à contaminação pelo vírus, também sofrem os impactos psicossociais decorrentes desse contexto.

Estudos têm indicado que profissionais de saúde, de forma geral, estão mais expostos aos impactos de um cenário pandêmico, em função da maior demanda de trabalho, jornadas de trabalho mais longas, sofrimento psíquico, fadiga, estigmatização, violências, preocupações, estresse e outros fatores que afetam a saúde mental. No entanto, os profissionais da área de Enfermagem merecem destaque por representarem a maior parcela de profissionais de saúde na chamada linha de frente, atuando na assistência direta às vítimas.

O artigo teve como objetivo analisar a relação entre alguns fatores de risco para o adoecimento e sintomas psicológicos entre enfermeiros/as durante a pandemia de Covid-19. Como fatores de risco os autores elegeram: a preparação para a pandemia, o impacto percebido e preocupações. Já os sintomas – ou resultados de saúde mental,  como os autores chamam – foram o choro, o estresse e a ruminação. Este último resultado foi descrito como uma atividade cognitiva  automática em que o indivíduo mantém seu pensamento fixo nos problemas, sem agir contra eles.

Este estudo transversal foi realizado a partir do preenchimento de um questionário online de auto avaliação, de forma anônima e voluntária. A amostra final foi de 860 participantes, pois nem todos atendiam ao critério de inclusão: estarem atuando durante a pandemia de Covid-19 – na linha de frente ou não. Todos estavam registrados na Itália. Foram usados indicadores e variáveis de outros estudos internacionais sobre epidemias. São eles: Preparação organizacional; Preparação pessoal;  Medo de adoecer com a Covid-19; Preocupações não relacionadas ao trabalho; Demandas de trabalho aumentadas; Impacto na vida pessoal; Percepção de estresse no trabalho; Ruminação sobre a pandemia; e Frequência de choro no trabalho. Como método estatístico, foi utilizada a regressão logística binária múltipla.

Dentre os resultados, destaca-se que as maiores preocupações com a pandemia foram o medo de adoecer (73,3%) e de colocar em risco seus familiares (73,7%). Já em relação ao preparo para a pandemia, 79,9% relataram não se sentir preparados. Quanto ao impacto percebido na vida pessoal, 25% mencionaram estigma pela natureza do trabalho. Os resultados também apontam que 66% se sentiram mais estressados, 44% citam maior nível de ruminação em relação à pandemia e 19,9% dizem ter chorado no trabalho.

Atuar na linha de frente não foi avaliado como fator de risco significativo para a saúde, sugerindo que a saúde mental é afetada em todos os contextos clínicos. A exposição contínua a eventos estressantes aparece como fator que pode levar a sintomas de estresse pós-traumático, condição que diminui a capacidade de lidarem com o contexto. Os autores citam como consequência dessa exposição o risco de trauma vicário (fadiga da compaixão) e o estresse traumático secundário.

Quanto à associação das variáveis com os três resultados de saúde, o estudo indica que tiveram associação significativa no estresse percebido no trabalho: preocupações em se infectar, maior demanda de trabalho, impacto no cargo, preocupações não relacionadas ao trabalho, observar colegas chorando e pensamento ruminativo. Como estratégias de suporte, destaca-se a terapia cognitivo comportamental e exercícios de relaxamento, que atuariam no bem estar e na redução do pensamento ruminativo. Assegurar a quarentena dos que atuam com pessoas infectadas também aparece como recurso para o fortalecimento da segurança.

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Como as modalidades virtuais de consulta por telemedicina trouxe vantagens e dificuldades?

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Consulta virtual de nutrição: o que podemos aprender com a pandemia COVID-19?

COHEN, Larissa

KAUFMAN-SHRIQUI, V. et al. Virtual nutrition consultation: what can we learn from the COVID-19 pandemic? Public Health Nutrition, v.24, n.5, p.1166–1173, abr. 2021. DOI: 10.1017/S1368980021000148 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33436134/

A ameaça à saúde humana em função da pandemia causada pelo novo coronavírus SARS-COV-2 destaca o estado nutricional dos indivíduos como fator que influencia a evolução da COVID-19.  Alimentação inadequada, sedentarismo, distúrbios emocionais e de saúde mental geram preocupações durante a COVID-19 e nas consequências da mesma.          

Na tentativa de controlar a pandemia, estratégias de isolamento social foram cumpridas globalmente por um longo período de tempo. Os serviços ambulatoriais de saúde, por sua vez, foram reduzidos ou encerrados naquele momento. Nesse sentido, muitos profissionais de saúde, inclusive nutricionistas, iniciaram diversos formatos de consulta na modalidade virtual, levando a telemedicina a se expandir rapidamente.

O objetivo deste estudo foi avaliar como a pandemia afetou as práticas profissionais dos nutricionistas israelenses, e até que ponto as diversas plataformas de consultas virtuais foram utilizadas, bem como a qualidade geral e utilidade dessas modalidades.

A pandemia da COVID-19 desafiou a continuidade e o início de tratamentos de saúde no setor ambulatorial. As políticas de autoisolamento aplicadas durante este surto foram relacionadas ao aumento nos padrões de alimentação irregular, má qualidade da dieta, comportamentos sedentários, má qualidade do sono, ganho de peso, distúrbios emocionais e distúrbios de saúde mental. Ademais, as mudanças econômicas globais devido à COVID-19 introduzem ou agravam situações de insegurança alimentar. Assim, juntamente com a resposta de saúde imediata necessária, também é essencial considerar as consequências desta pandemia para a saúde em longo prazo.

Este foi um estudo transversal com uma amostra de conveniência de nutricionistas cadastradas na Associação Dietética Israelita (ADI). Os investigadores enviaram um questionário de 36 itens aos nutricionistas e o estudo foi conduzido online usando a plataforma Google Survey. A coleta de dados foi realizada de 31 de março a 5 de maio de 2020, período durante o qual a população israelense esteve sob autoisolamento em larga escala.

Trezentos nutricionistas (12% dos membros da ADI; 95% mulheres) responderam à pesquisa. A maioria relatou redução de 30% nas horas de trabalho na pandemia. A forma mais prevalente de aconselhamento nutricional alternativo (ANA) foi por telefone (72%) e 53,5% utilizaram plataformas online. Quase 45% não tinha experiência anterior com tais modalidades. Ambos os formatos de ANA foram avaliados como inferiores à consulta presencial, devido às dificuldades técnicas por telefone e nas plataformas online, à falta de medidas antropométricas e à falta da comunicação interpessoal. Idade avançada e experiência anterior de aconselhamento por telefone foram associadas a maiores escores de qualidade.

Durante a pandemia da COVID-19, o uso da telemedicina aumentou em vários campos clínicos.  Descobriu-se vantagens como a redução dos custos de saúde, melhora do acesso aos serviços de saúde e aumento da adesão ao tratamento.

Assim como em outros locais e profissões, metade dos nutricionistas de Israel implementou a telemedicina sem experiência prévia. Discute-se o uso de ferramentas para melhorar tais serviços por um nutricionista, como smartwatches e balanças eletrônicas.

A telemedicina possui potencial promissor para consulta nutricional durante um período de pandemia. Contudo, faz-se necessário estabelecer padrões adequados para ser usada tanto em situações de crise quanto nas condições de rotina.

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Qual a proteção das vacinas contra as variantes Alfa e Delta?

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Vacinas contra a variante B.1.617.2 (Delta)

BISOL, Tiago

LOPEZ BERNAL, J. et al. Effectiveness of Covid-19 Vaccines against the B.1.617.2 (Delta) Variant. N Engl J Med., v. 385, n. 7, p. 585-594, Aug. 2021 [Epub 2021 Jul 21]. Doi: 10.1056/NEJMoa2108891. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34289274/

Os autores estudaram a eficácia das vacinas BNT162b2 (Pfizer-Biontech) e ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) na prevenção da infecção sintomática pela variante Delta (B.1.617.2) do vírus SARS-CoV2, causador da Covid-19.

Para o estudo, foi utilizada a base de dados do Sistema de Gestão de Imunização Nacional (National Immunisation Management System) da Inglaterra e os dados dos exames de PCR realizados no período de outubro de 2020 a Maio de 2021 em pacientes sintomáticos que procuraram atendimento. A identificação das infecções pela variante Delta foi inicialmente realizada por sequenciamento genético, realizado em 10% das amostras em fevereiro de 2021 e chegando a 60% em maio de 2021. Também foi usada para identificação das variantes Alfa e Delta o teste TaqPath (Thermo Fisher Scientific) de três proteínas alvo: spike (S), nucleocapsideo (N) e OFR1ab. A observação de que a variante Alpha demonstra resultado negativo e a variante Delta resultado positivo na pesquisa da proteína S também foi utilizada para identificação da variante causadora da infecção.

Os pesquisadores observaram que a variante Delta teve sua incidência crescente mais ao final do período de estudo, tendo sido responsável por 72% das amostras positivas em abril de 2021 e por 93% em maio de 2021.

Para avaliar a eficácia das vacinas, os pesquisadores compararam os resultados de todos os testes de PCR registrados no sistema nacional com o estado vacinal do indivíduo no momento do exame. Foram identificados 19.109 testes PCR positivos, 14.837 da variante Alfa e 4.272 da variante Delta.

Para analisar a eficácia da vacina em reduzir a infecção, foi utilizada como referência a taxa de positividade dos testes PCR dos indivíduos não vacinados (96.371): relação entre casos (PCR positivo) e controles (PCR positivo). Esta relação foi de 0,076 (7,6 por cento de casos positivos em não vacinados).

Para a variante Alpha, após a 1ª dose da vacina BNT162b2 (Pfizer-Biontech), a redução da taxa de positividade foi de 47,5% e, após a 2ª dose, de 93,7%. Após a 1ª dose da vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) a redução foi de 48,7% e, após a 2ª foi de 74,5%.

Para a variante Delta, após a 1ª dose da vacina BNT162b2 (Pfizer-Biontech) a redução da taxa foi de 35,6% e após a 2ª dose de 88,0%. Após a 1ª dose da vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) a redução foi de 30,0% e após a 2ª de 67,0%.

Considerando-se pacientes imunizados somente com a 1ª dose de qualquer uma das duas vacinas, observou-se uma redução de 48,7% de casos positivos da variante Alpha e de 30,7% dos casos positivos da variante Delta.

Já na análise dos pacientes imunizados com as 2 doses de qualquer uma das duas vacinas, observou-se uma redução de 87,7% de casos positivos da variante Alpha e de 79,6% de casos positivos da variante Delta.

Os dados observados demonstram eficácia discretamente menor das vacinas testadas na prevenção da infecção sintomática contra a variante Delta em comparação com a Alpha, mas ainda assim uma eficácia bastante elevada. Vale destacar que, para a variante Delta, a adição da 2ª dose teve maior impacto no aumento da proteção comparativamente à variante Alpha (aumento de 48,7% para 87,7% para a Alpha e de 30,7% para 79,6% para a Delta).

O estudo tem limitações por ser retrospectivo, observacional e dispor somente de dados de pacientes que apresentaram algum sintoma e por isso os pesquisadores buscaram atendimento (e então realizaram o teste), porém traz informações relevantes acerca da eficácia destes imunizantes contra a variante Delta do SRAS-CoV2.

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Quais reações certos medicamentos podem causar a pacientes com Covid-19?

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Reações adversas a medicamentos em pacientes com COVID-19 no Brasil: análise das notificações espontâneas do sistema de farmacovigilância brasileiro

D’AVILA, Joana

MELO, J. R. R. et al. Adverse drug reactions in patients with COVID-19 in Brazil: analysis of spontaneous notifications of the Brazilian pharmacovigilance system. Cad Saude Publica v. 37, n. 1, p. e00245820, Jan. 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33503163/

As reações adversas a medicamentos são consideradas um grave problema de saúde pública e contribuem para o aumento da morbimortalidade e de gastos para o paciente e para os sistemas de saúde.

Até o momento ainda não foi identificado um tratamento eficaz específico para COVID-19 e vários fármacos são utilizados sem evidências de sua eficácia. Dados preliminares de estudos in vitro identificaram atividade antiviral dos fármacos cloroquina e hidroxicloroquina, associados a antibióticos como azitromicina, e estes foram recomendados em alguns países como terapia medicamentosa contra o SARS-CoV-2. Apesar desses fármacos serem indicados para outras doenças, o uso nesta pandemia é experimental, e mesmo o uso compassivo pode representar riscos à saúde devido ao potencial de causar reações adversas, principalmente o risco de cardiotoxicidade. As reações adversas a medicamentos podem prolongar o tempo da internação do paciente, agravando ainda mais a busca por leitos para novos pacientes infectados.

Este estudo teve como objetivo avaliar as reações adversas identificadas nos pacientes com COVID-19, segundo características de pessoas, medicamentos e reações, bem como identificar os fatores associados ao surgimento de reações graves nestas pessoas.

A metodologia consiste em um estudo transversal, com etapas descritiva-exploratória e analítica, utilizando como fonte de dados os relatórios de segurança de casos individuais encaminhados ao Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A população foi constituída pelos pacientes com COVID-19 que apresentaram reações adversas a medicamentos e foram notificados no Sistema Brasileiro de Farmacovigilância.

Foi considera reação adversa grave qualquer reação que resulte em morte, ameaça à vida, que cause internação hospitalar ou prolongue a internação, resulte em incapacidade, persistente ou significativa, ou que cause anomalia congênita.

A pesquisa descreveu 631 reações adversas a medicamentos em 402 pacientes no período de 01 de março de 2020 a 15 de agosto de 2020.

As reações se manifestaram prioritariamente no sistema cardíaco (38,8%), gastrointestinal (14,4%), tecido cutâneo (12,2%) e hepático (8,9%). As reações mais relatadas foram o prolongamento do intervalo QT no eletrocardiograma (33,6%), diarreia (7,4%), prurido (6,5%) e a elevação das transaminases do fígado (6%).

Os principais medicamentos suspeitos de causar as reações foram hidroxicloroquina (59,5%), azitromicina (9,8%) e cloroquina (5,2%). Homens e idosos acima de 65 anos tiveram maior chance de apresentar reações adversas graves. A cloroquina e a hidroxicloroquina foram os únicos medicamentos associados a reações adversas graves, como o aumento do intervalo de QT acima de 500ms, de forma dose-dependente.

Os autores discutem que as características dos participantes foram semelhantes a outros estudos com esta mesma temática, com a prevalência do sexo masculino, pacientes acima de 60 anos, com doenças concomitantes e em uso de múltiplos fármacos. Também são semelhantes os principais locais de manifestação das reações, que foram o sistema cardíaco, gastrointestinal, cutâneo e hepatobiliar. O prolongamento do intervalo QT informado neste estudo foi maior do que o encontrado em outros estudos. Uma explicação para este achado foi a maior exposição do Brasil à cloroquina e hidroxicloroquina, drogas que tiveram uso interrompido no início da pandemia em outros países.

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O que sabemos até o momento sobre a fisiopatologia e a clínica da COVID-19 ?

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Uma revisão abrangente sobre os aspectos fisiopatológicos clínicos e mecanísticos da Doença COVID-19: Até onde chegamos?

PALMEIRA, Vanila Faber

SHAKAIB, B et al. A comprehensive review on clinical and mechanistic pathophysiological aspects of COVID‑19 Malady: How far have we come? Virol J., v. 18, p. 120, Jun. 2021.  DOI: 10.1186/s12985-021-01578-0 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8182739/pdf/12985_2021_Article_1578.pdf

A atual pandemia pelo Coronavírus 2019 foi incialmente comparada à gripe pelo vírus Influenza. Entretanto, logo se percebeu que se tratava de uma doença multissistêmica (que acomete vários sistemas do corpo), que foi denominada de COVID-19. Essa doença passou a ser dividida de acordo com a gravidade do quadro clínico apresentado, podendo ser leve, moderada, severa ou crítica.

O objetivo do trabalho foi discutir a ampla gama de manifestações clínicas da COVID-19 registradas na literatura, incluindo a fisiopatologia da doença, e as medidas de combate. Para isso vários trabalhos foram analisados pelos autores, e os resultados mostraram que a COVID-19 possui uma enorme variedade de sinais e sintomas, sendo que nenhum deles é patognomônico (sinal característico, específico) da doença. Essa variedade clínica está relacionada com a capacidade do Coronavírus 2019 (SARS-CoV-2) poder infectar diferentes células do corpo humano. Para isto, o vírus utiliza o receptor ECA2 (Enzima Conversora de Angiotensina 2), que está presente nas membranas de vários tipos celulares no corpo do hospedeiro. E algumas comorbidades podem piorar o quadro clínico, justamente porque ou facilitam a entrada do vírus nas células ou interferem na resposta imune do indivíduo.

No início da pandemia pelo Coronavírus 2019, os quadros clínicos detectados eram pneumonias com sintomas semelhantes à infecção pelo vírus Influenza: febre, tosse seca (sem expectoração), fadiga (cansaço). Entretanto, logo foi identificado o agente causador, um Beta Coronavírus, denominado de SARS-CoV-2, devido à semelhança genética com o SARS-CoV, que foi associado à Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) em 2002. Logo após, outros casos foram sendo identificados, entretanto expressando diferentes apresentações clínicas, e rapidamente foi percebido pelos profissionais que este Coronavírus 2019 era capaz de infectar diferentes células do corpo humano. Desta forma, portanto, o vírus pode causar diferentes tipos de manifestações (penetração direta do vírus e/ou ativação imune, com inflamação associada), que incluem desde ausência de sintomas, até quadros muito graves, com evolução para o óbito.

Apesar da COVID-19 ser uma doença multissistêmica, e poder se apresentar com sinais e sintomas mais frequentes, ainda sim, não existe nenhum sintoma que seja típico, ou exclusivo, desta enfermidade. Isto torna imperativo que seja sempre investigada a possibilidade de ser uma infecção causada pelo Coronavírus 2019. Além disso, ainda não há medicamentos liberados para tratamento da COVID-19, sendo a prevenção e o controle da infecção os pilares da gestão da pandemia atual. As vacinas estão no centro desta discussão, desde futuras candidatas (ainda em estudos) até as que já foram aprovadas e estão em uso em todo o mundo.

A contribuição positiva do trabalho foi mostrar ao leitor a variedade de sinais e sintomas associados à COVID-19, mostrando que nenhum deles é específico da doença. Além disso, foi extremamente bem pensado colocar os endereços de consulta para o leitor sobre o manejo da doença, incluindo controle e prevenção da COVID-19, tratamento e vacinas.

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Como as epidemias e pandemias em geral afetam a saúde mental dos profissionais de saúde?

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O que aprendemos com duas décadas de epidemias e pandemias: uma revisão sistemática e meta-análise da carga psicológica dos profissionais de saúde da linha de frente

CARVALHO, Milena Maciel de

BUSCH, I. M. et al. What We Have Learned from Two Decades of Epidemics and Pandemics: A Systematic Review and Meta-Analysis of the Psychological Burden of Frontline Healthcare Workers. Psychotherapy and psychosomatics, v. 90, n. 3, p. 178-190,  feb.  2021. Doi:10.1159/000513733. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33524983/

Surtos de doenças infecciosas emergentes e reemergentes são considerados uma ameaça recorrente em todo o mundo, impactando diretamente os sistemas de saúde e os profissionais que neles atuam.

Considerando a alta carga psicológica de profissionais de saúde em situações de surtos de grande proporção, o artigo apresenta resultados de estudos sobre os impactos desses contextos na saúde mental e no desempenho no trabalho desse grupo. A partir de uma revisão sistemática e de meta-análise, os autores apresentam um levantamento dos sintomas psicológicos e/ou psicossomáticos de profissionais de saúde na linha de frente em epidemias e/ou pandemias ocorridas nos últimos vinte anos.

Para tanto, elegeram como critérios de inclusão para a seleção de artigos: 1) estudos que abordassem tais sintomas em profissionais de saúde que atuaram com pacientes infectados ou com suspeita de H1N1, Ebola, doença respiratória aguda grave (SARS), síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) e/ou Covid-19; 2)  profissionais que trabalharam em ambientes de alto risco de exposição a essas doenças; 3) estudos que apresentassem resultados originais; e 4) estudos que relatassem quantitativamente os impactos psicológicos nesses surtos específicos.

A análise dos 86 estudos incluídos na revisão evidenciou um alto índice de prevalência dos seguintes sintomas: preocupação em transmitir o vírus para a família, estresse percebido, preocupações com a própria saúde, dificuldades para dormir, burnout, sintomas de depressão, sintomas de ansiedade, sintomas de transtorno de estresse pós-traumático, problemas de saúde mental e sintomas de somatização.

A percepção de falta de controle da vida profissional e pessoal é levantada como aspecto gerador de sofrimento psicológico, reforçado pelo número alto de infecções entre profissionais nessas epidemias.

Um dado que chama a atenção em alguns estudos sobre a Covid-19 é o relato de níveis maiores de sintomas de transtorno de estresse pós traumático, esgotamento, ansiedade e traumatização entre os que não atuavam na linha de frente. Os autores sugerem, além de outros aspectos, que isso pode ser explicado pela maior disponibilidade de apoio, informações e equipamentos para esse grupo.

Citam descobertas de estudos sobre a importância do reconhecimento e administração de sintomas de estresse, sensação de falta de controle, ansiedade, depressão e insônia. Se não administrados e bem conduzidos, esses sintomas podem levar a sobrecarga alostática  e  burnout.

Esses e outros achados indicam evidências dos impactos desses surtos na saúde mental desses profissionais, reforçando a necessidade de se pensar em estratégias de suporte para os que atuam e já atuaram na atual pandemia de Covid-19. Os autores citam como desafios no contexto pandêmico atual, os altos níveis de estresse, questões éticas que atravessam a atuação desses profissionais (como a decisão de alocação de ventiladores pulmonares) e casos de suicídio. Como ações para minimizar tais impactos, citam a assistência familiar, informações atualizadas e claras às equipes, apoio psicológico, flexibilização dos horários de trabalho pelos gestores, primeiros cuidados psicológicos, além de atividades que aumentem a resiliência, senso de auto eficácia e pertencimento.

A principal contribuição do artigo é apresentar ações de saúde mental para o pós pandemia, reconhecendo os impactos a longo prazo.

Como limitação, destaca-se a afirmação de que a pandemia de Covid-19 não pode ser comparada a outros desastres, por não estar “confinada no tempo e no espaço”. Essa demarcação acaba deslocando o desastre de seus impactos subsequentes e causas sócio históricas, atribuindo sua ocorrência a eventos naturais, ou seja, naturalizando-o. A  atemporalidade dos desastres demanda estratégias duradouras e o reconhecimento de que seus impactos repercutem em dimensões e períodos que não podemos mensurar.

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Qual o papel das diferentes modalidades de vacina para a prevenção da COVID-19 ?

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Princípios e Desafios no Desenvolvimento da Vacina anti-COVID-19

PALMEIRA, Vanila Faber

STRIZOVA, Z. et al. Principles and Challenges in anti-COVID-19 Vaccine Development. Int Arch Allergy Immunol., v. 11, n. 4, p. 1690-1702, Feb. 2021. DOI: 10.1159/000514225 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7778607/pdf/thnov11p1690.pdf

A infecção pelo Coronavírus 2019 (COVID-19) foi declarada como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020. Medidas como o uso de máscaras e o isolamento social foram adotadas na tentativa de conter o avanço do vírus na população. Porém, sabe-se que somente com vacinas eficazes é que o controle da COVID-19 terá sucesso na sua redução.

Como os tratamentos para COVID-19 são muito restritos e pouco eficazes, sabe-se que o melhor caminho para conter a pandemia é investir na prevenção. Neste contexto as vacinas ganham um destaque enorme, uma vez que são capazes de estimular as defesas do nosso organismo sem que precisemos ficar doentes. Essas defesas são capazes de conter o vírus logo no início da infecção, reduzindo assim o risco de a pessoa evoluir para as formas graves de COVID-19. Os autores revisaram o status das vacinas contra COVID-19, que chegaram à fase de realização de ensaios clínicos em humanos, e que foram registradas até dezembro de 2020, discutindo as mais promissoras.

Vacinas são uma forma de imunidade que é adquirida artificialmente, normalmente pela introdução de um antígeno microbiano no organismo. A partir daí, o sistema imune segue sequências de ativação de resposta, gerando memória imunológica, sem que para isso o indivíduo precise ter a doença. Existem vacinas com princípios diferentes, tais como inativada, atenuada, de RNA, de DNA, de subunidades, de vetor viral. Cada uma dessas tecnologias de vacinas é diferente, porém tem o mesmo objetivo, que é levar à geração de memória imune, principalmente através da produção de anticorpos, assim como da imunidade celular, e desta forma proteger o indivíduo em encontros posteriores com o antígeno.

 

Devido ao fato da COVID-19 ser causada por um vírus de RNA, que é uma molécula muito instável, e com uma alta probabilidade de sofrer mutações, as vacinas para a COVID-19 provavelmente devem se tornar sazonais no futuro, assim como ocorre com a vacina para a gripe. A ativação imune gera memória seguindo vários caminhos, sendo os principais o caminho Th2 (que leva a produção de anticorpos) e o caminho Th1 (que leva à ativação de linfócito TCD8 com ação citotóxica). As vacinas podem ativar esses dois caminhos, porém, só se testa memória pela dosagem de anticorpos, e os autores discutem que se deve incluir testes de imunidade celular para verificar se a vacina foi de fato eficaz na geração de memória do indivíduo.

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Como a condição nutricional pode influir na evolução clínica de pacientes com COVID-19 ?

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Doença por coronavírus 2019 (COVID-19) e estado nutricional: o elo perdido?

FAULHABER, Maria Cristina Brito

SILVERIO, R. et al. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) and Nutritional Status: The Missing Link? Adv Nutr., v. 12, n. 3, p. 682-692, Jun.  2021. DOI: 10.1093/advances/nmaa125. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32975565/

COVID-19 é uma doença emergente que alcançou níveis pandêmicos. Indivíduos idosos e pacientes com comorbidades, como obesidade, diabetes e hipertensão, mostram maior risco de hospitalização, maior severidade da doença e maior mortalidade pela infecção por SARS-CoV-2. O objetivo do artigo é discutir o papel do estado nutricional em pacientes com COVID-19, além de ressaltar a importância da nutrição adequada.

Durante a doença, frequentemente ocorre aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias, associada a uma reação exagerada do sistema imunológico, a chamada tempestade de citocinas. O espectro clínico é amplo, variando de assintomático ao desenvolvimento de pneumonia grave, síndrome de angústia respiratória aguda e morte. Febre, tosse, fadiga, dores musculares, diarreia e pneumonia são as manifestações mais comuns, podendo progredir, desde síndrome de dificuldade respiratória aguda até falência de órgãos.

O estado nutricional desempenha importante papel no resultado de uma variedade de doenças infecciosas. O sistema imunológico é afetado pela desnutrição, com diminuição das respostas imunes, aumentando risco de infecção e gravidade da doença. A composição corporal, especialmente baixa massa magra e alta adiposidade, é associada à piora do prognóstico.

A alta prevalência de obesidade é descrita entre pacientes hospitalizados. Estatísticas mostram que em unidades de terapia intensiva (UTI) da Espanha 48% dos primeiros pacientes admitidos com COVID-19 eram obesos; entre 1482 dos pacientes hospitalizados nos EUA com COVID-19 48,3% foram obesos; e um estudo da China mostrou que 43% dos pacientes hospitalizados com COVID-19 eram obesos ou tinham sobrepeso. A obesidade também foi associada a maior mortalidade e aumento de gravidade de doenças. IMC de pacientes com doenças cardiovasculares e infecção por SARS-CoV-2 na UTI é maior do que a de pacientes sem necessidade de cuidados intensivos. Esse mesmo estudo também demonstrou prevalência maior de sobrepeso e obesidade entre não sobreviventes.

Mesmo que os jovens estejam em menor risco de COVID-19 grave, se a obesidade for uma condição concomitante, os pacientes têm cerca de 2,0 vezes mais probabilidade de precisar de cuidados intensivos na internação. A associação entre pacientes mais jovens com um IMC ≥25 kg/m2 e pneumonia na admissão também foi descrita. A obesidade acomete também os pulmões: a ventilação mecânica invasiva em pacientes com COVID-19 foi positivamente correlacionada com obesidade, independentemente da idade. Células adiposas viscerais aumentadas em obesos podem atuar como reservatório para vírus, aumentando assim a carga total de vírus. Ainda não se conhece a razão pela qual os indivíduos com obesidade com comorbidades estão em maior risco de COVID-19 grave.

Desnutrição proteico-energética está relacionada ao aumento do risco de ocorrência principalmente de doenças infecciosas e, assim como na obesidade, ela impacta também na replicação viral e na patogenicidade. Anorexia, diarreia, vômitos, náuseas e dor abdominal leve são frequentes em pacientes com COVID-19, podendo agravar o quadro.

O envelhecimento está associado a alterações no sistema imune inato e resposta adaptativa, processo conhecido como imunossenescência, evento associado a um aumento da suscetibilidade às infecções virais. Idosos com frequência apresentam sarcopenia, que consiste na perda de força muscular; sua patogênese está associada à presença de citocinas pró inflamatórias. Obesidade sarcopênica consiste em indivíduos com maior massa gorda associada a baixa massa muscular. O fenótipo sarcopênico está associado com a diminuição da atividade física.

Hábitos saudáveis são importantes não apenas para garantir uma resposta imunológica ideal, mas também para prevenir e / ou tratar a desnutrição, a obesidade e comorbidades relacionadas à obesidade em pacientes com COVID-19.

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Como é a evolução clínica dos recém-nascidos infectados pelo SARS-CoV-2 ?

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Características e resultados da infecção neonatal por SARS-CoV-2 no Reino Unido: um estudo de coorte nacional prospectivo usando vigilância ativa

FAULHABER, Maria Cristina Brito

GALE, Chris et al. Characteristics and outcomes of neonatal SARS-CoV-2 infection in the UK: a prospective national cohort study using active surveillance The Lancet Child & Adolescent Health, v. 5, n. 2, p. 113-121, Fev. 2021. DOI: 10.1016/S2352-4642(20)30342-4. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanchi/article/PIIS2352-4642(20)30342-4/fulltext

Os bebês diferem das crianças mais velhas no que diz respeito à exposição à síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Os dados disponíveis que descrevem o efeito do SARS-CoV-2 neste grupo são escassos, e as diretrizes são variáveis.

O objetivo do artigo é descrever a incidência, as características, a transmissão e os desfechos de infecção por SARS-CoV-2 em bebês que estiveram internados em hospitais do Reino Unido nos primeiros 28 dias de vida, no período entre 1º de março e 30 de abril de 2020, buscando formular políticas de manejo e diretrizes para profissionais de saúde, gestantes e novos pais.  

Como critério de seleção foi considerada doença grave nos casos que apresentassem pelo menos 2 dos seguintes critérios: 1) hipertermia (>37.5ºC), apneia, tosse, taquipneia, dificuldade respiratória, necessidade de suplementação de oxigênio, pouca aceitação alimentar, vômitos ou diarreia; 2) leucopenia (< 5.000 leucócitos/µL), linfopenia (< 1.000/µL ou PCR elevada); e 3) Rx de tórax alterado.

Foram elegíveis 66 recém-nascidos (RN) com infecção por SARS-CoV-2 confirmada, sendo 42% com infecção neonatal grave; 24% eram prematuros; 26% nasceram de mães com infecção perinatal por SARS-CoV-2 conhecida, 3% foram considerados com possível infecção adquirida verticalmente (amostra positiva para SARS-CoV-2 dentro de 12 horas após o nascimento, quando a mãe também era positiva) e em 12% a suspeita foi de infecção adquirida nosocomialmente. A idade média do diagnóstico foi de 9,5 dias e 68% dos RN foram diagnosticados mais de 7 dias após o nascimento; entre estes últimos os sintomas mais comuns foram hipertermia, coriza e baixa aceitação alimentar. Nos 62 pacientes em que foi informado o sexo, 35 RN eram do sexo feminino; 22 RN receberam um ou mais tipos de suporte respiratório: três receberam ventilação invasiva, dez ventilação não invasiva e 22 receberam oxigênio suplementar. Rx foi realizado em 25 RN e 56% apresentaram alterações, entre estes 28% com lesões em vidro fosco. Laboratorialmente as alterações mais significativas foram o aumento de PCR (29% de 49 RN) e aumento de lactato (55% de 31 RN testados); dois dos 66 bebês foram tratados com agentes antivirais, outros dois foram tratados com corticosteroides, e um outro recebeu imunoglobulina combinada.

Usando dados de vigilância ativa em nível de população, o estudo demonstrou que o atendimento hospitalar para neonatos com confirmação SARS-CoV-2 é raro, com 5,6 casos por 10.000 nascidos vivos (um em 1.785) no pico do Reino Unido em março e abril de 2020. Infecção nos primeiros 7 dias após o nascimento de uma mãe com infecção perinatal por SARS-CoV-2 foi incomum e geralmente leve ou assintomático, apesar de uma política nacional que promovia manter a mãe e o recém-nascido juntos.

Este estudo foi realizado no Reino Unido, onde a orientação era, e continua sendo, para manter a mãe e bebê juntos quando a mãe confirmou no período perinatal infecção por SARS-CoV-2. Separação da mãe e filho tem múltiplas consequências prejudiciais para ambos e não é recomendada pela orientação da OMS. Durante o período de estudo, mais de 300 mães com infecção confirmada de SARS-CoV-2 deram à luz, e o baixo número de infecções neonatais iniciais por SARS-CoV-2 e o curso de doença leve que os autores documentaram apoiam a abordagem realizada no Reino Unido.

 

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Como prever a progressão da doença COVID-19 nos pacientes e sua gravidade?

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Proteína 10 induzida por interferon-γ (IP-10) e amiloide A sérico (SAA) são excelentes biomarcadores para a previsão de progressão e gravidade de COVID-19

PALMEIRA, Vanila Faber

HAROUN, R. A.; OSMAN, W. H.; EESSA, A. M. Interferon-γ-induced protein 10 (IP-10) and serum amyloid A (SAA) are excellent biomarkers for the prediction of COVID-19 progression and severity. Life Sci. v. 269, p. 119019, Mar. 2021. [Epub 14 Jan. 2021] DOI: 10.1016/j.lfs.2021.119019 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7832132/pdf/main.pdf

A pandemia pelo novo Coronavírus 2019 é uma infecção viral causada pelo vírus causador da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) e que ficou conhecida como doença Coronavírus 2019 (COVID-19). Esta doença pode se apresentar por uma variedade de sinais e sintomas, que podem ser classificados em leves, moderados, intensos e críticos, podendo a pessoa doente evoluir para a morte.

A capacidade de fazer uma previsão sobre a evolução de um paciente com alguma morbidade é algo muito importante na Medicina, uma vez que pode auxiliar a equipe de saúde na tomada de decisão. Na COVID-19 o prognóstico é muito difícil de ser feito, já que cada paciente pode apresentar um quadro clínico diferente, e mesmo aqueles com os mesmos sinais e sintomas podem ter intensidade e/ou gravidade diferentes. Tendo estas variáveis em vista, os autores buscaram investigar se duas proteínas plasmáticas, que têm relação com a inflamação induzida pelo SARS-CoV-2, aumentam no curso da doença, e se isso corresponderia a gravidade do paciente.

Clinicamente a COVID-19 pode ser dividida em leve, moderada, grave ou crítica, levando-se em consideração os sinais e sintomas, além da intensidade e/ou gravidade desses. A severidade da COVID-19 parece ter uma estrita relação com o processo inflamatório induzido no indivíduo. Com a inflamação acontecendo, várias proteínas plasmáticas se elevam na corrente sanguínea, como a IP-10 (quimiocina induzida por interferon), bem como a amiloide sérica A (SAA). Estas duas proteínas foram dosadas no sangue de pacientes confirmados para SARS-CoV-2 (grupo de estudo) pelo teste de swab nasal (um cotonete longo e estéril), e em pessoas saudáveis (grupo controle).

O estudo seguiu dois caminhos: o primeiro deles consistiu na comparação entre pessoas doentes e pessoas saudáveis; e o outro caminho foi realizar a comparação dentro do próprio grupo de pacientes positivos para COVID-19, onde foram equiparados aqueles que apresentavam formas leves ou moderadas, em contraste com os pacientes graves ou críticos. Os resultados mostraram que tanto a IP-10 como a SAA aumentam de maneira significativa, quando foram comparados os soros de pacientes com COVID-19 e os de pessoas saudáveis. Além disso, os níveis plasmáticos das duas proteínas inflamatórias foram mais altos em pacientes graves ou críticos do que em pacientes leves e moderados. Tudo isto sinaliza para que essas duas proteínas possam vir a ser utilizadas tanto na classificação do paciente quanto à gravidade, quanto na sua possível evolução clínica, e essa relação possa auxiliar na tomada de decisões acerca de cada paciente.

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