Evidências Covid 19

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Estratégias mais adequadas e efetivas para conscientizar a população sobre COVID-19 são necessárias?

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Estratégias mais efetivas são requeridas para fortalecer a consciência pública da COVID-19: Evidência das Tendências do Google

DIAS, Elaine

HU, D. ; et al. More effective strategies are required to strengthen public awareness of COVID-19: Evidence from Google Trends. J. Glob. Health., v. 10, n. 1, p. 011003,  Jun. 2020. Doi:10.7189/jogh.10.011003. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32373339/

Nas últimas duas décadas, com o aumento da disponibilidade e do uso da Internet, as pessoas obtêm informações principalmente por meio desse novo método alternativo. O Google é o mecanismo de pesquisa mais popular e possui o Google Trends, um site que analisa a popularidade de termos de pesquisa em todo mundo. Desde que o Google Trends se tornou disponível ao público, ele foi implementado para examinar vários padrões de classificação temporal de algumas questões relacionadas à saúde e para investigar a conscientização do público sobre essas doenças.

Com o interesse do público sobre medidas preventivas para a Covid-19, os autores examinaram a busca global por COVID-19 usando o Google Trends. Na pesquisa os investigadores recuperaram dados de consulta pública para os termos de “2019-nCoV + SARS-CoV-2 + novel coronavirus + new coronavirus + COVID-19 + Corona Virus Disease 2019”, entre 31 de dezembro de 2019 e 24 de fevereiro de 2020, em seis principais países de língua inglesa, incluindo os EUA, Reino Unido, Canadá, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia.

O surto de COVID-19 começou no final de dezembro, no inverno, que também é a estação em que os vírus da gripe atingem o pico. Semelhantemente aos sintomas da gripe, os pacientes confirmados com COVID-19 apresentam febre, tosse e mialgia ou fadiga, alguns têm dor de cabeça e diarreia. Portanto, a maioria das pessoas pesquisou o termo “sintomas do coronavírus” no Google, com medo de ser infectada pelo SARS-CoV-2.

A análise da série dinâmica demonstra a tendência geral de mudança do volume relativo de pesquisa para o tópico COVID-19. Foram realizadas comparações entre os países e também a correlação entre os volumes de pesquisa diários sobre o tópico relacionado a COVID-19 e o número diário de pessoas infectadas.

O estudo demonstrou um aumento da tendência geral de pesquisa em relação a COVID-19 no período inicial do tempo de observação, alcançando o ápice por volta de 31 de janeiro de 2020 na maioria dos países. A duração da atenção do público sobre a doença nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá foi maior do que na Irlanda e na Nova Zelândia. Os resultados também sugerem que o resultado de busca para o tópico COVID-19 na maioria dos países foi ligeiramente correlacionado positivamente com o número de pacientes infectados com a COVID-19 na China e com casos confirmados em outros países.

Além disso, dados recuperados dos EUA, Reino Unido, Canadá e Austrália pelo Google Trends mostram que pessoas de diferentes países também tinham um interesse comum nos “sintomas do coronavírus”.

Os termos mais pesquisados ​​nos EUA, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia foram “coronavirus nova york”, “coronavirus uk”, “coronavirus canada” e “coronavirus new zealand”, respectivamente, demonstrando que as pessoas se preocuparam mais com a epidemia da COVID-19 nos seus próprios países.

A correlação entre os volumes de pesquisa diários relacionados a COVID-19 com o número diário de casos confirmados na China e o número total diário de pessoas infectadas com SARS-CoV-2 em outros países (além da China) foi ligeiramente correlacionada positivamente. Isso sugere que a consciência pública sobre a COVID-19 não foi forte o suficiente. Assim, os autores destacam que medidas mais eficazes devem ser tomadas para fortalecer a divulgação adequada de informações sobre a doença a fim de aumentar a consciência pública e, dessa forma, tentar controlar a disseminação da COVID-19 em todo o mundo.

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Como os educadores em saúde podem contribuir para aumentar a segurança dos trabalhadores e de suas famílias durante a epidemia de COVID-19 ?

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Movendo rio acima a educação e o comportamento em saúde: lições da COVID-19 para lidar com os fatores estruturais das desigualdades em saúde

MONT'ALVÃO, Cláudia

PANUGANTI, B. A. et al. Moving Health Education and Behavior Upstream: Lessons From COVID-19 for Addressing Structural Drivers of Health Inequities. Health Education & Behavior, v. 47, n. 4 p. 519–524, Aug. 2020. DOI: 10.1177/1090198120929985. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32408770/

Dentro de uma perspectiva de justiça social e tradições emancipatórias, assim como o comprometimento no campo do conhecimento e de promoção da equidade em saúde, os autores dissertaram no artigo sobre as lições e oportunidades para a educação em saúde a partir da pandemia de COVID-19.

O estudo examinou os padrões de morbidade e mortalidade que emergiram durante a pandemia na região metropolitana de Detroit, com impactos desproporcionais nas comunidades afro-americanas e de baixa renda. Os autores consideraram condições de vulnerabilidade em três áreas – ambiente, ocupação, e moradia – que moldou a exposição e o acesso a críticos recursos de proteção à saúde. Os pesquisadores usaram uma estrutura de curso de vida para examinar os impactos duradouros da pandemia para os indivíduos, famílias e comunidades, e sugerir estratégias e ações de promoção da equidade em saúde a longo prazo.

A apresentação da pesquisa é iniciada com a descrição de padrões da infecção da COVID-19 e a mortalidade na região metropolitana de Detroit, e com o exame de determinantes estruturais da exposição e da vulnerabilidade como fatores contribuintes para riscos desproporcionais para afro-americanos e comunidades de baixa renda. Os autores argumentam que a pandemia de COVID-19 revela iniquidades duradouras e persistentes, que geram níveis desproporcionalmente altos de exposição e impactos adversos à saúde. E examinaram como a pandemia contribuiu para o aumento das disparidades de saúde, intensificando os riscos sociais e econômicos ao longo da vida.

Quando a pandemia de COVID-19 chegou ao estado de Michigan, as áreas de Detroit City, Wayne County, e Oakland County totalizavam quase metade dos casos do estado (58,8%), com alto índice de mortalidade, o que não foi surpresa aos pesquisadores. Em abril de 2020, os números da COVID-19 em Michigan indicavam que a população de afro-americanos, que representam 11% da população, somava 32% dos casos e 41% dos óbitos.

Já em relação às famílias de baixa renda, menores recursos para a armazenagem de alimentos resultaram em idas mais frequentes aos mercados e bancos de alimentos, o que aumentou a exposição dessas pessoas. Além desse cenário, também se verificou a incidência da doença em imigrantes ilegais vulneráveis.

Ainda que o governador do Michigan tenha atuado de forma ágil para restaurar o fornecimento de água ocorrido em função de contas não pagas, muitas famílias ficaram sem água, o que as impossibilitava de tomar uma precaução simples e efetiva – lave as mãos – aumentando o risco de contágio.

Esses fatores enfatizam fortemente a necessidade e a responsabilidade dos educadores em saúde de “nadarem contra a corrente”, ao reconhecer e abordar a pobreza e o racismo como fatores estruturais das iniquidades da COVID-19.

A partir das informações obtidas, os autores apontaram que os educadores em saúde devem apoiar outras ações estratégicas, para garantir a segurança dos trabalhadores e de suas famílias. E ainda, que os educadores em saúde podem trazer dados que demonstrem a natureza crítica de tais ações para famílias com crianças pequenas, para quem os impactos colaterais adversos da instabilidade habitacional (perdas de redes sociais e interrupções nas oportunidades educacionais) são susceptíveis de se agravar ao longo do curso de vida.

Os autores concluíram com uma discussão sobre as oportunidades estratégicas para educadores em saúde, trabalhando em parceria com entidades comunitárias e pesquisadores; usando, por exemplo, uma abordagem de pesquisa participativa de base comunitária (Community Based Participatory Research – CBPR), para enfocar mudanças estruturais que, no curto prazo, reduzem os efeitos adversos da pandemia e, a longo prazo, podem reduzir as persistentes desigualdades raciais, étnicas e socioeconômicas em saúde.

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Qual a tendência infodemiológica na Internet sobre perda de olfato durante a epidemia de COVID-19 ?

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Prevendo a Incidência da COVID-19 Usando Anosmia e outros Sintomas

MONT'ALVÃO, Cláudia

PANUGANTI, B. A. et al. Predicting COVID-19 Incidence Using Anosmia and Other COVID-19 Symptomatology: Preliminary Analysis Using Google and Twitter. Otolaryngology–Head and Neck Surgery., v. 16 , n. 3,  p. 491-497, Sep. 2020. DOI: 10.1177/0194599820932128. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32484425

O objetivo do artigo, a partir de um estudo observacional retrospectivo, é determinar as correlações entre as tendências dos usuários (user trends) do Twitter e do Google Search sobre a perda de olfato durante a incidência da COVID-19 nos Estados Unidos, em comparação com outras doenças em vias respiratórias agudas graves.

De forma introdutória, os autores apontam o papel da mídia durante a difusão da informação sobre a perda de olfato e sua associação com o coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Citam um estudo realizado com 237 pacientes, onde os médicos foram entrevistados sobre a sintomatologia do coronavírus 2019 (COVID-19) a partir da Ferramenta de Relatório de Anosmia (Anosmia Reporting Tool), desenvolvida pela Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (American Academy of Otolaryngology–Head and Neck Surgery). Como resultado, 73% dos pacientes reportaram anosmia antes do diagnóstico de COVID-19, e 26,6% reportaram a perda do olfato como um sintoma indicativo da doença.

A partir da necessidade de informações epidemiológicas em tempo real, as mídias sociais e o comportamento do usuário na Internet mostraram-se adequadas para a alocação de recursos relacionados à COVID-19 e a estratégias de mitigação.

Nesse estudo, os autores apresentam seus achados sobre uma análise preliminar de exploração infodemiológica, sobre a incidência de COVID-19 e sua relação com a múltiplas tendências de usuários em fórum online. Especificamente, os pesquisadores buscaram: 1) investigar os ‘tweets’ do Twitter, como uma alternativa ou de forma conjunta com o Google Trends (Tendências do Google), para entender padrões de incidência; 2) elucidar o valor infodemiológico das buscas no Google e no Twitter, comparando a perda ou não de olfato como sintoma de COVID-19; e 3) compreender a influência da mídia, como uma tendência infodemiológica relativa à perda do olfato.

Como resultado, os pesquisadores verificaram as buscas no Google e a frequência de tweets relacionadas aos sintomas de perda ou não do olfato, no período de 1 de janeiro a 8 de abril de 2020, utilizando o Google Trends e Crimson Hexagon, respectivamente.

Os coeficientes de Spearman relacionaram cada uma dessas tendências para comparação. As correlações obtidas após a exclusão de um curto período (22 a 24 de março) correspondem a uma ampla divulgação da mídia sobre anosmia como sintoma de infeção.

As buscas no Google e nos tweets sobre os sintomas não relacionados a perda de olfato (0.744 e 0.761, respectivamente) e COVID-19 (0.899 e 0.848) estão mais relacionadas com a incidência da doença do que a perda de olfato (0.564 e 0.539).

Os usuários de Twitter tuitaram sobre a perda de olfato durante o período de estudo, sendo a maioria mulheres (52%), enquanto que usuários tuitaram sobre a COVID-19 (49%). As frequências de Twitter e Google Search sobre a perda de olfato aumentou significativamente (desvio padrão de 2,5) a partir da ampla publicação na mídia sobre a relação desse sintoma com a infecção por SARS-CoV-2

As frequências no Google Search e no Twitter sobre ‘febre’ e ‘respiração curta’ são indicadores mais robustos da incidência de COVID-19 do que anosmia. Os meios de comunicação de massa representam fatores importantes para a confusão de informações e devem ser considerados em an

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Quais as diferenças de evolução da COVID-19 entre os pacientes assintomáticos e os sintomáticos?

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Avaliação clínica e imunológica de infecções assintomáticas por SARS-CoV-2

LOUREIRO, Sylvia

LONG, Quan-Xin; et al. Clinical and immunological assessment of asymtomatic SARS-CoV-2 infections. Nature Medicine, v. 26, p. 1200–1204, Jun. 2020. Doi: 10.1038/s41591-020-0965-6 Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41591-020-0965-6

A infecção pelo coronavírus 2 (SARS-CoV-2) em indivíduos assintomáticos ainda é motivo de estudos. Devido ao baixo número de testagem através do RT-PCR ou qualquer outro método capaz de detectar diretamente a presença do vírus na população em geral, esta situação torna-se motivo de fundamental atenção para o não relaxamento das medidas de prevenção individuais e coletivas no sentido de evitar a sua transmissibilidade.

Alguns pacientes, que são diagnosticados por um teste RT-PCR, são assintomáticos ou minimamente sintomáticos. Um aumento de evidência tem mostrado que indivíduos assintomáticos podem disseminar o vírus eficientemente e o surgimento desses disseminadores silenciosos do vírus tem causado dificuldades no controle da epidemia. Neste estudo foram descritas as características clínicas e epidemiológicas, níveis de vírus e respostas imunes em 37 indivíduos assintomáticos.

Foram recrutados 37 indivíduos com infecções assintomáticas, ou seja, sem quaisquer sintomas nos 14 dias após exposição e durante hospitalização no Distrito de Wanzhou. Trinta e sete indivíduos sintomáticos, com as mesmas características em relação a sexo, idade e comorbidades, foram selecionados para comparação com os assintomáticos. A característica numérica em relação a sexo e idade foi comparada com 37 indivíduos controle com resultados de RT-PCR negativo para SARS-CoV-2. Indivíduos controle portadores de doenças pulmonares, cardiovasculares , hepáticas, renais, metabólicas ou portadores de imunodeficiência foram excluídos. As infecções assintomáticas foram identificadas entre os que se apresentavam com alto risco de infecção (incluindo contato próximo e com história de viagem para Wuhan) em um único distrito, não em uma amostra randomizada representativa da população em geral. A partir disso foram realizadas comparações clínicas, radiológicas e laboratoriais entre os grupos.

A duração média de transmissão viral nos grupos de assintomáticos foi de 19 dias. O grupo assintomático teve duração prolongada de transmissão em relação ao grupo de sintomáticos. Os níveis específicos de IgG viral no grupo de assintomáticos foram significativamente mais baixos em relação aos do grupo de sintomáticos na sua fase aguda. Entre os portadores assintomáticos, 93,3% (28/30) e 81,1% (30/37) tiveram  redução da IgG e níveis de anticorpos neutralizantes respectivamente, durante o início da fase de convalescência, em comparação com 96,8% (30/31) e 62,2% (23/37) dos pacientes sintomáticos. Quarenta por cento dos indivíduos assintomáticos tornaram-se soronegativos para IgG no início da fase de convalescência, assim como 12,9% do grupo dos sintomáticos. Indivíduos assintomáticos tiveram resposta imune mais fraca, demonstrada através de níveis mais baixos de 18 citocinas pró e antinflamatórias.

Um hemograma completo, bioquímica sanguínea, coagulograma, funções hepática e renal e biomarcadores de infecção foram medidos na admissão, para monitorar o potencial de progressão da doença. Dos 37 indivíduos assintomáticos, 3 apresentavam linfopenia e 1 apresentava trombocitopenia. Seis indivíduos possuíam níveis elevados de alanina aminotransferase e 11 tinham níveis elevados de Proteína C Reativa.
À admissão, tomografias computadorizadas de tórax mostraram opacidade em vidro fosco focais em 29,7% das pessoas assintomáticos (11/37) e faixas de sombra e/ou consolidação difusa em 27% dos indivíduos (10/37), enquanto que 43,2% das pessoas (16/37) não apresentaram anormalidades. Cinco indivíduos desenvolveram opacidades focais em vidro fosco e sombras em faixa na tomografia computadorizada de tórax, no intervalo de 5 dias após admissão hospitalar. Achados radiológicos anormais confinados a um pulmão foram identificados em 66,7% (12/21) dos indivíduos assintomáticos, enquanto que 33,3% (7/21) tinham anormalidades em ambos os pulmões.

 Este artigo sugere que indivíduos assintomáticos tem uma resposta imune mais fraca à infecção pelo SARS-CoV-2. A redução nos níveis de IgG e dos anticorpos neutralizantes na fase precoce de convalescência podem ter implicações estratégicas nas pesquisas para avaliação da imunidade.

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Como foi disseminada a informação falsa sobre uma relação entre 5G e transmissão da COVID-19 ?

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COVID-19 e a Teoria da Conspiração do 5G: Análise de Redes Sociais dos Dados do Twitter

DUARTE, Rosália Maria

AHMED, W.; et al. COVID-19 and the 5G Conspiracy Theory: Social Network Analysis of Twitter Data. J Med Internet Res., v. 22, n. 5, p. e19458, May 2020. DOI: 10.2196/19458. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7205032/#app1

O estudo teve como objetivo compreender a dinâmica de atuação, no Twitter, de impulsionadores da teoria da conspiração 5G COVID-19.

Os autores contextualizam surgimento da tecnologia de comunicação sem fio 5G e assinalam que esta dá suporte à circulação de um volume muito maior de dados do que o atual, em muito menos tempo, com aumento significativo da capacidade dos servidores e qualidade dos serviços prestados. Com forte potencial de impacto econômico e social, fonte de disputas entre países e entre grandes corporações de fornecimento de serviços de transmissão de dados, essa tecnologia está no centro de interesses políticos e econômicos. Essa talvez seja uma das razões para a circulação nas redes sociais de afirmações, sem qualquer evidência científica, de que 5G afeta negativamente a saúde da população.

O texto relata que em janeiro de 2020 apareceram as primeiras postagens apontando 5G como sendo causa da COVID-19 ou seu principal vetor de disseminação. Vídeos e artigos de notícias ligando ambos foram compartilhados intensamente. Sites de checagem independentes concluíram que as teorias embasando essas afirmações eram falhas, mas isso não impediu que continuassem a ser propagadas nas redes sociais.

Para realização do estudo, os pesquisadores utilizaram Análise de Redes Sociais, verificando a interação entre diferentes usuários da rede e identificando o grau de adesão ou agregação em torno deles. O estudo analisou o conteúdo de tweets de 6556 usuários do Twitter, contendo a palavra-chave “5Gcoronavirus” ou a hashtag #5GCoronavirus, respondidos ou mencionados, entre 27 de março de 2020 e 4 de abril de 2020, período em que #5GCoronavirus foi tendência no Reino Unido.  Estudaram 10140 tweets, compostos por 1938 menções, 4003 retweets, 759 menções, 1110 respostas e 2328 tweets individuais, identificando usuários influentes ​​por meio da produção de gráficos descritivos das interações. 

Os pesquisadores identificaram a formação de 5 grupos de usuários, entre os quais 2 se destacaram pelo volume de interações: 1) grupo de isolados (usuários que tuitaram sem mencionar uns aos outros); 2) grupo dos transmissores, que contém uma série de contas cujos tweets estabeleciam uma relação entre 5G e COVID-19, dando origem a uma forte rede de transmissão. Várias contas de usuários influentes foram identificadas no centro desse grupo e um círculo de contas se formou ao redor delas.

No grupo dos isolados, os usuários influentes são membros do público, compartilhando suas visões e opiniões ou artigos de notícias e vídeos apoiando sua causa. Os tweets mostram forte envolvimento deles no compartilhamento de teorias da conspiração. Entre as contas mais influentes desse grupo está também a classificada como “conta de ativismo”, registrada como “5gcoronavirus19”. Objetivando conscientizar sobre a ligação entre COVID-19 e 5G, sua descrição biográfica informa “5G faz com que nosso sistema imunológico diminua e nos tornamos mais suscetíveis a vírus. Wuhan foi a PRIMEIRA cidade 5G COMPLETA! #Coronavírus causado por 5G”. Segundo os autores, essa conta estimulou o debate no Twitter e manteve o poder na rede por ter sido fonte do maior volume de menções e retweets. Para eles, faltou uma figura de autoridade que combatesse ativamente essa desinformação.

Os pesquisadores identificaram também as principais fontes de informação utilizadas pelos usuários que compartilharam tweets sobre a relação entre 5G e COVID19, concluindo que a maioria era de sites de notícias “falsas” ou apresentados como veículos “alternativos”. InfoWars, site popular na difusão de teorias da conspiração, com base nos Estados Unidos, foi a fonte da web mais popular entre os divulgadores do tema no Twitter. 

O artigo traz, ainda, uma análise de conteúdo dos tweets, relatando expressões e argumentos mais utilizados para sustentar e ridicularizar a teoria de que há correlação direta entre 5G e disseminação em massa do coronavírus no mundo.

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Como as ordens de ficar em casa pela COVID-19 podem afetar a busca de informação sobre saúde mental?

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Achatando a curva de saúde mental: as ordens de ficar em casa pela COVID-19 estão associadas a alterações no comportamento de buscas sobre saúde mental nos Estados Unidos

BERMUDES, Priscilla Mara

JACOBSON, Nicholas C.; et al. Flattening the mental health curve: COVID-19 stay-at-home orders are associated with alterations in mental health search behavior in the United States. JMIR Mental Health, v. 7, n. 6, e19347, Jun. 2020. DOI: 10.2196/19347. Disponível em: https://mental.jmir.org/2020/6/e19347/

O presente artigo trata sobre o achatamento da curva de saúde mental nos Estados Unidos, tendo como objetivo examinar como as ordens de ficar em casa devido à COVID-19 produziram mudanças diferenciais nos sintomas de saúde mental, usando consultas de pesquisa na Internet em escala nacional.

A disseminação rápida e amplamente descontrolada da COVID-19 impactou todas as facetas da vida americana, exigindo mudanças dramáticas no comportamento social e profissional de quase 327 milhões de pessoas. Não obstante medidas de distanciamento social sejam necessárias para proteger a saúde física, menos se sabe sobre o impacto de tais medidas na saúde mental, em relação à qual uma revisão rápida do impacto psicológico da quarentena constatou que tais medidas estavam associadas a altos níveis de sofrimento psicológico, incluindo sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva, alta prevalência de mau humor e irritabilidade.

Dessa forma, o estudo procurou investigar as mudanças nas buscas sobre saúde mental no Google entre 16 e 23 de março de 2020, em cada estado dos Estados Unidos e em Washington, DC. Especificamente, averiguou as mudanças diferenciais nas consultas sobre saúde mental com base em padrões de atividade de pesquisa, após a emissão de ordens de permanência em casa nesses estados, em comparação com todos os outros estados, para impedir a transmissão da COVID-19.

Foram analisados mais de 10 milhões de consultas na Internet, usando modelos mistos aditivos generalizados, e os resultados sugeriram que a implementação de ordens de permanência em casa está associada a um achatamento significativo da curva para buscas por ideação suicida, ansiedade, pensamentos negativos e distúrbios do sono, com o achatamento mais proeminente associado à concepção suicida e à ansiedade.

Concluindo, esses resultados indicam que, apesar da diminuição do contato social, as consultas sobre saúde mental se ampliaram rapidamente antes da emissão das ordens de fique em casa, e que essas mudanças se dissiparam após o anúncio e a promulgação dessas ordens. Embora mais pesquisas sejam necessárias para verificar os efeitos sustentados, as respostas identificadas preconizam que os sintomas de saúde mental foram associados a um nivelamento imediatamente após a ordem de ficar em casa.

Por fim, ressalta-se que a falta de comunicação clara dos governos com seus cidadãos pode aumentar a incerteza, que pode ser um fator-chave para angústia, revelando que uma ação governamental aberta pode reduzir o sofrimento psicológico, segundo os autores. No entanto, nenhum dos estudos incluídos nesse trabalho avaliou o sofrimento psicológico imediatamente antes e após a realização de uma quarentena.

Apesar dos muitos pontos fortes da pesquisa, também existem questões sem resposta, como o achatamento desses surtos nas buscas de sintomas de saúde mental ser de curta duração ou se as ordens de permanecer em casa por um longo prazo resultaram em um amortecimento permanente desses sintomas. Assim, enfatiza-se nesse artigo que mais pesquisas são necessárias para estudar os impactos da COVID-19 sobre a saúde mental e sobre as decisões e ações governamentais relacionadas à COVID-19 durante este período.

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A COVID-19 pode provocar inflamação do coração?

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Suspeita de lesão miocárdica em pacientes com COVID-19: evidência da observação clínica de primeira linha em Wuhan, China

LASSANCE, Marcio

DENG, Qing ; et al. Suspected myocardial injury in patients with COVID-19: Evidence from front-line clinical observation in Wuhan, China. International Journal of Cardiology, v. 311, p. 116-121, Jul. 2020. DOI 10.1016/j.ijcard.2020.03.087. Disponível em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32291207

Durante o surto da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) em Wuhan, China, desde dezembro de 2019, percebeu-se que a lesão do músculo cardíaco poderia levar os pacientes a óbito. Realizou-se então análise dos casos de COVID-19, focando-se nas manifestações cardiovasculares, em busca de evidências de doença cardíaca causada pelo novo coronavírus.

A despeito da pneumonia grave, viu-se que a doença causada pelo novo coronavírus pode acometer diversos órgãos e sistemas, levando ao que denominamos falência de múltiplos órgãos. Neste contexto, o coração torna-se alvo da doença, possivelmente por ação direta do vírus no músculo cardíaco, causando miocardite, uma condição potencialmente fatal. O objetivo deste estudo foi a coleta de informações que demonstrassem evidência de miocardite e injuria miocárdica causada pela COVID-19.

Foi, pois, realizado um estudo retrospectivo no Hospital Renmin da Universidade de Wuhan, englobando 112 pacientes com sintomas iniciados entre 6 de janeiro e 20 de fevereiro de 2020. O diagnóstico de COVID-19 foi confirmado durante a internação hospitalar. Dados concernentes ao sistema cardiovascular foram coletados para diagnóstico de miocardite. Dosagem sérica de Troponina I e peptídeo natriurético cerebral (NT-pro BNP), ecocardiograma e eletrocardiograma foram realizados de forma seriada nos pacientes selecionados durante o período de hospitalização. Para análise, os pacientes foram divididos em graves e não graves, conforme critérios definidos pelos autores.

Analisando-se os resultados, os autores concluíram que 12,5% dos apresentaram evidências sugeriam o diagnóstico de miocardite. No geral, eram pacientes mais graves e com maior probabilidade de internação em terapia intensiva. De nota, quanto maior a dosagem dos níveis séricos de Troponina I, maior a probabilidade de óbito.

A realidade é que estamos diante de uma doença relativamente nova. Sabemos que alterações cardiovasculares podem advir da infecção pelo novo coronavírus. Há, no entanto, algumas possibilidades que explicariam tal fenômeno. Indivíduos com doenças cardíacas pré-existentes, ainda que assintomáticos, podem apresentar descompensação clínica na vigência de infecções graves, mormente aquelas cursando com pneumonia de baixa saturação de oxigênio sanguíneo. Ainda, a própria síndrome de resposta inflamatória sistêmica associada aos casos mais graves da infecção pode levar a alterações cardiovasculares similares àquelas vistas na miocardite, assim como causar trombose coronariana e infarto agudo do miocárdio. O diagnóstico definitivo da miocardite é feito por meio de biopsia do miocárdio com detecção de material viral incorporado nas células musculares cardíacas. Desta forma, é difícil atribuir as alterações laboratoriais descritas no artigo unicamente à ação direta do vírus no coração. Entretanto, sabemos, à luz de estudos posteriores a este, que o vírus, em alguns casos, pode causar miocardite. O que sabemos atualmente é que as manifestações cardiovasculares secundárias à COVID-19 têm múltiplas causas, sendo a miocardite apenas uma delas. O diagnóstico preciso é importante pois norteia o tratamento correto.

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Como proteger a pele dos profissionais de saúde quanto ao uso prolongado de máscaras de proteção?

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Avanços no Cuidado da Pele e de Feridas

LETICHEVSKY, Sonia

SMART, H. et al. Preventing Facial Pressure Injury for Health Care Providers Adhering to COVID-19 Personal Protective Equipment Requirements. Advances in Skin & Wound Care, v. 33, n. 8, p. 418-427, Ago. 2020. DOI: 10.1097/01.ASW.0000669920.94084.c1 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7342803/

O artigo aborda uma proposta para mitigar uma questão que ficou muito evidente desde o início da pandemia de COVID-19: as lesões que aparecem na pele de profissionais de saúde da linha de frente com o uso contínuo e prolongado de máscaras de proteção individual, importantes para evitar a transmissão através de aerossóis.

Os autores propuseram adaptar o silicone que é rotineiramente empregado para prevenir lesões em pacientes de alto risco, para ser utilizado nos locais da pele comumente lesionados por máscaras usadas pelos profissionais de saúde. As vantagens do uso deste silicone seriam sua disponibilidade, já que é empregado no hospital para evitar lesões em pacientes, assim como seu baixo custo. A proposta é cortar este silicone em diversos fragmentos para serem aplicados na mandíbula, regiões superior e laterais do nariz e partes laterais do rosto.

Os testes para avaliar a eficácia deste silicone na proteção da pele foram realizados em 10 voluntários, de ambos os sexos, da equipe do Hospital Universitário King Kamal. Foi utilizada a classificação para tipos de pele de Fitzpatrick, que varia de: pele clara tipo 1, queima facilmente e nunca se bronzeia; tipo 2, que queima facilmente e se bronzeia ligeiramente; pele média tipo 3, inicialmente se queima e se bronzeia bem; tipo 4, que geralmente se bronzeia; até a pele marrom escura, tipo 5, e negra, tipo 6. Os voluntários foram identificados com tipos de pele 2, 3, 4, 5 e 6.

Na primeira fase do estudo, apenas um pequeno curativo de silicone foi usado nas proeminências faciais ósseas durante o período do turno para que houvesse um controle rigoroso de possíveis infecções. Na fase 2, foi realizado um teste de ajuste da máscara N95, com uma camada de silicone protegendo a pele. O teste foi realizado de acordo com as melhores práticas internacionais. Na fase 3, foi conduzido o uso da proteção facial por 1 hora após o teste de ajuste para verificar, então, a condição da pele. Na fase 4, foi determinada a eficácia e estabilidade do curativo de silicone sob a máscara de N95 após 3 horas e, depois deste teste, a pele foi examinada. A fase 5 comparou a diferença com e sem uso de silicone na qualidade da pele facial e a oxigenação (SpO2) após um turno de 4 horas dos voluntários. Estes testes foram realizados repetidamente.

Os voluntários relataram conforto ao usar a proteção de silicone, assim como uma menor fricção. As peles mais claras apresentaram maiores impactos relativos à pressão do que as peles mais escuras. Além do teste realizado para avaliar os danos à pele com a presença ou ausência do silicone, foi avaliado se o silicone interferia na eficiência da máscara N95 e observou-se que o uso de silicone aprimorou a vedação, fato demonstrado por uma pequena queda na oxigenação dos participantes do estudo. Estes testes, com reduzido número de pessoas, foram considerados promissores para solucionar o problema que vem afetando profissionais de saúde do mundo inteiro.    

 

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Como alguns assuntos sobre COVID-19 se comportaram nas redes sociais no início da pandemia?

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Rastreando o discurso das mídias sociais sobre a pandemia do COVID-19: desenvolvimento de um conjunto de dados públicos do Twitter sobre coronavírus

DUARTE, Rosália

CHEN, Emily; LERMAN, Kristina; FERRARA, Emilio. Tracking Social Media Discourse About the COVID-19 Pandemic: Development of a Public Coronavirus Twitter Data Set. JMIR Public Health Surveill, v. 6, n. 2 p. e19273, Apr-Jun. 2020. [Publicado online em maio de 2020]. Doi: 10.2196/19273. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7265654/

Durante a pandemia relacionada à COVID -19, grande parte das opiniões, diálogos, recomendações governamentais e informações (verdadeiras e falsas) sobre o tema circulam pelo Twitter. O artigo relata estudo que reuniu, catalogou e analisou postagens dessa rede social sobre o tema, buscando contribuir para rastrear a circulação de desinformação e de afirmações não comprovadas.  

Antes da pandemia relacionada à Covid-19, as redes sociais online já eram o espaço preferencial de comunicação interpessoal e de obtenção de informações para a maioria da população do planeta. Os autores argumentam que as medidas de distanciamento social, necessárias à redução de novas infecções pelo vírus, adotadas em mais de 180 países, elevaram exponencialmente o acesso a essas redes e as tornaram centrais para o diálogo em fórum público, a circulação de opiniões, a veiculação de informações e recomendações sobre prevenção. Através da interface de programação de aplicativos aberta (API) do Twitter, foram rastreadas palavras-chave e contas relacionadas à COVID -19, entre 21 de janeiro e 21 de março de 2020, reunindo mais de 72 milhões de tweets (postagens) públicos. Buscaram, assim, monitorar os principais tópicos, palavras-chave e fontes de tendência do Twitter associados à COVID-19 e capturar conversas em relação ao surto da doença.

Para o rastreamento das conversas, os pesquisadores cadastraram um conjunto de palavras-chave (coronavirus; coronapocalypse; covidiot; Wuhan coronavirus; panic bying; chinese virus, stayhomechallenge; pandemic, entre outras) e contas relacionadas à COVID-19 na interface de programação de aplicativos aberta (API) do Twitter. Esta retorna quaisquer tweets que tenham alguma das palavras-chave no texto ou nos metadados (dados sobre dados), tornando possível compor um banco de dados permanentes com os conteúdos abordados, em língua inglesa. Como a coleta é contínua, o artigo traz link para acesso às postagens coletadas após 21 de março de 2020 e os autores informam que o banco de dados ficará permanentemente à disposição de outros pesquisadores.

Os procedimentos legais acordados com o Twitter não permitem divulgar publicamente o texto dos tweets coletados. Desse modo, estão registrados no artigo somente os identificadores (ID) vinculados aos tweets específicos. A consulta aos ID permite a outros pesquisadores ter acesso ao conteúdo da postagem e aos metadados dos autores. Tomando como referência a linha de tempo da pandemia, divulgada pelos veículos de comunicação Business Insider, NBC e CNN, os autores analisam relações entre os principais eventos desse período e o discurso veiculado no Twitter.

A subcadeia de hashtags “coronavirus” é recorrente permanentemente no conjunto de dados; seu aparecimento cresceu no dia em que a OMS declarou a COVID-19 uma emergência global de saúde pública e no dia em que os Estados Unidos anunciaram a primeira morte relacionada à doença. Não houve registro da hashtag “covid” antes de 11 de fevereiro de 2020, data em que “COVID-19” foi anunciado como o nome oficial da doença. O aparecimento da palavra-chave “wuhan” nas hashtags foi consistente nos primeiros meses desse ano, mas declinou a partir daí, refletindo a diminuição de casos na China. Na ocorrência dos grandes eventos envolvendo o desenvolvimento da pandemia (declarações oficiais da OMS, alta de casos, aparecimento da doença e registro de primeiras mortes nos países, etc.) as contas mais ativas são as que incluem usuários identificados pelo Twitter como contas de interesse público e verificados como autênticos.

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Quais as principais estratégias para prevenir, monitorar e tratar pacientes graves de COVID-19 ?

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COVID-19: tratamento e gerenciamento de casos graves

MARRA, Flavio Maciel

AI, Jingwen ; et al.  COVID-19: treating and managing severe cases Cell Res.,   v. 30, n. 5, p. 370-371, May 2020. DOI: 10.1038/s41422-020-0329-2. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32350393/

Este trabalho tem por objetivo destacar as estratégias adotadas em pacientes graves com COVID-19 e discutir a utilidade de certas drogas antivirais e glicocorticoides.

Para o acompanhamento dos pacientes graves e críticos, as estratégias são:

(1) Prevenção e controle de infecção hospitalar:

Destacam-se o fortalecimento da gestão do processo, seleção e uso correto de equipamentos de proteção individual, como roupas de isolamento, máscaras de proteção, luvas, etc. Além disso é necessária a implementação de medidas de desinfecção e isolamento, com o objetivo de minimizar o risco de infecções hospitalares e eliminar as infecções adquiridas em hospitais pela equipe médica.

(2) Monitoramento de indicadores de severidade de doença:

Trata-se de gerência técnica de alta relevância que inclui a lactato desidrogenase, dímeros D, IL-6, contagem de linfócitos do sangue periférico e linfócitos T CD4. Os testes microbiológicos clínicos são necessários bem como o acompanhamento de procalcitonina e proteína C reativa. Os casos de infecções bacterianas ou fúngicas devem ter pesquisa, cultura microbiológica e testes de diagnóstico molecular.

(3) Uso de Terapias antirretrovirais:

A maioria dos estudos sobre medicamentos antivirais carece de resultados que reflitam a ação neutralizadora do SARS Cov-2. Entre eles, citam-se o lopinavir / ritonavir, a hidroxicloroquina / fosfato de cloroquina associado ou não à azitromicina e o remdesivir. Em grande parte dos estudos são encontradas falhas metodológicas significativas, quer sob o ponto de vista amostral ou relativas ao desenho do estudo. No entanto, embora não se possa atribuir a ação antiviral a nenhum deles, algumas séries demonstram melhoras na curva de sobrevida e/ou no tempo de permanência em UTI. Portanto, não há consenso internacional sobre as opções de tratamento antiviral para a COVID-19, e mais estudos clínicos prospectivos ainda são necessários. Contudo, precisaríamos prestar muita atenção às possíveis reações adversas de vários medicamentos antivirais.

(4) Uso de terapias específicas:

Para os pacientes com sinais de evolução severa e com altos níveis de dímeros-D, a terapia anticoagulante, com heparina de baixo peso, está indicada. O uso de glicocorticoides não é uma estratégia inovadora no acompanhamento de pacientes graves e críticos, sendo, contudo, objeto de debate para pacientes com pneumonias virais. A OMS não recomenda o seu uso na COVID-19, tendo como base experiências anteriores com Síndromes Respiratórias Agudas Graves e H1N1. O alto risco de progressão da doença e o papel imunossupressor desses agentes representam o cerne da discussão para o seu uso. A imunossupressão funcionaria como um modulador do excessivo estado inflamatório, prevenindo a progressão da doença. Sendo assim, estariam indicados nos casos em que a tempestade de citocinas ainda não ocorreu.

 

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