Evidências Covid 19

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Quais as diferenças de evolução da COVID-19 entre os pacientes assintomáticos e os sintomáticos?

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Avaliação clínica e imunológica de infecções assintomáticas por SARS-CoV-2

LOUREIRO, Sylvia

LONG, Quan-Xin; et al. Clinical and immunological assessment of asymtomatic SARS-CoV-2 infections. Nature Medicine, v. 26, p. 1200–1204, Jun. 2020. Doi: 10.1038/s41591-020-0965-6 Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41591-020-0965-6

A infecção pelo coronavírus 2 (SARS-CoV-2) em indivíduos assintomáticos ainda é motivo de estudos. Devido ao baixo número de testagem através do RT-PCR ou qualquer outro método capaz de detectar diretamente a presença do vírus na população em geral, esta situação torna-se motivo de fundamental atenção para o não relaxamento das medidas de prevenção individuais e coletivas no sentido de evitar a sua transmissibilidade.

Alguns pacientes, que são diagnosticados por um teste RT-PCR, são assintomáticos ou minimamente sintomáticos. Um aumento de evidência tem mostrado que indivíduos assintomáticos podem disseminar o vírus eficientemente e o surgimento desses disseminadores silenciosos do vírus tem causado dificuldades no controle da epidemia. Neste estudo foram descritas as características clínicas e epidemiológicas, níveis de vírus e respostas imunes em 37 indivíduos assintomáticos.

Foram recrutados 37 indivíduos com infecções assintomáticas, ou seja, sem quaisquer sintomas nos 14 dias após exposição e durante hospitalização no Distrito de Wanzhou. Trinta e sete indivíduos sintomáticos, com as mesmas características em relação a sexo, idade e comorbidades, foram selecionados para comparação com os assintomáticos. A característica numérica em relação a sexo e idade foi comparada com 37 indivíduos controle com resultados de RT-PCR negativo para SARS-CoV-2. Indivíduos controle portadores de doenças pulmonares, cardiovasculares , hepáticas, renais, metabólicas ou portadores de imunodeficiência foram excluídos. As infecções assintomáticas foram identificadas entre os que se apresentavam com alto risco de infecção (incluindo contato próximo e com história de viagem para Wuhan) em um único distrito, não em uma amostra randomizada representativa da população em geral. A partir disso foram realizadas comparações clínicas, radiológicas e laboratoriais entre os grupos.

A duração média de transmissão viral nos grupos de assintomáticos foi de 19 dias. O grupo assintomático teve duração prolongada de transmissão em relação ao grupo de sintomáticos. Os níveis específicos de IgG viral no grupo de assintomáticos foram significativamente mais baixos em relação aos do grupo de sintomáticos na sua fase aguda. Entre os portadores assintomáticos, 93,3% (28/30) e 81,1% (30/37) tiveram  redução da IgG e níveis de anticorpos neutralizantes respectivamente, durante o início da fase de convalescência, em comparação com 96,8% (30/31) e 62,2% (23/37) dos pacientes sintomáticos. Quarenta por cento dos indivíduos assintomáticos tornaram-se soronegativos para IgG no início da fase de convalescência, assim como 12,9% do grupo dos sintomáticos. Indivíduos assintomáticos tiveram resposta imune mais fraca, demonstrada através de níveis mais baixos de 18 citocinas pró e antinflamatórias.

Um hemograma completo, bioquímica sanguínea, coagulograma, funções hepática e renal e biomarcadores de infecção foram medidos na admissão, para monitorar o potencial de progressão da doença. Dos 37 indivíduos assintomáticos, 3 apresentavam linfopenia e 1 apresentava trombocitopenia. Seis indivíduos possuíam níveis elevados de alanina aminotransferase e 11 tinham níveis elevados de Proteína C Reativa.
À admissão, tomografias computadorizadas de tórax mostraram opacidade em vidro fosco focais em 29,7% das pessoas assintomáticos (11/37) e faixas de sombra e/ou consolidação difusa em 27% dos indivíduos (10/37), enquanto que 43,2% das pessoas (16/37) não apresentaram anormalidades. Cinco indivíduos desenvolveram opacidades focais em vidro fosco e sombras em faixa na tomografia computadorizada de tórax, no intervalo de 5 dias após admissão hospitalar. Achados radiológicos anormais confinados a um pulmão foram identificados em 66,7% (12/21) dos indivíduos assintomáticos, enquanto que 33,3% (7/21) tinham anormalidades em ambos os pulmões.

 Este artigo sugere que indivíduos assintomáticos tem uma resposta imune mais fraca à infecção pelo SARS-CoV-2. A redução nos níveis de IgG e dos anticorpos neutralizantes na fase precoce de convalescência podem ter implicações estratégicas nas pesquisas para avaliação da imunidade.

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Como têm evoluído os sensores biológicos para detectar microrganismos geradores de doenças?

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Biossensores eletroquímicos para detecção de patógenos

MONTEIRO, Elisabeth Costa

CESEWSKI, Ellen; JOHNSON, Blake N.  Electrochemical biosensors for pathogen detection. Biosens Bioelectron. V. 159, p. 112214, Jul. 2020. DOI: 10.1016/j.bios.2020.112214. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32364936

O artigo revisa os recentes avanços associados a dispositivos biossensores eletroquímicos destinados à detecção de patógenos. Aborda seus elementos de transdução e de bioreconhecimento, as técnicas eletroquímicas, o desempenho dos biossensores, além de discutir sobre suas importantes aplicações e desafios científicos para atender às atuais demandas de detecção de patógenos.

Na literatura encontram-se revisões abrangentes sobre a detecção de patógenos utilizando as técnicas bioanalíticas como o ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) e a reação em cadeia da polimerase (PCR). No entanto, poucos estudos abordam os emergentes biossensores label-free, como os biossensores eletroquímicos, que possibilitam a detecção de patógenos sem marcação por algum composto ou enzima, e apresentam características úteis para diversas aplicações. O estudo realiza revisão crítica sobre os biossensores eletroquímicos descritos na literatura desde 2005, considerando aspectos como patógeno alvo, matriz da amostra, projeto e desempenho do dispositivo, método de medição e fabricação, além de aplicações e desafios emergentes.

As técnicas bioanalíticas, como PCR e ELISA, utilizam um elemento seletivo de bioreconhecimento em combinação com um sistema analítico para quantificar componentes de uma amostra. Embora altamente sensíveis e robustos, são métodos destrutivos, com adição de reagentes e complexidade do preparo da amostra. Nos últimos 25 anos, os biossensores vêm fornecendo plataformas complementares às técnicas tradicionais para quantificação de patógenos. Baseados na integração de um elemento de bioreconhecimento a um elemento transdutor, os biossensores permitem a medição sem adição de reagentes e preparo de amostras, sendo compatíveis com protocolos label-free, ou seja, não-rotulados por espécies moleculares fixadas ao elemento alvo.

A revisão discute os elementos transdutores em termos de material do eletrodo e configuração (planar, fio, nanoestruturas, etc). Classificam-se os elementos de bioreconhecimento para detecção de patógenos, incluindo anticorpos, oligonucleotídeos, polímeros impressos; e discutindo aspectos como disponibilidade, produção e abordagem para imobilização desses elementos sobre a superfície do eletrodo. Procedimentos e métodos de medição para detecção de patógenos são classificados em termos de preparação e manuseio de amostras, princípios de medição e emprego de reação de ligação secundária. Discutem-se aplicações de biossensores eletroquímicos para detecção de patógenos na segurança de alimentos e água, diagnóstico médico, monitoramento ambiental e de bioameaça.

A ampla revisão dos biossensores eletroquímicos para detecção de patógenos abrange os métodos, como o potenciométrico, impedimétrico (espectroscopia de impedância eletroquímica), condutométrico, amperométrico; os materiais empregados, como condutores e semicondutores, incluindo metais, como ouro, e não metais, como carbono; e suas configurações (planar, fio, nanoestrutura, multicanal). Esses aspectos impactam no desempenho do biossensor. Os limites de detecção alcançam uma única unidade formadora de placas ou de colônias por mililitro, com ampla faixa dinâmica. Discutem-se os desafios, dentre os quais a configuração de eletrodos descartáveis, reutilizáveis, label-free, portáteis, vestíveis, e com transdução sem fio.

A detecção de vírus e protozoários por biossensores eletroquímicos tem crescido nos últimos anos, mas patógenos bacterianos ainda são os mais comumente detectados. Eletrodos planares de ouro são os mais frequentemente empregados e os nanoestruturados são crescentemente investigados. Biossensores de baixo custo, reutilizáveis, vestíveis e sem fio estão entre os novos desafios investigados. Os biossensores eletroquímicos permitem a detecção rápida, sem preparo de amostras em variadas matrizes ou em superfícies, alta sensibilidade, com plataformas de baixo custo. Esses aspectos são desafios para técnicas bioanalíticas tradicionais e muito importantes para mitigar a pandemia de COVID-19 em curso.

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Como foi disseminada a informação falsa sobre uma relação entre 5G e transmissão da COVID-19 ?

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COVID-19 e a Teoria da Conspiração do 5G: Análise de Redes Sociais dos Dados do Twitter

DUARTE, Rosália Maria

AHMED, W.; et al. COVID-19 and the 5G Conspiracy Theory: Social Network Analysis of Twitter Data. J Med Internet Res., v. 22, n. 5, p. e19458, May 2020. DOI: 10.2196/19458. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7205032/#app1

O estudo teve como objetivo compreender a dinâmica de atuação, no Twitter, de impulsionadores da teoria da conspiração 5G COVID-19.

Os autores contextualizam surgimento da tecnologia de comunicação sem fio 5G e assinalam que esta dá suporte à circulação de um volume muito maior de dados do que o atual, em muito menos tempo, com aumento significativo da capacidade dos servidores e qualidade dos serviços prestados. Com forte potencial de impacto econômico e social, fonte de disputas entre países e entre grandes corporações de fornecimento de serviços de transmissão de dados, essa tecnologia está no centro de interesses políticos e econômicos. Essa talvez seja uma das razões para a circulação nas redes sociais de afirmações, sem qualquer evidência científica, de que 5G afeta negativamente a saúde da população.

O texto relata que em janeiro de 2020 apareceram as primeiras postagens apontando 5G como sendo causa da COVID-19 ou seu principal vetor de disseminação. Vídeos e artigos de notícias ligando ambos foram compartilhados intensamente. Sites de checagem independentes concluíram que as teorias embasando essas afirmações eram falhas, mas isso não impediu que continuassem a ser propagadas nas redes sociais.

Para realização do estudo, os pesquisadores utilizaram Análise de Redes Sociais, verificando a interação entre diferentes usuários da rede e identificando o grau de adesão ou agregação em torno deles. O estudo analisou o conteúdo de tweets de 6556 usuários do Twitter, contendo a palavra-chave “5Gcoronavirus” ou a hashtag #5GCoronavirus, respondidos ou mencionados, entre 27 de março de 2020 e 4 de abril de 2020, período em que #5GCoronavirus foi tendência no Reino Unido.  Estudaram 10140 tweets, compostos por 1938 menções, 4003 retweets, 759 menções, 1110 respostas e 2328 tweets individuais, identificando usuários influentes ​​por meio da produção de gráficos descritivos das interações. 

Os pesquisadores identificaram a formação de 5 grupos de usuários, entre os quais 2 se destacaram pelo volume de interações: 1) grupo de isolados (usuários que tuitaram sem mencionar uns aos outros); 2) grupo dos transmissores, que contém uma série de contas cujos tweets estabeleciam uma relação entre 5G e COVID-19, dando origem a uma forte rede de transmissão. Várias contas de usuários influentes foram identificadas no centro desse grupo e um círculo de contas se formou ao redor delas.

No grupo dos isolados, os usuários influentes são membros do público, compartilhando suas visões e opiniões ou artigos de notícias e vídeos apoiando sua causa. Os tweets mostram forte envolvimento deles no compartilhamento de teorias da conspiração. Entre as contas mais influentes desse grupo está também a classificada como “conta de ativismo”, registrada como “5gcoronavirus19”. Objetivando conscientizar sobre a ligação entre COVID-19 e 5G, sua descrição biográfica informa “5G faz com que nosso sistema imunológico diminua e nos tornamos mais suscetíveis a vírus. Wuhan foi a PRIMEIRA cidade 5G COMPLETA! #Coronavírus causado por 5G”. Segundo os autores, essa conta estimulou o debate no Twitter e manteve o poder na rede por ter sido fonte do maior volume de menções e retweets. Para eles, faltou uma figura de autoridade que combatesse ativamente essa desinformação.

Os pesquisadores identificaram também as principais fontes de informação utilizadas pelos usuários que compartilharam tweets sobre a relação entre 5G e COVID19, concluindo que a maioria era de sites de notícias “falsas” ou apresentados como veículos “alternativos”. InfoWars, site popular na difusão de teorias da conspiração, com base nos Estados Unidos, foi a fonte da web mais popular entre os divulgadores do tema no Twitter. 

O artigo traz, ainda, uma análise de conteúdo dos tweets, relatando expressões e argumentos mais utilizados para sustentar e ridicularizar a teoria de que há correlação direta entre 5G e disseminação em massa do coronavírus no mundo.

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Qual o risco em relação à COVID-19 de pacientes com doenças da tireoide?

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Doença da Tireóide em época de COVID-19

PESSANHA, Katia Maria de Oliveira Gonçalves

DWORAKOWSKA, D. ; GROSSMAN, A. B. Thyroid disease in the time of COVID-19. Endocrine, v. 68, n. 3, p. 471-474, Jun. 2020. DOI: 10.1007/s12020-020-02364-8 . Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32507963/

A Covid-19, causada pelo SARS-Cov-2, mostrou que os grupos de risco mais acometidos seriam os idosos, gestantes e pessoas com comorbidades associadas, incluindo insuficiência cardíaca, diabetes, asma ou câncer; entretanto, não é mencionado até então o papel das doenças tireoidianas pré existentes ou a possibilidade de desenvolvimento posterior das mesmas em pacientes acometidos pela Covid-19.

Sendo as doenças autoimunes tireoidianas (AITD) bastante prevalentes na população, têm sido realizados estudos para avalições de risco ou de isolamento, e discussões sobre os medicamentos utilizados que causariam agranulocitose. A Sociedade Europeia de Endocrinologia recomenda proteger este paciente, testar para Covid-19 se foi exposto, evitar consultas presenciais e priorizá-las por telemedicina.

Neste estudo foi revisada a literatura atual sobre doenças da tireoide (excluindo câncer) e Covid-19, incluindo dados da pandemia anterior (SARS-CoV), que se apresentou de maneira semelhante e sobre a qual temos mais artigos publicados. Analogias foram também extraídas de experiências com doenças autoimunes reumatológicas. A doença tireoidiana autoimune pode estar ligada a doenças autoimunes sistêmicas com disfunção imunológica semelhante, e o fato da Artrite Reumatoide não ser considerada maior risco para Covid-19 nos sugere que o mesmo aconteça com a tireoide.

Em relação ao uso de antitireoidianos a indicação para os autores seria prudência, já que a neutropenia induzida por eles é rara, mas potencialmente fatal. Apresentam neutropenia grave dentro de várias semanas ou meses após a primeira exposição, com mortalidade de 5%. O mais usado é o metimazol, e a neutropenia é acompanhada de febre, calafrio, dor muscular/articular e dor na garganta. O diagnóstico é difícil em épocas de Covid-19, mas essencial para evitar um aumento da mortalidade.

Na pandemia de 2002 pelo SARS-CoV, da mesma família do coronavírus atual, várias revisões resumiram os mecanismos patogenéticos da disfunção tireoidiana, sendo o vírus encontrado em vários órgãos, incluindo adrenais e cérebro, mas não na tireoide. Os autores citam um estudo com pacientes recuperados da SARS, sem condições endócrinas pré-existentes, sugerindo hipofisite reversível ou efeito hipotalâmico direto causado pelo vírus, com relato de hipotireoidismo central ou primário, associado ou não ao hipocortisolismo, além de tireotoxicose subclínica transitória.

Relataram ainda baixos níveis séricos de triiodotironina e tiroxina em pacientes com SARS, constatando que níveis séricos de fT3 diminuem mais intensamente que de fT4, em qualquer fase da doença, o que se correlacionou a maior gravidade. A concentração sérica do hormônio estimulador da tireoide (TSH) em pacientes com SARS foi reduzida, sugerindo hipotireoidismo central, mas ficando dúvidas sobre dano epitelial folicular tireoidiano. Outros estudos levantaram a hipótese do eutireoidiano doente observada em pacientes gravemente enfermos, forma de adaptação fisiológica ou resposta patológica à doença aguda, e cujo tratamento com hormônios tireoidianos não parece trazer nenhum benefício.

Concluíram os autores que não há dados disponíveis atualmente que sugiram que pacientes com AITD permaneçam em maior risco de Covid-19. Embora os riscos dos medicamentos antitireoidianos permaneçam, eles provavelmente não são diretamente pertinentes a tais pacientes, que devem ser tratados da maneira usual. Na maioria dos pacientes, algum atraso nos exames de rotina não causaria preocupações, assim eles devem ser tranquilizados. Nos gravemente afetados por COVID-19, as alterações na função tireoidiana podem estar relacionadas a síndrome de ‘doença eutireoidiana’, mas outros danos podem existir que mereçam investigação. Até onde sabemos, não há artigos publicados até o momento especificamente sobre tireoide / AITD e COVID-19, sendo importante seu melhor estudo.

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Como as ordens de ficar em casa pela COVID-19 podem afetar a busca de informação sobre saúde mental?

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Achatando a curva de saúde mental: as ordens de ficar em casa pela COVID-19 estão associadas a alterações no comportamento de buscas sobre saúde mental nos Estados Unidos

BERMUDES, Priscilla Mara

JACOBSON, Nicholas C.; et al. Flattening the mental health curve: COVID-19 stay-at-home orders are associated with alterations in mental health search behavior in the United States. JMIR Mental Health, v. 7, n. 6, e19347, Jun. 2020. DOI: 10.2196/19347. Disponível em: https://mental.jmir.org/2020/6/e19347/

O presente artigo trata sobre o achatamento da curva de saúde mental nos Estados Unidos, tendo como objetivo examinar como as ordens de ficar em casa devido à COVID-19 produziram mudanças diferenciais nos sintomas de saúde mental, usando consultas de pesquisa na Internet em escala nacional.

A disseminação rápida e amplamente descontrolada da COVID-19 impactou todas as facetas da vida americana, exigindo mudanças dramáticas no comportamento social e profissional de quase 327 milhões de pessoas. Não obstante medidas de distanciamento social sejam necessárias para proteger a saúde física, menos se sabe sobre o impacto de tais medidas na saúde mental, em relação à qual uma revisão rápida do impacto psicológico da quarentena constatou que tais medidas estavam associadas a altos níveis de sofrimento psicológico, incluindo sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva, alta prevalência de mau humor e irritabilidade.

Dessa forma, o estudo procurou investigar as mudanças nas buscas sobre saúde mental no Google entre 16 e 23 de março de 2020, em cada estado dos Estados Unidos e em Washington, DC. Especificamente, averiguou as mudanças diferenciais nas consultas sobre saúde mental com base em padrões de atividade de pesquisa, após a emissão de ordens de permanência em casa nesses estados, em comparação com todos os outros estados, para impedir a transmissão da COVID-19.

Foram analisados mais de 10 milhões de consultas na Internet, usando modelos mistos aditivos generalizados, e os resultados sugeriram que a implementação de ordens de permanência em casa está associada a um achatamento significativo da curva para buscas por ideação suicida, ansiedade, pensamentos negativos e distúrbios do sono, com o achatamento mais proeminente associado à concepção suicida e à ansiedade.

Concluindo, esses resultados indicam que, apesar da diminuição do contato social, as consultas sobre saúde mental se ampliaram rapidamente antes da emissão das ordens de fique em casa, e que essas mudanças se dissiparam após o anúncio e a promulgação dessas ordens. Embora mais pesquisas sejam necessárias para verificar os efeitos sustentados, as respostas identificadas preconizam que os sintomas de saúde mental foram associados a um nivelamento imediatamente após a ordem de ficar em casa.

Por fim, ressalta-se que a falta de comunicação clara dos governos com seus cidadãos pode aumentar a incerteza, que pode ser um fator-chave para angústia, revelando que uma ação governamental aberta pode reduzir o sofrimento psicológico, segundo os autores. No entanto, nenhum dos estudos incluídos nesse trabalho avaliou o sofrimento psicológico imediatamente antes e após a realização de uma quarentena.

Apesar dos muitos pontos fortes da pesquisa, também existem questões sem resposta, como o achatamento desses surtos nas buscas de sintomas de saúde mental ser de curta duração ou se as ordens de permanecer em casa por um longo prazo resultaram em um amortecimento permanente desses sintomas. Assim, enfatiza-se nesse artigo que mais pesquisas são necessárias para estudar os impactos da COVID-19 sobre a saúde mental e sobre as decisões e ações governamentais relacionadas à COVID-19 durante este período.

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Como prevenir e reduzir a propagação da COVID-19 em centros de hemodiálise?

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Recomendações para a prevenção, mitigação e contenção da emergente pandemia pelo SARS-CoV-2 (COVID-19) em centros de hemodiálise

MOURÃO, Talita

BASILE, C.; et al. Recommendations for the prevention, mitigation and containment of the emerging SARS-CoV-2 (COVID-19) pandemic in haemodialysis centres. Nephrol Dial Transplant. v. 35, n. 5, p. 737-741, May 2020. DOI: 10.1093/ndt/gfaa069. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32196116/

O presente artigo – uma revisão do Grupo de Trabalho Europeu de Diálise (EUDIAL) – fornece as recomendações para prevenção, mitigação e contenção da COVID-19 em centros de hemodiálise, essenciais para minimizar o risco de transmissão da doença  para demais pacientes, equipe de saúde e familiares dos infectados.

A COVID-19 tem morbidade especificamente alta em idosos e em populações com comorbidades – como a doença renal crônica. Pacientes em diálise combinam fragilidade intrínseca e outras diversas condições mórbidas, sendo mais propensos a desenvolver doenças infecciosas graves. Estão ainda em maior risco de contaminação, pois o tratamento geralmente requer três sessões dialíticas semanais.

As recomendações para a equipe de saúde incluem atualização dos conhecimentos clínicos sobre a COVID-19, além da utilização adequada das ferramentas de prevenção, com instruções de como usar os diferentes tipos de equipamentos de proteção individuais (EPIs), descartar itens contaminados e realizar a higiene das mãos. Membros da equipe devem monitorar seus sintomas e, se doentes, devem permanecer em suas casas – sem contato com pacientes ou outros membros da equipe. Enfermeiros devem ser treinados para realizar swabs de nasofaringe para rastreio do SARS-CoV-2.

O paciente deve permanecer em casa enquanto fora da diálise, evitar transporte público, abster-se de eventos (privados ou públicos) com aglomeração de pessoas bem como de viagens. As instalações de diálise devem fornecer instruções sobre cuidados de higiene necessários e soluções hidroalcoólicas devem ser acessíveis nas salas de espera, com recomendação para ficarem separados por pelo menos 2 metros, sendo aconselhável a mesma distância entre as estações de diálise. As áreas de tratamento e espera devem ter ar condicionado e boa ventilação.

Deve-se medir a temperatura corporal dos doentes antes do início e no final da sessão de diálise. Reconhecimento precoce e isolamento dos indivíduos com infecção respiratória são obrigatórios. Idealmente, os sintomáticos devem ser dialisados ​​em uma sala de isolamento, com atmosfera de pressão negativa. Caso contrário, devem esperar em uma sala de isolamento e receber diálise no último turno do dia até que a infecção seja excluída, usando máscara adequada.

Os pacientes com infecção confirmada por COVID-19 não devem receber diálise em unidade ambulatorial. Todo o pessoal envolvido no cuidado direto deve assumir proteção total com uso de EPIs adequados até a transferência. Após a identificação de um caso, a desinfecção deve ser realizada imediatamente e o lixo hospitalar deve ser descartado de acordo com as normas. A descontinuação das precauções de isolamento de pacientes deve ser determinada caso a caso, em conjunto com as autoridades de saúde.

Os membros da família que vivem com pacientes em diálise devem seguir as precauções dadas aos pacientes. Se um membro da família ou cuidador for sujeito à quarentena (isolamento de precaução por 14 dias), o paciente em diálise pode seguir o tratamento como de costume. Se convertido em caso confirmado, o paciente deve ser tratado de acordo com as condições acima mencionadas.

De forma geral, o artigo traz as recomendações para manejo dos pacientes em diálise afetados pela COVID-19. Medidas de prevenção, proteção, triagem, isolamento e distribuição têm se mostrado eficientes em ambientes semelhantes, sendo essenciais na mitigação e na contenção da COVID-19 nos centros de hemodiálise.

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Como devem ser manejados no ambiente hospitalar os pacientes suspeitos ou diagnosticados com COVID-19?

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Manejo das Vias Aéreas na Sala de Cirurgia e Sala de Intervenção em Pacientes Adultos com Doença Conhecida ou Suspeita de Coronavírus 2019: uma Revisão Prática

SARMENTO, Rogério

THIRUVENKATARAJAN, V.; et al. Airway Management in the Operating Room and Interventional Suites in Known or Suspected Coronavirus Disease 2019 Adult Patients: A Practical Review. Anesth Analg. Jun. 2020 {publicado antes da impressão] DOI:10.1213/ANE.0000000000005043. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32502132

Este artigo de revisão relata as evidências mais relevantes sobre as principais técnicas e a estrutura hospitalar necessária para que os profissionais da área de saúde envolvidos em procedimentos, que manipulem a via aérea de pacientes com ou suspeitos de terem Covid-19, tenham um menor risco de contaminação, seguindo protocolos que também garantam a segurança do paciente.

Iniciando com o importante dado que, na epidemia de Síndrome Respiratória do Adulto em 2003, o risco de contaminação de profissionais de saúde envolvidos na intubação  traqueal de pacientes infectados se encontrava aumentado, quando comparados à população em geral, o artigo descreve formas para minimizar essa contaminação.

Como as evidências sugerem que a transmissão por Covid-19 pode ocorrer através da inalação de gotículas respiratórias, a proteção para os profissionais de saúde envolve – além  dos equipamentos de proteção individual, como máscaras N95, capotes impermeáveis, luvas e protetores faciais – a necessidade de ambientes de trabalho seguros, de preferência equipados com pressão negativa, para filtrar e eliminar mais rapidamente essas gotículas.

É didaticamente esquematizado no artigo como deve ser montada a estrutura física de salas cirúrgicas que recebam pacientes infectados ou com suspeita de Covid-19 para a realização de procedimentos invasivos, além dos cuidados necessários para o transporte desses pacientes entre diferentes setores hospitalares. O tempo necessário para desinfecção do ambiente, de acordo com a capacidade de renovação de ar disponível na sala cirúrgica, também é descrito no artigo. Além disso, a quantidade, a função e o posicionamento da equipe envolvida nesses procedimentos também são esquematizados.

Em pacientes contaminados ou com suspeita de Covid-19 que tenham que ser intubados, seja por insuficiência respiratória ou para serem submetidos a algum procedimento cirúrgico sob anestesia geral, essa intubação deve envolver o menor número possível de profissionais próximos ao paciente; logo, os mais experientes, devidamente equipados e que dominem a técnica que evite a liberação de gotículas respiratórias, são os profissionais de escolha.

A logística previamente definida, incluindo a  disponibilidade de equipamentos e medicamentos que facilitem a intubação, também é descrita no artigo.

É também objetivo do artigo a segurança, não só dos profissionais de saúde, mas também dos pacientes, por isso são citados procedimentos como: broncoscopia, endoscopia digestiva alta, ecocardiografia transesofágica e procedimentos radiológicos invasivos, onde a intubação traqueal não é obrigatória, mas que pode ser a forma mais segura para sua realização no caso de pacientes infectados ou suspeitos. Por outro lado, outras formas de sedação que não necessitem da intubação traqueal são descritas no artigo, como opção para realização desses procedimento de forma segura, porém enfatizando que, nesses pacientes, as suas indicações são muito mais restritas.

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Qual o impacto da COVID-19 nos pacientes que têm câncer?

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O Impacto da Pandemia de COVID-19 em Pacientes com Câncer

ZAMBONI, Mauro Musa

AL-QUTEIMAT, O.M.; AMER, A.M. The Impact  of the COVID-19 Pandemic on Cancer Patients . American Journal of Clinical Oncology, v. 43 n. 6, p. 452-455, Jun. 2020. DOI: 101.1097/COC0000000000000712 Disponível em:  https://ncbi.nlm.nih.gov/pubmed32304435.

Em dezembro de 2019 uma nova doença, a síndrome respiratória aguda grave, causada pelo coronavírus 2 (SARS-CoV2), nomeada COVID-19, eclodiu a partir da China e rapidamente se disseminou por todo o mundo.  Várias complicações  foram relatadas em 33% dos casos: síndrome respiratória aguda grave, insuficiência renal aguda, dano pulmonar agudo, choque séptico e pneumonia grave.  Até o momento não existe tratamento específico ou vacinas aprovadas contra a COVID-19. O estado de imunossupressão de alguns pacientes com câncer (causado pela neoplasia ou por seu tratamento) aumenta o risco de infecção pelo coronavírus, quando comparados com a população em geral. O objetivo do trabalho é avaliar o impacto da COVID-19 nos pacientes com câncer e discutir as recomendações para a abordagem desses pacientes.

Pacientes com câncer tem risco aumentado para as infecções severas e uma probabilidade 3 a 5 vezes maior de necessitar de ventilação mecânica, de internação em UTI e de morte comparados com pacientes sem câncer.  Estes pacientes são mais suscetíveis para as complicações graves da COVID-19 devido à imunossupressão causada pelo próprio câncer ou seu tratamento. Pacientes com câncer, tratados com quimioterapia ou cirurgia nos 30 dias antes do diagnóstico da COVID-19 apresentam risco maior para as complicações severas da infecção.  Curioso é que os pacientes com câncer do pulmão não apresentam risco aumentado para as complicações graves da infecção comparados com os pacientes com outras neoplasias.

Durante a  pandemia  houve um aumento do risco para os  pacientes com câncer, devido à limitação do acesso aos cuidados de saúde impostos pelas restrições da COVID-19 na região de Wuhan. Outra publicação demonstrou que pacientes com câncer infectados pela COVID-19 tinham risco aumentado para complicações graves e maior mortalidade. Os autores do trabalho recomendam que os pacientes com câncer em tratamento devem ser rastreados para a COVID-19 e devem ser evitados tratamentos com imunoterapia naqueles pacientes infectados.

Diversas instituições internacionais estabeleceram orientações sobre os vários aspectos das neoplasias e seus tratamentos associadas a infecção da COVID-19.

Recomendações

  • Pacientes recebendo tratamento curativo para seu câncer devem continuar a terapêutica apesar do risco potencial da infecção pela COVID-19
  • Tratamento quimioterápico e procedimentos cirúrgicos eletivos devem ser adiados quando possível
  • Implementar precauções pessoais estritas para o controle da infecção para os pacientes com câncer em atividade ou naqueles já tratados e em controle
  • Tratamento intensivo para os pacientes com câncer e infectados pela COVID-19 especialmente os idosos e os portadores de comorbidades
  • O atraso no tratamento da doença metastática resulta na piora clínica do paciente, de sua capacidade funcional, no atraso no tratamento paliativo e da doença progressiva.
  • O tratamento cirúrgico deve ser avaliado caso a caso

O tratamento dos portadores de neoplasias é vital e deve ser prioritário durante a pandemia, uma vez que os serviços de saúde estão sobrecarregados com um número cada vez maior de infectados pela COVID-19, com maior demanda de insumos de uma maneira geral.

A avaliação clínica cuidadosa é o cenário determinante para se definir se devemos interromper ou continuar o tratamento anti-neoplásico dos pacientes com câncer, que estejam com suspeita ou com a infecção pela COVID-19 confirmada.

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Quais precauções devem ser adotadas para pessoas idosas afetadas pela COVID-19 ?

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Racionamento de recursos limitados de assistência médica na era COVID-19 e além: considerações éticas sobre idosos

APRATTO JÚNIOR, Paulo Cavalcante

FARRELL, TW; et al. Racionando recursos limitados de saúde na era COVID-19 e além: considerações éticas a respeito de adultos mais velhos. J Am Geriatr Soc., v. 68, n. 6, pág. 1143-1149, junho de 2020. Doi: 10.1111 / jgs.16539. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32374466/

A doença COVID-19 indica que idosos e aqueles com condições médicas crônicas são mais afetados em relação à morbidade e à mortalidade. Nas pessoas com 80 anos ou mais as taxas de mortalidade estão acima de 10%. Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, EUA, 80% das mortes ocorreram entre idosos. As instituições de longa permanência, compostas em grande parte por idosos frágeis, com condições crônicas e que vivem em locais fechados, foram desproporcionalmente atingidas pela COVID‐19. Além da ameaça urgente de infecção viral e doenças críticas, os idosos têm maior probabilidade dos efeitos prejudiciais do distanciamento físico, que dificultam ainda mais sua recuperação.

A moléstia está sobrecarregando os hospitais, o uso dos ventiladores mecânicos e a capacidade dos profissionais de saúde de cuidar. É urgente rever a alocação de recursos durante esta emergência. Estratégias adotadas mencionam o envelhecimento como uma exclusão, quando as decisões de priorização são imperativas. As discriminações podem afetar as decisões, que trazem preocupações de que os idosos possam ser tratados injustamente em emergências pandêmicas.

A pandemia tem levado à necessidade urgente de todos os adultos se envolverem em discussões de planejamento de cuidados com antecedência e criar uma diretiva antecipada. O planejamento dos cuidados deve ser priorizado. A taxa de conclusão antecipada da diretiva é baixa em cerca de 50% dos idosos. A diretriz antecipada é necessária, mas insuficiente, sem objetivos significativos das discussões de atendimento, focando o que é mais importante para o paciente e sem também garantir a compreensão do paciente, considerando fatores culturais, alfabetização em saúde limitada e déficits sensoriais que podem impedir a comunicação.

As discussões sobre planejamento antecipado de cuidados são de suma importância na redução da necessidade de racionamento de recursos limitados de assistência médica durante uma emergência, pois identificarão pessoas que não desejam receber cuidados intensivos, incluindo ventilação mecânica. Um ponto crítico na discussão do planejamento antecipado da assistência é que essas discussões não são racionadas e não devem ser confundidas com as decisões de alocação de triagem. As discussões sobre o planejamento de atendimento avançado devem ocorrer antes que os pacientes estejam em crise.

Alguns autores sugeriram que indivíduos mais velhos podem optar por abrir mão de oportunidades de suporte ventilatório ou terapia intensiva com base em um limite de idade absoluto. Alguns pacientes possam optar por usar esse critério para seu planejamento de cuidados, isso não deve ser imposto universalmente a todos os idosos para determinar decisões de racionamento ou para aliviar a escassez.

A autonomia é importante e a escolha do paciente deve ser respeitada. As pessoas devem tornar seus desejos conhecidos através de uma diretiva antecipada. Em situações como a pandemia, a identificação do tomador de decisão substituto escolhido pelo paciente pode ser importante.

A Sociedade Americana de Geriatria (American Geriatrics Society – AGS) recomenda nesse estudo de revisão precauções críticas sobre diretrizes antecipadas na pandemia da COVID. Os pacientes gravemente doentes podem não ter diretrizes antecipadas e podem não estar em uma posição apropriada para fazer com que seus desejos sejam conhecidos de maneira ponderada, podem ter medo ou um estado clínico que se deteriora rapidamente. Em tais circunstâncias, eles não devem ser pressionados a tomar decisões de cuidados com base na conservação de recursos. Os médicos não devem se envolver em racionamento preventivo, onde a pressão é exercida apenas sobre adultos mais velhos ou suas famílias para reconsiderar seu planejamento antecipado de cuidados e eleger o status Não ressuscitar / Não intubar. A falta de informações confiáveis ​​sobre as taxas de mortalidade entre os pacientes pode incentivar a tomada de decisão baseada em retratos não confiáveis ​​da mídia.

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Quais os principais danos corporais do Coronavírus 2019 além dos transtornos respiratórios?

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Nova compreensão dos danos da infecção por SARS-CoV-2 fora do sistema respiratório

PALMEIRA, Vanila Faber

ZHANG, Y. ; et al. New understanding of the damage of SARS-CoV-2 infection outside the respiratory system. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 127, p. 10195, Jul. 2020. DOI: 10.1016/j.biopha.2020.110195. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7186209/pdf/main.pdf

O Coronavírus 2019 é denominado de novo Coronavírus devido às alterações genômicas identificadas em seu material genético quando comparado aos outros Coronavírus. A doença causada por esse novo Coronavírus é denominada de Covid-19, e alberga outras manifestações clínicas além de sintomas respiratórios, como pneumonia, o que dificulta o seu diagnóstico e tratamento corretos.

O Coronavírus 2019 é um beta Coronavírus similar a outros Coronavírus que infectam humanos como o vírus causador da Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARS-CoV) e o vírus causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Os Coronavírus utilizam um mesmo receptor nas células-alvo para tornarem-se intracelular, que é a enzima conversora da angiotensina 2 (ECA 2). Essa molécula está presente na membrana de vários tipos celulares, e por isso é amplamente disseminada no organismo humano (epitélio pulmonar, endotélio, músculo cardíaco e músculo liso, rins, intestinos, células da glia no sistema nervoso central). Desta forma, a infecção pelo Coronavírus 2019 pode apresentar-se de diferentes maneiras, a depender do tecido de replicação viral, além das alterações inflamatórias de cada paciente.

O receptor ECA2 utilizado pelo Coronavírus 2019 é tão amplamente disseminado no corpo humano, pois possui várias funções, tais como: proliferação celular, controle de pressão arterial, equilíbrio de fluidos corporais, resposta inflamatória, dentre outras. A molécula conhecida como proteína S (de “Spike” – espinho) é a que se liga a ECA2 e possibilita que o Coronavírus 2019 se torne intracelular e, possa então, replicar-se. A entrada no corpo humano do Coronavírus 2019 ocorre normalmente via respiratória, mas ele pode chegar a outros tecidos por via hematogênica (através do sangue). E desta forma, se replicar em outros tecidos causando sintomas diferentes dos respiratórios (cujos principais são tosse, falta de ar, dificuldade de respirar).

O Coronavírus 2019 pode replicar-se nos rins, intestinos, coração, vasos sanguíneos e sistema nervoso central, gerando desta forma sintomas variados. Por isto, pacientes com o Coronavírus 2019 devem ser monitorados quanto a função renal e hepática, além de serem controlados na pressão arterial sistêmica e na frequência cardíaca, dentre elas, possíveis disfunções do sistema nervoso central, tais como: dor de cabeça ou confusão mental. Conhecer as estruturas virais e suas funções é muito importante para a compreensão de como o Coronavírus 2019 afeta os sistemas, além de fornecer ferramentas para o desenvolvimento de vacinas e antivirais eficazes.

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