Evidências Covid 19

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As ondas respiratórias de pressão, que induzem oscilações no pulso arterial, podem indicar mais precocemente a necessidade de intubação traqueal?

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Deveríamos monitorar Pulso Paradoxal via Oximetria de Pulso em Pacientes com Insuficiência Respiratória Aguda por COVID-19?

MONTEIRO, Elisabeth Costa

MICHARD, Frederic; SHELLEY, Kirk. Should We Monitor Pulsus Paradoxus via Pulse Oximetry in COVID-19 Patients with Acute Respiratory Failure? Am J Respir Crit Care Med. v. 202, n.5, p. 770, Sep. 2020. DOI: 10.1164/rccm.202004-1504LE. Disponível em: https://www.atsjournals.org/doi/full/10.1164/rccm.202004-1504LE

Discute-se uma proposta da literatura que aborda a determinação precoce de insucesso da ventilação não-invasiva (VNI), evitando atrasos na intubação traqueal. Associando às demandas para COVID-19, sugere-se abordagem alternativa à manometria esofágica, utilizando a forma de onda do registro da oximetria de pulso para previsão de insucesso da VNI.

Na literatura propõe-se a análise das oscilações respiratórias da pressão esofágica (ΔPes), para avaliação do esforço inspiratório na insuficiência respiratória, como indicador precoce de insucesso da ventilação não-invasiva (VNI) e da necessidade de intubação traqueal. Reconhecendo sua aplicação na abordagem de pacientes com COVID-19 e considerando as potenciais limitações clínicas associadas à manometria esofágica, propõe-se uma abordagem alternativa para avaliação do esforço respiratório, baseada na análise da forma de onda do registro da oximetria de pulso.

A identificação tardia de insucesso da VNI e da necessidade de intubação traqueal resulta em alterações pulmonares que vêm sendo associadas à acelerada deterioração da função pulmonar em pacientes com COVID-19. Embora a avaliação do esforço respiratório por meio da ΔPes seja um indicador precoce e robusto de insucesso da VNI, a abordagem pode ser pouco tolerada em alguns pacientes. Por outro lado, as alterações respiratórias cíclicas no pulso arterial também determinam alterações proporcionais na forma de onda de oximetria de pulso, uma modalidade de medição rotineiramente empregada para monitoramento da saturação de oxigênio de pacientes internados com COVID-19.

As oscilações respiratórias da pressão pleural induzem oscilações no pulso arterial, como no Pulso Paradoxal, observado em distúrbios cardíacos e respiratórios, como na crise da asma brônquica. Em pacientes com insuficiência respiratória aguda, a magnitude dessas oscilações da forma de onda da oximetria de pulso, conhecida como índice de variabilidade pletismográfica (PVI-Pleth Variability Index), depende quase exclusivamente da magnitude das alterações na pressão pleural, associadas ao esforço respiratório. Assim, considerando ainda que PVI é rotineiramente empregada na abordagem hospitalar, apresenta potencial aplicação para avaliação do esforço inspiratório durante a insuficiência respiratória aguda, relacionada com pneumonia bacteriana ou viral, como COVID-19.

Propõe-se o monitoramento do índice de variabilidade pletismográfica como estratégia de fácil acesso e praticidade para avaliação do esforço inspiratório em pacientes em ventilação não-invasiva, contribuindo como indicador precoce da necessidade de intubação traqueal. O emprego do oxímetro de pulso para medição de PVI, com potencial relevância na abordagem de pacientes internados com COVID-19, é proposto como alternativa à manometria esofágica, recentemente descrita na literatura.

Os estudos na literatura sugerem que a falta de alívio do esforço inspiratório nas primeiras 2 horas de ventilação não-invasiva, quantificado pela ΔPes, que não se reduza em valor > 10 cm H2O, é um preditor precoce e preciso de falha da VNI após 24 horas, requerendo intubação traqueal. A monitorização da PVI pode representar uma alternativa prática à quantificação da ΔPes. Entretanto, ainda são necessários estudos para confirmar esta hipótese e determinar o valor de corte da PVI que equivaleria ao valor discriminatório de até 10 cm H2O de redução da ΔPes, como indicador precoce para intubação traqueal.

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Como evitar as perdas pessoais e sociais decorrentes do confinamento?

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Distanciamento Físico de Precisão para COVID-19: Uma Ferramenta Importante para Desconfinar o Confinamento

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

BAUSCH, Daniel G. Precision Physical Distancing for COVID-19: An Important Tool in Unlocking the Lockdown. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.103, n. 1, p. 22–24, Jul. 2020. DOI: 10.4269/ajtmh.20-0359. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32431273

Frente à pandemia de COVID-19, além das medidas mais rotineiras, muitos países implementaram bloqueios de fronteiras e movimentação individual e busca ativa de infectados. Embora estes bloqueios sejam importantes para limitar a transmissão, têm custo elevado e consequências na saúde mental e na mortalidade por outras doenças. Os autores propõem e discutem o “Distanciamento físico de precisão” como  ferramenta importante no controle da COVID-19, por ser de baixo custo e adaptável a ambientes socioculturais e econômicos por ação da comunidade local, sendo facilmente aplicado como solução sustentável de longo prazo que seja proporcional ao risco, mas que não tenha um impacto desproporcional na sociedade e na economia, permitindo um retorno parcial às atividades.

Relatam os autores que os bloqueios completos, incluindo fechamento de fronteiras e restrição de viagens internacionais, tiveram créditos na limitação da transmissão, mas em alguns locais estes procedimentos foram inviáveis, devido à estrutura necessária para cumpri-los. Em países de baixa e média renda não são sustentáveis, devido às dificuldades do trabalho remoto e da economia baseada no trabalho físico, além da aglomeração de famílias superlotadas. Pacotes de ajuda econômica foram instituídos por vários governos para aliviar encargos econômicos, embora sejam lentos para salvar proprietários de pequenas empresas e seus funcionários.

Para os autores existem muitas dúvidas sobre a implementação de bloqueios e por quanto tempo mantê-los, e a possibilidade de várias ondas de transmissão inviabiliza o bloqueio estrito a longo prazo, fazendo-se necessário um planejamento sobre como desbloquear. A melhor abordagem seria o distanciamento social ou “distanciamento físico” com interação e apoio social continuado, embora sem interação física, evitando encontros em massa e mantendo distância segura para limitar a capacidade do vírus de se espalhar.

Para os autores são necessárias orientações claras em cada ambiente. Uma delas seria implementar e monitorar medidas específicas para “distanciamento físico de precisão”, dentro de contextos físicos, sociais, culturais, políticos e econômicos, para grupos e ambientes específicos, em locais de trabalho, reuniões e eventos comunitários, como casamentos e funerais, locais de culto, ambientes educacionais, setores de transporte e eventos esportivos, com maior fiscalização. Apesar do custo, certamente serão menos prejudiciais economicamente do que um bloqueio prolongado.

Algumas diretrizes de distanciamento físico de precisão são citadas neste artigo, em relação a restaurantes, mercados, eventos esportivos, incluindo testes laboratoriais para segurança dos envolvidos, com a perspectiva de diminuir os contatos diários e reduzir transmissão, facilitando estudos de avaliação de eficácia. Uma vantagem deste distanciamento físico de precisão é o menor custo econômico e social comparado ao bloqueio total. Nessa abordagem a comunidade é parceira central na luta contra a COVID-19, identificando riscos de transmissão específicos e trabalhando com a saúde pública para desenvolver soluções práticas com base neste distanciamento. Devemos manter as recomendações de orientação baseadas nas evidências existentes. Além de alguma forma de distanciamento, as práticas higiênicas, testes extensivos, identificação de casos e tratamento, quarentena (ou “blindagem” de grupos vulneráveis) devem ser mantidos. O distanciamento físico de precisão representa uma ferramenta importante neste arsenal de recursos da saúde pública.

Concluindo, o artigo valoriza a participação da população nas resoluções e o distanciamento físico de precisão como componentes importantes de solução sustentável a longo prazo, que seja proporcional ao risco, mas que não tenha um impacto desproporcional na sociedade e na economia, permitindo um retorno parcial às atividades normais, com a comunidade como uma parceira essencial.

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Como se apresenta e evolui a redução do olfato nos pacientes com COVID-19 ?

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Avaliação olfativa objetiva de perda de olfato auto-relatada numa série de casos de 86 pacientes com COVID-19

FAULHABER, Maria Cristina Brito

LECHIEN, J.R.; et al. Objective olfactory evaluation of self-reported loss of smell in a case series of 86 COVID-19 patients. Head & Neck., v. 42, n. 7, p. 1583-1590, Jun. 2020 Doi: 10.1002/hed.26279 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32437033/

O objetivo do artigo é investigar disfunção olfatória (DO), através de testes psicofísicos e de questionários respondidos online, em indivíduos que tiveram COVID-19. Pessoas com DO diminuem sua ingestão alimentar, são mais propensas a acidentes pessoais e de trabalho (ex.: não percepção de vazamento de gás, demora na identificação de focos de incêndio, etc.).

Desde o início da pandemia mais de 66% dos pacientes na Europa e nos Estados Unidos relataram algum grau de alteração do olfato.

Foram incluídos neste estudo apenas aqueles que tiveram o teste RT-PCR positivo ou a sorologia IgG ou IgM positivos, sendo excluídos todos que apresentavam antecedente de doença e/ou cirurgia nasal, DO antes da pandemia, rinossinusite crônica e trauma craniano ou cervical.

As variáveis estudadas incluíram sexo, idade, etnia, comorbidades do paciente e uso de medicamentos.

Os sintomas foram coletados e graduados (de 0 = nenhum sintoma a 4 = sintoma grave): tosse, dor no peito, dispneia, dor de cabeça, febre, fadiga, perda de apetite, mialgia, artralgia, náusea, vômito, diarreia, expectoração produtiva, manifestações cutâneas (urticária), conjuntivite, obstrução nasal, gotejamento pós-nasal, rinorréia, dor de garganta, dor facial, dor de ouvido, disfagia, disfonia e disgeusia, esta última definida como diminuição do paladar para salgado, doce, amargo e azedo.

O impacto da COVID-19 nos sintomas nasossinusais foi avaliado através do SNOT-22 (22 item sinonasal outcome test), questionário usado na avaliação da qualidade de vida dos pacientes com rinossinusite.

Para avaliação psicofísica olfativa foi usado o teste Sniffin’ Sticks, teste objetivo validado de DO que permite a avaliação olfativa do paciente por meio de 3 subtestes: teste de limiar, teste de identificação e teste de discriminação de odores. De acordo com os resultados os pacientes foram classificados como normósmico (olfato normal, pontuação entre 12 e 16), hipósmico (olfato diminuído, pontuação entre 9 e 11) ou anósmico (sem olfato, pontuação 8 ou menos). 

Um total de 86 pacientes concluíram o estudo, 65,1% mulheres, idade média entre 42 ± 12 anos, sendo as patologias mais comuns refluxo, asma e rinite alérgica. Os sintomas gerais mais comuns apresentados durante o curso clínico foram: fadiga (72,9%), dor de cabeça (60%), tosse (48,6%) e mialgia (42,9%). Os sintomas otorrinolaringológicos mais comuns foram obstrução nasal (58,6%), gotejamento pós nasal (48,6%) e disgeusia (47,1%).

A pontuação média do teste Sniffin’ Sticks foi de 9 ± 4. Entre os 86 pacientes, 41 (48%) foram anósmicos e 12 (14%) hipósmicos. Curiosamente, estes 62% não apresentavam sintomas de inflamação nasal, reforçando a necessidade de futuros estudos para esclarecer os mecanismos fisiopatológicos subjacentes ao desenvolvimento de anosmia em COVID-19. Um total de 33 (38%) de pacientes que relataram perda do olfato foram objetivamente normósmicos. No grupo anósmico, 26 (78,8%) relataram perda total do olfato. As durações médias de DO no momento das avaliações foram 17 ± 11 para pacientes anósmicos e 18 ± 11 dias para hipósmicos. A duração média de DO de pacientes normósmicos foi de 17 ± 11 dias.

Um achado importante deste estudo é o fato da DO estar relacionada à inflamação da mucosa, levando à obstrução, rinorréia e gotejamento pós nasal. Em alguns casos a DO parece estar relacionada a outros mecanismos, como uma propagação neural do vírus para o neuroepitélio e o bulbo olfatório. Já foi demonstrado que o coronavírus pode ser detectado na secreção nasal de pacientes com DO.

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Como pacientes que repositivaram o teste para o vírus da COVID-19 evoluíram?

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Caracterização Clínica, Imunológica e Virológica de Pacientes com COVID-19 que Testam Re-positivo para SARS-CoV-2 por RT-PCR

GIESTA, Monica Maria da Silva

LU, J. ; et al. Clinical, immunological and virological characterization of COVID-19 patients that test re-positive for SARS-CoV-2 by RT-PCR EBioMedicine ,v. 59, p. 102960, Set. 2020. Doi: 10.1016/j.ebiom.2020.102960Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7444471/

Os conhecimentos sobre a infecção por COVID-19 são mais bem compreendidos conforme os estudos mundiais vão sendo publicados e o sucesso do tratamento depende desta compreensão. As medidas de controle e monitoramento variam de localidade para localidade, mas há uma ideia geral de que a detecção de anticorpos contra o vírus serve como um passaporte imune, uma proteção contra uma segunda infecção.

O teste de RT-PCR detecta fragmentos virais ao contato com o patógeno e uma nova testagem positiva em pacientes recuperados de COVID-19 foi detectada em indivíduos recuperados. Logo, é importante levantar a relação entre a positividade do teste e o desenvolvimento da patologia, ou seja, quem dos pacientes retestados como positivos apresentam manifestações clínicas, se transmitem infecção e qual é o verdadeiro estado imunológico destes indivíduos. Existem quatro possíveis explicações para tal fenômeno: exacerbação da primeira infecção, reinfecção, permanência de fragmentos genéticos virais e limites técnicos laboratoriais.

Os autores do artigo rastrearam 619 pacientes recuperados de COVID-19 na província chinesa de Guangdong entre 23 de janeiro e 19 de fevereiro de 2020 encontrando 87 casos com retestagem positiva. Em materiais e métodos os pesquisadores discorrem sobre os critérios de alta hospitalar após a doença, incluindo a negativação do RT-PCR. Explicam como foram feitas as coletas, a técnica laboratorial, a aprovação do estudo pelo comitê de ética local e a análise estatística utilizada.

Os 619 pacientes com alta após hospitalização continuaram isolados em hotéis e monitorados. Destes, 87 pacientes (14%) apresentaram testes positivos entre o 7º e o 19º dia pós-alta, retornando ao ambiente hospitalar para melhor acompanhamento. Eles evoluíram assintomáticos (88,5%) ou com sintomas inespecíficos (11.5%). As características desta amostra foram: distribuição igual entre homens e mulheres, todas as faixas etárias (média de idade 28 anos). Chamam atenção para as manifestações clínicas iniciais leves ou moderadas da primeira hospitalização.

Nas discussões ponderam sobre a improbabilidade de um segundo contágio, uma vez que o grupo da amostra permaneceu isolado em hotéis por 14 dias após a alta hospitalar. A média de idade mais baixa do que na população geral e os sintomas iniciais mais leves poderia ser um fator abreviador do tempo de internação (média de 17 dias comparado a 33 dias de casos mais graves), porém todos estes negativaram a RT-PCR antes da saída hospitalar. Os autores contrapõem a possibilidade destes retestados positivos transmitirem infecção com teorias de resposta imunológica acentuada após um período de latência (resposta anamnéstica). Neste caso a possibilidade de transmissão seria muito baixa.

Como pontos negativos do estudo, observa-se que não foram obtidas coletas sucessivas, prejudicando a percepção entre o momento da alta e a nova positivação do RT-PCR, assim como se houve negativação posterior. Também não houve análise da sequência genética durante a internação, o que prejudica a comparação entre o material genético viral nestes dois momentos. O tamanho da amostra é outro fator de limitação.

Como pontos positivos, o estudo traz à tona um dilema importante para a saúde pública mundial, levanta teorias imunológicas robustas para o fenômeno de retestagem positiva após a cura, evidencia em tabelas e gráficos as características dos achados clínicos e demográficos, assim como as técnicas de testagem utilizadas.

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Como foram criadas e adotadas medidas de proteção às equipes cirúrgicas ao se desenvolver a pandemia?

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Precauções para os Membros de Equipes Cirúrgicas Durante a Pandemia de COVID-19

FREITAS, Marcia

FORRESTER, J.D.; et al. Precautions for Operating Room Team Members During the COVID-19 Pandemic. J Am Coll Surg, v. 230, n.6, p. 1098-1101,  Jun. 2020. Doi: 10.1016/j.jamcollsurg.2020.03.030. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32247836

O artigo descreve o protocolo criado pelos departamentos de cirurgia e infectologia da Stanford University para a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) e medidas de precaução a serem adotados pelos membros da equipe cirúrgica, durante procedimentos não eletivos, para reduzir o risco de contaminação dos profissionais pelo SARS-CoV-2.

O primeiro caso de COVID-19 nos Estados Unidos foi descrito em 20 de janeiro de 2020. Em março o Centro para Controle e Prevenção de Doenças recomendou a interrupção das cirurgias eletivas e as medidas de distanciamento social. Havia 5 a 10 pacientes com COVID-19 na instituição e a antecipação de um potencial surto da doença motivou a criação do protocolo.

Foi constituído um comitê para criar um algoritmo de utilização de EPI nas salas cirúrgicas e de intervenção. Os princípios do algoritmo foram: segurança dos profissionais e do paciente, o risco de transmissão do vírus durante o procedimento, a disponibilidade de EPI, o risco do paciente ter COVID-19 e o acesso ao teste laboratorial. Os membros do comitê revisaram os dados disponíveis em relação à transmissão, desenharam o algoritmo, submeteram à avaliação de infectologistas e da gestão do hospital para acurácia e complacência com as melhores práticas institucionais. A usabilidade foi avaliada via feedback dado pelos profissionais de saúde.

As cirurgias de urgência envolvendo naso e orofaringe, traqueia, pulmão e endoscopia digestiva eram consideradas alto risco e os pacientes eram rastreados para sintomas, e caso não fosse possível postergar, realizavam RT-PCR. No caso de teste positivo e na cirurgia de emergência, a equipe deveria usar máscara N95, avental, luvas e proteção ocular e nos demais utilizavam EPI padrão. Para a intubação e ventilação com máscara, era utilizado face shield e todos os profissionais não envolvidos deveriam deixar a sala. Houve treinamento em paramentação e retirada dos EPI, com ajuda se o paciente tivesse COVID-19 ou suspeita.

O desenvolvimento de uma árvore de decisão de fácil adesão pelo time cirúrgico pode assegurar a segurança do profissional de saúde. O algoritmo prioriza a gravidade da doença, o status na testagem e a presença de sintomas, para assegurar utilização racional dos EPI no cenário de recursos escassos.

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Como o atendimento aos pacientes com COVID-19 afeta a saúde mental dos enfermeiros de UTI ?

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Estresse psicológico dos enfermeiros de UTI na época da COVID-19

TEIXEIRA, Flávia

SHEN, X.; et al.  Psychological stress of ICU nurses in the time of COVID-19. Crit Care. 2020 May 6;24 (1):200. DOI: 10.1186/s13054-020-02926-2. PMID: 32375848; PMCID: PMC7202793. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7202793/#

O presente artigo aborda o estresse psicológico vivido pelos enfermeiros, que atuaram nos cuidados aos pacientes gravemente enfermos, internados devido à COVID-19, no Hospital Pulmonar de Wuhan, na cidade de Wuhan, na China.

Uma pesquisa feita com 85 enfermeiros da UTI apresentou, como resultado, que as principais manifestações foram: diminuição do apetite ou indigestão (59%), fadiga (55%), dificuldade para dormir (45%), nervosismo (28%), choro frequente (26%), e até mesmo pensamentos suicidas (2%). O fato de alguns enfermeiros serem mais jovens, e com pouca experiência nos cuidados de pacientes mais críticos, eleva o índice de possibilidade de sofrerem uma maior crise psicológica.

Os fatores encontrados como desencadeantes de estresse psicológico foram:

  • ansiedade em relação ao ambiente e processos de trabalho não familiares;
  • falta de experiência profissional no cuidado com doenças infecciosas;
  • preocupação de ser infectado;
  • uma enorme carga de trabalho e fadiga a longo prazo;
  • depressão devido à cura malsucedida de pacientes criticamente enfermos;
  • preocupação com suas famílias.
  • Algumas atitudes foram tomadas de modo que o estresse psicológico dos enfermeiros fosse precocemente detectado, e intervenções foram feitas para que os profissionais pudessem ter assistência rápida, com o objetivo de aliviar a pressão psicológica vivida quando estão diante de pacientes infectados pelo vírus da COVID-19.

A inclusão de psicólogos nas equipes médicas, alguns métodos ensinados aos profissionais para que pudessem expressar melhor suas emoções (cantando, pintando, etc.), a divisão em grupos com uma liderança para promover uma melhor comunicação entre os pares, um sistema social de apoio melhorado, a criação de um WeChat, dentro outras intervenções, demonstraram eficácia para alcançar mudanças psicológicas de longo prazo nos profissionais, e para que todo o acompanhamento devesse ser feito regularmente.

De acordo com a pesquisa, abordar os problemas psicológicos dos enfermeiros de UTI que cuidam de pacientes com COVID-19, e agir o mais rápido possível para aliviar a pressão psicológica sobre esses profissionais, são ações de suma importância. Pois a resolução de modo eficaz e rápido, além de diminuir a chance de contaminação pelo vírus, traz um impacto direto na qualidade e na segurança do atendimento médico aos pacientes adoecidos.

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Qual a facilidade ou dificuldade de compreensão das informações sobre COVID-19 divulgadas na Internet?

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Legibilidade do material online de educação do paciente para a nova doença do coronavírus (COVID-19): um estudo transversal de competência informacional em saúde

PESSANHA, Pedro Gonçalves

SZMUDA, T.; et al. Readability of online patient education material for the novel coronavirus disease (COVID-19): a cross-sectional health literacy study. Public Health., v.185, p. 21-25, may 2020. DOI: 10.1016/j.puhe.2020.05.04. Disponível em : https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32516624/

A busca por informações sobre saúde na Internet é enorme, e agora, com a pandemia não é diferente. Nesse estudo, buscou-se avaliar a legibilidade das informações online sobre a COVID-19. É o primeiro estudo avaliando especificamente as informações sobre o novo coronavirus nos Estados Unidos.

Primeiramente procurou-se no Google alguns termos-chave. Foram avaliados os 30 primeiros resultados de cada termo. Um total de 150 resultados de pesquisa foram considerados para a análise de legibilidade. Artigos que não estavam em inglês, duplicados, artigos de jornais, artigos de jornais biomédicos, artigos de acesso não aberto (pagos) e sites de estatísticas foram excluídos. A análise foi realizada usando cinco fórmulas de legibilidade: Flesch Reading Ease (FRE), Flesch-Kincaid Grade Level (FKGL), Gunning-Fog Index (GFI), Simple Measure of Gobbledygook (SMOG) Index e Coleman-Liau Index (CLI) . Cada fórmula utiliza critérios diferentes para classificar a dificuldade dos textos.

Dos 150 artigos, 61 foram analisados ​​por atenderem aos critérios de inclusão. A grande maioria dos artigos foi considerado de difícil leitura, com nível de compreensão equivalente a pessoas de 16 a 18 anos (alunos de ensino médio e calouros de faculdade) ou até mais. Considerando-se que nos Estados Unidos (onde a pesquisa foi realizada) a média de compreensão da população equivale à de crianças de 5ª série (11-12 anos), o nível de compreensão está muito elevado. Nenhum artigo atingiu o nível recomendado, e a grande maioria atingiu o nível de muito difícil compreensão.

A conclusão a que o artigo chega é que as informações sobre COVID-19 são de difícil compreensão para a maioria da população. Nenhum dos artigos atingiu o nível de leitura do 5º ao 6º ano (11 a 12 anos) recomendado. A maioria dos artigos (84%) foi designada como muito difícil de ler. Tudo isso torna difícil o acesso à informação sobre a nova doença para a maior parte da população. Essa falta de informação compreensível pode levar a um inchaço ainda maior dos sistemas de saúde, já prejudicados pela doença.

Alguns fatores que contribuem para a dificuldade são frases longas e o vocabulário médico; essa dificuldade desmotiva a leitura por pessoas comuns, além de ocasionar mal entendidos. Essas informações devem ser claras e compreensíveis. Os artigos de saúde destinados ao público geral na Internet são, em sua maioria, de difícil compreensão, e os sobre COVID-19 seguem essa regra. Porém, esse estudo sofre alguns problemas. Primeiramente, o material na Internet é constantemente produzido; assim, limita-se ao que estava naquele momento, que já pode ter mudado. Em segundo lugar, analisou-se apenas material em texto. Infográficos e Vídeos, que costumem ser de mais fácil compreensão, não foram analisados, mas merecem estudos futuros.

 O acesso à informação de qualidade pode ser crucial no controle da epidemia. Pessoas bem informadas tendem a seguir as medidas de isolamento, proteção e higiene de forma mais constante e correta, tornando assim essas medidas mais eficazes. Uma população informada, seguindo essas medidas, reduz a carga em cima dos hospitais. Por isso, o artigo termina ressaltando a importância de uma divulgação científica da saúde de forma mais compreensível para a população e cobra medidas de órgãos de importância mundial.

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Como manejar pacientes com transtornos da tireóide durante a pandemia?

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Endocrinologia na época da COVID-19: Manejo do hipertireoidismo e do hipotireoidismo

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

BOELAERT, K.; et al. Endocrinology in the time of COVID-19: Management of hyperthyroidism and hypothyroidism. Eur J Endocrinol., v. 183, n.1, p. G33-G39, Jul. 2020. DOI: 10.1530/EJE-20-0445. Disponível em : https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32438340/

Desde a declaração da pandemia de Covid-10 houve uma readaptação de serviços resultando em dificuldades para revisões clínicas, diagnósticos e procedimentos terapêuticos. As doenças funcionais da tireoide são situações crônicas dependentes de avaliação ambulatorial e principalmente exames bioquímicos, de imagem e de Medicina Nuclear. Este manuscrito tem como objetivo fornecer aconselhamento consensual para o manejo seguro destes pacientes neste momento de afastamento, não se baseia em uma revisão sistemática ou meta-análise, mas em um rápido consenso de especialistas, nos trazendo observações científicas e orientações sobre condutas.

Os autores abordam a autoimunidade tireoidiana como a possível relação com Covid-19. Algumas infecções virais foram citadas como gatilhos ambientais, porém não houve evidência desta associação com a Covid-19, ou com desenvolvimento de formas graves. Ressalta-se que pacientes com oftalmopatia em tratamento imunossupressor poderiam desenvolver a forma grave de doença. Naqueles em uso de antitireoidianos (DATs) não está confirmada a relação com desenvolvimento ou agravamento da Covid-19, entretanto, os sintomas desta doença são indistinguíveis daqueles da neutropenia induzida por DAT, recomendando-se a retirada e investigação. É possível que este raro efeito colateral possa favorecer a progressão da Covid-19, possivelmente por meio de uma imunossupressão generalizada e de aumento do risco de infecções bacterianas coexistentes.

O hipotireoidismo não é uma preocupação durante esta pandemia, a menos que haja instabilidade clínica ou ganho ponderal, quando devem ser realizados exames. A triagem neonatal não deve ser interrompida. As pacientes hipotireoideas tratadas, que engravidam, devem aumentar a dosagem do medicamento no primeiro trimestre, mesmo sem exames. Em relação ao hipertireoidismo seria importante a análise laboratorial para que a menor dosagem de DAT fosse mantida. Outro ponto abordado foi a relação com a síndrome do T3 baixo associada a infecções graves respiratórias, sendo necessário avaliar o comprometimento hipofisário do Sars-CoV-2 com possível evolução para hipotireoidismo central posterior.

Alterações no controle tireoidiano não parecem aumentar o risco de contrair doenças virais, mas pode ser um fator de agravamento dessas doenças como no caso da tireotoxicose. Os autores avaliaram ainda que pacientes com cirurgias tireoidianas anteriores ou tratamento com I-131 não apresentam maior risco para Covid-19. Sobre os pacientes com hipertireoidismo, concluíram que o diagnóstico deve ser baseado em suspeita clínica e resultados bioquímicos, mas os métodos de imagem foram adiados à exceção da suspeita de câncer de alto risco. Pacientes com hipertireoidismo já tratados devem continuar sendo reavaliados, especialmente se houver alterações clínicas ou oculares. As cirurgias eletivas devem ser suspensas, excetuando-se as urgências para os hipertireoidismos não compensados, os que apresentaram efeitos adversos com DATs ou os casos de câncer confirmado. À exceção para os portadores de doença de Graves e necessidade de I-131 com urgência, o I-131 fica suspenso.

Este manuscrito orienta que as consultas sejam realizadas por telefone e vídeo, sendo presencias somente nos casos de pacientes com doença ocular de início recente ou com agravamento, aqueles com aumento do bócio causando sintomas de obstrução, e pacientes que não estão respondendo às medidas de tratamento instituídas. Em conclusão, os pacientes com hipotireoidismo ou hipertireoidismo graves devem ser priorizados no atendimento. A investigação etiológica do hipertireoidismo fica adiada, assim como os tratamentos específicos para os nódulos tóxicos. Priorizar o atendimento remoto pode ser uma prática mantida inclusive pós pandemia. Informações adicionais em sites de conselhos ou sociedades podem ainda auxiliar neste momento.

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A alimentação pode influenciar positivamente na evolução da Doença do Coronavírus?

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Doença do Coronavírus (COVID-19–SARS-CoV-2) e Nutrição: A Infecção na Itália está sugerindo uma Conexão?

PALMEIRA, Vanila Faber

CENA, H.;  CHIEPPA, M. Coronavirus Disease (COVID-19–SARS-CoV-2) and Nutrition: Is Infection in Italy Suggesting a Connection? Frontiers in Immunology, v. 11, May 2020. DOI: 10.3389/fimmu.2020.00944 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7221157/pdf/fimmu-11-00944.pdf

A relação entre os alimentos e o sistema imunológico já vem sendo amplamente discutida, e vários estudos têm mostrado alimentos vegetais com potencial imunomodulador. Sabendo que a infecção pelo Coronavírus 2019 ocasiona uma tempestade de citocinas, a qual pode evoluir para as formas mais graves da doença, o presente estudo relaciona alimentos vegetais com efeito na redução da inflamação causada pelo Coronavírus 2019.

Tanto a obesidade como a diabetes são fatores de risco para as formas mais graves da infecção pelo Coronavírus 2019. Uma das explicações para isto está no fato de que ambas, obesidade e diabetes, causam uma desregulação no sistema imunológico, principalmente por aumentarem o perfil pró-inflamatório (aumento de citocinas que levam a inflamação). A tempestade de citocinas que ocorre, principalmente nos pacientes graves com Coronavírus 2019, tende a ser mais intensa em pessoas obesas e/ou com diabetes. Por outro lado, alimentos de origem vegetal possuem substâncias com potencial anti-inflamatório, podendo ser utilizados como adjuvantes durante a infecção pelo Coronavírus 2019.

Uma alimentação equilibrada, com alimentos variados, traz uma boa qualidade de vida, uma vez que, dentre outras coisas, melhora o sistema imune do indivíduo. Os alimentos de origem vegetal (frutas, verduras) são ricos em nutrientes muito importantes para o organismo humano, como diferentes vitaminas e minerais, além de polifenóis. Estes últimos são moléculas com potencial imunomodulador, principalmente, com ação anti-inflamatória (capazes de reduzir a inflamação), e ação antioxidante (reduzem a oxidação celular, que quando é produzida em excesso danifica vários tipos de células). Por tudo isso, e sabendo que a infecção pelo Coronavírus 2019 leva a uma tempestade de citocinas pró-inflamatórias, levando consequentemente a uma desregulação imune, a alimentação destaca-se como uma possível estratégia que possa auxiliar na prevenção e/ou no tratamento das formas leves da infecção pelo Coronavírus 2019.

Enquanto aguarda-se o desenvolvimento de vacinas que gerem proteção contra infeção pelo Coronavírus 2019, e/ou fármacos  antivirais eficazes (usados para neutralizar e eliminar o vírus do organismo humano), além de fármacos que possam controlar a tempestade de citocinas (com potencial imunomodulador), a alimentação desponta como um importante adjuvante na prevenção ou no combate a infeção pelo Coronavírus 2019. Os polifenóis dos alimentos vegetais apresentam efeitos imunomoduladores e ações anti-inflamatórias e antioxidantes, podendo por isso ajudar na prevenção da evolução negativa da doença, uma vez que melhora a resposta imune. No tratamento dos pacientes acometidos, podem colaborar como adjuvantes nas formas mais leves da infeção pelo Coronavírus 2019, uma vez que contribuem para reduzir a tempestade de citocinas.

A contribuição positiva do trabalho foi fazer a relação entre o potencial imunomodulador dos alimentos com a infecção pelo Coronavírus 2019. Já a limitação do mesmo foi trazer tópicos como disbiose intestinal, obesidade e diabetes mellitus tipo 2, na busca de relacioná-los como fatores de risco para a infecção pelo Coronavírus 2019, porém sem explicar os mecanismos, tornando o conteúdo mais superficial do que o proposto, podendo confundir quem lê o artigo.

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Como mudaram os comportamentos alimentares dos adolescentes durante o confinamento na pandemia?

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Confinamento da Covid-19 e Mudanças nas Tendências Dietéticas de Adolescentes na Itália, Espanha, no Chile, Colômbia e Brasil

FAULHABER, Maria Cristina Brito

RUIZ-ROSO, M. B. et al. Covid-19 Confinement and Changes of Adolescent’s Dietary Trends in Italy, Spain, Chile, Colombia and Brazil. Nutrients, v. 12, n. 6,  p. 1807, Jun. 2020. Doi:10.3390/nu12061807. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32560550/

A Organização Mundial da Saúde define adolescência como período da vida que se inicia aos dez anos e termina aos dezenove anos completos. É um período essencial para adquirir bons hábitos alimentares que irão influenciar o estado de saúde na vida adulta, objetivando a prevenção de doenças como obesidade, patologias cardiovasculares, diabetes, etc. Sabe-se que o confinamento influencia o estilo de vida, principalmente a dieta e a atividade física.

O artigo avalia os efeitos das políticas de confinamento induzidos pela COVID-19 sobre mudanças de hábitos alimentares em adolescentes de 5 países: Espanha, Itália, Brasil, Chile e Colômbia, além de buscar identificar potenciais variáveis que possam ter influenciado essa mudança.

Trata-se de um estudo transversal que utilizou um questionário anônimo com mais de 30 perguntas, distribuído em redes sociais como Twitter, WhatsApp, Facebook e outras. Baseado na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), o questionário avaliou aspectos sociodemográficos, características familiares e práticas alimentares antes e durante o confinamento, no período de 17 de abril a 25 de maio de 2020.  Os alimentos/grupos de alimentos analisados foram: legumes, verduras, frutas, doces, frituras, carne processada (hamburguer, salsicha, mortadela, salame, presunto, nuggets), bebidas adoçadas com açúcar (BAA) (do inglês SSB: sugar-sweetened beverages) e fast food.

A análise de dados foi realizada usando o teste estatístico t pareado e análise de variância (ANOVA), além do GraphPad Prism8 (versão 8.3.0) Software Inc., San Diego, CA, EUA, nas análises estatísticas.

O estudo está em acordo com os princípios éticos contidos nas resoluções de cada país.

 A idade média dos 820 adolescentes participantes foi 15 anos, 61,1% meninas; 43,3% das mães não tinha diploma universitário.

O consumo de legumes, verduras e frutas aumentou significativamente durante o confinamento; 43% consumiram verduras todos os dias versus 35,2% dos que o faziam antes. Apenas 25,5% dos adolescentes consumia pelo menos 1 fruta por dia em comparação com 33,2% durante. Houve uma drástica redução no consumo de fast food (44,6% antes e 64,0% após o confinamento). Por outro lado, houve um significativo aumento do consumo médio de frituras e alimentos doces (14% e 20,7% após).

Quanto ao gênero as meninas aumentaram um pouco o consumo de verduras (4,8% antes e 5,1% após) e frutas (4,0 e 4,4%). Os meninos também apresentaram aumento no consumo de verduras (4,0% antes e 4,4% após) e de carne processada (2,9% e 3%), mas não houve alteração no consumo de frutas. A diferença mais significativa na dieta entre meninos e meninas foi o aumento de BAA (42,9% e 57,2% respectivamente).

Os adolescentes brasileiros consumiram mais leguminosas do que os demais países; adolescentes colombianos tiveram menor consumo de frutas e verduras, apesar de terem aumentado significativamente o consumo de frutas durante o confinamento. O maior consumo de frutas ocorreu na Espanha e na Itália.

Adolescentes cujas mães tinham níveis superiores ao ensino médio mostraram aumento no consumo de frutas e verduras; e o consumo de BAA entre aqueles com mães com nível universitário foi menor.

Assistir TV durante as refeições foi relacionado com menor consumo de frutas e verduras, maior consumo de alimentos fritos, alimentos doces e BAA, demonstrando piora da qualidade da dieta entre os adolescentes.

O confinamento pode levar a padrões alimentares irregulares e lanches frequentes, por parte dos adolescentes, devido ao tédio e ao estresse.

A pandemia pela COVID-19 tornou visível e ampliou as desigualdades sociais, sendo as famílias mais pobres as mais afetadas.

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