Evidências Covid 19

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O fechamento das escolas pode ser eficaz sem adotar outras medidas?

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Fechamento de escolas e práticas de gestão durante surtos de coronavírus, incluindo COVID-19: uma revisão sistemática rápida

PESSANHA, Pedro Gonçalves

VINER, Russell M.; et al. School closure and management practices during coronavirus outbreaks including COVID-19: a rapid systematic review. The Lancet. Child & Adolescent Health., v. 4, n. 5, p. 397-404, 2020. DOI. 10.1016/S2352-4642(20)30095-X. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32272089

O estudo corresponde a uma revisão da eficácia do fechamento das escolas e práticas de isolamento social escolar durante surtos de coronavírus. Foram analisados 16 artigos e as conclusões não foram unânimes. O estudo indica que a diminuição dos casos é irrelevante se feito isoladamente e que outras medidas devem ser ponderadas em conjunto ao fechamento.

Uma semana após o decreto de pandemia, segundo a ONU, 107 países já haviam implementado o fechamento de escolas. A prática veio das experiências de epidemias de influenza. Mostra-se eficiente, porém perde eficiência se os alunos entram em contato com outras pessoas. O que parece preocupar são as consequências econômicas desse fechamento, já que os pais precisam trabalhar. Por isso, a preferência por suspensões de atividades, e não fechamento.

A pesquisa foi projetada para incluir quaisquer estudos que forneçam dados sobre escolas, porém, ao não encontrar registros no PUBMED com o termo “escola”, buscaram termos como “criança”, “infância”, “lactente”, “bebê” e “pediátrico”. No servidor medRxiv, a pesquisa foi executada pelos termos SARS ou MERS ou coronavírus ou COVID-19. Não foi procurado o termo “escola” pois os autores não consideraram que seria útil. Os artigos foram submetidos a uma triagem tripla e retiraram artigos de opinião, revisões sistemáticas, estudos abordando outros vírus, ambientes de universidades, estudos epidemiológicos que não examinavam os efeitos da intervenção e estudos sem tradução para o inglês.

No PubMed identificou-se 119 artigos; desses, 22 foram avaliados e oito incluídos na revisão. No medRxiv foram 480 artigos, dos quais 36 artigos pré-impressos (preprints) foram avaliados e 6 incluídos. Além disso um estudo de modelagem foi adicionado. No total foram 16 estudos analisados na revisão. Todos os artigos publicados referiam-se ao surto de SARS em 2003; cinco preprints e um relatório diziam respeito à pandemia de COVID-19.

Na China o fechamento das escolas foi implementado junto de um pacote de rigoroso distanciamento social, que se mostrou eficaz, mas não há como saber a eficácia do fechamento escolar separadamente. Em surtos anteriores de SARS na Ásia o fechamento das escolas sem as outras medidas rigorosas, não mostrou grande eficácia, sendo preferível medidas de distanciamento e prevenções dentro das escolas. Os estudos de modelagem disponíveis chegaram à conclusão de que o fechamento das escolas é insuficiente para deter a pandemia COVID-19 isoladamente. Uma questão preocupante é o conflito de cuidado profissional e familiar de profissionais de saúde. Esses profissionais vivem dilemas, principalmente pela necessidade de creche.

Apenas um estudo incluído na revisão foi feito especificamente para avaliar a eficácia das medidas de distanciamento escolar, pois há escassez de dados sobre o tema. As informações dos resultados das medidas nos  surtos anteriores de SARS são também escassas. Alguns estudos de preprints indicaram que o fechamento das escolas no início de 2020 teria sido efetivo na China, porém não têm nenhuma comprovação dessa eficácia. Pela escassez de dados analisou-se os efeitos do fechamento de escolas em pandemias de influenza. Apesar de o fechamento das escolas ser considerado efetivo, sua efetividade é reduzida pelo contato das crianças com outras pessoas quando não estão na escola. Os resultados das descobertas apresentam um dilema, pois apesar de ser de bom senso manter as escolas fechadas, existe grande preocupação com as consequências econômicas. Essas crianças ficam em casa, o que impossibilita os pais de trabalharem. A longa duração desse fechamento das escolas é um desafio e precisa-se de mais estudos sobre o tema para auxiliar essa retomada.

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A pessoa sem sintomas ou antes de que apareçam pode transmitir a infecção da COVID-19 ?

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Evidência que apoia a transmissão da síndrome respiratória aguda grave Coronavírus 2 enquanto pré-sintomático ou assintomático

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

Furukawa, Nathan W.; Brooks, John T.; Sobel, Jeremy. Evidence Supporting Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 While Presymptomatic or Asymptomatic. Emerging Infectious Diseases, v. 26, n.7. DOI: 10.3201/eid2607.201595 . Disponível em : http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32364890

Com o desenvolvimento da pandemia da Covid-19  foi observado que algumas pessoas infectadas podem não apresentar sinais e sintomas da doença, sendo identificadas como pré-sintomáticas (RNA do SARS-CoV-2 detectado antes do início dos sintomas) e assintomáticas (RNA do SARS-CoV-2 detectado, mas nunca desenvolvem sintomas). Esta revisão tem por objetivo apontar evidências da transmissão do SARS-CoV-2  pré-sintomática  e assintomática. Relatórios epidemiológicos, virológicos e de modelagem recentes apoiam esta transmissão, e sua evidência seria de grande importância na prevenção do contágio. Porém, existem ainda incertezas sobre esta afirmação e o desenvolvimento de imunidade protetora. 

Foram analisados, no PubMed, artigos publicados de 1 de janeiro a 2 de abril de 2020 relacionados a transmissão SARS-CoV-2 pré-sintomática e assintomática antes da obrigatoriedade do uso de máscaras. Foram incluídos artigos originais, relatórios breves e correspondências, com objetivo de relatar evidências epidemiológicas, virológicas ou de modelagem para transmissão pré-sintomática ou assintomática de SARS-CoV-2.

Este estudo considerou três pontos principais: evidência epidemiológica, evidência virológica e evidência de modelagem. As evidências epidemiológicas foram inicialmente identificadas na China, mas também na Alemanha e em Cingapura, onde pacientes primários pré-sintomáticos ou assintomáticos foram submetidos a contato durante viagem, encontros familiares ou visitas a parentes doentes. Esta transmissão ocorreu  em famílias ou domicílios, com período de incubação nos casos pré-sintomáticos de 2 a 11 dias.

A infecção por SARS-CoV-2 é diagnosticada principalmente pela presença de RNA viral de transição reversa (RTP-PCR) ou por cultura viral. O RTP-PCR  identifica a presença do RNA viral, mas não a presença do vírus infeccioso, porém os autores mostram que se o número de ciclos de PCR necessários para detectar o RNA SARS-CoV-2 (RT-PCRct) tiver valores mais baixos indicaria maior carga viral e maior poder de infecção. Embora os relatórios avaliados não identificassem a transmissão real do vírus enquanto pré-sintomático ou assintomático, os baixos valores de RT-PCRct (ou seja, alta carga viral) e a capacidade de isolar o SARS-CoV-2 infeccioso forneceram evidências virológicas para pensarmos em sua transmissão nestes grupos sem sintomas.

Demonstraram que relatos de casos primários (contato com contaminados sabidamente) e secundários (sem contato) sugerem que 13% das infecções podem ser transmitidas durante período pré-sintomático, a partir da identificação de que o intervalo para aparecimento de Covid-19 foi de 4 dias (menor que o período médio estimado de incubação de 5 dias). Outros estudos analisados mostraram que até metade das infecções foram transmitidas por pré-sintomáticos e 4/5 por assintomáticos ou com leves sintomas, sugerindo que muitos destes infectados não foram detectados contribuindo para o desenvolvimento da pandemia.

 Os autores concluíram, a partir destas constatações, que provavelmente o número de infectados é maior do que o registrado, o que reforça a importância do distanciamento físico, uso de máscaras para diminuir a transmissão, e ainda testar e mapear os contatos interrompendo as cadeias de contágio. Precisamos estar atentos à incidência de infecção assintomática em relação aos sintomáticos, sendo cada vez mais necessários o rastreamento dos contatos, teste em massa e isolamento de contatos assintomáticos. Importante também identificar se estes assintomáticos ou com infecção leve podem ser capazes de desenvolver imunidade protetora, qual seu tempo de duração e se serão imunes a reinfecção, mas ainda assim capazes de transmitir. Estas respostas serão necessárias para orientação da retomada às funções normais da sociedade.

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Como os profissionais de saúde devem se proteger para lidar com a COVID-19 ?

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A pandemia de Covid-19, Equipamento de Proteção Individual e Respirador: uma revisão narrativa

MONT'ALVÃO, Claudia

HA, J. F. The Covid-19 pandemic, personal protective equipment, and respirator: a narrative review. International Journal of Clinical Practice, p. e13578, Jun. 2020. [publicado antes do impresso]. DOI: 10.1111/ijcp.13578. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32511834

O objetivo do artigo, a partir de uma revisão narrativa, é examinar e resumir as evidências disponíveis para gerar recomendações sobre a segurança de profissionais de saúde, (HCW, health care workers).

O artigo aborda, a partir da pandemia causada pelo coronavírus, uma discussão sobre os equipamentos de proteção individual (EPIs) uma vez que são o limite de proteção para os HCW. A autora aponta que há uma controvérsia entre instituições sobre o uso de EPIs como recomendação para o controle da infecção por HCW.

Para a realização da revisão narrativa, a autora buscou nas bases de dados PubMed MedLine e Embase em 30 de março de 2020 artigos que utilizassem como palavras-chave “equipamento de proteção individual”,’COVID-19”, “n95”, “profissionais da saúde” e “mortalidade/óbitos”. Uma revisão bibliográfica também foi realizada. Os resumos foram escaneados para avaliar sua adequação a serem incluídos na revisão narrativa.

Na discussão, a autora aponta as questões nos tópicos apresentados a seguir:

. Gotículas respiratórias são a principal via de transmissão, e podem causar contaminação através de contato próximo (inclusive olhos) ou nas superfícies. A transmissão pode ser reduzida e influenciada por fatores como: ventilação, filtragem do ar, esterilização e EPIs;

. Taxa de transmissão entre profissionais de saúde: Cerca de 3,5 a 20% dos profissionais de saúde foram infectados, e a mortalidade desse grupo está na faixa de 0,53 a 1,94 %;

. Lições da SARS: Quando em 2013 tivemos o surto de SARS, os profissionais não estavam preparados. EPIs podem prevenir os profissionais de saúde de infecções e talvez essa experiência tenha influído no uso de respiradores n95 na proteção desses profissionais, devido à alta taxa de mortalidade da COVID-19.

. A taxa de mortalidade entre profissionais de saúde está na faixa entre 1,4-3,83%. A falta de EPIs parece estar relacionada a esse número de óbitos.

. Higiene geral, uso de toucas, máscaras e proteção para os olhos. A higiene geral é um procedimento de controle de infecções. Os EPIs dependem da prevalência de COVID-19 na comunidade, do grau de proliferação, disponibilidade, ocasião, e precisão na testagem da COVID-19. Como há evidências de transmissão do vírus influenza pelo ar, recomenda-se o uso de óculos de proteção e máscaras face shield.

A autora destaca na discussão questões sobre máscaras e respiradores. As máscaras cirúrgicas, apesar de serem impermeáveis, não são consideradas uma proteção respiratória, uma vez que são utilizadas para proteger o profissional de saúde contra as gotas maiores, e outros fluidos transmitidos pelas mucosas do nariz e boca. Já os respiradores permitem a filtragem do ar, como o n95.

O respirador n95 é, no momento, o recomendado para os profissionais de saúde que estejam a 2 metros de pacientes com suspeita ou infectados com o SARS-CoV-2. Sua eficácia, uso prolongado e reuso também já foram investigados, assim como problemas relacionados ao seu uso. Como desvantagens, estão associados à diminuição na acuidade comunicacional, desconforto na cabeça e face devido ao calor, pressão ou dor, dor de cabeça, coceira, queimação nos olhos, náusea, tonteira, dificuldade de concentração, entre outras questões de interferência mecânica na realização das atividades.

Já os respiradores purificadores de ar (Powered Air-Purifying Respirators, PAPR), apresentam maior fator de proteção comparados aos respiradores n95.

Como conclusão, a autora destaca que há muito a aprender com essa pandemia e que o coronavírus configura-se como um novo patógeno de alta fatalidade se não forem utilizadas intervenções efetivas. É preciso aprimorar o programa de suprimentos médicos de reserva, melhorar o sistema de alocação, distribuição e utilização de EPIs. Estes devem ser adequadamente implementados a fim de garantir que estamos prontos para a próxima pandemia.

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A COVID-19 pode provocar inflamação do coração?

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Suspeita de lesão miocárdica em pacientes com COVID-19: evidência da observação clínica de primeira linha em Wuhan, China

LASSANCE, Marcio

DENG, Qing ; et al. Suspected myocardial injury in patients with COVID-19: Evidence from front-line clinical observation in Wuhan, China. International Journal of Cardiology, v. 311, p. 116-121, Jul. 2020. DOI 10.1016/j.ijcard.2020.03.087. Disponível em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32291207

Durante o surto da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) em Wuhan, China, desde dezembro de 2019, percebeu-se que a lesão do músculo cardíaco poderia levar os pacientes a óbito. Realizou-se então análise dos casos de COVID-19, focando-se nas manifestações cardiovasculares, em busca de evidências de doença cardíaca causada pelo novo coronavírus.

A despeito da pneumonia grave, viu-se que a doença causada pelo novo coronavírus pode acometer diversos órgãos e sistemas, levando ao que denominamos falência de múltiplos órgãos. Neste contexto, o coração torna-se alvo da doença, possivelmente por ação direta do vírus no músculo cardíaco, causando miocardite, uma condição potencialmente fatal. O objetivo deste estudo foi a coleta de informações que demonstrassem evidência de miocardite e injuria miocárdica causada pela COVID-19.

Foi, pois, realizado um estudo retrospectivo no Hospital Renmin da Universidade de Wuhan, englobando 112 pacientes com sintomas iniciados entre 6 de janeiro e 20 de fevereiro de 2020. O diagnóstico de COVID-19 foi confirmado durante a internação hospitalar. Dados concernentes ao sistema cardiovascular foram coletados para diagnóstico de miocardite. Dosagem sérica de Troponina I e peptídeo natriurético cerebral (NT-pro BNP), ecocardiograma e eletrocardiograma foram realizados de forma seriada nos pacientes selecionados durante o período de hospitalização. Para análise, os pacientes foram divididos em graves e não graves, conforme critérios definidos pelos autores.

Analisando-se os resultados, os autores concluíram que 12,5% dos apresentaram evidências sugeriam o diagnóstico de miocardite. No geral, eram pacientes mais graves e com maior probabilidade de internação em terapia intensiva. De nota, quanto maior a dosagem dos níveis séricos de Troponina I, maior a probabilidade de óbito.

A realidade é que estamos diante de uma doença relativamente nova. Sabemos que alterações cardiovasculares podem advir da infecção pelo novo coronavírus. Há, no entanto, algumas possibilidades que explicariam tal fenômeno. Indivíduos com doenças cardíacas pré-existentes, ainda que assintomáticos, podem apresentar descompensação clínica na vigência de infecções graves, mormente aquelas cursando com pneumonia de baixa saturação de oxigênio sanguíneo. Ainda, a própria síndrome de resposta inflamatória sistêmica associada aos casos mais graves da infecção pode levar a alterações cardiovasculares similares àquelas vistas na miocardite, assim como causar trombose coronariana e infarto agudo do miocárdio. O diagnóstico definitivo da miocardite é feito por meio de biopsia do miocárdio com detecção de material viral incorporado nas células musculares cardíacas. Desta forma, é difícil atribuir as alterações laboratoriais descritas no artigo unicamente à ação direta do vírus no coração. Entretanto, sabemos, à luz de estudos posteriores a este, que o vírus, em alguns casos, pode causar miocardite. O que sabemos atualmente é que as manifestações cardiovasculares secundárias à COVID-19 têm múltiplas causas, sendo a miocardite apenas uma delas. O diagnóstico preciso é importante pois norteia o tratamento correto.

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Como proteger a pele dos profissionais de saúde quanto ao uso prolongado de máscaras de proteção?

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Avanços no Cuidado da Pele e de Feridas

LETICHEVSKY, Sonia

SMART, H. et al. Preventing Facial Pressure Injury for Health Care Providers Adhering to COVID-19 Personal Protective Equipment Requirements. Advances in Skin & Wound Care, v. 33, n. 8, p. 418-427, Ago. 2020. DOI: 10.1097/01.ASW.0000669920.94084.c1 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7342803/

O artigo aborda uma proposta para mitigar uma questão que ficou muito evidente desde o início da pandemia de COVID-19: as lesões que aparecem na pele de profissionais de saúde da linha de frente com o uso contínuo e prolongado de máscaras de proteção individual, importantes para evitar a transmissão através de aerossóis.

Os autores propuseram adaptar o silicone que é rotineiramente empregado para prevenir lesões em pacientes de alto risco, para ser utilizado nos locais da pele comumente lesionados por máscaras usadas pelos profissionais de saúde. As vantagens do uso deste silicone seriam sua disponibilidade, já que é empregado no hospital para evitar lesões em pacientes, assim como seu baixo custo. A proposta é cortar este silicone em diversos fragmentos para serem aplicados na mandíbula, regiões superior e laterais do nariz e partes laterais do rosto.

Os testes para avaliar a eficácia deste silicone na proteção da pele foram realizados em 10 voluntários, de ambos os sexos, da equipe do Hospital Universitário King Kamal. Foi utilizada a classificação para tipos de pele de Fitzpatrick, que varia de: pele clara tipo 1, queima facilmente e nunca se bronzeia; tipo 2, que queima facilmente e se bronzeia ligeiramente; pele média tipo 3, inicialmente se queima e se bronzeia bem; tipo 4, que geralmente se bronzeia; até a pele marrom escura, tipo 5, e negra, tipo 6. Os voluntários foram identificados com tipos de pele 2, 3, 4, 5 e 6.

Na primeira fase do estudo, apenas um pequeno curativo de silicone foi usado nas proeminências faciais ósseas durante o período do turno para que houvesse um controle rigoroso de possíveis infecções. Na fase 2, foi realizado um teste de ajuste da máscara N95, com uma camada de silicone protegendo a pele. O teste foi realizado de acordo com as melhores práticas internacionais. Na fase 3, foi conduzido o uso da proteção facial por 1 hora após o teste de ajuste para verificar, então, a condição da pele. Na fase 4, foi determinada a eficácia e estabilidade do curativo de silicone sob a máscara de N95 após 3 horas e, depois deste teste, a pele foi examinada. A fase 5 comparou a diferença com e sem uso de silicone na qualidade da pele facial e a oxigenação (SpO2) após um turno de 4 horas dos voluntários. Estes testes foram realizados repetidamente.

Os voluntários relataram conforto ao usar a proteção de silicone, assim como uma menor fricção. As peles mais claras apresentaram maiores impactos relativos à pressão do que as peles mais escuras. Além do teste realizado para avaliar os danos à pele com a presença ou ausência do silicone, foi avaliado se o silicone interferia na eficiência da máscara N95 e observou-se que o uso de silicone aprimorou a vedação, fato demonstrado por uma pequena queda na oxigenação dos participantes do estudo. Estes testes, com reduzido número de pessoas, foram considerados promissores para solucionar o problema que vem afetando profissionais de saúde do mundo inteiro.    

 

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Como alguns assuntos sobre COVID-19 se comportaram nas redes sociais no início da pandemia?

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Rastreando o discurso das mídias sociais sobre a pandemia do COVID-19: desenvolvimento de um conjunto de dados públicos do Twitter sobre coronavírus

DUARTE, Rosália

CHEN, Emily; LERMAN, Kristina; FERRARA, Emilio. Tracking Social Media Discourse About the COVID-19 Pandemic: Development of a Public Coronavirus Twitter Data Set. JMIR Public Health Surveill, v. 6, n. 2 p. e19273, Apr-Jun. 2020. [Publicado online em maio de 2020]. Doi: 10.2196/19273. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7265654/

Durante a pandemia relacionada à COVID -19, grande parte das opiniões, diálogos, recomendações governamentais e informações (verdadeiras e falsas) sobre o tema circulam pelo Twitter. O artigo relata estudo que reuniu, catalogou e analisou postagens dessa rede social sobre o tema, buscando contribuir para rastrear a circulação de desinformação e de afirmações não comprovadas.  

Antes da pandemia relacionada à Covid-19, as redes sociais online já eram o espaço preferencial de comunicação interpessoal e de obtenção de informações para a maioria da população do planeta. Os autores argumentam que as medidas de distanciamento social, necessárias à redução de novas infecções pelo vírus, adotadas em mais de 180 países, elevaram exponencialmente o acesso a essas redes e as tornaram centrais para o diálogo em fórum público, a circulação de opiniões, a veiculação de informações e recomendações sobre prevenção. Através da interface de programação de aplicativos aberta (API) do Twitter, foram rastreadas palavras-chave e contas relacionadas à COVID -19, entre 21 de janeiro e 21 de março de 2020, reunindo mais de 72 milhões de tweets (postagens) públicos. Buscaram, assim, monitorar os principais tópicos, palavras-chave e fontes de tendência do Twitter associados à COVID-19 e capturar conversas em relação ao surto da doença.

Para o rastreamento das conversas, os pesquisadores cadastraram um conjunto de palavras-chave (coronavirus; coronapocalypse; covidiot; Wuhan coronavirus; panic bying; chinese virus, stayhomechallenge; pandemic, entre outras) e contas relacionadas à COVID-19 na interface de programação de aplicativos aberta (API) do Twitter. Esta retorna quaisquer tweets que tenham alguma das palavras-chave no texto ou nos metadados (dados sobre dados), tornando possível compor um banco de dados permanentes com os conteúdos abordados, em língua inglesa. Como a coleta é contínua, o artigo traz link para acesso às postagens coletadas após 21 de março de 2020 e os autores informam que o banco de dados ficará permanentemente à disposição de outros pesquisadores.

Os procedimentos legais acordados com o Twitter não permitem divulgar publicamente o texto dos tweets coletados. Desse modo, estão registrados no artigo somente os identificadores (ID) vinculados aos tweets específicos. A consulta aos ID permite a outros pesquisadores ter acesso ao conteúdo da postagem e aos metadados dos autores. Tomando como referência a linha de tempo da pandemia, divulgada pelos veículos de comunicação Business Insider, NBC e CNN, os autores analisam relações entre os principais eventos desse período e o discurso veiculado no Twitter.

A subcadeia de hashtags “coronavirus” é recorrente permanentemente no conjunto de dados; seu aparecimento cresceu no dia em que a OMS declarou a COVID-19 uma emergência global de saúde pública e no dia em que os Estados Unidos anunciaram a primeira morte relacionada à doença. Não houve registro da hashtag “covid” antes de 11 de fevereiro de 2020, data em que “COVID-19” foi anunciado como o nome oficial da doença. O aparecimento da palavra-chave “wuhan” nas hashtags foi consistente nos primeiros meses desse ano, mas declinou a partir daí, refletindo a diminuição de casos na China. Na ocorrência dos grandes eventos envolvendo o desenvolvimento da pandemia (declarações oficiais da OMS, alta de casos, aparecimento da doença e registro de primeiras mortes nos países, etc.) as contas mais ativas são as que incluem usuários identificados pelo Twitter como contas de interesse público e verificados como autênticos.

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Quais as principais estratégias para prevenir, monitorar e tratar pacientes graves de COVID-19 ?

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COVID-19: tratamento e gerenciamento de casos graves

MARRA, Flavio Maciel

AI, Jingwen ; et al.  COVID-19: treating and managing severe cases Cell Res.,   v. 30, n. 5, p. 370-371, May 2020. DOI: 10.1038/s41422-020-0329-2. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32350393/

Este trabalho tem por objetivo destacar as estratégias adotadas em pacientes graves com COVID-19 e discutir a utilidade de certas drogas antivirais e glicocorticoides.

Para o acompanhamento dos pacientes graves e críticos, as estratégias são:

(1) Prevenção e controle de infecção hospitalar:

Destacam-se o fortalecimento da gestão do processo, seleção e uso correto de equipamentos de proteção individual, como roupas de isolamento, máscaras de proteção, luvas, etc. Além disso é necessária a implementação de medidas de desinfecção e isolamento, com o objetivo de minimizar o risco de infecções hospitalares e eliminar as infecções adquiridas em hospitais pela equipe médica.

(2) Monitoramento de indicadores de severidade de doença:

Trata-se de gerência técnica de alta relevância que inclui a lactato desidrogenase, dímeros D, IL-6, contagem de linfócitos do sangue periférico e linfócitos T CD4. Os testes microbiológicos clínicos são necessários bem como o acompanhamento de procalcitonina e proteína C reativa. Os casos de infecções bacterianas ou fúngicas devem ter pesquisa, cultura microbiológica e testes de diagnóstico molecular.

(3) Uso de Terapias antirretrovirais:

A maioria dos estudos sobre medicamentos antivirais carece de resultados que reflitam a ação neutralizadora do SARS Cov-2. Entre eles, citam-se o lopinavir / ritonavir, a hidroxicloroquina / fosfato de cloroquina associado ou não à azitromicina e o remdesivir. Em grande parte dos estudos são encontradas falhas metodológicas significativas, quer sob o ponto de vista amostral ou relativas ao desenho do estudo. No entanto, embora não se possa atribuir a ação antiviral a nenhum deles, algumas séries demonstram melhoras na curva de sobrevida e/ou no tempo de permanência em UTI. Portanto, não há consenso internacional sobre as opções de tratamento antiviral para a COVID-19, e mais estudos clínicos prospectivos ainda são necessários. Contudo, precisaríamos prestar muita atenção às possíveis reações adversas de vários medicamentos antivirais.

(4) Uso de terapias específicas:

Para os pacientes com sinais de evolução severa e com altos níveis de dímeros-D, a terapia anticoagulante, com heparina de baixo peso, está indicada. O uso de glicocorticoides não é uma estratégia inovadora no acompanhamento de pacientes graves e críticos, sendo, contudo, objeto de debate para pacientes com pneumonias virais. A OMS não recomenda o seu uso na COVID-19, tendo como base experiências anteriores com Síndromes Respiratórias Agudas Graves e H1N1. O alto risco de progressão da doença e o papel imunossupressor desses agentes representam o cerne da discussão para o seu uso. A imunossupressão funcionaria como um modulador do excessivo estado inflamatório, prevenindo a progressão da doença. Sendo assim, estariam indicados nos casos em que a tempestade de citocinas ainda não ocorreu.

 

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Como as mídias sociais afetam negativamente a saúde mental das pessoas na pandemia?

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O impacto das mídias sociais no pânico durante a pandemia de COVID-19 no Curdistão iraquiano: estudo de questionário on-line

BERMUDES, Priscilla Mara

AHMAD, Araz Ramazan; MURAD, Hersh Rasool. The impact of social media on panic during the COVID-19 pandemic in iraqi Kurdistan: online questionnaire study. Journal of Medical Internet Research, v. 22, n. 5, e19556, May 2020.  DOI: 10.2196/19556. Disponível em: https://www.jmir.org/2020/5/e19556/

O presente artigo ressalta a relação entre o uso das mídias sociais e a disseminação do pânico durante a pandemia da COVID-19 no Curdistão iraquiano, com o objetivo de determinar como tais mídias afetam a saúde mental dos indivíduos.

Nos primeiros meses de 2020, informações e notícias sobre a COVID-19 foram rapidamente publicadas e compartilhadas nas plataformas de redes sociais. Não obstante o campo da infodemiologia estudar os padrões de informação na internet e nas mídias sociais há pelo menos 18 anos, a pandemia da COVID-19 foi referida como a primeira infodemia das mídias sociais. No entanto, existem evidências limitadas sobre se e como a massa infodêmica espalhou pânico e afetou a saúde mental dos usuários dessas plataformas sociais.

A metodologia utilizada para realizar este estudo foi a aplicação de um questionário on-line, preparado e realizado no Curdistão iraquiano para 516 usuários de mídias sociais. Este estudo implantou um método de análise de conteúdo para análise de dados, correspondentemente, os dados foram analisados ​​usando o software SPSS.

Como resultados, os participantes relataram que a mídia social tem um impacto significativo na disseminação do medo e do pânico relacionados ao surto de COVID-19 no Curdistão iraquiano, com uma potencial influência negativa na saúde mental e no bem-estar psicológico das pessoas. O Facebook foi a rede de mídia social mais usada para espalhar pânico sobre o surto de COVID-19 no Iraque. Foi encontrada uma correlação estatística positiva significativa entre o uso de mídia social autorreferido e a disseminação do pânico relacionado à COVID-19 ( R = 0,8701). Além disso, resultados mostraram que a maioria dos jovens de 18 a 35 anos enfrenta ansiedade psicológica.

Concluindo, a pesquisa revela que a mídia social tem desempenhado um papel fundamental na disseminação de ansiedade sobre o surto de COVID-19 no Curdistão iraquiano, no qual as pessoas estão usando plataformas de redes sociais para obter informações sobre a COVID-19. A natureza do impacto do pânico nas mídias sociais entre as pessoas varia de acordo com o gênero, a idade e o nível de educação de um indivíduo. 

Por conseguinte, especialistas em mídia e educadores do Curdistão devem trabalhar para educar os consumidores de mídia sobre o que constitui informação boa e confiável, além de como pensar criticamente com essas informações. Em razão das pessoas mais jovens também estarem consumindo informações das mídias sociais e consequentemente divulgando para seus familiares e amigos, enfatiza-se que as universidades são locais ideais para criar cursos e simpósios com a finalidade de ajudar estudantes e professores a distinguir como procurar, encontrar e avaliar informações de saúde no caso de uma epidemia ou pandemia, de forma segura e eficaz.

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Qual o impacto de doença cardiovascular na evolução da COVID-19 ?

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Doença Cardiovascular e COVID-19

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

BANSAL, Manish. Cardiovascular disease and COVID-19. Diabetes & Metabolic Syndrome, v.14, n.3, p. 247-250. Jun. 2020.  Doi: 10.1016/j.dsx.2020.03.013. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32247212

A COVID -19 é uma doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), responsável por um quadro respiratório que pode evoluir de sintomas gripais leves até a síndrome do desconforto respiratório agudo, potencialmente letal. Ocorre lesão cardíaca aguda em 12% dos infectados, associando-se a piores resultados evolutivos, especialmente nos pacientes com doença cardiovascular (DCV) subjacente. Este artigo  pretende discutir as manifestações cardiovasculares na COVID -19, assim como o impacto de DCV pré existentes nesta evolução e nas prováveis complicações.

O método utilizado foi uma pesquisa bibliográfica, usando os mecanismos de pesquisa do PubMed e do Google para artigos originais e de revisão, conselhos de sociedades profissionais e comentários de especialistas publicados desde o início da atual pandemia.

Embora não seja o principal alvo do SARS-Cov-2, o Sistema cardiovascular (SCV) pode ser  afetado de diversas maneiras: pela lesão miocárdica direta com alteração na regulação neuro-humoral; pela inflamação sistêmica crônica associada a tempestade de citocinas, podendo resultar em lesão e falência do coração; pela maior demanda cardiovascular associada à hipóxia instalada, podendo evoluir para lesão miocárdica aguda; pelas placas coronarianas desestabilizadas devido à inflamação sistêmica e pelo efeito pró-trombótico, sendo capazes de causar  infarto agudo do miocárdio (IAM); a partir de alguns medicamentos utilizados, potencialmente danosos ao SCV; por distúrbios hidroeletrolíticos associados, levando a piores desfechos cardiovasculares, como por exemplo arritmias.

Os autores demonstraram que  pacientes com COVID-19 e DCV prévia apresentam mais gravidade e piores resultados clínicos comparados a diabetes, doença cerebrovascular e hipertensão. Encontraram ainda dados que relacionam a prevalência de comorbidades cardiovasculares e seu impacto clínico com diferentes regiões geográficas, por exemplo, China, Estados Unidos e Europa. Concluíram que a lesão miocárdica aguda, por miocardite infamatória viral, é a complicação cardiovascular mais descrita na COVID-19, sendo a elevação da troponina I o marcador negativo mais relevante. Os artigos revisados não demonstraram contudo incidência expressiva de IAM ou choque cardiogênico, porém, foram relatados casos de insuficiência cardíaca congestiva em pacientes que receberam alta hospitalar. Descreveram a presença de arritmias, especialmente em pacientes que necessitaram de  UTI, sem descrição de seu tipo. Sugeriram que as complicações a longo prazo devam ser avaliadas com base em outros coronavírus que demonstraram alterações cardíacas, no metabolismo glicídico e no sistema respiratório, uma vez que seja possível que o Sars-CoV-2 tenha o mesmo comportamento.

Além disto, os autores enfatizaram a necessidade de proteção adequada para as equipes de saúde, além de protocolos rápidos de triagem, diagnóstico, isolamento e tratamento,  o que impactaria em melhor desfecho para o paciente e para cuidadores, minimizando o risco de contaminação e acelerando as medidas de suporte. Também relataram a preocupação inicial com uso de inibidores da ECA e bloqueadores dos receptores da angiotensina, por enquanto não confirmada. Ressaltaram ainda a necessidade  de conhecermos melhor as drogas utilizadas e suas interações ou efeitos colaterais, no intuito de evitar danos ao SCV, como aconteceu com alguns medicamentos usados nesta pandemia.

O  estudo concluiu que, embora a COVID-19 seja uma doença que afeta principalmente o sistema respiratório, existe associação com DCV pré existentes ou desenvolvidas após o início dos sintomas, havendo necessidade de futuras abordagens científicas que descrevam sua evolução e suas interações com outras comorbidades. Além disto, precisam ser melhor avaliados o diagnóstico e as interações medicamentosas no tratamento que se sobrepõe.

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Como os nutrientes podem fortalecer a imunidade durante a COVID-19 ?

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Fortalecendo o sistema imune e reduzindo inflamação e estresse oxidativo através de dieta e nutrição: considerações durante a crise de COVID-19

COHEN, Larissa

IDDIR, M. ; et al. Strengthening the immune system and reducing inflammation and oxidative stress through diet and nutrition: considerations during the COVID-19 crisis. Nutrients, v.12, n.6, p.E1562, mai.2020. DOI:10.3390/nu12061562 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32471251/

As manifestações da COVID-19 podem ser assintomáticas, moderadas ou severas com complicações, como síndrome respiratória aguda, que se relacionam à tempestade de citocinas associada à hiper inflamação. Nesse contexto, conhecer nutrientes anti-inflamatórios e antioxidantes que promovam ótimo estado nutricional é relevante para fortalecer o sistema imunológico durante a crise de COVID-19.

O estado nutricional carente de macro e micronutrientes associa-se com maior inflamação e estresse oxidativo e torna o indivíduo suscetível às questões relacionadas ao sistema imunológico. Vitaminas A, C, D, E, carotenóides, polifenóis, fitoquímicos em geral, zinco, ferro, proteínas, ácidos graxos ômega-3, fibras dietéticas presentes na dieta baseada em plantas e que modulam a microbiota propiciam resposta imune adequada. Por exemplo, um baixo consumo proteico leva à reduzida produção de anticorpos. Assim, esta revisão destaca a importância de um status ideal de nutrientes para reduzir inflamação e estresse oxidativo, a fim de fortalecer o sistema imunológico no cenário da COVID-19.

O surto desta doença infecciosa emergente evoluiu rapidamente e foram implementadas políticas públicas para controlar a doença, sendo o auto-confinamento uma delas. Diante do estresse do isolamento social, os indivíduos modificaram seus padrões alimentares, e podem consumir menos alimentos naturais. Sabe-se que o consumo de nutrientes anti-inflamatórios provenientes de uma dieta baseada em vegetais é significativo na homeostase da inflamação e estresse oxidativo, antes e/ou durante a infecção. Dessa forma, a resposta imunológica ótima depende de uma dieta balanceada.

Foi realizada uma revisão da literatura sobre os papéis de vários constituintes alimentares na infecção, inflamação e estresse oxidativo. Os nutrientes estudados foram: proteínas, lipídios, fibras, vitaminas A, D, E, C, complexo B, zinco, ferro, selênio, polifenóis e carotenoides. Os autores selecionaram estudos em animais e estudos clínicos randomizados e metanálises feitos com humanos, que associaram a falta dos nutrientes mencionados a riscos e sintomas de infecções virais.

Os autores identificaram que, em humanos, baixos níveis séricos de albumina, pré-albumina, ferro e vitamina E levam a menores respostas à vacinação da influenza em idosos, apontando a interrelação entre vários nutrientes e a resposta imune.

A suplementação de ômega 3 pode ser interessante durante a tempestade de citocinas, assim como a suplementação de vitamina D demonstra efeitos de proteção contra infecções do trato respiratório por reduzir a entrada de partículas virais de SARS-CoV-2 nas células. No entanto, a suplementação dos demais micronutrientes analisados necessita de mais estudos sobre seu papel em infecções em humanos.

Observou-se também que refeições com alto índice glicêmico associaram-se a aumento imediato de citocinas inflamatórias. Em contrapartida, o consumo de carboidratos complexos, fontes de fibras prebióticas, é inversamente relacionado às doenças infecciosas por favorecer a adequada composição da microbiota intestinal (probióticos), que influencia na prevenção de infecções virais. Logo, modular o microbioma intestinal no contexto da COVID-19 através da dieta é um aspecto importante.

As evidências indicam que uma dieta com equilíbrio de nutrientes afeta positivamente a função imunológica, com destaque para a ação do microbioma intestinal modulado a partir de uma dieta baseada em vegetais.

Embora os constituintes alimentares anti-inflamatórios possam ser benéficos durante a hiper inflamação, como a tempestade de citocinas da COVID-19, os pesquisadores frisam que se deve ter atenção com altas doses de anti-inflamatórios isolados e/ou antioxidantes durante condições mais saudáveis, a fim de não suprimir excessivamente a inflamação e o sistema imunológico.

O artigo contextualiza as evidências disponíveis sobre nutrientes em relação à COVID-19 e ao sistema imunológico. Ademais, os autores elucidam que todos os aspectos abordados são interessantes também no manejo das inflamações crônicas de baixo grau relacionadas à obesidade, diabetes, doenças autoimunes e cardiovasculares.

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