Evidências Covid 19

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Como devem ser manejados no ambiente hospitalar os pacientes suspeitos ou diagnosticados com COVID-19?

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Manejo das Vias Aéreas na Sala de Cirurgia e Sala de Intervenção em Pacientes Adultos com Doença Conhecida ou Suspeita de Coronavírus 2019: uma Revisão Prática

SARMENTO, Rogério

THIRUVENKATARAJAN, V.; et al. Airway Management in the Operating Room and Interventional Suites in Known or Suspected Coronavirus Disease 2019 Adult Patients: A Practical Review. Anesth Analg. Jun. 2020 {publicado antes da impressão] DOI:10.1213/ANE.0000000000005043. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32502132

Este artigo de revisão relata as evidências mais relevantes sobre as principais técnicas e a estrutura hospitalar necessária para que os profissionais da área de saúde envolvidos em procedimentos, que manipulem a via aérea de pacientes com ou suspeitos de terem Covid-19, tenham um menor risco de contaminação, seguindo protocolos que também garantam a segurança do paciente.

Iniciando com o importante dado que, na epidemia de Síndrome Respiratória do Adulto em 2003, o risco de contaminação de profissionais de saúde envolvidos na intubação  traqueal de pacientes infectados se encontrava aumentado, quando comparados à população em geral, o artigo descreve formas para minimizar essa contaminação.

Como as evidências sugerem que a transmissão por Covid-19 pode ocorrer através da inalação de gotículas respiratórias, a proteção para os profissionais de saúde envolve – além  dos equipamentos de proteção individual, como máscaras N95, capotes impermeáveis, luvas e protetores faciais – a necessidade de ambientes de trabalho seguros, de preferência equipados com pressão negativa, para filtrar e eliminar mais rapidamente essas gotículas.

É didaticamente esquematizado no artigo como deve ser montada a estrutura física de salas cirúrgicas que recebam pacientes infectados ou com suspeita de Covid-19 para a realização de procedimentos invasivos, além dos cuidados necessários para o transporte desses pacientes entre diferentes setores hospitalares. O tempo necessário para desinfecção do ambiente, de acordo com a capacidade de renovação de ar disponível na sala cirúrgica, também é descrito no artigo. Além disso, a quantidade, a função e o posicionamento da equipe envolvida nesses procedimentos também são esquematizados.

Em pacientes contaminados ou com suspeita de Covid-19 que tenham que ser intubados, seja por insuficiência respiratória ou para serem submetidos a algum procedimento cirúrgico sob anestesia geral, essa intubação deve envolver o menor número possível de profissionais próximos ao paciente; logo, os mais experientes, devidamente equipados e que dominem a técnica que evite a liberação de gotículas respiratórias, são os profissionais de escolha.

A logística previamente definida, incluindo a  disponibilidade de equipamentos e medicamentos que facilitem a intubação, também é descrita no artigo.

É também objetivo do artigo a segurança, não só dos profissionais de saúde, mas também dos pacientes, por isso são citados procedimentos como: broncoscopia, endoscopia digestiva alta, ecocardiografia transesofágica e procedimentos radiológicos invasivos, onde a intubação traqueal não é obrigatória, mas que pode ser a forma mais segura para sua realização no caso de pacientes infectados ou suspeitos. Por outro lado, outras formas de sedação que não necessitem da intubação traqueal são descritas no artigo, como opção para realização desses procedimento de forma segura, porém enfatizando que, nesses pacientes, as suas indicações são muito mais restritas.

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Qual o impacto da COVID-19 nos pacientes que têm câncer?

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O Impacto da Pandemia de COVID-19 em Pacientes com Câncer

ZAMBONI, Mauro Musa

AL-QUTEIMAT, O.M.; AMER, A.M. The Impact  of the COVID-19 Pandemic on Cancer Patients . American Journal of Clinical Oncology, v. 43 n. 6, p. 452-455, Jun. 2020. DOI: 101.1097/COC0000000000000712 Disponível em:  https://ncbi.nlm.nih.gov/pubmed32304435.

Em dezembro de 2019 uma nova doença, a síndrome respiratória aguda grave, causada pelo coronavírus 2 (SARS-CoV2), nomeada COVID-19, eclodiu a partir da China e rapidamente se disseminou por todo o mundo.  Várias complicações  foram relatadas em 33% dos casos: síndrome respiratória aguda grave, insuficiência renal aguda, dano pulmonar agudo, choque séptico e pneumonia grave.  Até o momento não existe tratamento específico ou vacinas aprovadas contra a COVID-19. O estado de imunossupressão de alguns pacientes com câncer (causado pela neoplasia ou por seu tratamento) aumenta o risco de infecção pelo coronavírus, quando comparados com a população em geral. O objetivo do trabalho é avaliar o impacto da COVID-19 nos pacientes com câncer e discutir as recomendações para a abordagem desses pacientes.

Pacientes com câncer tem risco aumentado para as infecções severas e uma probabilidade 3 a 5 vezes maior de necessitar de ventilação mecânica, de internação em UTI e de morte comparados com pacientes sem câncer.  Estes pacientes são mais suscetíveis para as complicações graves da COVID-19 devido à imunossupressão causada pelo próprio câncer ou seu tratamento. Pacientes com câncer, tratados com quimioterapia ou cirurgia nos 30 dias antes do diagnóstico da COVID-19 apresentam risco maior para as complicações severas da infecção.  Curioso é que os pacientes com câncer do pulmão não apresentam risco aumentado para as complicações graves da infecção comparados com os pacientes com outras neoplasias.

Durante a  pandemia  houve um aumento do risco para os  pacientes com câncer, devido à limitação do acesso aos cuidados de saúde impostos pelas restrições da COVID-19 na região de Wuhan. Outra publicação demonstrou que pacientes com câncer infectados pela COVID-19 tinham risco aumentado para complicações graves e maior mortalidade. Os autores do trabalho recomendam que os pacientes com câncer em tratamento devem ser rastreados para a COVID-19 e devem ser evitados tratamentos com imunoterapia naqueles pacientes infectados.

Diversas instituições internacionais estabeleceram orientações sobre os vários aspectos das neoplasias e seus tratamentos associadas a infecção da COVID-19.

Recomendações

  • Pacientes recebendo tratamento curativo para seu câncer devem continuar a terapêutica apesar do risco potencial da infecção pela COVID-19
  • Tratamento quimioterápico e procedimentos cirúrgicos eletivos devem ser adiados quando possível
  • Implementar precauções pessoais estritas para o controle da infecção para os pacientes com câncer em atividade ou naqueles já tratados e em controle
  • Tratamento intensivo para os pacientes com câncer e infectados pela COVID-19 especialmente os idosos e os portadores de comorbidades
  • O atraso no tratamento da doença metastática resulta na piora clínica do paciente, de sua capacidade funcional, no atraso no tratamento paliativo e da doença progressiva.
  • O tratamento cirúrgico deve ser avaliado caso a caso

O tratamento dos portadores de neoplasias é vital e deve ser prioritário durante a pandemia, uma vez que os serviços de saúde estão sobrecarregados com um número cada vez maior de infectados pela COVID-19, com maior demanda de insumos de uma maneira geral.

A avaliação clínica cuidadosa é o cenário determinante para se definir se devemos interromper ou continuar o tratamento anti-neoplásico dos pacientes com câncer, que estejam com suspeita ou com a infecção pela COVID-19 confirmada.

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Quais precauções devem ser adotadas para pessoas idosas afetadas pela COVID-19 ?

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Racionamento de recursos limitados de assistência médica na era COVID-19 e além: considerações éticas sobre idosos

APRATTO JÚNIOR, Paulo Cavalcante

FARRELL, TW; et al. Racionando recursos limitados de saúde na era COVID-19 e além: considerações éticas a respeito de adultos mais velhos. J Am Geriatr Soc., v. 68, n. 6, pág. 1143-1149, junho de 2020. Doi: 10.1111 / jgs.16539. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32374466/

A doença COVID-19 indica que idosos e aqueles com condições médicas crônicas são mais afetados em relação à morbidade e à mortalidade. Nas pessoas com 80 anos ou mais as taxas de mortalidade estão acima de 10%. Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, EUA, 80% das mortes ocorreram entre idosos. As instituições de longa permanência, compostas em grande parte por idosos frágeis, com condições crônicas e que vivem em locais fechados, foram desproporcionalmente atingidas pela COVID‐19. Além da ameaça urgente de infecção viral e doenças críticas, os idosos têm maior probabilidade dos efeitos prejudiciais do distanciamento físico, que dificultam ainda mais sua recuperação.

A moléstia está sobrecarregando os hospitais, o uso dos ventiladores mecânicos e a capacidade dos profissionais de saúde de cuidar. É urgente rever a alocação de recursos durante esta emergência. Estratégias adotadas mencionam o envelhecimento como uma exclusão, quando as decisões de priorização são imperativas. As discriminações podem afetar as decisões, que trazem preocupações de que os idosos possam ser tratados injustamente em emergências pandêmicas.

A pandemia tem levado à necessidade urgente de todos os adultos se envolverem em discussões de planejamento de cuidados com antecedência e criar uma diretiva antecipada. O planejamento dos cuidados deve ser priorizado. A taxa de conclusão antecipada da diretiva é baixa em cerca de 50% dos idosos. A diretriz antecipada é necessária, mas insuficiente, sem objetivos significativos das discussões de atendimento, focando o que é mais importante para o paciente e sem também garantir a compreensão do paciente, considerando fatores culturais, alfabetização em saúde limitada e déficits sensoriais que podem impedir a comunicação.

As discussões sobre planejamento antecipado de cuidados são de suma importância na redução da necessidade de racionamento de recursos limitados de assistência médica durante uma emergência, pois identificarão pessoas que não desejam receber cuidados intensivos, incluindo ventilação mecânica. Um ponto crítico na discussão do planejamento antecipado da assistência é que essas discussões não são racionadas e não devem ser confundidas com as decisões de alocação de triagem. As discussões sobre o planejamento de atendimento avançado devem ocorrer antes que os pacientes estejam em crise.

Alguns autores sugeriram que indivíduos mais velhos podem optar por abrir mão de oportunidades de suporte ventilatório ou terapia intensiva com base em um limite de idade absoluto. Alguns pacientes possam optar por usar esse critério para seu planejamento de cuidados, isso não deve ser imposto universalmente a todos os idosos para determinar decisões de racionamento ou para aliviar a escassez.

A autonomia é importante e a escolha do paciente deve ser respeitada. As pessoas devem tornar seus desejos conhecidos através de uma diretiva antecipada. Em situações como a pandemia, a identificação do tomador de decisão substituto escolhido pelo paciente pode ser importante.

A Sociedade Americana de Geriatria (American Geriatrics Society – AGS) recomenda nesse estudo de revisão precauções críticas sobre diretrizes antecipadas na pandemia da COVID. Os pacientes gravemente doentes podem não ter diretrizes antecipadas e podem não estar em uma posição apropriada para fazer com que seus desejos sejam conhecidos de maneira ponderada, podem ter medo ou um estado clínico que se deteriora rapidamente. Em tais circunstâncias, eles não devem ser pressionados a tomar decisões de cuidados com base na conservação de recursos. Os médicos não devem se envolver em racionamento preventivo, onde a pressão é exercida apenas sobre adultos mais velhos ou suas famílias para reconsiderar seu planejamento antecipado de cuidados e eleger o status Não ressuscitar / Não intubar. A falta de informações confiáveis ​​sobre as taxas de mortalidade entre os pacientes pode incentivar a tomada de decisão baseada em retratos não confiáveis ​​da mídia.

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Quais os principais danos corporais do Coronavírus 2019 além dos transtornos respiratórios?

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Nova compreensão dos danos da infecção por SARS-CoV-2 fora do sistema respiratório

PALMEIRA, Vanila Faber

ZHANG, Y. ; et al. New understanding of the damage of SARS-CoV-2 infection outside the respiratory system. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 127, p. 10195, Jul. 2020. DOI: 10.1016/j.biopha.2020.110195. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7186209/pdf/main.pdf

O Coronavírus 2019 é denominado de novo Coronavírus devido às alterações genômicas identificadas em seu material genético quando comparado aos outros Coronavírus. A doença causada por esse novo Coronavírus é denominada de Covid-19, e alberga outras manifestações clínicas além de sintomas respiratórios, como pneumonia, o que dificulta o seu diagnóstico e tratamento corretos.

O Coronavírus 2019 é um beta Coronavírus similar a outros Coronavírus que infectam humanos como o vírus causador da Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARS-CoV) e o vírus causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Os Coronavírus utilizam um mesmo receptor nas células-alvo para tornarem-se intracelular, que é a enzima conversora da angiotensina 2 (ECA 2). Essa molécula está presente na membrana de vários tipos celulares, e por isso é amplamente disseminada no organismo humano (epitélio pulmonar, endotélio, músculo cardíaco e músculo liso, rins, intestinos, células da glia no sistema nervoso central). Desta forma, a infecção pelo Coronavírus 2019 pode apresentar-se de diferentes maneiras, a depender do tecido de replicação viral, além das alterações inflamatórias de cada paciente.

O receptor ECA2 utilizado pelo Coronavírus 2019 é tão amplamente disseminado no corpo humano, pois possui várias funções, tais como: proliferação celular, controle de pressão arterial, equilíbrio de fluidos corporais, resposta inflamatória, dentre outras. A molécula conhecida como proteína S (de “Spike” – espinho) é a que se liga a ECA2 e possibilita que o Coronavírus 2019 se torne intracelular e, possa então, replicar-se. A entrada no corpo humano do Coronavírus 2019 ocorre normalmente via respiratória, mas ele pode chegar a outros tecidos por via hematogênica (através do sangue). E desta forma, se replicar em outros tecidos causando sintomas diferentes dos respiratórios (cujos principais são tosse, falta de ar, dificuldade de respirar).

O Coronavírus 2019 pode replicar-se nos rins, intestinos, coração, vasos sanguíneos e sistema nervoso central, gerando desta forma sintomas variados. Por isto, pacientes com o Coronavírus 2019 devem ser monitorados quanto a função renal e hepática, além de serem controlados na pressão arterial sistêmica e na frequência cardíaca, dentre elas, possíveis disfunções do sistema nervoso central, tais como: dor de cabeça ou confusão mental. Conhecer as estruturas virais e suas funções é muito importante para a compreensão de como o Coronavírus 2019 afeta os sistemas, além de fornecer ferramentas para o desenvolvimento de vacinas e antivirais eficazes.

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O fechamento das escolas pode ser eficaz sem adotar outras medidas?

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Fechamento de escolas e práticas de gestão durante surtos de coronavírus, incluindo COVID-19: uma revisão sistemática rápida

PESSANHA, Pedro Gonçalves

VINER, Russell M.; et al. School closure and management practices during coronavirus outbreaks including COVID-19: a rapid systematic review. The Lancet. Child & Adolescent Health., v. 4, n. 5, p. 397-404, 2020. DOI. 10.1016/S2352-4642(20)30095-X. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32272089

O estudo corresponde a uma revisão da eficácia do fechamento das escolas e práticas de isolamento social escolar durante surtos de coronavírus. Foram analisados 16 artigos e as conclusões não foram unânimes. O estudo indica que a diminuição dos casos é irrelevante se feito isoladamente e que outras medidas devem ser ponderadas em conjunto ao fechamento.

Uma semana após o decreto de pandemia, segundo a ONU, 107 países já haviam implementado o fechamento de escolas. A prática veio das experiências de epidemias de influenza. Mostra-se eficiente, porém perde eficiência se os alunos entram em contato com outras pessoas. O que parece preocupar são as consequências econômicas desse fechamento, já que os pais precisam trabalhar. Por isso, a preferência por suspensões de atividades, e não fechamento.

A pesquisa foi projetada para incluir quaisquer estudos que forneçam dados sobre escolas, porém, ao não encontrar registros no PUBMED com o termo “escola”, buscaram termos como “criança”, “infância”, “lactente”, “bebê” e “pediátrico”. No servidor medRxiv, a pesquisa foi executada pelos termos SARS ou MERS ou coronavírus ou COVID-19. Não foi procurado o termo “escola” pois os autores não consideraram que seria útil. Os artigos foram submetidos a uma triagem tripla e retiraram artigos de opinião, revisões sistemáticas, estudos abordando outros vírus, ambientes de universidades, estudos epidemiológicos que não examinavam os efeitos da intervenção e estudos sem tradução para o inglês.

No PubMed identificou-se 119 artigos; desses, 22 foram avaliados e oito incluídos na revisão. No medRxiv foram 480 artigos, dos quais 36 artigos pré-impressos (preprints) foram avaliados e 6 incluídos. Além disso um estudo de modelagem foi adicionado. No total foram 16 estudos analisados na revisão. Todos os artigos publicados referiam-se ao surto de SARS em 2003; cinco preprints e um relatório diziam respeito à pandemia de COVID-19.

Na China o fechamento das escolas foi implementado junto de um pacote de rigoroso distanciamento social, que se mostrou eficaz, mas não há como saber a eficácia do fechamento escolar separadamente. Em surtos anteriores de SARS na Ásia o fechamento das escolas sem as outras medidas rigorosas, não mostrou grande eficácia, sendo preferível medidas de distanciamento e prevenções dentro das escolas. Os estudos de modelagem disponíveis chegaram à conclusão de que o fechamento das escolas é insuficiente para deter a pandemia COVID-19 isoladamente. Uma questão preocupante é o conflito de cuidado profissional e familiar de profissionais de saúde. Esses profissionais vivem dilemas, principalmente pela necessidade de creche.

Apenas um estudo incluído na revisão foi feito especificamente para avaliar a eficácia das medidas de distanciamento escolar, pois há escassez de dados sobre o tema. As informações dos resultados das medidas nos  surtos anteriores de SARS são também escassas. Alguns estudos de preprints indicaram que o fechamento das escolas no início de 2020 teria sido efetivo na China, porém não têm nenhuma comprovação dessa eficácia. Pela escassez de dados analisou-se os efeitos do fechamento de escolas em pandemias de influenza. Apesar de o fechamento das escolas ser considerado efetivo, sua efetividade é reduzida pelo contato das crianças com outras pessoas quando não estão na escola. Os resultados das descobertas apresentam um dilema, pois apesar de ser de bom senso manter as escolas fechadas, existe grande preocupação com as consequências econômicas. Essas crianças ficam em casa, o que impossibilita os pais de trabalharem. A longa duração desse fechamento das escolas é um desafio e precisa-se de mais estudos sobre o tema para auxiliar essa retomada.

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A pessoa sem sintomas ou antes de que apareçam pode transmitir a infecção da COVID-19 ?

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Evidência que apoia a transmissão da síndrome respiratória aguda grave Coronavírus 2 enquanto pré-sintomático ou assintomático

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

Furukawa, Nathan W.; Brooks, John T.; Sobel, Jeremy. Evidence Supporting Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 While Presymptomatic or Asymptomatic. Emerging Infectious Diseases, v. 26, n.7. DOI: 10.3201/eid2607.201595 . Disponível em : http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32364890

Com o desenvolvimento da pandemia da Covid-19  foi observado que algumas pessoas infectadas podem não apresentar sinais e sintomas da doença, sendo identificadas como pré-sintomáticas (RNA do SARS-CoV-2 detectado antes do início dos sintomas) e assintomáticas (RNA do SARS-CoV-2 detectado, mas nunca desenvolvem sintomas). Esta revisão tem por objetivo apontar evidências da transmissão do SARS-CoV-2  pré-sintomática  e assintomática. Relatórios epidemiológicos, virológicos e de modelagem recentes apoiam esta transmissão, e sua evidência seria de grande importância na prevenção do contágio. Porém, existem ainda incertezas sobre esta afirmação e o desenvolvimento de imunidade protetora. 

Foram analisados, no PubMed, artigos publicados de 1 de janeiro a 2 de abril de 2020 relacionados a transmissão SARS-CoV-2 pré-sintomática e assintomática antes da obrigatoriedade do uso de máscaras. Foram incluídos artigos originais, relatórios breves e correspondências, com objetivo de relatar evidências epidemiológicas, virológicas ou de modelagem para transmissão pré-sintomática ou assintomática de SARS-CoV-2.

Este estudo considerou três pontos principais: evidência epidemiológica, evidência virológica e evidência de modelagem. As evidências epidemiológicas foram inicialmente identificadas na China, mas também na Alemanha e em Cingapura, onde pacientes primários pré-sintomáticos ou assintomáticos foram submetidos a contato durante viagem, encontros familiares ou visitas a parentes doentes. Esta transmissão ocorreu  em famílias ou domicílios, com período de incubação nos casos pré-sintomáticos de 2 a 11 dias.

A infecção por SARS-CoV-2 é diagnosticada principalmente pela presença de RNA viral de transição reversa (RTP-PCR) ou por cultura viral. O RTP-PCR  identifica a presença do RNA viral, mas não a presença do vírus infeccioso, porém os autores mostram que se o número de ciclos de PCR necessários para detectar o RNA SARS-CoV-2 (RT-PCRct) tiver valores mais baixos indicaria maior carga viral e maior poder de infecção. Embora os relatórios avaliados não identificassem a transmissão real do vírus enquanto pré-sintomático ou assintomático, os baixos valores de RT-PCRct (ou seja, alta carga viral) e a capacidade de isolar o SARS-CoV-2 infeccioso forneceram evidências virológicas para pensarmos em sua transmissão nestes grupos sem sintomas.

Demonstraram que relatos de casos primários (contato com contaminados sabidamente) e secundários (sem contato) sugerem que 13% das infecções podem ser transmitidas durante período pré-sintomático, a partir da identificação de que o intervalo para aparecimento de Covid-19 foi de 4 dias (menor que o período médio estimado de incubação de 5 dias). Outros estudos analisados mostraram que até metade das infecções foram transmitidas por pré-sintomáticos e 4/5 por assintomáticos ou com leves sintomas, sugerindo que muitos destes infectados não foram detectados contribuindo para o desenvolvimento da pandemia.

 Os autores concluíram, a partir destas constatações, que provavelmente o número de infectados é maior do que o registrado, o que reforça a importância do distanciamento físico, uso de máscaras para diminuir a transmissão, e ainda testar e mapear os contatos interrompendo as cadeias de contágio. Precisamos estar atentos à incidência de infecção assintomática em relação aos sintomáticos, sendo cada vez mais necessários o rastreamento dos contatos, teste em massa e isolamento de contatos assintomáticos. Importante também identificar se estes assintomáticos ou com infecção leve podem ser capazes de desenvolver imunidade protetora, qual seu tempo de duração e se serão imunes a reinfecção, mas ainda assim capazes de transmitir. Estas respostas serão necessárias para orientação da retomada às funções normais da sociedade.

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Como os profissionais de saúde devem se proteger para lidar com a COVID-19 ?

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A pandemia de Covid-19, Equipamento de Proteção Individual e Respirador: uma revisão narrativa

MONT'ALVÃO, Claudia

HA, J. F. The Covid-19 pandemic, personal protective equipment, and respirator: a narrative review. International Journal of Clinical Practice, p. e13578, Jun. 2020. [publicado antes do impresso]. DOI: 10.1111/ijcp.13578. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32511834

O objetivo do artigo, a partir de uma revisão narrativa, é examinar e resumir as evidências disponíveis para gerar recomendações sobre a segurança de profissionais de saúde, (HCW, health care workers).

O artigo aborda, a partir da pandemia causada pelo coronavírus, uma discussão sobre os equipamentos de proteção individual (EPIs) uma vez que são o limite de proteção para os HCW. A autora aponta que há uma controvérsia entre instituições sobre o uso de EPIs como recomendação para o controle da infecção por HCW.

Para a realização da revisão narrativa, a autora buscou nas bases de dados PubMed MedLine e Embase em 30 de março de 2020 artigos que utilizassem como palavras-chave “equipamento de proteção individual”,’COVID-19”, “n95”, “profissionais da saúde” e “mortalidade/óbitos”. Uma revisão bibliográfica também foi realizada. Os resumos foram escaneados para avaliar sua adequação a serem incluídos na revisão narrativa.

Na discussão, a autora aponta as questões nos tópicos apresentados a seguir:

. Gotículas respiratórias são a principal via de transmissão, e podem causar contaminação através de contato próximo (inclusive olhos) ou nas superfícies. A transmissão pode ser reduzida e influenciada por fatores como: ventilação, filtragem do ar, esterilização e EPIs;

. Taxa de transmissão entre profissionais de saúde: Cerca de 3,5 a 20% dos profissionais de saúde foram infectados, e a mortalidade desse grupo está na faixa de 0,53 a 1,94 %;

. Lições da SARS: Quando em 2013 tivemos o surto de SARS, os profissionais não estavam preparados. EPIs podem prevenir os profissionais de saúde de infecções e talvez essa experiência tenha influído no uso de respiradores n95 na proteção desses profissionais, devido à alta taxa de mortalidade da COVID-19.

. A taxa de mortalidade entre profissionais de saúde está na faixa entre 1,4-3,83%. A falta de EPIs parece estar relacionada a esse número de óbitos.

. Higiene geral, uso de toucas, máscaras e proteção para os olhos. A higiene geral é um procedimento de controle de infecções. Os EPIs dependem da prevalência de COVID-19 na comunidade, do grau de proliferação, disponibilidade, ocasião, e precisão na testagem da COVID-19. Como há evidências de transmissão do vírus influenza pelo ar, recomenda-se o uso de óculos de proteção e máscaras face shield.

A autora destaca na discussão questões sobre máscaras e respiradores. As máscaras cirúrgicas, apesar de serem impermeáveis, não são consideradas uma proteção respiratória, uma vez que são utilizadas para proteger o profissional de saúde contra as gotas maiores, e outros fluidos transmitidos pelas mucosas do nariz e boca. Já os respiradores permitem a filtragem do ar, como o n95.

O respirador n95 é, no momento, o recomendado para os profissionais de saúde que estejam a 2 metros de pacientes com suspeita ou infectados com o SARS-CoV-2. Sua eficácia, uso prolongado e reuso também já foram investigados, assim como problemas relacionados ao seu uso. Como desvantagens, estão associados à diminuição na acuidade comunicacional, desconforto na cabeça e face devido ao calor, pressão ou dor, dor de cabeça, coceira, queimação nos olhos, náusea, tonteira, dificuldade de concentração, entre outras questões de interferência mecânica na realização das atividades.

Já os respiradores purificadores de ar (Powered Air-Purifying Respirators, PAPR), apresentam maior fator de proteção comparados aos respiradores n95.

Como conclusão, a autora destaca que há muito a aprender com essa pandemia e que o coronavírus configura-se como um novo patógeno de alta fatalidade se não forem utilizadas intervenções efetivas. É preciso aprimorar o programa de suprimentos médicos de reserva, melhorar o sistema de alocação, distribuição e utilização de EPIs. Estes devem ser adequadamente implementados a fim de garantir que estamos prontos para a próxima pandemia.

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Qual o impacto de doença cardiovascular na evolução da COVID-19 ?

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Doença Cardiovascular e COVID-19

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

BANSAL, Manish. Cardiovascular disease and COVID-19. Diabetes & Metabolic Syndrome, v.14, n.3, p. 247-250. Jun. 2020.  Doi: 10.1016/j.dsx.2020.03.013. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32247212

A COVID -19 é uma doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), responsável por um quadro respiratório que pode evoluir de sintomas gripais leves até a síndrome do desconforto respiratório agudo, potencialmente letal. Ocorre lesão cardíaca aguda em 12% dos infectados, associando-se a piores resultados evolutivos, especialmente nos pacientes com doença cardiovascular (DCV) subjacente. Este artigo  pretende discutir as manifestações cardiovasculares na COVID -19, assim como o impacto de DCV pré existentes nesta evolução e nas prováveis complicações.

O método utilizado foi uma pesquisa bibliográfica, usando os mecanismos de pesquisa do PubMed e do Google para artigos originais e de revisão, conselhos de sociedades profissionais e comentários de especialistas publicados desde o início da atual pandemia.

Embora não seja o principal alvo do SARS-Cov-2, o Sistema cardiovascular (SCV) pode ser  afetado de diversas maneiras: pela lesão miocárdica direta com alteração na regulação neuro-humoral; pela inflamação sistêmica crônica associada a tempestade de citocinas, podendo resultar em lesão e falência do coração; pela maior demanda cardiovascular associada à hipóxia instalada, podendo evoluir para lesão miocárdica aguda; pelas placas coronarianas desestabilizadas devido à inflamação sistêmica e pelo efeito pró-trombótico, sendo capazes de causar  infarto agudo do miocárdio (IAM); a partir de alguns medicamentos utilizados, potencialmente danosos ao SCV; por distúrbios hidroeletrolíticos associados, levando a piores desfechos cardiovasculares, como por exemplo arritmias.

Os autores demonstraram que  pacientes com COVID-19 e DCV prévia apresentam mais gravidade e piores resultados clínicos comparados a diabetes, doença cerebrovascular e hipertensão. Encontraram ainda dados que relacionam a prevalência de comorbidades cardiovasculares e seu impacto clínico com diferentes regiões geográficas, por exemplo, China, Estados Unidos e Europa. Concluíram que a lesão miocárdica aguda, por miocardite infamatória viral, é a complicação cardiovascular mais descrita na COVID-19, sendo a elevação da troponina I o marcador negativo mais relevante. Os artigos revisados não demonstraram contudo incidência expressiva de IAM ou choque cardiogênico, porém, foram relatados casos de insuficiência cardíaca congestiva em pacientes que receberam alta hospitalar. Descreveram a presença de arritmias, especialmente em pacientes que necessitaram de  UTI, sem descrição de seu tipo. Sugeriram que as complicações a longo prazo devam ser avaliadas com base em outros coronavírus que demonstraram alterações cardíacas, no metabolismo glicídico e no sistema respiratório, uma vez que seja possível que o Sars-CoV-2 tenha o mesmo comportamento.

Além disto, os autores enfatizaram a necessidade de proteção adequada para as equipes de saúde, além de protocolos rápidos de triagem, diagnóstico, isolamento e tratamento,  o que impactaria em melhor desfecho para o paciente e para cuidadores, minimizando o risco de contaminação e acelerando as medidas de suporte. Também relataram a preocupação inicial com uso de inibidores da ECA e bloqueadores dos receptores da angiotensina, por enquanto não confirmada. Ressaltaram ainda a necessidade  de conhecermos melhor as drogas utilizadas e suas interações ou efeitos colaterais, no intuito de evitar danos ao SCV, como aconteceu com alguns medicamentos usados nesta pandemia.

O  estudo concluiu que, embora a COVID-19 seja uma doença que afeta principalmente o sistema respiratório, existe associação com DCV pré existentes ou desenvolvidas após o início dos sintomas, havendo necessidade de futuras abordagens científicas que descrevam sua evolução e suas interações com outras comorbidades. Além disto, precisam ser melhor avaliados o diagnóstico e as interações medicamentosas no tratamento que se sobrepõe.

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Como os nutrientes podem fortalecer a imunidade durante a COVID-19 ?

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Fortalecendo o sistema imune e reduzindo inflamação e estresse oxidativo através de dieta e nutrição: considerações durante a crise de COVID-19

COHEN, Larissa

IDDIR, M. ; et al. Strengthening the immune system and reducing inflammation and oxidative stress through diet and nutrition: considerations during the COVID-19 crisis. Nutrients, v.12, n.6, p.E1562, mai.2020. DOI:10.3390/nu12061562 Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32471251/

As manifestações da COVID-19 podem ser assintomáticas, moderadas ou severas com complicações, como síndrome respiratória aguda, que se relacionam à tempestade de citocinas associada à hiper inflamação. Nesse contexto, conhecer nutrientes anti-inflamatórios e antioxidantes que promovam ótimo estado nutricional é relevante para fortalecer o sistema imunológico durante a crise de COVID-19.

O estado nutricional carente de macro e micronutrientes associa-se com maior inflamação e estresse oxidativo e torna o indivíduo suscetível às questões relacionadas ao sistema imunológico. Vitaminas A, C, D, E, carotenóides, polifenóis, fitoquímicos em geral, zinco, ferro, proteínas, ácidos graxos ômega-3, fibras dietéticas presentes na dieta baseada em plantas e que modulam a microbiota propiciam resposta imune adequada. Por exemplo, um baixo consumo proteico leva à reduzida produção de anticorpos. Assim, esta revisão destaca a importância de um status ideal de nutrientes para reduzir inflamação e estresse oxidativo, a fim de fortalecer o sistema imunológico no cenário da COVID-19.

O surto desta doença infecciosa emergente evoluiu rapidamente e foram implementadas políticas públicas para controlar a doença, sendo o auto-confinamento uma delas. Diante do estresse do isolamento social, os indivíduos modificaram seus padrões alimentares, e podem consumir menos alimentos naturais. Sabe-se que o consumo de nutrientes anti-inflamatórios provenientes de uma dieta baseada em vegetais é significativo na homeostase da inflamação e estresse oxidativo, antes e/ou durante a infecção. Dessa forma, a resposta imunológica ótima depende de uma dieta balanceada.

Foi realizada uma revisão da literatura sobre os papéis de vários constituintes alimentares na infecção, inflamação e estresse oxidativo. Os nutrientes estudados foram: proteínas, lipídios, fibras, vitaminas A, D, E, C, complexo B, zinco, ferro, selênio, polifenóis e carotenoides. Os autores selecionaram estudos em animais e estudos clínicos randomizados e metanálises feitos com humanos, que associaram a falta dos nutrientes mencionados a riscos e sintomas de infecções virais.

Os autores identificaram que, em humanos, baixos níveis séricos de albumina, pré-albumina, ferro e vitamina E levam a menores respostas à vacinação da influenza em idosos, apontando a interrelação entre vários nutrientes e a resposta imune.

A suplementação de ômega 3 pode ser interessante durante a tempestade de citocinas, assim como a suplementação de vitamina D demonstra efeitos de proteção contra infecções do trato respiratório por reduzir a entrada de partículas virais de SARS-CoV-2 nas células. No entanto, a suplementação dos demais micronutrientes analisados necessita de mais estudos sobre seu papel em infecções em humanos.

Observou-se também que refeições com alto índice glicêmico associaram-se a aumento imediato de citocinas inflamatórias. Em contrapartida, o consumo de carboidratos complexos, fontes de fibras prebióticas, é inversamente relacionado às doenças infecciosas por favorecer a adequada composição da microbiota intestinal (probióticos), que influencia na prevenção de infecções virais. Logo, modular o microbioma intestinal no contexto da COVID-19 através da dieta é um aspecto importante.

As evidências indicam que uma dieta com equilíbrio de nutrientes afeta positivamente a função imunológica, com destaque para a ação do microbioma intestinal modulado a partir de uma dieta baseada em vegetais.

Embora os constituintes alimentares anti-inflamatórios possam ser benéficos durante a hiper inflamação, como a tempestade de citocinas da COVID-19, os pesquisadores frisam que se deve ter atenção com altas doses de anti-inflamatórios isolados e/ou antioxidantes durante condições mais saudáveis, a fim de não suprimir excessivamente a inflamação e o sistema imunológico.

O artigo contextualiza as evidências disponíveis sobre nutrientes em relação à COVID-19 e ao sistema imunológico. Ademais, os autores elucidam que todos os aspectos abordados são interessantes também no manejo das inflamações crônicas de baixo grau relacionadas à obesidade, diabetes, doenças autoimunes e cardiovasculares.

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Como a obesidade pode afetar o risco para COVID-19 ?

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Obesidade – um fator de risco para prevalência, severidade e letalidade aumentadas de COVID-19

GIESTA, Monica Maria da Silva

PETRAKIS, D. ; et al. Obesity – a risk factor for increased COVID-19 prevalence, severity and lethality. Mol Med Rep., v. 22, n. 1, Jul. 2020 p. 9–19. Doi: 10.3892/mmr.2020.11127. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7248467/

A obesidade, condição epidêmica global de acordo com a OMS, é uma das situações que aumentam o risco de gravidade para a infecção da COVID-19, juntamente com outras comorbidades associadas, como diabetes, doença vascular e asma. Há uma associação direta entre o estado inflamatório crônico e a tempestade de interleucina que contribui para a falência respiratória destes pacientes.

Imunologicamente, a obesidade é uma condição de inflamação crônica e inaparente, que impacta de maneira direta e indireta na resposta imunológica. Pode reduzir a função imunológica das células, a resposta a vacinas e medicações, aumentar a susceptibilidade a vírus e bactérias e incrementar o estresse oxidativo.

Em relação à COVID-19, ao contrário do que é constatado em outras viroses, esta condição promove uma desregulação nas células de defesa tipo linfócitos T, além de aumentar fatores que geram maior processo inflamatório, como INFα, IL6 e TNF entre outros. Estas substâncias, que perpetuam a inflamação exagerada, podem entrar na circulação pulmonar causando grande dano, o que por sua vez leva a uma condição clínica deletéria e até ao óbito. Os autores chamam atenção para a quantidade de calorias ingeridas por alimentos

Nesta revisão observa-se que pacientes pré-diabéticos, na sua grande maioria obesos, quando infectados por COVID-19 têm 10 vezes mais chances de evoluir para óbito, quando comparados com população com IMC < 40. Em adultos jovens hospitalizados a taxa de óbito é aproximadamente 2%, entretanto, se há obesidade a taxa se eleva para 14%. Fazem referência a um estudo com larga amostra de pacientes abaixo dos 60 anos, correlacionando obesidade e maior propensão a internação em CTI. Na revisão dos autores ainda é citado o estudo da Clínica Mayo com 30 pacientes, mostrando que aqueles com IMC > 27 tiveram pior evolução da doença do que aqueles com IMC < 22.

Em gestantes obesas é conhecido o risco de maior morbidade e mortalidade nas doenças virais. Em relação a COVID-19 há maior circulação de vírus na corrente sanguínea materna, as proteínas inflamatórias circulantes podem produzir agentes pro-inflamatórios alterando a motilidade uterina, portanto com partos prematuros, a nutrição fetal e aumentando o risco de transmissão fetal.

Na conclusão os autores ressaltam a obesidade como uma patologia complexa, que emerge como importante fator de risco para gravidade na infecção por COVID-19 e indicam a necessidade de estudos especificamente dirigidos a este grupo para detalhar de maneira mais concisa a morbidade, mortalidade e propostas terapêuticas mais estratégicas.

Como pontos positivos o artigo traz uma revisão importante da relação entre obesidade e seus efeitos inflamatórios nas células e órgãos. Os dados, além de descritos, estão ilustrados, o que facilita a compreensão do leitor.

Como reflexão crítica, observamos que, embora haja uma vasta pesquisa bibliográfica, os dados relevantes sobre a relação entre COVID-19 e obesidade são pouco explorados no texto, deixando o leitor em dúvida quanto ao tipo dos estudos referenciados, local e número de amostras dos pacientes. Observa-se, entretanto, que as referências seguem com links para os artigos de base, fato que ameniza estas lacunas.

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